TRAGÉDIA NA LUA

Tragédia.

Longe estavam aqueles jovens de imaginar que muito cedo os acontecimentos precipitar-se-iam.

Muita gente não marcada trabalhava na Lua; na construção de bases, desafiando o governo mundial. A Lua estava ao alcance de mísseis do braço armado da ditadura; os Estados Unidos.

No século XX foram assinados tratados obrigatórios de suspensão de testes nucleares com intuito de que apenas aquele país; futuro xerife do governo mundial; estivesse armado.

Membros do Grupo dos Treze, famílias e correligionários, estavam enquistados em pontos chave dos governos desde antes de anunciar ao mundo que eles mandavam de fato; ocultos desde séculos imemoriais. A Humanidade não sabia que era escrava, porque o melhor escravo é aquele que não sabe que é escravo.

Os que recusaram a marca eram caçados e executados, apesar de que, quando nas sombras, os atuais inimigos da raça humana sempre lutaram pelos chamados direitos humanos e pela abolição da pena de morte em todos os países do mundo. Agora que os integrantes do chamado Grupo dos Treze tiraram a máscara, não tinham escrúpulos em perseguir e matar com prepotência o povo simples, o qual eles consideravam e chamavam animais de duas patas.

Mas isso era uma arma de dupla face; agora que o povo sabia a verdade, os inimigos da Humanidade não podiam se camuflar entre os humanos normais e migraram para pequenos países nos quais a população normal foi retirada ou exterminada com catástrofes, desastres provocados, enchentes, furacões, terremotos, guerras, fome, embargos comerciais e boicotes.

Enquanto na Antártida preparava-se a expedição salvadora ao planeta Marte, no espaço preparava-se uma maquiavélica infâmia para fragmentar a aliança das pessoas livres.

Assim como desde anos atrás os rebeldes têm um grupo pioneiro de paladinos conhecido como Esquadrão Shock; que os ajudaram a tomar tecnologia da ditadura; esta também tem um grupo de assassinos infiltrados entre os antárticos; o Grupo Operacional Ligeiro do Estado Mundial.

*******.

Recém chegada à base orbital desde a Lua; a Selene III comandada pelo capitão norueguês Leif Stefansson e tripulada pelos doutores Nico Klinger, Eric Wilkins, Eva Klinger, Tamara Wilkins e Lina Antúnez; retornando à Antártida após uma missão no Hospital Lunar; estava atracando na doca.

–Seja bem vinda, Selene III! – radiou o operador da base orbital.

–É sempre bom voltar – disse Leif Stefansson – diminuindo velocidade agora.

–Confirme atracação na escotilha Dois.

Nesse momento a jovem médica alemã Eva Klinger entra na ponte:

–E então, Leif? Posso avisar o pessoal?

–Sim, Eva. Já alcanço vocês.

–Não demore ou deixamos você aí – disse Eva, sorridente, antes de passar para as dependências interiores da nave onde anunciou:

–Certo, pessoal! Chegamos em casa. Todos dentro dos trajes!

Em seguida, dirigindo-se ao médico australiano Eric Wilkins, que flutuava na sala de estar, com um livro de biologia espacial na mão, disse:

–E você, Eric? Ainda não acabou esse livro?

–Já, mas comecei de novo – respondeu ele – Já atracamos? Não senti nada...

Em seguida ouviu-se nos alto-falantes a voz do operador da base:

–Diminua agora, vamos estender o tubo de acoplamento.

–Terminando manobra de amarre. Fechar garras de atracação – respondeu em perfeito espanhol a voz clara de Leif – Selene III desliga.

Eva, com seu capacete nas mãos, disse:

–Acho que está na hora. Eric?

–É um prazer – responde o médico estendendo a mão para abrir a escotilha.

Eric não conseguiu abrir, e notou uma certa vibração do outro lado:

–Tem algo errado. Parece que estão forçando por fora.

Nesse momento a escotilha se abriu violentamente e a nave foi abordada por três comandos ao serviço da ditadura, armados de pequenas pistolas automáticas.

–Ninguém se mexa ou atiro! – gritou um deles apontando sua arma.

–Obrigado por abrir – disse o segundo, flutuando para dentro no ambiente de gravitação zero – a escotilha estava difícil de abrir pelo lado de fora!

–Agora para trás! – gritou com prepotência o terceiro.

–Mas o que é isto? – perguntou escandalizada a doutora Klinger.

Silêncio! – gritou o primeiro; e dirigindo-se à Dra. Lina Antúnez:

–Você aí, mulher!... Tire já esse capacete!

–Somos o Grupo Operacional Ligeiro do Estado Mundial – disse o que parecia liderar – Estamos confiscando esta nave em nome da Nova Ordem Mundial!

–Quem de vocês é o capitão? – perguntou o primeiro.

Passado o choque, Eva cravou neles seus gelados olhos azuis com desprezo por aqueles seres animalescos e repugnantes que tiveram a ousadia de invadir sua vida, seu espaço vital, seu território.

Sua boca apertou-se num gesto de ódio.

Tama Wilkins, também fechou sua face com uma expressão de ódio impossível de ocultar. Como era possível que estes seres desprezíveis a serviço do mal ousassem invadir seu espaço vital e atrapalhar seu trabalho?

Apenas a Dra. Lina que ainda não tirara o capacete; manifestava medo.

Leif Stefansson, concluiu a manobra de amarre, levantou-se da poltrona e dirigiu-se à escotilha, a tempo de ouvir perguntar por ele.

–Eu sou o capitão. O que pensa que está fazendo?

–Vamos para a Lua. O senhor irá nos levar ou alguém leva uma bala!

Lina gritou e distraiu os facínoras. Eric Wilkins tentou proteger Lina.

–Miserável...! – gritou Eric, voando com habilidade na gravitação zero e tentando desarmar o criminoso mais próximo.

Ambos homens lutaram no ar e em seguida ouviu-se um disparo. O retrocesso da arma separou os dois homens. O corpo de Eric afastou-se em direção à escotilha aberta, ligada no tubo sanfona, enquanto o sangue flutuava no ar.

–Assassino! – gritou Lina Antúnez – Matou o meu Eric!

–Quieta mulher! – ordenou o que atirara, apontando à jovem.

–Pare, David! Está louco? – gritou um deles – Perfure a bala uma parede e morremos todos!

–Tem razão, James. Mas o imbecil me provocou!

–Chega! – disse Leif, alterado pela raiva – já vimos do que são capazes.

–Ele está vivo! – exclamou Eva.

–Não é problema, vai morrer logo! – replicou o chamado David.

–Seu... Seu desumano! – gritou Lina transfigurada – Nós podemos salvá-lo!

–Por quê? – disse o chamado Morris – Teve o que mereceu. Vamos jogar o corpo fora, David. Está espalhando sangue de rebelde pela nave toda!

–Sou médico – interveio Nico Klinger – deixem-me tratá-lo.

–Que morra, o miserável rebelde! – gritou o chamado David.

–Sim, que morra de uma vez – concordou o chamado James.

–Não! Deixem o doutor atendê-lo! – ordenou o que comandava o grupo.

–Mas, Morris, para quê deixá-lo viver? – perguntou o chamado David.

–Deixe que o levem para a base. Menos gente aqui para nos atrapalhar.

–Certo, certo! Vocês! – disse o lacaio da Nova Ordem Mundial dirigindo-se a Nico e Lina – Levem o sujeito para fora, rápido!

Nico e Lina puxaram o corpo sem peso de Eric as dependências da pequena estação de abastecimento que dispunha de enfermaria e médico de plantão permanente.

–O que vocês querem? – perguntou o capitão.

–Eu já disse. Vocês vão nos levar à Lua – disse o chamado Morris – se não querem que lhes aconteça o mesmo que a seu colega.

–Quê lugar?

–Base militar número um.

–Recém chegamos da Lua – disse Leif, tentando ganhar tempo – estamos sem combustível...

–Sabemos – replicou o chamado Morris – e também que mente quanto ao combustível, capitão.

–Está bem! Desembarquem as mulheres – disse Leif por fim.

–Nada disso – replicou o chamado Morris – as vagabundas vão com a gente.

Os lacaios da anti-raça fecharam a eclusa e obrigaram Leif a dar a partida. Meia hora depois, na enfermaria; Eric ainda seguia desacordado após ser atendido por Nico, Lina e o plantonista, mas estava fora de perigo, a bala foi extraída.

Não atravessara nenhum órgão vital graças ao traje espacial, mas perdera bastante sangue. Já mais tranquila, a doutora Lina informou à base Antártica do acontecido e se dispôs a esperar que Eric despertasse.

*******.

Na Antártida, ignorantes do acontecido no espaço, os futuros tripulantes da Antílope realizavam uma cerimônia no hangar.

–...E eu te batizo, Antílope! – disse Regina Cardelino, quebrando uma garrafa de champanha na proa da nave, no meio dos aplausos.

–Viva a Antílope!– exclamaram a coro os tripulantes e engenheiros.

–E que viva a madrinha! – acrescentou o astronauta Boris Jaskavitch.

Nesse momento abriu-se uma porta lateral e entrou um funcionário com um celular, interrompendo a festa.

–Aldo, ligação da base orbital.

–Obrigado – disse Aldo, pegando o aparelho.

Do outro lado da linha, Lina Antúnez relatou os últimos acontecimentos.

–Não se preocupe, Lina. A Selene III tarda oito horas até à Lua. Na Antílope os pegamos antes.

–O que foi Aldo? – perguntou Ingeborg Stefansson.

–Problemas, Inge – respondeu Aldo e ordenou:

–Todos a bordo, partimos em seguida! Abram o hangar!

Em cinco minutos estavam a bordo e as portas do hangar abriram-se, deixando entrar o frio cortante do exterior.

A Antílope com Aldo no comando, rodou pela pista coberta de neve com estrondo, decolando e recolhendo as rodas. Tomou altura vertiginosamente, rumo ao espaço, deixando atrás uma esteira de fumaça.

*******.

A Selene III continuava sua trajetória com os sequestradores e assassinos dominando a situação.

Os criminosos não se afastavam um minuto das suas armas. O chamado James já estava de olho nas garotas:

–Rapazes! Tive uma idéia para passar o tempo até chegarmos.

–Está pensando o mesmo que eu, David?

–Sim. Eu quero a loira, e você fica com a ruiva.

–Não!... A loira é minha!

–Não é justo! Eu a vi primeiro!

Tama e Eva trocaram olhares de preocupação.

Ambas sentiam profundo desprezo pelos serviçais da ditadura, seres sem moral; robôs de carne sem princípios que vegetavam, mais que viviam; apenas para satisfazer seus animalescos instintos fomentados pelo iníquo e materialista estado de coisas.

De repente, Leif observou um ponto na tela do radar.

–Estamos sendo seguidos – informou.

–Não tente nenhuma gracinha, capitão – disse Morris.

–Estou dizendo que temos alguém nos nossos calcanhares.

–E quem pode ser?

–São mais rápidos que nós. Em minutos seremos alcançados.

–Não pode ir mais rápido?

–Não.

–Não acredito! Vocês, rebeldes, têm muitos recursos. Faça alguma coisa!

Leif pensou em protestar, mas ficou calado. Teve uma idéia.

Sabendo que a Antílope os alcançaria, pensou em salvar pelo menos uma das moças, já que de momento os malditos tinham esquecido seus imundos planos de estupro.

–Está bem, vou fazer algo. Eva! Vá lá embaixo e ligue o segundo gaseificador.

–O quê? – perguntou a doutora, desconfiada.

–O segundo gaseificador. A chave está junto à escotilha. Coloque o capacete para descer. Encontrará o gaseificador no compartimento B.

–Sim, capitão – disse Eva, agradecida por escapar dessa.

–James, vá junto – ordenou o líder dos criminosos.

–Não mande ninguém com ela – disse Leif irritado – vai atrapalhá-la! O que ela vai fazer é muito perigoso, vai ter que descer na sala de reatores.

–Certo. James fique aqui.

Eva desceu, sabendo que por trás de aquela ordem absurda havia alguma coisa mais.

Ao abrir o compartimento B, deparou-se com os impulsores para caminhar pelo espaço e compreendeu. Colocou um deles e entrou na eclusa, fechando a porta e abrindo a escotilha exterior para que a violenta sucção do ar contido a jogasse no espaço.

Morris percebeu o acontecido ao ver a figura de Eva na tela.

–Idiota! Morrerá lá fora. Melhor assim. Teremos uma a menos para matar.

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–Algo lançaram para fora, Aldo. Parece um corpo. Será que mataram alguém?

–São capazes de tudo.

Aldo aplicou os freios e a nave diminuiu sua velocidade até deter-se. Boris equipou-se e saiu para resgatar o corpo antes que se afastasse demais.

–Aldo, é Eva! Está viva!

–Traga-a para bordo, rápido. Eles estão se afastando.

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–Detiveram-se para resgatar Eva – disse Leif.

–A idiota nos fez um favor – disse Morris –Joguem fora a outra garota!

–Não! – gritou Leif, com a esperança de que o fizessem.

–Fique quieto, capitão, continue pilotando, não a mataremos.

–E a nossa diversão? – disse James.

–Temos mais o que fazer do que transar com uma rebelde! – respondeu o líder dos criminosos aos seus capangas decepcionados.

Tamara estava no espaço e a Antílope a recolheu. Quando Eva e Tama estiveram em segurança, Aldo acelerou e as garotas foram para a ponte.

–Como está a situação a bordo da Selene III?

–Péssima – disse Tama Wilkins – Vão para a base militar Número Um.

–A reunião de cúpula! – gritou Aldo – Inge! Tenta fazer contato com o general Preissler, que se coloquem em alerta!

–Lúcio, nosso pai está na base! – exclamou Regina, com o pavor refletido no seu belo semblante.

–O nosso também! – gritou Bárbara.

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O pai de Regina e Lúcio, o general Cardelino e o banqueiro Miguel Blanes, pai de Linda e Bárbara; organizaram a rebelião contra a Nova Ordem Mundial junto com o general Preissler, organizador visível do Esquadrão Shock, grupo de homens e mulheres corajosos que resgatou o Dr. Valerión das garras do inimigo.

Entre outras coisas, o Esquadrão sequestrou no espaço um ônibus espacial da ditadura, no fim do século XX, para colocar essa tecnologia a serviço da Causa. Todos eram visados pela ditadura.

Tinham a cabeça a prêmio e grotescas mentiras inventava sobre eles a mídia da situação, mentiras que os humanos marcados, ingenuamente acreditavam; com a mente lavada com programas de TV e mensagens subliminares, além de secretas drogas introduzidas em alimentos e bebidas populares de consumo maciço.

Era contra isso que os três líderes antárticos lutavam.

Infelizmente era tarde. Os assassinos tinham vantagem sobre a Antílope; devido às desacelerações para resgatar as moças; e pousaram antes.

Assim que pousaram, uma figura saiu da base num espaço-moto. Era o principal agente infiltrado que a Nova Ordem Mundial colocara na Lua.

–Como estão rapazes?

–Ótimos; Jack – disse Morris.

–Vamos afastar-nos daqui rápido. Deixei um imbecil lá embaixo que vai morrer junto com todo o pessoal da base.

–Colocou a bomba?

–Ele a colocou. Eu não teria acesso ao gerador principal. Mas, vamos rápido!

Enquanto eles falavam, Leif conseguiu equipar-se com um impulsor e saiu fora da nave, tentando avisar; mas o radio do seu capacete era de curto alcance e não foi ouvido pela base, porém o foi pelos criminosos.

–O capitão fugiu! – gritou James.

–Não se preocupem – disse Jack – não precisamos mais dele. Eu posso pilotar.

–Mas ele pode nos delatar.

–Não há problema. É tarde demais. O processo não pode ser detido. Vamos embora daqui.

Leif foi abandonado à sua sorte na superfície lunar e a Selene III decolou.

*******.

O espião Jack conseguiu sabotar a base militar Nº 1 da resistência contra a ditadura, graças à traição de um funcionário que foi comprado por ele e que colocou um explosivo plástico junto ao gerador principal.

Tarde demais ele soube que não poderia gastar o sujo prêmio.

Quando Jack se retirou, ele ficou desesperado, mas era tarde demais para deter a bomba trazida da Terra pelo espião.

Ao explodir a base, ele ainda estava dentro, lutando para fazer-se ouvir. Mas ninguém acreditou nele.

Os ocupantes da base esperavam o ataque de fora, mas veio de dentro, no mais puro estilo do governo mundial: o suborno e a traição.

*******.

Na Lua não há atmosfera e os sons não se propagam.

A explosão foi mortalmente silenciosa, mas foi possível ver o clarão. Pedaços de metal, gente, pedras, mobília e pó, subiram no alto e espalharam-se em redor; pela expansão violenta de tudo o ar contido no edifício de dez andares; como uma grande flor redonda e mortal.

A Antílope limitou-se a pairar sobre a superfície lunar. O pó ainda não tinha se assentado, ainda caiam objetos, pedaços de metal, móveis e pedaços de pessoas. Do profundo de uma ravina, onde se escondera para não ser atingido pela onda de choque, surgiu Leif, voando com um pequeno impulsor.

–Sou eu, amigos! Olhem para abaixo!

–Suba a bordo, Leif – disse Aldo. – Pensamos que estava morto.

–Quase. Não conhecem a nave tão bem quanto eu. Peguei este impulsor, entrei na escotilha e fugi. Deixaram um sujeito para vigiar-me, mas consegui distraí-lo.

–Quantos são?

–Quatro. Eram três e pegaram mais um na base. Deve ser o sabotador.

–Vamos ver se há sobreviventes.

–É perda de tempo – disse Leif – Não deve ter se salvado ninguém, Aldo.

–Ainda assim, vamos olhar.

Os instrumentos indicaram que não havia sobreviventes. Com Leif a bordo, a Antílope saiu a perseguir os assassinos terroristas, lacaios do governo mundial.

–Se dirigem para fora do sistema – disse Aldo – estão loucos.

–Essa nave não dispõe de carburante suficiente para ir a lugar nenhum e eles sabem disso – disse Leif.

–É uma fuga suicida – disse Inge, feliz de ter recuperado seu irmão vivo.

Aldo apertou um botão vermelho situado à sua esquerda, no painel de armas, e o foguete de cabeça nuclear partiu velozmente rumo ao seu objetivo.

–Não quero que morram ainda – disse Aldo – Será um aviso. Afinal, a nave é nossa e custam caras. Na base havia muitas... Que se perderam para sempre.

Por isso, o torpedo, passou junto à nave da classe Selene explodindo cinqüenta quilômetros adiante do inimigo.

–A próxima será para matar, seus malditos assassinos – disse com frieza Aldo pelo radio – E não me falta vontade.

Por toda resposta, A Selene III virou em redondo.

*******.

Foram obrigados a descer no gelo da Antártida.

Comandos especializados, dirigidos pelos remanescentes do Esquadrão Shock foram a capturá-los, enquanto uma esquadrilha de caça mantinha afastados os caças inimigos. A nave foi recuperada inteira e os criminosos levados a interrogatório.

Os interrogadores de Antártica, devidamente doutrinados pelas lideranças rebeldes eram especialmente cruéis.

Era gente que sabia contra o que estava lutando e sentia um profundo ódio pelo governo mundial e pelos seus sicários.

Pouca coisa sobraria dos assassinos após o interrogatório, além da informação sobre mais traidores ou espiões nas bases espaciais.

*******.

Depois disso, houve uma caçada às bruxas na Lua. Nenhuma nave pousava ou decolava sem rigoroso controle. Satélites armados com mísseis foram colocados nas órbitas da Lua e da Terra.

Nesse meio tempo, deflagrou-se a guerra de informação; a rede televisiva do inimigo; Journal News Network (JNN) contra a rede da Antártida, que transmitia em inglês, português e espanhol desde umas cavernas fortificadas no pólo norte da lua e era vista e ouvida em toda a Terra e alhures; Rádio e Televisão Venceremos (RTVV), fortemente doutrinada contra o governo mundial.

Por isso se soube que o dano ocasionado à base lunar foi total em materiais e vidas humanas. O triunvirato da resistência desaparecera.

O General Cardelino, o Sr. Blanes e o General Preissler morreram.

Mártires para a Causa.

Na base habitavam 300 funcionários com suas famílias; astronautas de

exploração e funcionários em trânsito. 1.100 mortos em total.

Dezoito naves foram destruídas, antárticas, argentinas, russas, australianas e brasileiras. Todas de grupos que lutavam pela Causa.

As outras bases tinham poucas naves; chilenas, brasileiras, chinesas, antárticas e da FAECS; Força Aero Espacial do Cone Sul.

Na Antártida restavam 10 naves da classe Antílope, e perante as violentas “caçadas de bruxas”, as coisas não seriam fáceis para os que deviam partir para o espaço. Por isso, Aldo e Valerión encontraram-se dias depois do acontecido na Lua.

*******.

Nove anos antes, em 10 de março de 2004...

...A nave Selene II desceu na Cara Oculta da Lua, onde fundaram uma base a salvo da Nova Ordem Mundial. Aí trabalhariam em paz para chegar aos planetas. A expedição foi comandada pelo Dr. Prof. Alexei Gregorovitch Valerión e o piloto Alan Claude Sarrazin, capitão da FAEB (Força Aérea Espacial Brasileira). Na tripulação estava o aspirante Aldo Santos, na época com quinze anos. Não se consideravam russos, brasileiros ou uruguaios, porém antárticos.

Ao chegar viram óvnis afastando-se. Colocaram em fuga uns alienígenas que abandonaram a base que montavam. Eram os vampiros espaciais de Zeta Reticuli IV, os alfas cinzentos, que abandonavam a base montada com conhecimento da Nova Ordem Mundial.

Os antárticos entraram nas construções dos nojentos alienígenas, encontraram documentos, ferramentas e sua imunda comida ainda quente; composta de partes de seres humanos terrestres; dissolvida num líquido orgânico, o que os deixou enojados ao descobrir o que já se

suspeitava no século anterior.

Posteriormente descobriram uma nave espacial avariada, que tinha sido abandonada às pressas pelos intrusos. Com a tecnologia capturada aos aliens, a equipe do Dr. Valerión começou a colonização da Lua, onde depois fundaram cidades autônomas, semelhantes à Cidade Antártica.

Foram chamadas: Cidade Lunar, Port Armstrong, Cidade Antípodas, Nova Chile, Argentina II, Brasil II, Cidade dos Velhos, e a tristemente célebre Prisão de Segurança Máxima nas Montanhas Malditas, na face oculta da Lua. Nesse meio tempo, a situação mundial piorou.

Pessoas de boa saúde física e mental foram recrutadas para trabalhar nas colônias da Lua, independente da Nova Ordem Mundial, que não tinha tecnologia capaz de competir com a dos antárticos; e todas as tentativas da ditadura para chegar à Lua e impedir a fuga de escravos; eram repelidas à força por Antártica, com o que a situação política piorou.

Com os conhecimentos dos alienígenas, Valerión levou adiante seus inúmeros inventos que lhe permitiram levar os antárticos aos planetas.

Muitas coisas foram criadas pelo Dr. Valerión para servir de ferramentas à nascente força espacial criada pelos homens livres da Terra: FAECS (Força Aérea Espacial do Cone Sul).

Muitas aventuras, Aldo e o seu mestre Valerión, compartilharam nesses nove anos de amizade e respeito. Agora se reuniam de novo para enfrentar a presente crise.

*******.

–Acho bom continuarmos o programa e partir logo; independentemente, sem muita conversa com o pessoal da F.A.E.C.S – disse o Dr. Valerión, fumando seu cachimbo aromático no seu escritório dos subterrâneos da Antártida – Ainda mais que o inimigo pensa que nosso ideólogo principal, Blanes, está morto, como Cardelino e Preissler. Ah, Preissler... Grande guerreiro! Só os deuses sabem como eu gostava dele!

–Blanes está morto, doutor. Tive que consolar suas filhas...

–Eu sei, rapaz. Mas o inimigo pensa que nosso ideólogo principal está morto.

–Blanes não é...? Digo... Era... Nosso ideólogo principal?

–Não. Há o Mestre de todos eles, quem ensinou Blanes, Cardelino, Preissler e a mim; ainda nos anos oitenta do século passado; que isto que aqui está; viria.

–Mas por Thor, Valerión! Quem é essa ilustre figura?

–Um senhor de sessenta anos, que está esperando o momento de intervir.

–Puxa, Valerión...! Não me diga que é... “... O Homem que Virá?”.

–Tudo ao seu tempo. Seu nome é apenas para iniciados.

–Valerión, não me venha com isso...!

–As paredes têm ouvidos.

Aldo não insistiu no assunto, sabia que os mais velhos avisaram aos jovens que isto tudo um dia aconteceria. Apesar de estar sempre na luta pela Causa, Aldo sabia que não era um iniciado, ainda.

E nem sabia se algum dia o seria. A mente de Aldo era voltada para a tecnologia, as ciências exatas; os líderes doutrinaram-no de maneira correta, só sabia o que precisava saber.

Ele, filho de mártires, vagamente lembrava sua infância, quando ainda o fatídico Grupo dos Treze não tinha tirado a máscara. Mas, pessoas como Blanes, Cardelino, Preissler, Valerión e outros, tinham orientado sua adolescência na luta contra o Sistema.

Agora, aos 24 anos, praticamente toda sua vida tinha sido de luta e doutrinação política contra este satânico sistema mundial, que para ele, sempre tinha existido.

Por isso, confiava em Valerión, seu Mestre. Nem por assomo imaginara que poderia existir um Mestre dos Mestres. Agora o sabia. Sem saber por que, exatamente, sentiu-se melhor por sabê-lo.

–Por que acha que devemos continuar o projeto sem muita conversa com a F.A.E.C.S, doutor? – perguntou Aldo – o que eles estão aprontando desta vez?

–Estou preocupado com as medidas purgativas que estão sendo tomadas pelos atuais líderes da revolução – respondeu e acrescentou:

–Até concordo em que sejam eliminados os traidores e inimigos quando algum deles cai nas nossas mãos. Se me pedissem, até atiraria neles, Aldo.

–Eu também, doutor.

–Mas isso me deixa sem jeito. Não consigo me concentrar no serviço e pretendo fazer muito ainda, após a vossa partida ao espaço.

–O que devo fazer?

–Abastece e prepara a Antílope para a partida. E seleciona a tripulação.

–Muito bem, doutor. Farei isso e me desentenderei da situação política.

–Claro rapaz. Verás que é isso o que mais ajudará à Causa. Se não conseguirmos achar um planeta bem longe que nos acolha, estamos destinados a perder a guerra vindoura contra essa nefasta Nova Ordem Mundial.

*******.

A tripulação da nave Antílope foi selecionada por seu capitão, Aldo.

Ele e seu irmão mais velho Marcos que assumiria o cargo de segundo em comando eram jovens, fortes e decididos. Conheciam a fundo a nave que ajudaram a construir; estavam capacitados para dirigir-se ao seu destino e enfrentar o inesperado.

Sabiam também que não estavam buscando glória, mas a chance de sobrevivência do seu povo, longe da ditadura que escravizava a humanidade embrutecida.

A engenheira em informática Ingeborg "Inge" Stefansson, assumiria as comunicações e o sistema de computadores que ela havia ajudado a desenvolver.

A engenheira e astrônoma Bárbara Blanes, namorada de Marcos, assumiria a navegação. Formada numa universidade do norte, tanto ela como sua irmã gêmea Linda, arrancaram dos braços a indigna Marca do código de barras, imposta pela ditadura.

Uma feia cicatriz estava aí para prová-lo.

Mas não conseguiriam livrar-se da cicatriz deixada pelo assassinato seus pais a mãos da ditadura mundial.

Lúcio Cardelino, irmão de Regina; filho e neto de militares, filho de mártires da Causa, era responsável pela defesa. Piloto de caça; pilotou todos os novos aviões e naves. Conhece todos os armamentos de bordo. Montou pessoalmente todo o armamento da nave; inclusive os torpedos.

A doutora Eva Klinger, namorada de Lúcio, médica, química e bióloga espacial, era a segunda médica de bordo. O piloto Boris Jaskavitch, de origem russo-brasileiro, era explorador por excelência, aventureiro da selva, lutador, forte e violento, era o braço direito de Aldo. Tinha viajado pelo espaço entre a Terra e a Lua várias vezes com Valerión. Havia idealizado todos os sistemas de manutenção de vida de bordo.

A doutora Regina Cardelino, namorada de Boris, irmã de Lúcio, era a principal conselheira de Aldo. Psicóloga; professora de linguística, história, filosofia, e como se tudo isto fosse pouco; bonita como uma deusa, embora sua beleza estivesse entristecida pelo martírio dos seus pais. Era o preço para servir à Causa.

O doutor Nicholas Nico Klinger, irmão de Eva, seria o primeiro oficial médico da nave, perito em medicina espacial, responsável pela saúde da tripulação.

A doutora Tamara Tama Wilkins, namorada de Nico, médica nutricionista, responsável pela alimentação, era também responsável pelo depósito de medicamentos.

Estes são os Primeiros.

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Continua em: A PARTIDA

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O conto TRAGÉDIA NA LUA - forma parte integrante da saga inédita Mundos Paralelos ® – Fase I - Volume I, Capítulo 1; Páginas 14 a 22; e cujo inicio ilustrado pode ser encontrado no Blog Sarracênico - Ficção Científica e Relacionados:

http://sarracena.blogspot.com.br/2009/12/mundos-paralelos-capitulo-i-17.html

E seguintes.

O volume 1 da saga pode ser comprado em:

clubedeautores.com.br/book/127206--Mundos_Paralelos_volume_1

Gabriel Solís
Enviado por Gabriel Solís em 28/11/2016
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