A ÚLTIMA BATALHA DA HÉRCULES

INTERLÚDIO.

O Horror.

O Horror aproximava-se velozmente, proveniente da estrela Gamma da constelação de Orion, uma estrela branca da classe B2; Bellatrix.

Nunca ninguém soube em quê mundo, estrela ou quadrante da galáxia esse horror tivera sua origem distante, nem quando começara. Talvez dezenas de séculos, talvez centenas de milênios...

O horror aumentara seu tamanho e forma no decorrer dos séculos.

Agora era um autoplaneta esverdeado em forma de fuso, grande como um asteroide com quinhentos quilômetros de comprimento, trezentos de largura, cem de altura e duas nacelas de dobra de cem quilômetros, um mundo nômade que aconchegava uma colmeia de milhões de seres com uma brilhante civilização tecnológica que trabalhava, alimentava-se e reproduzia-se; preparando-se a desembarcar e ocupar o próximo mundo escolhido em sua jornada...

Como uma praga de gafanhotos.

Há muitos séculos o horror desabara sobre o primeiro dos quatorze prósperos mundos civilizados de Bellatrix.

Entrou em órbita e soltou vinte e quatro enormes naves, que suspensas encima das cidades, as incineraram, exterminando sem piedade os indefesos habitantes; esmagando a resistência com sua frota de pequenas naves de caça.

Depois desceram soldados, cientistas e engenheiros; e começou a construção de cidades e bases para dirigir a mineração e exploração dos recursos naturais para abastecer o horror, melhorar sua tecnologia e aumentar seu poder e tamanho. Nos vários séculos em que o horror assolou Bellatrix; enviou batedores às estrelas próximas para descobrir mundos indefesos, sem frota estelar.

Ao esgotar todos os recursos naturais, minérios, água e ar do último dos

infortunados mundos de Bellatrix, o horror já escolhera sua próxima refeição. Com todo o poder e energia sugados dos quatorze mundos, já mortos, recolheu toda sua civilização a bordo; embarcou seu povo e partiu.

Após uma jornada de vinte e quatro anos em dobra dois; o horror saiu de dobra; entrou em impulso e começou a desacelerar sua inércia no limite do sistema solar; em direção ao próximo dos mundos indefesos de sua macabra lista; o terceiro planeta do sistema... a Terra.

*******.

Ganímedes, 31 de março de 2020 (200331).

O vice-almirante Wagner Pires, como de costume chegara as nove da manhã ao seu escritório da Base Ganímedes. Sua secretária o esperava desde cedo, aflita.

–Bom dia, vice-almirante. O capitão Pru o espera na ante-sala.

–Mande-o entrar e traga café para mim e algo que os milkaros bebam.

–Sim, senhor.

O capitão milkaro entrou, com o capacete embaixo do braço.

–Saudações, vice-almirante – disse em um espanhol perfeito.

–Saudações, capitão. A que devo sua visita?

–Os sensores da Vranara detectaram uma perturbação do espaço-Tempo, cortando a órbita do sétimo planeta. O que temíamos vai acontecer antes do esperado.

O vice-almirante demorou a entender, mas logo desabou na cadeira.

–Agora não... – murmurou – Não é justo...!

*******.

FIM DO INTERLÚDIO.

(***)

23 de junho de 2020 (200623).

A Amarna ancorou na órbita de Ganímedes. Alan, Iara, Kufu e os tigres abordaram a AR-1 e desceram na base terrestre. O vice-almirante Pires os recebeu no seu gabinete. Alan falou em raniano, a língua que todos entendiam.

–... E isso é tudo, resumidamente, senhor. Vênus é nosso agora, um planeta produtivo e moderno. Podemos transferir gente; já determinei os locais mais frescos para estabelecer colônias e os nativos começaram a construí-las. Há dois problemas: na parte habitável do planeta o calor é de sauna, a gente emagrece; os gordos vão adorar quando saibam. O segundo problema é que os alakranos vão voltar. Não sei quando, porque não sei o que demoram em ir e voltar ao seu império, que como sabemos está no quadrante Delta, a mais de 25.000 anos luz daqui.

–Falou disso com o presidente?

–Marcos está coberto por uma montanha de papel, senhor. Não acredito que faça nada sem ordem de Aldo. Antártica está desconhecida depois da guerra.

–Foi o que me disseram. E a estação Solaris?

–O espaço deles é limitado. Talvez entre 13 ou 14 mil colonos poderiam se estabelecer... E a Terra está condenada.

–Vamos descontaminar a Terra, vice-almirante. – disse Huáscar – Pretendemos trazer do meu mundo naves e pessoal para isso.

–Há outro problema bem pior acontecendo – disse o vice-almirante – convidei duas pessoas para tratar desse assunto, o capitão Pru e o príncipe Angztlán.

Ambos entraram, sendo apresentados. Iara emocionou-se ao conhecer um ser de outra galáxia e um príncipe do passado.

–O problema é a chegada dos kholems da espécie que vocês chamam gamas cinzentos com toda sua civilização a bordo de um autoplaneta – disse Pru.

–Estou à par – disse Alan, estremecendo – mas... Agora?

–Foram detectados a menos de um parsec daqui – disse o vice-almirante – os sensores da nave do capitão Pru são muito acurados.

–Perto demais – disse o príncipe Angztlán, e vão direto a Xarn... Ao terceiro planeta, a Terra, para matar todos vocês.

–Como vão fazer isso? – perguntou Iara.

–As naves de limpeza vão queimar suas cidades em um dia padrão. Depois vão caçar os que sobrarem, desembarcar e estabelecer-se – disse o príncipe – já os vi fazer isso antes, na minha vida anterior, quando o império existia.

–Vão esgotar a Terra, em cinqüenta ou cem anos – disse o vice-almirante com voz sombria – e vão seguir adiante, como praga de gafanhotos.

–Minha família está na Terra, vice-almirante – disse Iara.

–A minha também – replicou ele – a Terra nunca esteve tão indefesa como...

–Poderiam se salvar em Boral, as nuvens nos ocultam – interveio Kufu.

–Não servirá de nada – replicou Pru – usarão a Terra como base para limpar os outros planetas. Nem nós estamos a salvo aqui.

–Eles sabem o que fizemos aqui – disse o vice-almirante – recebi um relatório detalhado de Aldo. Eles mandam batedores há anos.

–Qual é o tamanho do autoplaneta? – perguntou Lilla Henna.

–Em medidas terrestres, quinhentos quilômetros de comprimento, trezentos de largura e cem de altura. Veja a imagem – disse Pru, mostrando um painel de escrita.

A imagem era de uma nave cinzenta em forma de fuso, provida de nacelas.

–Podemos dar conta deles – disse Huáscar – a Amarna está bem armada.

–Talvez não – disse Pru – eles são um mundo completo, têm um enxame de naves de caça e muita reserva de energia para sustentar armas e escudos.

–As naves de caça não têm energia própria – disse Alan – na nave mãe deve haver um transmissor de energia, como o que vocês construíram num asteroide perto daqui e nós desativamos. Acabe com ele e acaba com todos eles.

–E como fazer isso? – disse o vice-almirante.

–O capitão Huáscar e eu pensaremos em algo – quanto tempo ainda temos?

–Menos de dois dias padrão. Eles já não têm receio de serem detectados; saíram de dobra e estão desacelerando – disse Pru.

–E você, capitão Pru, com sua nave tão grande e poderosa não vai nos ajudar a detê-los? – disse Alan, encarando o milkaro – ou suas diretrizes o proíbem?

–Proíbem, mas vou ajudar mesmo assim.

–Daqui não podem fazer nada – disse o vice-almirante – o planeta externo mais perto de sua rota é Urano. Veja o mapa.

O vice-almirante apertou um botão e apareceu um mapa estelar interativo em tempo real. Selecionou a locação na própria Terra.

–Veja. Estamos na Terra olhando para Orion. Estão vindo por trás do sol, e passarão por cima do cinturão de asteroides.

–Mude a perspectiva para Ganímedes – disse Alan.

–Piorou – disse o vice-almirante – daqui parece que vão passar por Marte.

–Vão cortar o sistema, direto à Terra – disse Pru.

–Aldo já foi avisado? – perguntou Alan.

–Sim, coronel, há dois meses. A Hércules, a Millennium e a Vingador partiram em rota de colisão ao máximo impulso que desenvolvem sem se destruir, arrebentando estrutura e motores; só com armamento, aviões de caça, patrulheiras e combatentes. Pretendem interceptá-los na órbita de Marte, mas não me parece que vão conseguir alguma coisa... São três mosquitos contra um elefante.

–Estamos a cinco horas da órbita de Marte com a Amarna – disse Alan – venha Huáscar, vamos defender a Terra... Pru! Você vem ou vai ficar aí ponderando?

*******.

A Amarna cortou o plano do sistema em impulso máximo, em direção à rota de convergência com os kholems, e os avistaram desacelerando sem mudar o rumo, direto à Terra, enquanto as três naves antárticas já quase o alcançavam.

–Há três naves em persecução do inimigo, capitão. Estão chamando – disse a tigresa tenente de comunicações.

–Na tela.

Aldo, desalinhado, com uma barba de dois meses, apareceu na tela principal.

–Esta é a Hércules de Saturno... Quem são vocês...? Alan...? Você?

–Olá capitão. Viemos a ajudar. Esta é a Amarna de Vênus, e o capitão que está na cadeira é o Mestre de Clã Huáscar, de Sírio 4. Huáscar, este é nosso Líder.

–Achei que seu líder era aquele que conhecemos em Antártica.

–Era irmão deste.

–Capitão Huáscar – disse Aldo – estamos há muito tempo atrás dos kholems e quase os alcançamos. Pode segurá-los?

–Precisamos atacá-los agora mesmo. Estão desacelerando a inércia, mas não podem parar; são grandes demais. O capitão Pru Atol 7752 de Milkar está lado a lado conosco na Vranara. Vai nos ajudar nesta caçada.

–Ótimo! Vamos atacar juntos.

–Você ainda está longe – disse Huáscar – somos mais rápidos e vamos a atacar antes. Será uma caçada difícil. Espero que seja gloriosa.

–É o tipo de caçada que nós gostamos, capitão. Hércules desliga.

Huáscar virou sua cadeira para Alan.

–É um grande guerreiro numa frágil navezinha – disse Huáscar – Alerta de batalha! Mestre Alan! Assuma o táctico.

–Levantar escudos, artilheiros a postos, carregar bancos de energia, armar torpedos, pilotos a postos! – disse Alan já sentado na estação do táctico.

Em toda a nave começou a agitação. Estavam a três horas da Terra.

*******.

A Amarna e a Vranara igualaram rumo e velocidade disparando phasers e

lasers sem vencer os escudos do autoplaneta, que revidou soltando naves de caça em forma de meios discos, que logo começaram a disparar phasers.

–Escudos a oitenta por cento – disse Alan – disparando nos caças.

Os caças começaram a explodir no mais ensurdecedor dos silêncios, mas para cada um destruído surgiam dois.

–Perdemos tempo, Huáscar. Ignore os caças, vamos atirar as nacelas.

–Huáscar para pilotos!

–Prossiga.

–Decolar e atacar. Baixar escudos do hangar. Pacha! Rode o eixo da nave 180 graus! Diminua para meia manobra! Mestre Alan! Dispare um torpedo fotônico.

O torpedo atingiu a nacela de estibordo e o escudo fraquejou.

–Disparando phasers! – disse Alan – Pru! Está comigo? Dispare!

Os repetidos disparos das duas naves concentraram-se na nacela afetada, fazendo os escudos fraquejarem. Alan disparou um torpedo atômico convencional que derrubou o escudo de estibordo destruindo navezinhas que saíam de um hangar.

A Vranara disparou um poderoso raio de energia na enorme nacela de mais de cem kms de comprimento e esta explodiu em vários lugares, destruindo alguns caças, mas não afetou o resto da nave; não entanto esta se desequilibrou.

–Não parem de atirar! – disse Huáscar – Amarna para Vranara! Atire na nacela de bombordo! Mestre Alan! Atire no hangar!

A Amarna disparou um torpedo fotônico que estremeceu os escudos inimigos e provocou enormes faíscas em torno. Alan não deu respiro e concentrou os canhões de energia na saída dos caças; já percebera o ponto fraco da nave mãe.

Na sala de torpedos da Amarna, os tigres afanavam-se com eficiência matemática; dirigidos pela voz de comando da ponte.

Uma patrulheira AR-2; pilotada por um xawarek com Antar como co-piloto, conseguia destruir os caças um a um, sem ser atingida. Os caças sirianos, com um tigre para pilotar e outro para atirar, dizimavam os caças, que agora diminuíam de número, com sua saída bloqueada.

Já cortavam a órbita de Marte, quando as naves da classe Hércules apareceram por cima, atirando com tudo, mas os escudos do inimigo não pareciam ceder mais do que cinqüenta por cento. De repente, do ventre do autoplaneta, surgiram 24 naves parecidas em tamanho e forma com a Vranara, que aceleraram em impulso máximo, afastando-se em direção à Terra.

Antes que o escudo se fechasse, Alan soltou um torpedo fotônico no ventre desguarnecido do inimigo e os escudos caíram, mas logo se recuperaram lentamente, apenas a vinte por cento.

–É questão de tempo – disse Huáscar – Amarna para Vranara!

–Prossiga – disse Pru.

–Você pode dar conta daquelas naves?

–Posso persegui-las, mas apenas consigo igualar a velocidade; vão a impulso máximo; são as naves de limpeza.

–A Terra está a 50 minutos deles – disse Alan – esqueça as naves, Pru, não vai conseguir nada. Temos que destruir o autoplaneta que lhes fornece energia e escudos, é a coisa mais lógica a fazer. Concentre o fogo na nacela de bombordo!

*******.

A última batalha da Hércules.

As três naves antárticas, apoiadas por dezoito caças CH-3, divididos em duas esquadrilhas e nove patrulheiras AR-1 dispararam na saída do hangar do autoplaneta, fazendo os escudos da comporta caírem. Aldo percebeu o dano e mandou atirar com tudo na comporta do hangar, grande como um estádio de futebol.

–Sala de torpedos! – gritou – Disparar a vontade!

Os torpedos atômicos, que poderiam volatilizar uma cidade, fizeram estragos dentro do hangar, destruindo centenas de naves, mas logo os escudos fecharam-se de novo e os torpedos explodiram fora. Um segundo hangar abriu-se e um enxame de navezinhas raivosas emergiu, atirando com lasers nas naves antárticas.

–Atirem no hangar! – gritou Aldo – ignorem os caças!

Novamente os escudos caíram e os torpedos entraram.

–Vingador para Hércules! Os caças nos acertaram! Não temos propulsão!

–Hércules para Kowalsky! Defenda a Vingador!

As duas esquadrilhas de caças comandadas por Kowalsky e Tom Cikutovitch manobraram sobre os kholems e dispararam seus canhões marcianos fazendo estragos, enquanto a Vingador afastava-se à deriva. As patrulheiras divididas em três grupos comandados por Ives, Adolphe e Jacques, concentraram o fogo no enxame que surgia do hangar enquanto a Millennium e a Hércules disparavam com torpedos e canhões para dentro do mesmo.

–Millennium para Hércules!

–Prossiga, Leif!

–Estamos fora de combate! Estou sem energia, acertaram nos motores!

Antes que Aldo respondesse a nave se estremeceu.

–Nos acertaram capitão! – disse o navegador – os escudos caíram!

–Controle de danos! Informe, Mudo!

–Perdemos os canhões de bombordo, senhor, os artilheiros estão mortos!

Outro disparo acertou a bombordo e a Hércules se estremeceu.

–Perdemos combustível, capitão, nos furaram!

Mais um disparo e os incêndios começaram.

–Acertaram na sala de torpedos de popa – disse o Mudo Gatti – morreram todos, capitão! O fogo está se espalhando.

–Abrir válvulas de inundação! – disse Aldo.

Antes que o Mudo respondesse, outro disparo dos caças arrancou a asa de estibordo da Hércules, levando junto metade dos canhões marcianos e seus artilheiros.

Mas a valente Hércules ainda não estava fora de combate...

*******.

–Amarna para Vranara! Pode ajudar as naves terrestres?

–Já as peguei com o raio trator para meus hangares. Os tripulantes estão vivos, segundo os sensores de vida.

–Raio trator? Sensores de vida? Você sempre me surpreende, capitão Pru.

–Detalhes. Não posso pegar a Hércules, que está perto demais do inimigo. Há alguns mortos. Está sem impulso, armas nem suporte de vida. O núcleo entrou em sobrecarga. Não é seguro ficar por perto, coronel.

–São meus amigos, Pru! Não há como ajudá-los?

–O capitão deu ordem de abandonar a nave e as patrulheiras estão a resgatar a tripulação. Você está mais perto... Tem espaço a bordo?

–Tenho. Pegue a Millennium e a Vingador que eu pego as outras.

–A situação vai se complicar, coronel, os kholems estão a ponto de recuperar os escudos de estibordo, e não podemos atirar porque atingimos a Hércules.

*******.

A bordo da Hércules a situação era desesperadora.

–Abandonar a nave! – gritou Aldo – Patrulheiras! Recolher a tripulação! Todos para as patrulheiras! Aldo para Kowalsky! Dê cobertura!

–Pode prosseguir, capitão!

–Computador! Ejetar base de dados! Jacques! Recolha-o!

–Sim senhor.

Em seguida o núcleo do computador saiu disparado para trás.

–Hércules para Amarna!

–Prossiga, Aldo – disse Alan.

–Abandonamos a nave, preciso que recebam a tripulação.

–Venha – disse Huáscar – O escudo de estibordo está abaixado.

Os últimos a bordo eram Aldo e o engenheiro Dreisen.

–Aldo para Dreisen! Ainda está na engenharia?

–Estou, sim senhor, não há impulso nem manobra, só propulsores.

–Ponha o reator em sobrecarga, Dreisen. Agora! Preciso muita antimatéria, muita mesmo! Preciso mais do que podemos segurar! Entendeu, Dreisen?

–Sim senhor, entendi o que pretende. Para quantos minutos?

–Quatro, e venha logo para a eclusa.

As patrulheiras lotadas entraram no hangar da Amarna. A patrulheira de Ives de Saint-Hilaire era a última ainda conectada na Hércules.

–Há lugar para dois, bem apertados; capitão! – disse Ives.

–Dreisen e eu – respondeu Aldo, descendo da ponte – Vamos, Dreisen!

O engenheiro veio pelo corredor central e ficou parado na porta da eclusa, de onde podia ver-se o interior da patrulheira através do tubo.

–Dreisen! – gritou Aldo – O que está esperando? Vamos, entre no tubo! A Hércules está perdida!

–Três minutos e meio é tempo demais, capitão. Vou dar um jeito nisso!

–Está louco, Dreisen? – gritou Aldo.

–Não senhor, mas estarei se não fizer isto!

O engenheiro afirmou-se com as duas mãos no corrimão e chutou Aldo com os dois pés para dentro do tubo sanfona. Na gravitação zero, o capitão da Hércules voou para dentro da patrulheira. Depois Dreisen desengatou o tubo, fechou a eclusa e foi para a ponte.

Ligou os propulsores que restavam e acelerou a nave em direção à comporta aberta do hangar inimigo, abrindo o canal de emergência:

–Hércules para todas as naves! – disse, enquanto a nave embicava para o hangar – Bater em retirada! Este lugar vai sumir em um minuto!

Aldo foi à cabine da patrulheira, abrindo-se caminho entre seus tripulantes.

–Vamos sair daqui, Ives. Rápido!

–E Dreisen?

–Ele vai fazer a loucura que eu pretendia fazer.

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Ao final... Nada.

–Camaradas! A melhor das naves se despede e parte para Asgard!

A Hércules lançou-se no hangar um segundo antes que o escudo se fechasse, fazendo estragos nos caças que tentavam sair.

–Hércules desliga!

O engenheiro não ficou na ponte para ver a cara dos aliens que esmagava nem os estragos que causava e correu à engenharia, trancando-se dentro.

Apesar das chacoalhadas da Hércules atravessando divisórias enfraquecidas por torpedos em sua louca corrida final como flecha envenenada até o coração do inimigo; Dreisen chegou ao painel de controle do campo de contenção do núcleo de antimatéria e o desligou.

Depois puxou a pistola e sentou-se na frente da porta trancada do corredor central a esperar o colapso.

Sete segundos para o colapso da contenção.

Precisava manter o inimigo a raia por sete segundos. Os kholems logo forçaram a eclusa e ele já pressentia seus passos aproximando-se pelo corredor. Eles, com toda sua tecnologia, sem dúvida sabiam o que ele ia a fazer, e precisavam detê-lo.

Cinco segundos para o colapso da contenção.

Ele beijou através do visor do capacete a foto da sua bela e jovem mulher nativa que ficou chorando nas Terras Frias e engatilhou a pistola.

Dois segundos para o colapso da contenção.

Os aliens quebraram a porta e entraram na engenharia, sendo recebidos a tiro.

Um segundo para o...

No instante seguinte tudo desapareceu...

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Continua em: OS DEUSES LHE SEJAM PROPÍCIOS

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O conto A ÚLTIMA BATALHA DA HÉRCULES - forma parte integrante da

saga inédita Mundos Paralelos ® – Fase II - Volume IV, Capítulo 28, Página 1, e Capítulo 33; Páginas 123 a 128; e cujo inicio pode ser encontrado no Blog Sarracênico - Ficção Científica e Relacionados:

sarracena.blogspot.com

O volume 1 da saga pode ser comprado em:

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Gabriel Solís
Enviado por Gabriel Solís em 21/11/2016
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