OS SOBREVIVENTES 2ª TEMPORADA A SÉRIE

CAPÍTULO 1

Em um restaurante de beira de estrada José Augusto, Lívia e Carol estão olhando o pôr do Sol do Cerrado em algum lugar ao norte de Goiás. Esta maneira plácida dos três de conviverem com o fim do mundo e com o fato de que existem pessoas nos caçando para nos dissecar e matar está começando a me enfurecer. São como três velhos que parecem não ter nada a perder.

E se fosse apenas isso. De uma certa forma todos me tratam com superioridade. O pior deles é o José Augusto. A impressão que eu tenho é que ele me suporta. Sempre dá as instruções duas ou três vezes, como se eu fosse um retardado. Tudo bem que ele por ter trabalhado em hospital saiba até mais do que eu que fazia Medicina (e não gostava). Mas isso não dá o direito. Antes eu achei que fosse até pela Carol. Só que ela não têm olhos para mais nada além dele desde que foi baleada. Só fala comigo o estritamente necessário. A Lívia é diferente, mais meiga, mais compreensiva. Só que muito fechada na dela, procurando sempre estar sozinha. Os três parecem me tratar como uma criança assustada. Se pelo menos tivéssemos encontrado mais sobreviventes nestes quatro meses que estamos na estrada. A Dalila, a leoa que não temos condições nenhuma para sustentar, mas que o "chefe" insistiu em trazer se aproxima de mim e se deita. Começo a acariciá-la. Ela tem sido útil. Pelo menos em cada cidade que chegamos arrombamos um açougue ou frigorífico atrás de comida para ela. E, lógico, fazemos um churrasco.

Queria ver o mar. Se vou morrer tenho direito a um último desejo. Quando vou me aproximar deles para discutir isso, vejo um rastro de poeira que se ergue de uma estrada lateral. Dalila também se põe em estado de alerta. Pelo binóculo vejo que é uma caminhonete com dois ocupantes. Nenhum dos dois está com roupas especiais. Um homem e uma mulher com chapéus de cowboys. Fico quieto e vou para o outro lado do caminhão baú. Vamos ver como sua excelência cuida disso...

CAPÍTULO 2

Ninguém ainda havia suspeitado dos meus planos. Tentes ser o mais reservada possível, quase não conversava com eles, temia que uma frase mal pensada revelasse meus pensamentos e planos. Ainda mais agora com a chegada de mais duas pessoas para a nossa comitiva. Um casal do Mato Grosso do Sul. Eles se encontraram por acaso na estrada no final da epidemia e tiveram um caso tórrido de amor à espera do fim, que para eles, nunca veio.

Na nossa última parada, peguei um laptop de última geração e estou desenvolvendo um programa que, supostamente, pode rastrear sinais da internet que ainda estejam sendo usados. Imaginei que, seja lá quem queira matar todos os sobreviventes, deve se comunicar através da internet ou alguma rede de telefonia secretas.

Desde o final da epidemia que a internet e todas as redes de telefonia estão desligadas, mas eu tenho certeza que eles usam algum meio de comunicação, então decidi tentar encontrar.

Já havia feitos vários testes sem sucesso. Mas acreditava estar perto de encontrar a solução. Pensei em contar para o José Augusto, mas não queria dar falsas esperanças, caso não consiga nada. E também acho que ele não compartilha o meu ódio e desejo de vingança contra essa gente.

Não importa quanto tempo leve, nem se vou ter que agir sozinha, mas vou dar um jeito de acabar com esse povo, me vingar por tudo que me fizeram passar. Por fora pareço calma e impassível, mas por dentro estou como um vulcão prestes a explodir.

Tenho notado o Felipe, parece que é o único que me ajudaria com meus planos... Não sei, talvez eu fale com ele. Ou não.

Aristoteles da Silva e Priscila Pereira
Enviado por Aristoteles da Silva em 05/11/2016
Reeditado em 05/11/2016
Código do texto: T5814075
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