A AVENTURA CONTINUA IV - SEGUNDA JOGADA
Tíber, 29 de julho de 2019 (190729).
Ela acordou com a luz que entrava pela janela do quarto e o barulho da rua. Ao seu lado, Alan dormia ainda, com seu cabelo preto espalhado no travesseiro.
Ela ficou olhando-o em silêncio, lembrando a agitada noite de amor e sexo com aquele que até ontem tinha sido um parceiro de aventuras, um camarada. Estava satisfeita, renovada, saciada.
Os fatos do dia anterior; a luta com o alakrano e a adrenalina decorrente; deixaram-la excitada; e aquele maravilhoso vinho de Auxor foi excelente para desatar as inibições, afinal ambos eram bonitos saudáveis e jovens. Ele tinha quatorze anos a mais do que ela, mas aparentava menos.
Eles desejaram-se desde o primeiro momento em que se viram, mas o respeito mútuo os mantinha distantes. Agora ela estava cativada. O quê esse homem fizera com ela?
Levantou-se e foi ver-se no espelho de corpo inteiro da porta do banheiro. Ela viu seus seios firmes, suas pernas perfeitas; e seu rosto agora estava iluminado. Gostou do que viu e acariciou seus seios devagar, sentindo seus mamilos eretos.
–Magra, bela e apaixonada – disse ela baixinho.
–Concordo – disse Alan, já acordado.
Ela virou-se, surpreendida, mas replicou com voz abafada e trêmula:
–Você me fez apaixonar, Alan. Como pôde fazer isso comigo?
–Vem aqui – disse ele – afastando o lençol e mostrando sua ereção.
Obediente, ela voltou para a cama.
*******.
Depois de um desjejum de pão de mim-dar com ovos de hod-do e leite fresco de wok, acompanhado com um chá de Gren, similar ao akok de Ganímedes; saíram a caminhar.
A rua estava agitada apesar de que havia começado uma chuva leve e
persistente. Para não se molhar levantaram os capuzes das capas.
–Para onde vamos? – ela ainda estava com as pernas trêmulas.
–Está com jeito de querer chover mais. Vamos bisbilhotar por aí, enquanto vamos até o aviário. Quero dar umas voltas até a hora do jantar.
–O que vamos ver?
–Quero ver de cima as fábricas e usinas de produção assinaladas no mapa que pegamos do alien. Parece que a produção é grande e vai para o norte. Também havia um relatório de mineração de ferro, cobre, urânio e outros minerais. E o melhor de tudo; estão minerando cristal de diankrap, que já te expliquei para que serve. É um mineral procurado em todo o quadrante e talvez seja a principal razão dos alakranos e xawareks estarem aqui, mas não acho que seja a única. Além do mais, vamos passar outra noite na pousada para ver a reação dos tigres pelo desaparecimento do alakrano.
–Ninguém nos viu saindo do local – disse ela, excitada pela perspectiva de outra noite de amor – e se alguém nos visse, nada sobrou do gafanhoto. Não poderemos ser culpados de nada. Espero que não apareça outro. Aquele não foi fácil.
–Pelo menos sabemos que a luz é uma arma contra eles, Iara.
–Não é lógico que eles venham conquistar mundos tão luminosos.
–O diankrap é importante para eles e suas raças clientes...
–Raças clientes?
–Nós temos raças clientes: marcianos, ganimedianos, hiperbóreos, taonianos e os xawareks de Japeto. Eu falo a língua dos tigres e conheço seus hábitos. Além dos xawareks; os alakranos devem ter milhares de outras raças clientes que nós nem suspeitamos dentro do seu território, além do Escorpião.
Tinham chegado ao cais e embarcaram numa das barcas que faziam o percurso até a outra margem do rio. Alan deu uma moeda ao barqueiro e ambos dirigiram-se á proa, longe dos outros passageiros. Alan abraçou sua mulher e a beijou.
–Segundo o que li na base de dados, a exceção dos tigres de Japeto, os outros não suportam este calor, Alan. Nós mal o suportamos!
–Por isso nós mesmos deveremos fazer o serviço mais difícil de todos.
–Que serviço?
–Tirar um mundo de um conquistador anterior, Iara. Isso nunca é fácil e neste caso não podemos usar força bruta nem colocar nossas raças clientes a lutar, porque estes alakranos são tremendamente poderosos. Precisaremos usar a astúcia.
–Como?
–Apesar da bela imagem que temos de nós mesmos, os terrestres somos uma espécie truculenta, traiçoeira e cruel. Pretendo usar contra os alakranos os mesmos truques que foram usados contra nós pelos dominions.
Na margem esquerda desembarcaram e caminharam os poucos quarteirões que separavam o cais do aviário, um prédio de pedra de dois andares, que parecia novo; no meio do qual havia um pátio provido de cabides de troncos grossos para pouso e um setor de coberturas, onde as aves eram conduzidas em dias de chuva.
Logo que entraram, Runo, um homem forte e simpático aparentando cinqüenta anos, veio a recebê-los, sorridente.
–Seus pakakhes estão ótimos. Meu ajudante recém os alimentou.
–Vamos pegar dois para passear e conhecer a cidade. Ontem não vimos nada porque chegamos de noite.
–Com este tempo...? Como queira, mas tenham cuidado com o vento.
*******.
Depois de duas horas já tinham sobrevoado os lugares assinalados no mapa e tiraram fotos. Depois eles bateram asas em direção norte, rumo ao mar, apesar de que o tempo já estava fechando-se, com a chuva mais forte e fria.
–Vamos voar sobre o mar com esta chuva? – gritou Iara para se fazer ouvir por cima do vento chuvoso.
–Ninguém olhará para cima com este tempo!
–O que vamos ver?
–Se a rota dos navios além do horizonte vá para a terra dos vulcões.
–Está a quase 400 kms, Alan!
–Vamos subir até uma altura onde possamos dar uma olhada.
As aves elevaram-se obedientes às rédeas, até uma altura em que se podiam enxergar no horizonte umas ilhotas desertas. Uma delas estava provida de farol como ponto de referencia para alguns navios que se desviavam para o leste, de onde também se aproximavam outros, fazendo uma curva para o sul na mesma. Os navios que iam e vinham do norte, passavam ao largo das ilhas.
Ao cabo de uma hora, Alan completara sua pesquisa e transmitiu a base de dados para o sistema da patrulheira, que ficara em linha com seus pentacorders.
Depois que a nave respondeu, Alan disse:
–Terminamos, Iara.
–E o que fazemos agora?
–Vamos voltar, já vi o que queria ver.
*******.
Segunda jogada.
Aquela noite eles estavam sentados desde cedo ao redor de uma mesa discreta, onde se podia ver tudo o que acontecesse no salão.
Alan e Iara bebiam um excelente vinho, servido em jarra e copos de cerâmica, quando os tigres entraram, barulhentos, grosseiros, rosnando e jogando zarpas entre eles. Entre rugidos sentaram-se ao redor da mesma mesa na noite anterior, após tirar dela dois bêbados meio desmaiados.
–Gostaria de saber onde guardam sua nave – disse Alan.
–Vamos roubá-la? – perguntou Iara, excitada pela perspectiva de ação.
–Sim. Deve ser uma nave de dobra. Até agora só capturamos uma que estava imprestável e meu pai capturou outra na Terra, na Área 51. Nós estamos construindo a nossa em Rhea. Os xawareks de Japeto nos ajudaram, construíram a deles e partiram...
–Sabes pilotar uma nave dessas?
–Pilotei a nave dos tigres de Japeto. As naves destes daqui não podem ser diferentes, ainda que sejam modelos dez mil anos mais modernos; como suas roupas.
–Ainda assim não parece fácil – disse ela – qual é o plano?
–Estou pensando, querida.
Ela suspirou. Ele a chamara de “querida” em público por primeira vez. Alan ligou o gravador do pentacorder. Os tigres conversavam alto em sua língua.
–Preciso saber se a nave está na ilha. Se estiver tentaremos pegá-la.
–E se não?
–Voltaremos aos oxmecas para pegar a nossa e pesquisar de cima.
–Ocorre-me que o gafanhoto devia ter nave própria. Pode haver mais de uma.
–Bem colocado. Isso me leva a pensar que não sabemos quantos alakranos e tigres há neste planeta. Pode ser que tenham uma frota.
–Outra coisa que não sabemos, Alan: desde quando eles estão aqui?
–Podemos descobrir interrogando algum nativo... Mas para isso devemos ser discretos. Até agora não fizemos perguntas. Mas o momento vai chegar...
–O pentacorder captou algo. O que dizem?
–Que o alakrano nunca se atrasou.
–Esperarão bastante – disse ela, desentendendo-se dos tigres – Podemos pedir o jantar? Estou faminta e necessito energia para enfrentar tua força descomunal esta noite na cama, garanhão... A primeira noite da nossa lua de mel deixou-me exausta.
Alan sorriu, maroto.
–Quem enfrenta quem, minha guerreira? – disse ele, beijando-a, enquanto sua mão acariciava discretamente o sexo dela por baixo da mesa.
*******.
Alan pegou os hashi e com eles tirou um zhiris da tigela com tampa, onde esperneava junto com seus infortunados irmãos.
Em seguida o submergiu no molho de vinagre de Gren, temperado com forte pimenta de Nig, azeite virgem de Zaxor e sal. Iara recusou-se a comer os crustáceos.
–Não como um bicho nojento desses nem que esteja morto.
–Depois de mortos não ficam crocantes, querida. Se não queres, sobra mais para mim – disse ele, mastigando e pegando outro.
Iara respirou fundo e encarou um bife bem passado de carne de wok.
–Em compensação, esta carne é deliciosa – disse ela.
–É a melhor carne de gado do sistema solar, querida.
–Assino embaixo – disse ela, de boca cheia.
Os xawareks cansaram de esperar o alakrano que nunca chegaria. Alan e Iara acabavam de jantar quando os tigres chamaram a garçonete e pediram a conta.
–Tenho um plano – disse Alan, colocando duas moedas sobre a mesa.
–Posso me habituar a ter uma aventura de capa e espada com tiroteio depois do jantar e antes do sexo – disse ela, com os olhos brilhantes.
–Talvez seja bom para o sexo.
–Ontem foi ótimo. Será que a adrenalina é afrodisíaca?
–Deve ser. Já pagaram. Vamos segui-los.
*******.
Iara verificou a carga da pistola, enquanto Alan não tirava o olho dos tigres.
A chuva persistente incomodava muito, mas era uma cortina ideal para ocultar os movimentos do casal de terrestres, caminhando atrás dos xawareks por uma rua lateral de paralelepípedos molhados e escorregadios, em direção a um bairro sem iluminação perto do cais.
Por trás dos terrestres, as luzes de alguns grandes caminhões provenientes do leste; carregados com cereal de mim-dar destinado aos depósitos do cais, iluminavam por momentos a rua e os tigres à frente deles. Quando se afastavam, a rua voltava a ficar escura, iluminada apenas por uma luz ocasional de alguma janela.
–Quando nós, terrestres, dominarmos este planeta, vou mandar pôr iluminação noturna em todas as ruas deste bairro – disse ela em tom solene.
–Vou cobrar isso – disse ele, sorrindo na escuridão.
–Entraram num beco – disse ela.
–Corre, mas não pules; aqui pesamos menos.
Ao chegar na esquina, viram os tigres na frente da porta de uma garagem.
Os terrestres abaixaram-se rapidamente por trás de umas latas de lixo, afugentando dois xawas vira-latas com o pelo amarelo ensopado pela chuva.
Um tigre dava as ordens, sem dúvida o de maior patente, os outros abriram a garagem e pegaram um espaço-moto semelhante ao do alakrano morto. Montaram no aparelho e a antigravidade brilhou na barriga do mesmo, que se elevou e perdeu-se na escuridão da noite, em direção leste.
O terceiro tigre fechou a porta da garagem e depois se encaminhou a uma porta lateral. Antes de abri-la, porém, Alan disparou nas costas dele com a pistola regulada para concussão. O tigre caiu, mas tentou se levantar. Alan pulou do esconderijo e atirou de novo em concussão mínima, desta vez na cabeça. O tigre desabou.
–Está morto? – perguntou ela.
–Não. Pega a morfina.
Iara pegou uma seringa do cinto de utilidades.
Alan aplicou-lhe uma dose capaz de dormir um elefante.
–Isso vai matá-lo!
–Não. Eles são mais resistentes do que nós.
–E o que fazemos agora? Qual era teu plano?
–Agora o tiramos daqui – disse ele.
–Como? É muito grande, seremos vistos.
–Não há ninguém na rua com uma chuva destas.
–E para onde o levaríamos?
–Escuta meu plano; querida.
*******.
Os revolucionários.
Runo Hal acordou irritado. Quem quer que fosse o importuno que batesse na porta tinha que ser um chato, um estúpido e um idiota.
–Me fazer levantar a esta hora, com esta chuva! Vou xingar esse idiota!
Mas ao abrir, a fúria desapareceu. Parada na porta, estava a belíssima e jovem mulher do forasteiro quirion.
–O que você quer? – Runo zangou-se de novo, recuperado da surpresa.
Iara mostrou um saco de moedas.
–Preciso duas aves, com urgência.
–Está bem, pegue suas aves e pode pagar amanhã. Eu vou dormir... Mas é uma loucura voar de noite com um tempo desses!
–Preciso que você venha comigo.
–Está louca, moça? Eu vou dormir!
–A situação é desesperada. Não posso explicar.
Runo viu que a mulher falava serio apesar da dificuldade com o idioma. Talvez o marido dela estivesse ferido ou enfermo e ela não soubesse explicar.
Bom, ele não era insensível. O forasteiro sempre foi amável e respeitoso. Sem dúvida não conheciam mais ninguém na cidade. Com estes pensamentos, Runo cedeu:
–Está bem! – disse por fim – Vou pegar minha capa.
Runo pegou a capa, calçou as botas e foi ao galpão a selar sua ave, enquanto Iara selava as outras, olhando para ele com expressão agradecida.
Quando estiveram prontos Iara montou, e as aves, irritadas por terem o sono interrompido, estenderam as asas na chuva, levantando voo em direção á margem direita do cais, onde Iara indicou o beco em que deviam pousar, um beco onde mal cabiam as aves com as asas estendidas.
Iara e Runo saltaram ao solo de pedra. Alan, envolto na capa, esperava sentado junto a um envoltório comprido. Amarrara o tigre com o cinto do uniforme e o enrolara na capa, que era enorme. Parecia um tapete.
–Demorei? – disse Iara em português, perante o assombro de Runo.
–Um pouco. Já estava preocupado. Bom trabalho; querida.
–Em quê língua sua mulher e você falaram?
–Na nossa. Mas depois conversamos sobre isso, Runo. Agora preciso que me ajude a amarrar este fardo na sela, por favor. Sim?
–O que é isso? Parece uma capa dos...
–É uma capa xawarek, mas não há tempo agora para perder, conversamos, no aviário, rápido, me ajude antes que apareça alguém!
–Veja, bem, moço, que se isto é um roubo, eu não vou...
–Garanto que não é roubo. Vou mostrar-lhe o que é, mas não podemos fazer isso aqui. Vamos! Será recompensado!
–Que remédio! – bufou o dono do aviário – está bem, vamos logo com isso!
Em menos de um minuto, amarraram o fardo na ave de carga, bem seguro, para que não caísse. Alan e Iara montaram numa das aves, seguidos de Runo; levando a terceira ave a reboque com o misterioso fardo.
Não havia ninguém à meia noite nas ruas molhadas para levantar os olhos e ver as três águias gigantes, atravessando o rio. Nem a polícia nativa, que dormitava nos carros patrulha...
Porque... Quem seria louco o bastante para sair à rua com um tempo desses?
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Alan desamarrou o fardo e Runo viu:
–Um peludo!
Alan sorriu perante a involuntária mostra de desprezo de Runo pelo soldado de ocupação, denunciada pelo nome depreciativo.
Agora tinha certeza absoluta de que era uma ocupação. Os xawareks ocupavam Vênus em nome dos seus amos alakranos.
–Você não gosta deles, Runo. Engano-me?
Runo pensou antes de responder, em luta interior entre seu patriotismo e sua desconfiança pelo forasteiro recém chegado do sul.
Seria do sul, mesmo?
Pensou que já estava velho, tinha vivido bastante e seus filhos estavam criados; não tinha mais obrigações e o aviário tinha sido um negocio lucrativo para seus últimos anos.
–Não, forasteiro. Não gosto deles, não. Agora pode me matar.
*******.
A casa de pedra de Runo possuía um porão dividido em setores independentes para estocagem de comida para as aves. Num deles o tigre foi alojado.
–Dormirá dois dias, mas é forte e deve ficar amarrado com correntes.
–Ele não se moverá daqui; garanto – disse Runo pegando o comunicador da parede – vou ligar para o ferreiro e mandar fazer uma coleira e grilhões sob medida.
–Mas ele pode querer saber...
–Não, forasteiro... Ele é dos nossos!
Estas palavras deixaram Alan e Iara pasmados. Ela disse:
–O jogo começou a ficar interessante...!
–Xufu?... É Runo... Desculpe a hora... Venha aqui com suas ferramentas... Sim um pakaje escapou agora de noite e deu muito trabalho para pegá-lo do outro lado do rio... Quero que faça uma nova... Sim... Uma mais forte... Sim, fico esperando.
*******.
Quando o ferreiro Xufu Kork terminou o trabalho, Alan puxou seu saco de moedas, mas o ferreiro levantou uma mão e disse:
–Não é preciso pagar. Este serviço é daqueles que faço de graça.
–Obrigado Xufu. Vocês já têm um movimento de resistência organizado?
–Somos muitos e nos comunicamos, mas não temos armas.
–Consta-me que toda a produção de Gren vai para afora, para o norte...
–Sim, nós alimentamos os mineiros do continente dos vulcões – disse Xufu.
–E os operários das fábricas do continente norte – interveio Runo – onde se fabricam as armas deles e os veículos.
–Quanto tempo faz que os peludos estão aqui?
–Quando o avô do meu tataravô casou com sua esposa – disse Runo – e eu já tenho dois netos. Mais ou menos duzentos verões.
–Muito tempo – disse Alan – cento e vinte e três anos terrestres, Iara.
–Vocês viram as naves deles? – perguntou ela.
–Não, eles vêm sempre por mar – disse Runo.
–Então as naves devem estar no continente norte – disse Alan.
–Há descontentes na Terra dos Vulcões?
–Lá todos estão descontentes, senhora – disse Xufu – são obrigados a trabalhar nas minas. E na Terra do Norte, são obrigados a trabalhar nas fábricas.
–Me fale do Continente Sul.
–Pouco sei além de que é uma terra quente e mortal. Antes de chegar lá, há ilhas de pescadores, onde há peludos. No sul desta ilha, moram os rústicos... De onde eu achei que vocês eram... Vocês não são rústicos, me engano?
–Não, não somos – disse Alan – usamos suas roupas para poder chegar a Gren.
–De onde vocês são?
–De muito longe, mas isso é assunto para depois, Runo. Se arrumassem armas e munição, vocês organizariam uma resistência firme?
–Claro! – disseram os dois homens a coro.
–Muito bem. O peludo vai dormir até amanhã. Deixem-no no escuro, tirem sua roupa, coloquem almofadas na grade e amarrem-no deitado nela, de olhos vendados, orelhas tampadas e focinho tampado para que não veja vocês, não ouça os chiados das aves nem fareje a comida delas quando acordar. Não pode saber onde está.
–E o que fazemos quando ele acordar?
–Não falem nem uma palavra com ele. Se pedir comida; deem-lhe carne crua e água na boca. Coloquem um recipiente embaixo para recolher a urina e o tchirguan, e alguém deve ficar com ele todo o tempo para mantê-lo limpo e confortável.
–Vou chamar um camarada para tomar conta – disse Runo – mas o objetivo disso tudo me escapa.
–Eles são resistentes, duros, como vocês já devem de saber. Quero que este se sinta indefeso e fraco, no escuro, sem ver, ouvir nem farejar. Quando ele começar a gritar, vocês me chamam. Então eu virei para interrogá-lo.
–Mas isso é uma tortura terrível! – disse Runo.
–Você quer liberar seu mundo destes aliens, não quer?
–Sim, é claro, mas...
–Não se faz uma omelete sem quebrar os egas.
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Iara e Alan atravessaram o rio na última barca na noite. Quando chegaram à pousada, só havia alguns fregueses de última hora. A bela moça atendente os recebeu.
–Seu quarto está arrumado. Há sabonete no banheiro e as toalhas estão limpas.
–Você é muito eficiente, além de bela – disse Alan – qual é seu nome?
–Meu nome é Lin, Lin Sad, senhor, obrigada pelo elogio, senhor.
–Tome vinte kunaris, Lin, vamos ficar trinta dias.
–Tenha o senhor e sua belíssima esposa um bom sono depois do amor.
–Obrigada, querida – disse Iara – você é uma graça.
–E a senhora é uma deusa – disse a moça, com delicadeza, retirando-se.
–(É impressão minha ou a moça me cantou?) – pensou Iara.
A chuva batia na janela do quarto quando Alan saiu do banho. Era tarde e o dia tinha sido agitado. Após as aventuras do dia ambos precisavam relaxar.
Alan trouxe uma jarra de vinho e beberam sentados na cama. Iara, já nua, estava com o rosto corado pelo desejo. Ela acariciou-lhe o sexo ereto.
–Eu mereço isto, marido. Mereço muito.
Ele colocou a jarra no criado mudo e a beijou na boca e nos bicos eretos dos seios. Logo desceu até a virilha e a fez chorar de prazer quando a beijou na vulva.
–Eu te amo, homem! – murmurou ela com voz rouca.
Ela enrolou as pernas ao redor da cintura dele, e logo ele derramou-se nas entranhas dela por primeira vez de muitas essa noite.
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(Continua em: REVOLUÇÃO: PRIMEIRAS AÇÕES)
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O conto A AVENTURA CONTINUA IV - SEGUNDA JOGADA - forma parte integrante da saga inédita Mundos Paralelos ® – Fase II - Volume IV, Capítulo 31, Página 66 a 72; cujo inicio pode ser encontrado no Blog Sarracênico - Ficção Científica e Relacionados, sarracena.blogspot.com
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