HÁ MUITAS MORADAS...
Apenas as luzes dos neons iluminavam o asfalto molhado pela fina neblina que insistia em cair aquela noite. Já passavam das 23 horas quando cheguei ao beco e me deparei com aquela cena. Transeuntes já se aglomeravam em torno do corpo inerte sobre as poças d’água coloridas pelo vermelho do sangue que corria. Socorristas e policiais logo chegam dispesando a multidão.
Recuo, devagar e um policial vem em minha direção… Então ele esmaece até deseparecer junto com todos os demais que ali estavam!
Quando retorno o beco esta vazio, a noite ainda umida e nenhum corpo. Acho que estou alucinando, tenho sensação de perda da noção do tempo, espaço… Subitamente me viro em direção a porta na minha direita que se abre.
Um vulto que não identifiquei o rosto. Sua mão levanta. Um disparo. A porta fecha. O corpo novamente ali, diante de mim, sem vida, esvaindo-se em sangue, morrendo no asfalto molhado… Um calafrio percorre meu corpo. Clarão. Tudo começa a sumir, o mundo gira e saio correndo dali, olhos fechado, desesperado, corro como um louco…
Quando paro, novamente estou no mesmo beco. Novamente a porta se abre e o que presencio me deixa aterrorizado: Me vejo saindo da porta e um vulto atrás ergue a mão armada e dispara pelas costas! Meu corpo cai… E observo tudo de longe enquanto um calafrio percorre meu ser… Sinto-me fraco, tudo começa a girar… Desperto em um lugar estranho, muito claro, luzes fortes acima de mim. Estou deitado em algo que lembra uma maca. Ouço um murmurinho em torno, minha visão turva, desmaio…
Sentado em uma sala muito linda, painéis paradisíacos a enfeitam e uma luz suave e reconfortante toma conta do recinto. Levanto da confortavel poltrona e me dirijo até uma janela de onde eu podia vislumbrar uma cidade tão bela, traços arqiotetônicos maravilhosos, totalmente integrada com a natureza, envolta em árvores, flôres e plantas de beleza indizível! Veículos leves e transparentes planam suavemente no ar, alguns em altíssma velocidade, transportanto pessoas!
Alguém entra no recinto, vestindo de branco como eu. Sua voz suave me revela:
- Seja bem vindo ao outro lado da vida, irmão!