Protocolo 44
O arqueólogo Gerhard Ebner sorriu, satisfeito. Era uma das maiores descobertas da história. Um templo com mais de 3000 anos de idade, soterrado pelas areias do Deserto de Gobi. Após o trabalho de escavação, foram encontrados vários objetos cerimoniais e algo mais - uma tumba que continha um corpo mumificado. Ao lado da tumba havia uma inscrição que dizia: "Aquele que profanar este templo sagrado espalhará a morte pelos quatro cantos do mundo." Alguns membros da equipe tinham um estranho pressentimento, como se algo de ruim estivesse para acontecer. Parecia que uma força maligna e incontrolável estava prestes a ser libertada. Mas Ebner não acreditava em lendas e maldições.
12 dias depois. Centro de Comando do Estado-Maior, Washington. A reunião começou sob um clima de tensão. O Secretário de Defesa dos Estados Unidos mostrou aos líderes presentes um vídeo que continha imagens vindas de várias partes da Europa. Eram imagens aterradoras, que pareciam ter saído de um filme de ficção científica: imagens de pessoas caindo mortas nas ruas. Depois de sofrerem convulsões violentas, morriam em poucos minutos, e seus corpos começavam a se desfazer, como se estivessem derretendo.
- Senhores, pelo que sabemos tudo começou na Universidade de Genebra. Um corpo encontrado nas ruínas de um templo na Mongólia parece ter liberado algum tipo de agente biológico extremamente contagioso, que produz efeitos semelhantes aos de um microorganismo criado através da nanotecnologia. Eu sei que é difícil de acreditar que algo assim tenha vindo de um cadáver com milhares de anos, mas é a única explicação lógica. Várias regiões da Europa já foram afetadas, e a cada hora o poder de destruição da praga fica maior. É a maior ameaça que já enfrentamos. Já entramos em contato com o comando militar em Bruxelas e iniciamos a evacuação das autoridades e demais pessoas selecionadas. Fechamos o espaço aéreo europeu e estamos controlando as comunicações. Estamos fazendo tudo o que é possível, mas se os protocolos de contenção falharem, o mundo inteiro estará ameaçado. Nesse caso, não vejo outra solução, a não ser iniciarmos o Protocolo 44.
- O Protocolo Emergencial para Catástrofes Globais ? - perguntou o representante da União Européia.
- Sim. - respondeu o Secretário. Usaremos os nossos satélites para lançar pulsos eletromagnéticos de alta intensidade, neutralizando todos os equipamentos eletrônicos, impedindo o deslocamento das populações. Além disso, vamos mobilizar todos os recursos disponíveis, isolando o território europeu do resto do mundo. Talvez seja a nossa única opção, e tenhamos que tomar uma decisão muito difícil - sacrificar um continente para salvar o resto da Humanidade. É uma opção terrível, mas pode não haver alternativas. Esperemos o desenrolar dos acontecimentos.
Algumas horas depois, as autoridades iniciaram o plano para conter a crise, num esforço desesperado para salvar o mundo.
Dois meses depois. A bordo da Estação Espacial Internacional todos estavam apreensivos. Há 18 horas não conseguiam fazer contato com o Centro de Controle. A última mensagem dizia que a situação era muito grave, sem entrar em maiores detalhes. Eles sabiam sobre a praga, e sabiam que a ordem em muitos países estava entrando em colapso, mas acreditavam que voltariam à Terra nos próximos dias, numa missão de emergência. Mas agora não estavam recebendo mais nenhuma informação, e em vão tentavam restabelecer as comunicações.
Aqueles astronautas ainda não sabiam, mas eram os últimos representantes da espécie humana.