A invasão
Tudo parecia normal na praça de alimentação do shopping. Mas Vanessa sabia que algo diferente estava acontecendo. No primeiro momento, uma onda intensa e relaxante de calor a envolveu, como se um jato de água morna tivesse caído sobre ela. Depois, uma impressão indefinível, como se mãos invisíveis e imateriais estivessem apalpando seus ombros e se uma consciência estranha estivesse tentando possuir a sua mente. E finalmente aquela sensação desapareceu, tão rapidamente como tinha surgido.
Algum tempo depois, ela percebeu outro fato incomum: tinha certeza de que os olhos do homem na mesa ao lado eram castanhos. Mas agora estavam verdes. E não eram somente os olhos. Os gestos e a postura tinham mudado, como se fosse outra pessoa. Além disso, parecia haver no ambiente uma presença oculta e ameaçadora, como se centenas de seres estivessem se movimentando e dialogando numa linguagem inaudível.
Alguns minutos se passaram. O homem se levantou calmamente e começou a sair do recinto. Sem saber porque, Vanessa teve uma vontade quase incontrolável de se levantar e seguir aquele homem. Foi quando percebeu que seus membros não lhe obedeciam, como se uma força poderosa tivesse sugado toda a sua energia. Continuou observando, até que ele saiu do shopping, enquanto ela permanecia em sua cadeira, sem forças para sair do lugar.
O que ninguém sabia é que aquele indivíduo era apenas o primeiro. Antes que terminasse o dia, haveria outros milhares. E no dia seguinte seriam milhões.
A invasão tinha apenas começado.