As Aventuras Do Amigo Menino

Numa bela, mas também diferente manhã, um amigo chamado Menino passeava pelo bosque perdido no Alaska. Neste lugar frio e quente ao mesmo tempo, o nosso amigo aventureiro feliz tinha no bolso três moedas felizes. Estas moedas, porém, eram mágicas e tinha escrito em seus lados a seguinte frase: “rainha das noivas”.

Então, sem saber do mistério perdido do Alaska perdido, nosso amigo continuou caminhando pelo lugar, que agora adquiria um aspecto frio e escuro. E no meio do caminho, um senhor não muito velho passava pelo local do crime, e questionou nosso amigo menino:

- Você é aquele Menino chamado menino? – perguntou o sujeito, após ter tropeçado numa lagarta que após virou borboleta.

- Claro, seu carroceiro! - respondeu nosso amigo menino.

- Então, você carrega três moedas no bolso da calça.

- Como tu sabes? – perguntou nosso amigo, após tropeçar na mesma lagarta, que acabara de virar borboleta.

- É que lá onde eu moro, as baratas falantes comunicaram à população que você visitaria nosso povoado em 2486.

- As baratas falantes?

- É. São alunas do mestre Klun-Pling Anonymus, o morto.

- Sim, é este que eu procuro.

- Ele morreu.

- De que?

- Fome.

- E não comia por quê?

- Pois não tinha estomago suficiente.

Após esta conversa, no meio da floresta Arida do Alaska, Jack Mountains, um orangotango alado, aparece e rapta o meio-velho.

Sem tempo, nosso amigo sobe o pico mais alto em busca de respostas concretas.

Capítulo 1 - A árvore do bosque

Sentindo um pouco de frio, nosso amigo Menino subiu a tal montanha, que diziam a más línguas que era “amaldiçoado por Xaropink’s xarope”. Este ser, apesar de imaginário, assombra o monte desde a tomada da muralha de Artagville. A muralha que cerca a pequena cidade era governada pelos “mondongos do leste”, seres especialmente fabricados por Xaropink’s para derrotar as baratas falantes, criação do falecido Klun.

Sendo assim, nosso amigo Menino continuou em sua jornada.

Nesta época, a Terra era habitada por seres sobreviventes da catástrofe de 2300. Era governada pelos Tupinambás 2 (Tribo de Governantes Humanos com cara de índios). Isto é claro, após a escassez de água no planeta. Muito milionários sobreviveram alguns anos a mais. Pra ser exato, dois séculos. Mas os recursos estavam acabados e agora só uma espécie sobreviveria: os Yesterdays. Estes seres, na verdade eram alguns empresários milionários mercenários estelionatários e cientistas malucos birutas que ingeriram doses de Cinamomofthefuture, uma substância encontrada em muitos seres vivos do século XXII.

Então, em 2398, os Yesterdays foram se adaptando a nova forma, até criarem o povoado de Müllre, área situada próximo ao antigo Canadá.

Mas o medo mesmo dos Yesterdays eram seres que haviam criado vida própria no planeta Terra, agora praticamente solidificado. Eram geladeiras vivas, tijolos com patas e canetas-falantes. Mas a pior espécie criada neste sentido foram os computadores chapados. Esta espécie era tão assustadora que o povoado de Müllre foi obrigado a edificar uma muralha de 80 metros de altura e cercava uma área não maior que 3.968km. Fora edificada ora por robôs idiotas ora por pedreiros milionários, que eram espécies de xerifes, conhecidos como “Jocas”.

A Terra havia virado uma terra sem leis. Isto depois que os muçulmanos foram dizimados por nada mais nada menos que eles mesmos. Hoje descansam em paz, com 70 bactérias virgens que comem seus corpos a sete palmos do chão (ou talvez a milhões de palmos da Terra; to the hell). Os católicos perderam a fé, depois que o ultimo papa vivo, Bento DCLXVI (666º), penhorou todas as riquezas do Vaticano (que eram muitas por sinal), e comprou ações da Microsoft. Até aí tudo bem. Mas a Microsoft faliu após a chegada dos softwares da Enterprise Bisbilhotation, com o sistema operacional Doors. O papa faliu de vez e toda a religião.

Nisso vieram certos loucos, conhecidos por “Renaults”, queriam por ordem no galinheiro. E conseguiram. A gripe do frango fora controlada por essa raça triste.

Enquanto não anoitecia, nosso amigo Menino arrumava uma barraca feita com pedaços de palitos de fósforo, pano velho e algodão. O som que se passava naquela cordilheira era de espantar o esperanto. O vento trazia informações intraduzíveis, que intrigavam nosso amigo menino. Ele trazia consigo uma tesoura, um punhal enferrujado, um travesseiro, cinco panquecas, cobertores e água. Ele fora aluno do mestre Klun durante trinta anos. Aprendera a fazer fogo sem as mãos. Apenas usando seu espirro (o oxigênio, neste período era metade carbono inflamável).

O mestre Klun era o mestre dos mestres. Ele sabia segredos sobre a cronologia chinesa, que dizia que algo iria acontecer no ano 2489. Também era um dos escolhidos da dinastia Chuang para salvar os 434 outros escolhidos para viajarem para o além. Também foi ajudante de pedreiro durante 35 anos até se aposentar por invalidez. Também era um baita falcatrua, ficava devendo em tudo quanto era boteco, e não pagava o infeliz. Mesmo assim ele era importante para nosso amigo menino.

Após a partida do amigo Menino para o leste, a cidade de Müllre nunca mais seria a mesma. As baratas falantes vieram em seguida, mas pacificamente. Acabara por virarem alunas do mestre Klun, não pelo seu conhecimento inestimável, mas pela falta de ter o que fazer na imundícia daquela cidade. Durante algum tempo, estava tudo normal, até que o governante numero 666 assumiu e a casa caiu para o lado do mestre. O novo líder da manada não era um Yesterday como o povoado, mas sim um Jupteriano de Júpiter. Isso ia contra as normas regulamentadoras do processo de indenização nº4333, digito 333 salvo lei de incentivo a cultura promulgada em 13 de outubro de 2267 pelo então ministro do oxigênio de 2267, Dr. Eugênio Popogênio. Isso era um insulto para a sociedade acústica.

Nada, porém foi feito, e a única esperança da cidade voltar ao que era antes era com o apoio do nosso amigo menino. Que nunca recebera um nome concreto. Seu pai o chamava de gurio de medra, sua mãe de Tchecoslováquia On the Grind, seus tios de Irmão Tchê Porqueira, sua avó de Matuto do Mato, seu avô de Bolita de Vidro Trincado. Mas como era o menino, ficou conhecido depois do 18 anos apenas como Menino. Já amigo é porque seus amigos eram seus amigos. E apenas isto. Só.

Ele (nosso amigo Menino, ou escolha um dos nomes que lhes foram dados antes da maioridade penal), era peça importante para a salvação da pobre Müllre. Mas todos achavam que ele havia falecido ou morto, pelo tempo que passara fora. E ainda mais que João Júpiter, líder da cidade futurística declarara nosso amigo Menino como foragido da Lei marcial.

E assim, o povoado daquela cidade ia perdendo suas esperanças de liberdade a cada tria (nome com o qual os ignorantes, quer dizer, habitantes desta cidade renomearam o conceito de dia; agora um dia duravam 72 horas e há noite um mês, devido ao fluxo de carbono que tampa o espaço entre a claridade da única fonte de luz e incompleta energia para a sustentabilidade no planeta: os raios de sol a base de nitrogênio enviado por satélite dos Estados Unidos de Saturno).

Enquanto isso, nosso herói da pátria idolatrada salve, salve, dos filhos deste solo és mãe gentil, pátria amada... Bom, o que importa é que ele, no período em que o povoado sofredor de Müllre, brincava de esconde-esconde como Adolf Roisenberg Iceberg. Fruto de uma experiência genética sem fins lucrativos e totalmente sem recursos, Iceberg era um andróide molóide. Escondia-se do resto do mundo (se é que dá para chamar de resto), pois era muito diferente da fisionomia humana: tinha dedos polegares na testa, rabo de cavalo (penteado muito antiquado), e tinha cara de bolacha. Fora isso, não sabia ler o alfabeto universal (série de gírias que serviram como comunicação após a confusão de 2333).

Iceberg tinha o melhor amigo que ele poderia encontrar no resto do universo. Menino era flexível com o cara de bolacha:

- O que tu esta fazendo, seu molóide feioso! Você não serve para nada! Abestalhado! – disse nosso amigo menino após Iceberg deixar cair um pedaço de rapadura no chão.

Iceberg também não gostava de ser chamado de seu nome, então nosso amigo menino passou a chamá-lo de Pato Donald, pois ele era idêntico ao desenho animado quando vestia seu pijama. Iceberg não deixou barato, começou a chamar nosso amigo menino de Latrocínio, pois era... Não tinha motivos de... Na verdade era um apelido sem moral.

- Você não sabe nem colocar apelidos, seu burro!

Enquanto nossos amigos brincavam em seus treinamentos, uma revolução agitava a cidade do Sul. Misterioso mesmo é que esta cidade é proibida a entrada de seres modificados pelo Cinamomofthefuture, ou seja, era o único refúgio de pessoas humanas do planeta futurístico. Lá, as leis de convivência não eram tão severas como as de Müllre, mas também eram pessoas sobreviventes a uma série de tragédias que ocorreram no planeta no início do século XXI. Talvez, a maior culpa desses conflitos esteja relacionada com a poluição, que alcançou um poder de destruição extremo, e não conseguiu ser controlada apesar de esforços promovidos pelos governantes, uma vez convencidos pelos incansáveis ativistas. E aconteceu que na cidade do Sul, que em nenhum momento fora atingida pelos efeitos da poluição (por se tratar de uma zona não industrial, aproveitou-se o terreno para edificar esta cidade), sobreviveram alguns que somaram esforços, principalmente tecnológicos, para se manterem vivos e tentando “perpetuar uma espécie suicida”. Já era previsto a sobrevivência de povoados localizados no hemisfério sul do planeta, em função da Revolução Industrial, que poluiu a Europa e os Estados Unidos do começo ao fim, devido às riquezas roubadas de partilhas feitas na Ásia e África, no período da R.I., e os povoados “sugados”, tinham o prazer de desfrutar o último ar puro. Mas, gradativamente, aumentava o risco de extinção humana, devido a este vício pelo poder. Era como um cigarro tragado a cada dia e mal sabiam eles quais infecções causariam futuramente. Porém, mesmo quem estava bem longe dos pulmões Europeus e Norte-americanos (no caso seriam as grandes indústrias, que tragavam suas chaminés), sucumbiu com o carbono. O próprio Brasil patrocinou o avanço industrial de alguns países. Quando finalmente havia pagado todos os seus carnês, exceto com as dívidas do meio ambiente, exércitos comandaram uma operação jamais vista em todos os tempos. As mortes haviam aumentado devido à insanidade que estava o planeta. Mais de um bilhão de pessoas morreram, no período de 2040 até 2150, de conseqüências diretas do descaso e despreocupação com os problemas decorrentes naquele momento.

Mas, a partir de 2190, cidades eram aglomeradas e formaram assim castas. Aparelhos de oxigênio eram distribuídos para a população, para a ocasião de se aventurarem pela rua. Nas residências, eram acoplados geradores de ar 70% purificado. Ou seja: pessoas não viveriam mais que 50 anos, teoricamente. Mas a tendência era abaixo do esperado, como sempre.

Claro que estas castas eram divididas por classe social. Natural. Só que prevaleceu a lógica: as 200 cidades em que viviam pessoas de baixa renda, onde se aglomeravam em galpões imensos sucumbiram antes da virada de 2200. A fraca Tecnologia empregada nestas castas foi o principal motivo. Mas as grandes castas também foram sucumbindo pela demora da evolução da tecnologia. Assim, no meio do século XXII, apenas cinco castas sobreviveram.

Nossos aventureiros haviam atravessado o limite de Grain, limite observado e criado para limitar certas áreas, com efeito, onde raios ultravioletas atingiam a pele e logo estagnaria qualquer ser vivo ao ser atingido. É claro que na bula desta contra-indicação não prevê efeitos colaterais em espécies modificadas pelo Cinamomofthefuture. Nestas áreas, nunca houve penetração humana, de modo que nunca matou alguém. Lá, nosso amigo menino encontraria o que precisava. Ou não

Em todo caso específico de manifestação por Cinamomofthefuture Case, deve-se procurar auxílio médico.

Iceberg ficava intrigado com a tamanha astúcia de nosso amigo Menino. Também, qualquer um perto dele era seu superior, talvez um chimpanzé seja o suficiente para exemplificar. Mas era verdade que nosso amigo Menino dispunha de inúmeras habilidades que dentre os demais yesterdays. Não era apenas um mero acaso ter formato de humano naquele mundo em que o camundongo tinha chifres de alce.

Nosso pequeno grande amigo Menino estava agora em clima de estudos. Queria aprender línguas diferentes, que fossem úteis agora, como a língua aramaica, que era utilizada como senha de diversas cavernas do Alaska. Fora educado toda a vida por um velho, apesar de inteligente e sábio, era caduco e aparentemente um atrapalhado, teoricamente louco, provavelmente entérico, levemente calvo. O nome do velho era Rubio de la Donnart, famoso entregador de pizzas da Itália Moderna. Algo que nosso amigo menino carregou em sua memória foi a lição de vida que esse velho trambiqueiro deixou a seus netos: todo o santo dia, o velho ia a pé de Veneza até Roma entregando suas pizzas de araque. Entretanto, fazia a viagem com escalas em diversas cidades, e a pizza quase nunca chegava inteira no destino (o velho pesava cerca de 130 quilos). E agora, pergunta-se: como um retardado desses conseguiu aprender uma língua tão antiga, patrimoniosa e inaplicada para o período histórico? Eis a questão.

Logo chegariam primeiramente ao farol de Lizard Land. O farol também significou igualmente a certos pontos turísticos mundiais como a torre Eifel, a estátua da liberdade, entre outros, pois na realidade fora o único a permanecer em pé, devido às guerras que enlouqueceram o mundo no período de “Guerra da água”. Próximo a este farol, em meio a uma série de depressões, na maioria causada pela falta de água, nossos dois aventureiros encontraria o misterioso bosque da caverna. E eis ai outra dúvida: como crescera vida dentro de uma caverna sombria e asquerosa? Bem, fora dela seria improvável o nascimento de árvores. Mas o bosque de árvores coníferas não era o que mais impressionava e sim o lago esverdeado. Era uma paisagem deslumbrante, arquitetado pelo acaso, de plantas que migraram e salvaram suas peles (ou tecidos, fibras, como calhar). Apenas o teto da caverna era o inconveniente. As luzes que se projetara em buracos no rochedo trouxeram conforto térmico para que aquela vida pudesse brotar naquela caverna.

Mas uma luz surgia de tempo em tempo no centro ou aparentemente distante do lugar onde estavam. Era vermelha e incandescente. Parecia como uma fogo que se espalha rapidamente (Wildfire, música da banda P.O.D.), consumia (Consume me, da banda Dc Talk) um espaço imenso naquela escuridão que envolvia a caverna todo dia (All Day, da banda Hillsong United). Vinha inicialmente de uma arvore de proporções medianas, que dava a impressão de estar a respirar (Breathe, música de Michael W. Smith), e desta arvore, saia um som o qual ordenava a quem estivesse na caverna para abrir seus olhos (Open Your Eyes, música da banda Pillar) e ver o novo mundo (New world, música de Toby Mac). Nossos amigos estavam sem entender nada daquilo.

- Que coisa estranha! – disse o molóide.

- Para mim não. – afirmou o amigo menino.

E a arvore continuava dizendo suas frases, umas como “abram seus olhos para um novo mundo, pois estamos em tempos loucos (Crazy Times, música da banda Jars of Clay)”. Aos poucos nossos amigos foram adormecendo e nada os impedia de cair no sono profundo daquelas frases, pronunciadas delicadamente, mas com sentido, de fato, sem perspectiva nenhuma.

O sono era pesado, sem sonhos e perdido.

Aos poucos, a luz avermelhada, que refletida na água, acendia um suposto amanhecer, e acordava nossos incansáveis aventureiros. Na verdade, apenas nosso amigo menino acordou, Iceberg tinha Doutorado e Especializações em matéria de Engenharia do Sono. Mas, mesmo tendo praticado bastante nesta faculdade imaginária a pratica do ronco, acordava (ultimo semestre da faculdade) com um simples tapinha de leve.

- Acorda Donald! – grita Menino, nervoso.

- Abralazcscccoozzzzzzzz... – reponde Iceberg, em uma língua utilizada pelos sonâmbulos na faculdade de Engenharia do Sono.

- Já entendi, também falo este dialeto. Quer que eu te acorde com um maravilhoso e quentinho, recém passado pontapé!

- Já to em pé! – diz Iceberg, resmungando como sempre e estralando os dedos da testa, que por sinal tinham unhas enormes e imundas.

Menino olha seu relógio e vê as horas: 56h23min. Teriam dormido messes ali dentro, pois estavam se sentindo até meio jovens. Mas agora nosso amigo torna a olhar o seu relógio: 56h24min, dia 30 de abril de 2500.

- Impossível! – exclama ele, tendo eles entrado naquela caverna em 15 de fevereiro de 2480!

Sem saber o que fazer, corre para fora e avista um meteoro partindo boa parte da Terra e sucumbido montanhas que ocupavam a região. Alguns detritos ainda caem sobre a cabeça dos dois, que nada sentem. Tentam modificar algo, mas em nada interferem, e resolvem voltar para a caverna.

- O que vamos fazer Juca?! – pergunta Iceberg, nem lembrando o nome do amigo.

- Pior é que eu não sei.

E retornando a olhar para o relógio, percebe que já está em 23 de dezembro do mesmo ano. Assim, fica sem ações por alguns dias (de acordo como marcava o relógio). Iceberg não sabia o que fazer. Via o amigo, que era o cérebro da equipe, parado sem uma idéia e ele, pior ainda. Batia freqüente mente a cabeça em galhos da arvores.

Enquanto isso, Menino tentava decifrar códigos manuscritos nas paredes da caverna; Iceberg ainda continua batendo constantemente a cabeça nas árvores, agora com intempéries mais fortes. Menino olha o relógio e nota algo agora estranho. O relógio está mais lento e para em um exato momento no dia 27 de dezembro. Ao decifrar os códigos, percebe que Iceberg está derrubando as árvores.

Ao ver Menino chegando, Iceberg já pensa: “Ih, lá vem ele me xingar!”. Ao contrário disto, Menino começou a derrubar árvores e disse a Iceberg:

- Continue o que estava fazendo.

Sem entender a decisão do amigo e seguindo seu estilo de “Mandoueufaço”, continuou derrubando as árvores. Isso fez o relógio regredir até a data em que eles entraram no buraco. Pela escrita da caverna, “presença de vida não semelhante ao natural do lugar, ocorre um efeito de distorção do tempo, sendo que a estabilidade só voltaria quando uma dessas espécies fosse completamente destruída”. Então, o dia foi salvo, graças ao Pato Donald.

Capitulo 2 - Outros velhos na nossa barca...

Entre tantos outros lugares para se cair, e Billy foi cair logo no primeiro buraco de uma encosta na cordilheira do Andes, agora Cordilheira de Carbono, com temperaturas que variam de 40° até 70°. Ele e seu cachorro Nice estavam exaustos mesmo no inverno, que não se parecia em nada com o passado do lugar, onde existia água, e ainda por cima, em forma de neve.

Mas Billy não era humano, é claro. Não suportaria uma semana com temperaturas superiores a 50°. Porém não era um yesterday. Billy era habitante de Geleiras na Antártica, e após o derretimento total, ele se descongelou e voltou a viver. Era um ser jurássico. E acostumado a viver em climas quentes. Mas a Era do gelo lhe fez parar no tempo, durante um período não exato para citar. Mas, na época em que foi congelado, ainda era filhote, de humanossauro (Uma espécie de pessoa com o corpo revestido de escamas como de répteis e asas de pterodátilo, rabo de mamíferos primitivos e brânquias de peixes também primitivos). Contudo, esta espécie possuía um cérebro parcialmente humano, a não ser por pequenos detalhes fúteis (era meio abobado).

Bem, apesar de não se interessar muito sobre o passado e o futuro de onde ele vive (outra falha deste cérebro), não costumava fixar-se em um lugar apenas, corria por onde tivesse terra. Agora caía em um buraco desconhecido para ele e um tanto enorme (também não tinha noções de medida, e nem se interessava em saber). Apesar de ter se esfolado um bocado na queda, continuou andando (que cérebro, ein!) por notar inúmeras luzes no horizonte. Mal sabia ele que estava a caminho da Cidade perdida do Sul.

Popogenic’s estava colocando Iceberg na linha. Mesmo sendo um velho que aparece sem mais nem menos nesta história, Popogenic’s tem altura superior ou igual(>=) a uma barata. Tonta. Assustou ele (Iceberg) dizendo que havia outros três velhos iguais a ele no caminho para a cidade do Sul. E de fato existiam. Eram eles: Oteromequitá, velho pançudo e ridículo, mas com um potencial de genialidade acima do comum; Maisá, dono de cinco punhais do mestre Klun e autor do último livro publicado em tempos de civilização (O mundo catalítico de agora) e o guia que os levará até próximo à cidade sulina (pois não se pode encontrá-la com o intento, mas por puro acaso), o sub-mestre Juca Pascoal. Sem o auxílio destes três, talvez seja improvável a chegada no “Horizonte Fértil”.

Menino estava começando a entender certos mistérios que aconteceram na Terra durante a Revolução ocorrida. Após explosões inexplicáveis que aconteceram durante o período pré-desracionalização do planeta ocorrido em meados de 2300, onde certos valores alienígenas foram integrados a espécie humana, como antenas e corpo com aparência e textura verde (como nos desenhos do pernalonga). Isto modificou e muito a percepção do meio. Na verdade, tudo em muito mudou. Porém, foram inúmeras mudanças, as quais Menino não compreendera, pois fora educado pelo mestre Klun. Mestre que, em principio, era mestre por saber dos costumes de antigamente e não das que vieram através das mudanças. Contudo, quando fora libertado da cidade dos yesterdays, Menino foi acostumando-se a hábitos do cotidiano. Como por exemplo, os imensos desertos de carbono, uma perspectiva igual em todas as partes do globo terrestre. Uma herança do mestre eram as três moedas mágicas. Depois de recebidas, nunca houve necessidades para ele, pois as moedas, uma vez que utilizadas juntas, trazem certos benefícios, como ausência de fome, respiração perfeita e estabilidade térmica. Alguns moradores da antiga Müllre especulavam que depois que Menino recebeu as moedas, seu comportamento mudou de aprendiz para “estupidiz”. De fato, mesmo com o mestre defendendo que nada mudou no rapaz, algo tornou diferente o aspecto de Menino. Suas respostas eram mais ultrajantes.

Bem, na verdade, ninguém sabe o efeito que causa a apropriação das três moedas, assim como seu mistério mágico permanece em questão até hoje.

Já o punhal que possuía não tinha nada de mágico, mas possuía sinal de respeito. Ao saber sobre Maisá, Homem de cinco punhais, Menino se interessou mais em conhecê-lo, devido obviamente na fama que possui este artefato. Ele era concedido apenas pelo mestre Klun, que era humano legítimo. E ser humano legítimo era posto mais alto de toda a terra; seria reconhecido como mestre qualquer humano. Por isso a vontade de achar a cidade do Sul, imaginária para uns, possível para outros. As diferenças básicas entre um yesterday e um humano são: respiração, principal pela diferença em potencial, Raciocínio, Sentidos, Imunidades e Evoluções. Mas todas com um sentido mais lógico de explicação: Um yesterday equivale a 50% de um humano.

Em escolas de Müllre, é ensinado que o homem dos séculos XVIII, XIX, XX e XXI eram destruidores de si mesmos. Em parte, uma didática errada, pois incentivava aos pequenos a importância de odiar os antepassados e o que vier deles (no caso, já era conhecida a possibilidade de encontrar uma cidade perdida só de humanos). Mas correta no sentido de culpar só aqueles homens; que a criatura que és no presente é conseqüência total do passado, de modo que ao mudar o presente, estaria melhorando o futuro, perpetuando a espécie em seu melhor estado.

Mas o resultado deste ensino era dos piores: “Os humanos tiveram o fim que mereceram!” – eram frases conclusivas de alunos do ensino dos yesterdays. Ou como diziam filósofos no passado: “A irracionalidade sempre mudará de estado em seu decorrer, entretanto será delimitada por um principio e um fim, de átomos mais indivisíveis até criaturas gigantescas”. E por fim, deu-se por desenvolver esta teoria sem um pingo de negatividade.

Bom, largando fora a filosofia, nossos três aventureiros encontraram o primeiro vestígio de vida durante o percurso para o sul: pedacinhos de mortadela Bolonha.

- O que é isto? – perguntou o velho, que ficava três dias sem ingerir alimento, uma façanha para a época.

- São fatias de carne – respondeu Menino.

Para Iceberg era inútil conversar sobre comida. Não tinha estomago e vivia do carbono que lhe penetrava as narinas.

E após dois trias, os ventos mudaram de direção em apenas meio tria. Isto, para o velho Popogenic’s significava uma coisa: estavam próximo do “maravilhoso lar” de Oteromequitá. Lá, iriam saber ao certo como chegar à cidade do Sul.

Mas esta jornada que era enfrentada pelos nossos heróis estava fedendo para os olhos de alguém. Era João Júpiter, líder de Müllre. Ele era um intrometido que queria dominar o mundo (o vilão desta história). Mas, com a ajuda de Pepet’s Func e do povo de Müllre, nada conseguiria detê-lo. Seu objetivo era a destruição desta cidade do Sul, e todos seus habitantes. Mas não eram apenas eles que almejavam a destruição desta cidade. Um mestre na arte de agir sozinho, Xaropink’s Xarope era um mago de operações daquela época. E não planejava primeiramente destruir a cidade do Sul, mas eliminar Menino, que era seu inimigo letal. Não por questões próprias, mas para manter certa rivalidade com alguém. Isso aconteceu em diversas situações na sua família antepassada. E sua família não teve um final feliz. Ele era uma mistura metamorfesica de lagarto com avestruz. Poucas qualidades, porém, tem em relação ao avestruz, a não ser que após colocar ovos, os come.

As intenções de Xaropink’s eram das mais inúteis. Sua filosofia de vida era:

1- Manter sua espécie em extinção, pois detestava a si mesmo;

2- Eliminar Menino de vez;

3- Comer, beber e dormir.

Apenas a segunda ele não tinha condições viáveis de conseguir, ao menos que se juntasse com o resto do Yesterdays. Que se dividiam no momento entre defender seu líder e apoiar o viajante Menino, que João Júpiter insistia em dizer que morreu.

Porém, contudo, todavia, entretanto nosso inimigo de nosso amigo não pretendia a se aliar se quer com uma lesma (apesar de manter relações de aprendizado com um caracol humanóide).

Xaropink’s Xarope é conhecido por todos como o fantasma do Alaska, pois foi encontrado morrendo de frio em 2205 por Arqueólogos Psiquiatras numa geleira. Ficara branco como sempre foi. E ainda é (não possui penas como os demais avestruzes, que na verdade nem existem mais, porém possui escamas como de lagartos, mas com coloração branca).

Mas para avisos de utilidade pública, Xaropink’s não oferece riscos à saúde, salvo decreto de lei nº6767 que diz o seguinte: “A todos os aqui presentes nesta comissão de direitos e deveres do cidadão Yesterday, não se oferece risco a nossa debilitada saúde a aproximação de certos mondongos que a primeira vista parecem inofensivos, e a segunda também, assim por diante, e não citaremos nomes dessas espécies, sem esquecer é claro de seu elícito criador, Xaropink’s Xarope”.

Sendo assim, e já sabendo deste decreto, Menino não corria perigo partido deste partido.

Contudo, Xaropink’s prometia para si mesmo que eliminaria Menino deste planeta. Ou não se chamava Xaropink’s Xarope Yourself.

E aconteceu que Billy, ao avistar um pinheiro, surpreendeu-se a principio, pois era coisa indiferente ver algo assim no planeta Carbono (nome de como era reconhecido o antigo planeta Terra atualmente). Para ele, vida era coisa impossível de se pensar, era inimaginável. Sabia, porém, que era um pinheiro, pois ouvia estas histórias quando pequeno. Também notara mudanças climáticas, como a princípio, nuvens brancas, que o impressionou como nunca. O ar também não era tão pesado como os demais lugares por onde passara na Terra. Ao pé do morro onde estava, chovia ralamente, e para completar seu dia diferente de toda a sua vida, lhe caiam sobre a face água, objeto que possuiu valor mais alto que o ouro em tempos da seca terrestre, e tão raro atualmente, com esse tal de Cinamomofthefuture.

Mas seu objetivo o guiava ainda por estranhas luzes que vinham do horizonte e, de fato, encantavam seus olhos como se voltasse a ser criança, imaginava estar em uma das histórias de seu pai.

Agora estava a menos de um quilometro do que lhe parecia um simples devaneio. Mas, era real.

Muitos quilômetros dali, João Júpiter, como era de se esperar, estava preparando algo jamais feito, mais por falta de força do que a própria vontade. Isto, após o comentário de que Menino havia atingido as proximidades da “cidade do acaso”. Intrigava-se só de saber (também, ele é o vilão desta história) que Menino e seu comparsa haviam feito algo que agradasse o povo. Que era totalmente oposto ao conselho que pôs Júpiter como líder da manada.

Seus planos envolviam ataque em massa contra Menino e quem estivesse com ele.

Mas ele era extremamente influenciado em suas decisões por sua mãe. E era uma senhora de 80 anos (considerada neste período entre anciã e múmia). Dona Velca V. Tonta Júpiter era de origem interiorana do planeta em questão. Mas não era nenhuma bruxa, apesar de andar sempre com uma vassoura e de ter nariz de gancho. Qualquer ato que não fora consultado com a mamãe, era chineladas (que neste período eram modelos Preguin’s Vale, aonde vinham acoplados preguinhos a fim de proporcionar conforto e faíscas, de interesse infantil) na certa. E João obedecia sem hesitar.

Mas, nas últimas eventualidades de decisões maléficas, ele mandava a Dona Velca para um centro de oxigenação (lugar onde pessoas podiam respirar o antigo ar que habitava nosso planeta; na opinião dos que já tinham experimentado, tais como parentes de lideres e ricas autoridades, era uma sensação muito agradável). Se entrasse lá, era certo que demorava a sair.

E assim foi na decisão atual de impedir menino de alcançar a temida, para ele, Cidade do Sul. Seus planos, basicamente, era destruir qualquer fonte de informação para o viajante. Sabia ele da existência de João Pascoal. Este, inclusive, era velho amigo de Júpiter. Foram colegas de turma do colégio Yesterday High School. Lá, eram conhecidos como the siemens brothers, pois viviam juntos. Um colega deles, chamado Pitanga Murcha (apelido de guerra, caso acontecesse algum dia), dedurou os dois implantando uma bomba caseira no armário da professora de matemática. Eles alegaram na direção que o nome dela os revoltava (onde esse futuro vai parar?). O nome que causou este alvoroço era Joaquina Microsoft Peralta Follow You.

Mas isto não ficou barato. Júpiter e Pascoal pegaram Pitanga fora do colégio. Os levaram para um lugar desconhecido do caminho de volta. Encontraram uma patente, conhecida por Lizard Patents. Não deu outra, jogaram o pobre Pitanga lá dentro. Nunca mais se encontrou ele, mas em casa, Júpiter foi massacrado a puxões de orelhas e deixou-o de castigo até completar a faculdade. Tinha ele oito anos.

Pascoal, no entanto, fugiu de casa, para desespero de seus pais. Com isso, Dona Velca dobrou a pena de Júpiter, que apenas foi solto dois anos antes de virar líder da manada.

Foi com isso que Pascoal conheceu o mestre Klun-Pling Anonymus. Com ele, aprendeu todas as técnicas conhecidas por Menino. Isto lhe garantiu um punhal, merecido aqueles que passam nos testes do mestre.

Sendo assim, Pascoal era objeto a ser eliminado por Júpiter, não muito por ser um informante de Menino, mas por ter o deixado de castigo tanto tempo.

Menino percebeu a movimentação de algo no horizonte. Eram as sombras de Oteromequitá. Não apenas ele, mas seus amigos orangotangos alados. Eram criaturas horríveis, mas muito domesticáveis, uma vez que falam pouco. A exemplo de suas inteligências serem muito abaixo do normal, se deram muito bem com Iceberg, um baita desmiolado. Também pudera, Iceberg fora criado na vila dos orangotangos alados, conhecidos como a primeira espécie a se adaptar ao novo habitat.

Os três foram recebidos muito bem por Oteromequitá, que os convidou para jantar. Mal sabiam eles que ele estava de dieta, e não comia praticamente nada, e exonerando uma dispensa.

Bem, depois da confusão na hora da janta, era o momento do papo-furado.

- Deixemos de lado as desavenças... – disse Menino, meio azedo.

- Que desavenças? – perguntou cinicamente Oteromequitá.

Nisso, um dos orangotangos abre o bico:

- Babaloo?

- Moonwalker!

Sem entender nada do que disseram, o velho Popogenic’s começou a tratar do assunto tema da visita:

- Bem, Sr. Oteromequitá, não estamos aqui para tomar seu tempo. Precisamos saber com urgência o caminho mais curto ou o que vá direto rumo para a Cidade do Sul

- O horizonte fértil?! – perguntou Otero, com cara de pato assustado.

- Isto mesmo.

- Bem, já nem me lembro direito onde fica, até por que tenho péssimas lembranças de lá.

- Não tem nem idéia para que lado seja?

- Talvez sim... Acho que tenho guardado o livro que usei para chegar lá. Num minuto, já lho digo. – disse, levantando-se e tropeçando em Iceberg, que sentado no chão, praticava jogos da velha riscados no chão mesmo, com uma orangatanga fêmea alada.

- Levanta daí! – retrucou Menino, enxotando o pobre Iceberg, que ganhava o jogo.

Após meia hora, Otero volta com o livro embaixo do braço:

- Vocês tiveram sorte, este aqui iria virar pano de chão!

- Então, está aí mesmo o caminho? – pergunta ansioso Menino.

- Bem, já não sei ler direito, peguem podem procurar...

- Era só o que me faltava, um possuidor do punhal do mestre Klun não saber ler, é o fim da picada! – zomba Menino.

Contudo, fora de grande utilidade o livro de Otero, é o que veremos agora.

Ao saírem da casa do velho pançudo, entraram em uma floresta negra. Sabia Popogenic’s que existiam sete florestas negras no planeta. Mas aquela, vista do horizonte, tinha dimensões gigantescas. Fazia 120° naquele momento. O primeiro a ficar acovardado fora Iceberg. Depois de prometer casamento a jovem Orangatanga alada, agora estava perdido e talvez não exercesse a promessa.

A floresta era terrivelmente assustadora. Claro, para os humanos. Na verdade, um Yesterday tinha como pensamento principal que eram os únicos no mundo. Porém, desconheciam propriamente o planeta, e normalmente engoliam suas teorias sem fundamentos.

A cada passo que davam, Iceberg se mijava mais. Menino só aceitou sua presença com ele por pura caridade, pois Pato Donald era “um baita trovador”, falando gauderiamente.

Em certo ponto do caminho, o trio encontrou uma pedra gigante, com arestas definidas, sem marcas do tempo. Eles examinaram com luzes de juçabá (termo indígena de origem tabajara, que significa “luz projetada por um campo luminoso de fibras ópticas”). Notaram a seguinte inscrição: “Wo das volk die macht ausübt, ist der frieden in sicheren händen”. Era um dialeto muito estranho e, aparentemente antigo. Mas Menino procurou no livro e encontrou um pequeno dicionário de alemão, língua daquela inscrição. Logo traduziu para Popogenic’s: Onde o povo exerce o poder, a paz está assegurada.

Ao pronunciar estas palavras, algo diferente aconteceu. Uma luz azul envolveu os três viajantes, lhes proporcionando uma visão de imagens sobre algo jamais visto por um Yesterday.

Capítulo 2.1 – A primeira visão do passado

A cidade era precisamente Porto Alegre. O centro era o palco principal. Isto, em meados de 2010. Mas quem, precisamente viria a ser mostrado? Era ele, Francisco Filho, ou Chico. Chico era guri, tinha seus 20 anos. Por perto, seus pais e a namorada. Amigos e colegas. Pertences e perdidos. Desconhecidos, cem mil a sua volta se atropelam na Andradas, ou Rua da Praia. Longe apenas os sonhos. Estes não ultrapassavam a atmosfera terrestre, que era tomada pelo oxigênio, ainda que ameaçado. Sua voz, sabia ele, não calariam 7 bilhões de seres de sua mesma espécie. Também pudera, era ele Francisco Filho, estudante sem poder nenhum, sem postura para político, porém sempre procurando a verdade. E a verdade é que seu mundo em que sete bilhões de seres de sua mesma espécie vivem está se degradando. Mas ele, o simples Chico sabia muito bem que o ser humano havia parado de agir para pensar. E de tanto pensar, alienou-se de forma que um simples botão não resolveria o problema.

Pegava ele todos os dias o ônibus na tumultuada Salgado Filho. No ônibus com textura amarela e branca, ele lê sossegado seu livro. O ar condicionado não dava conta do calor de 43°. Eram um absurdo aquele calor naquele inverno gaúcho, diziam sua avó. Era esperado o pensamento, pois a menos de 40 anos atrás o frio era tema do inverno gaudério. Agora, só era tema de livros de história. E por acaso, fazia Chico seu quarto semestre de História na UFRGS. Mas após despertar este pensamento tão profundo sobre o desgaste do planeta, estava sem rumo de como prosseguir aceitando estes fatos.

Ele também dividia seus pensamentos com seu amigo, Patrick. Este um exímio desenhista futurista. Seu desenho principal representa uma refinaria no pólo petroquímico, em cores que dão a impressão de que de que a fábrica queima o céu já danificado. Mas ainda estava no anonimato. Seus desenhos seguiam apenas uma linha: hierarquia futurística. No caso do desenho ao lado, ele explicou ele coloca símbolos matemáticos em uma periódica, que recebeu um título: A emissão de gases poluentes LTDA, que polui desde 1974, 12 horas por dia, 5 dias por semana, 20 dias por mês, ano após ano, danificando seu precioso oxigênio, que você dá pouca importância e quando morrer sufocado sem ele, lembrará que foi nós, nós que lhe demos este privilégio. Visite hoje mesmo uma de nossas filiais, milhões de filiais...

Mesmo causando certo impacto, ninguém se interessava nos trabalhos de Patrick, que a cada dia ia se distanciando de seus dois dons: desenho e percepção.

Os dois eram visinhos no bairro Vila Nova, a pelo menos 20 km do centro.

Enquanto isso, o noticiário só anunciava notícias insanas, do resultado da 3º Guerra Mundial, ou também conhecida como a “Maior de todas”. O motivo era dos mais fúteis: rivalidade econômica, uma vez que muitos países enriqueceram espantosamente, como China, Índia entre outros, inclusive o Brasil. Se na Guerra Fria, duas potencias quase destruíram o mundo, nesta provavelmente a Terra estava com os segundos contados. Era também época do derretimento acelerado das calotas polares. Se em 2009, as calotas ainda continuavam existindo, 2010 foi o ano do derretimento total. Isto porque em 2009 os lideres mundiais resolveram frear a emissão de gases de uma vez por todas, levando em conta apenas fábricas, dispensando as queimadas, desmatamento, desaparecimento de espécies de animais e poluição urbana. E esta consciência mínima que se teve, obrigou a natureza a responder de forma agressiva, mesmo não tendo muitas forças mais.

Cidades litorâneas sumiram, e causando muitas mortes, pois o derretimento surpreendeu qualquer cientista.

Chico não havia sido recrutado para a Guerra, era apenas corpo provisório. Para muitos ele tivera muita sorte.

Ele percebia muitas coisas agora. Mas não o bastante para confiar em uma pessoa. Esta pessoa o perseguia fielmente, porém nunca se identificara. Um detalhe é que Chico nunca se lembrava da fisionomia desta pessoa, mas quando a via, apenas naquele momento sabia quem era. Apenas associava aquela pessoa com suas mensagens, nas quais nunca conseguia absorver nada. O que ele entendia agora, de fato, é que esta pessoa lhe dizia certa frase: “O mundo está confinado; se não és ouvido nunca serás”. E agora que precisava conversar com aquela pessoa, não sabia onde encontra-la.

Alguma coisa ainda estava bem viva na cabeça dele. Ele tinha certeza que vira aquela pessoa próxima a um salão, no trajeto do ônibus até sua casa. Lá se reuniam algumas pessoas da quais nunca vira ou nunca tivera contato. Lembrava-se vagamente de uma empregada doméstica que trabalhava em sua casa há muitos anos e freqüentava aquele salão. Porém nada mais que isto.

Procurava informações antes de entrar naquele salão. Ouvira falar que naquele local apenas pessoas estranhas. Percebeu que todas as pessoas que opinaram sobre aquele local, todas elas alertaram a não se aproximar deles, pois eram doidos e nada mais.

Mesmo com todos os avisos de não entrar naquele salão, tão proibido pelas pessoas, tão proibido quanto qualquer lugar perigoso, Chico criou coragem e entrou lá, num dia que dissera para sua família que tinha de sair e não especificou o lugar aonde iria.

E lá entrando, percebeu que de nada estranho tinha aquele local, apenas pessoas sentadas e alguém palestrando, sobre algo que nunca tinha ouvido falar antes, uma história nova entrava pelo seu ouvido.

Lá fora, as guerras começavam...

Neste momento, a luz se apaga dentro da caverna.

Nossos aventureiros ficaram perplexos. Apenas Popogenic’s achava que aquilo tudo fazia sentido. Mas como era um velho xarope da raça Idon’ttellnothing não abria o bico, por se tratar de assuntos que já passaram e não influenciariam em nada no futuro. Já Menino foi o mais exaltado:

- Não entendo nada o que se passou? Quem eram aquelas pessoas e que planeta era aquele, era tudo muito estranho...

- Também não entendi nada! – mentiu Popogenic’s.

Já Iceberg não prestara a mínima atenção.

Logo após o ocorrido, saíram eles da caverna, pois pressentiam que a tropas de Müllre estavam perseguindo-os. Acharam rapidamente a saída mesmo sem o uso dos iluminadores, pois parte daquela luz ainda não havia desaparecido.

Menino não parava de pensar naquela visão, do que se trataria e qual o fundamento daquilo que fora ouvido, pois todas as frases não saiam de sua cabeça.

Ao chegarem a um rochedo, no fim do tria, resolveram descansar um pouco pois, além de cansativa estes últimos momentos, foram em verdade mais que surpreendentes, ainda que algo daquilo serviria para alguma coisa, ou não precisariam ver.

Iceberg não conseguiu dormir e ficou vigiando, pois pressentia que as tropas estavam por vir, seja à noite ou mais escuro do que isto.

E não era mentira. Lá estavam 10 companhias comandadas pelo Sarg.dr. Eugênio Popogênio. Além de ex-governante e o yesterday mais antigo da espécie, foi nomeado para esta missão por João Júpiter, que estava sob proteção na 3º Companhia. Logo, as tropas atingiriam o centro de espaço bruto (como é chamado a América Central no futuro), e em muito pouco tempo a metade sul do planeta Carbono. Sem dúvida, bem próximos aos nossos aventureiros.

Mas como ninguém era de ferro (exceto Iceberg e seu cérebro), as tropas reservaram meio tria para folga. Nisso vieram algumas baixas, principalmente de soldados que integravam o batalhão 666. Neste batalhão, que causa a maior parte das despesas das tropas, integram-se pamonhas de 1º classe. Muitos por não ingerirem a expansão do protótipo Cinamomofthefuture². Mesmo assim, não existiam corpos provisórios. Todos os Yesterdays machos podiam entrar nesta batalha.

João Júpiter tinha um pensamento semelhante a antigos governantes. Sabia ele que havia um limite populacional, então era certo que haveria guerra, para dizimar uma centena de pessoas e assim não faltariam alimentos. Passaram-se alguns anos de uma revolução que matou cerca de 100.000 Yesterdays. Pensando neste novo aumento de população, resolveu juntar o útil ao agradável. Usou de um ódio secular sob os humanos para promulgar outra revolução. E desta, morreriam mais gente. As primeiras baixas já estavam ocorrendo, mas nunca que a população de Müllre iria desconfiar desta demagogia.

- Senhor, contabilizamos as baixas, 134 senhor! – disse um superintendente.

- Não foram tantas, então, responde frio o líder.

- O que disse senhor?

- Não, digo, lamento por isso, e diga ao resto sobre minhas lástimas.

Por quase um deslize, Júpiter entrega sua má conduta ao povo manipulado de Müllre.

Ao chegar o começo do inverno Carbonífero, proteções corporais poderiam ser retiradas, pois agora as temperaturas baixariam para, pelo menos, 70º.

á estavam, construções enormes, centenas de árvores e carros. E Billy sem muito entender do que se tratava aquilo tudo funcionando, continuou aproximando-se do desconhecido até agora. Mas como surgiria aquilo tudo em meio ao deserto da Patagônia, entre a Terra do Fogo e a extinta Antártida, onde há muitos anos, um lençol aquático cobria aquilo que era chamado de Oceano Atlântico. Uma forma de vida que estava no campo de visão do pobre coitado o impressionava como nunca. Acostumado a um mundo pacato, sem vida, sem graça, sem cores e principalmente sem nada de interessante, agora chegava a um estágio máximo de abstração. Seria tudo aquilo real? Ou era sua imaginação saltando fora de sua cabeça de miolos moles e projetando-se rente a seus olhos virgens de cores. Agora tudo ali era animado. Intrigava-o uma espécie muito esquisita aos seus olhos, talvez rara no mundo nórdico, mas abundante ali, naquele espaço diferente dos outros, onde o céu era, ainda que pareça devaneio puro, azul, e azul era nome estranho, pois dentre as cores que tinha conhecido era branco, cinza e preto.

Desceu algumas ruas daquela cidade movimentada onde ninguém daquelas espécies eram inimigas, mas andavam e falavam juntas sem ódio nem rancor. Mas algo o impedia de entrar ali. Alguma coisa ou detalhe o impedia de ser visto pelas pessoas daquele lugar. Seu sonho havia acabado por um instante.

Capítulo 3 – O aniversário de James Saturno

Iceberg não conseguira pregar os olhos a noite inteira, mas compensara caminhado com os olhos fechados. Assim, se despistou do restante do grupo, que já estava bem embalado. Ao abrir os olhos, e não era demais, pois havia tropeçado e caído de um penhasco, por onde rolou e se esfolou um bocado até, perfeitamente para em pé, e avistou Menino e Popogenic’s, de braços cruzados e caras feias:

- Ta pensando o quê?! Te liga mano Brown.

Após uma hora e meia de caminhada, mais ou menos 2.980 jardas de distancia calculava Popogenic’s para chegar até a casa de Maisá. Conhecido por possuir cinco punhais como fora citados, ele treinava outros cinco yesterdays em seu suposto templo. Um deles era seu filho, James Saturno, antigo amigo de Iceberg, porém não era o “Best Friend” dele atualmente, mas sim Menino.

- Vamu diuma veis! – disse Menino, num dialeto mais usual pelo yesterdays do passado, para Iceberg, pois estava em passos de lesma com artrose.

Em pouco tempo, uma chuva de compostos cortantes surgia da atmosfera, e nublara a pouca claridade do planeta. Nada mal para eles, pois as substancias cortantes apenas faziam cócegas à camada de pele dos yesterdays.

Já Iceberg não se sentia bem. Não pela chuva, mas pelo local onde estavam agora. Acabaram-se as extensões de Lizard Land, agora estavam em Thunder’s Land, conhecida por aventureiros sem sucesso de “terra do imprevisto”. E Iceberg já tinha ouvido falar nas emboscadas que os aguardavam. Ou talvez estivesse delirando devido à chuva rala de substancias carbônicas cortantes inofensivas:

- Louco devo estar! – (Loco debo estar, música da banda Guardian).

Pensando na possibilidade de a chuva estar embaralhando seus pensamentos (não que sejam grandes coisas), pediu para Popogenic’s uma capa de chuva (Raincoat, musica da banda Downhere), mesmo sabendo que o velho não tinha, apenas para provocar comoção para com ele.

Eles acabaram por atingir o nordeste da serra uma hora antes de Iceberg cair adoentado aos pés dos viajantes. Com uma doença chamada “Maragatodomato”, mesmo que seja improvável da espécie de Iceberg pegar tal doença, esta, porém não racionava ninguém. Era uma infestação que nada se podia fazer. Popogenic’s não conhecia a cura, mas entendia muito bem as conseqüências desta praga. O seu objetivo era eliminar seu foco em cinco trias. Iceberg estava no estágio de dois trias. O velho apenas informou ao desesperado Menino que, naquela região apenas uma pessoa podia ajudar: Maisá. Este ser estranhamente era morador daquela região nefasta. Apenas ele era conhecedor de Thunder’s Land, de acordo com o mais velho dos viajantes. Certamente que estava errado. Não se passou dez minutos após ter proferido sua própria estatística, um orangotango alado aparece, para o susto dos viajantes. Era nada mais nada menos do que Jack Mountains, antigo líder da manada do leste. Menino conhecendo o rosto irreconhecível devido à chuva que piorava, arremessou uma pedra contra a criatura desengonçada, que nada sofrera, mais abrira seu bico:

- Onde estão indo?!

- Não lhe pertence essa informação! – respondeu o velho, tossindo quando pedaço de pedra o sufocou.

- Então não os liberarei caminho.

- Mas quem disse a ti que estas terras te pertencem?!

- E quem disse que não? – respondeu o animal, rindo após.

Menino, entrevendo na passividade do velho.

- Não queremos saber de quem é estas terras imundas, apenas, não só queremos como vamos passar adiante!

Irritado, orangotango desce em meio à poeira provocado pela chuva indesejada, a fim de proferir mais palavras:

- Vejo que carregas um enfermo. Sabes que doença lhe perpetua?

- Não banque o solidário! – respondeu Menino.

Notando a coragem dos viajantes, Jack salta a frente de Menino, o agarrando pela cabeça.

- Tente bancar o engraçadinho aqui e não terá volta! Teu amigo doente já está condenado, não terá dois tria de vida.

- Conheces Maisá? – pergunta o velho, tentado esfriar os ânimos.

Mas Jack não o atende, devido à aproximação de alguém nas proximidades. Apenas levanta vôo e profere algumas palavras:

- Saiam enquanto lhes dou prazo.

No horizonte do nordeste da serra, surge a figura de Maisá. Não só, acompanhado do senhor meio-velho que conversou anteriormente com Menino.

- Olá Menino! – cumprimenta o meio-velho, com uma cara de quem foi dormir as três e acordou as seis, mas demonstrando certa felicidade ao vê-lo.

- Olá, responde Menino fitando a figura de Maisá.

Maisá, um sub-mestre que teve aula com o mestre de Müllre, porém em nada parecia com um yesterday. Tinha aparência jovial, apesar de ter 60 anos na paleta. Tinha também uma leve semelhança com Rudnonson Lambert Jr. Este era um vendedor muito conhecido à cidade de Müllre, pois vendia sapatos e botinas do tio San. Porém, era indescritível sua fisionomia, devido a uma falha de fabricação.

- Quem são vocês e o que fazem nestas terras?

- Somos viajantes e procuramos à cidade perdida do Sul.

- E que querem fazer lá?

Neste momento, paira uma dúvida no autor desta ficção sobre o real objetivo dos viajantes até a terra perdida do Sul. Mas, com dúvidas, preferiu a incerteza na resposta de Menino para com Maisá.

- Procuramo-la a fim de decifrar certos mistérios pendentes para muitos habitantes deste planeta.

- De certo que já visitei esta cidade e não achei nela nada de misterioso.

- Mas então é uma cidade de yesterdays como você?! – pergunta curioso o velho Popogenic’s.

- Não exatamente. Era uma espécie muito estranha aos meus olhos. Tinham prazer em respiram o ar que circula naquelas redondezas. As texturas do lugar chegaram a cegar um amigo que me acompanhou naquela viagem que fiz. Mesmo assim, não consigo descrever o que vi lá, e por isso não recomendo para vocês irem lá. Eu nunca voltarei mais lá.

- É que o mestre Klun-Pling Anonymus me recomendou ir até esta cidade, mas como você disse isto...

- Fora aluno deste mestre?!

- Sim, por acaso, conheces ele? – pergunta Menino surpreso.

- Mas claro! Por que não me disse que fora aluno dele antes? Vamos, eu mostro o caminho. Lá é muito diferente, mas nada de temível. Vou com vocês.

- Você não acabou de dizer que nunca mais voltaria lá?!

- Fica frio veio xarope! – exclamou Menino.

Mas, antes, Menino informou sobre o estado de saúde que estava Iceberg. Maisá logo disse que no caminho tinha a solução daquele problema. E a solução era uma substancia muito desconhecida pelos yesterdays, chamava-se "água".

Enquanto isso, um pouco atrás na corrida pela cidade do Sul, estavam Júpiter e a cidade de Müllre em peso aos seus calcanhares, sofrendo das mais variadas insanidades e mortes a cada momento. Mas o medo mesmo deste tirano era o possível encontro com um habitante de seu passado: Pitanga Murcha, que havia fugido para o sul. Não sabia realmente seu paradeiro, mas imaginava que Pascoal dera um jeito neste sujeito indesejado aos dois.

Estavam eles onde se podia dizer antigamente, em terras de Santa Catarina. O almirante responsável pela expedição, comunicou a Júpiter que sua rota iria mudar drasticamente, porém estrategicamente. Iria iniciar a decida pelas bandas do antigo terreno Pacífico. Mesmo com um mega desvio, as tropas alcançaram velocidade máxima, chegando à linha deThunder’s Land antes do esperado. Isso surpreendeu o tirano, que sabia que nunca alguém tinha conduzido tantas pessoas por um lugar tão frio e perigoso. E é neste momento que as tropas avistam pela primeira vez nossos viajantes, que estão 2.393,92 jardas a sua frente.

Por puro azar (ou sorte, dependendo da empatia por personagens) a cidade inteira de Müllre se infiltrou em uma floresta negra. Mas esta, diferentemente de outras existentes, tem aspecto mais fúnebre e, como sua principal característica, era um beco sem saída. Ninguém dentre eles sabia sobre isso, a não ser um servo antigo de Klun-Pling Anonymus. Ao certo, não se sabe se ele quer esconder este segredo ou não prestou atenção nas aulas do velho mestre, ou seja, era um pateta.

Esta floresta se assemelha àquela citada no livro O hobbit, mas com algumas diferenças básicas: era sem vida, sem arvores autenticas e tudo mais. Porém continuava sendo escura e com um caminho a ser seguido. Um único desvio poderia significar uma perda total.

Como vocês sabem, não teria graça se nenhum deles saísse dali... Então contaremos o que se passou lá dentro que os possibilitaram escapar of the dark.

Acontece que no meio da floresta, lá no “meião”, morava um povoado, nada grande em proporções. Neste povo, que não se interessava em nada pelo mundo lá fora, reinava Joca James, um camundongo mutante, ao lado de sua mulher, Linda Borowsking Mañana, um ratazana do lado leste. Liderando esta comunidade de ratos a poucos anos, pretendiam expandir seu reino por toda a Terra. Porém contavam com um exército de 200 ratos efetivos. Contudo, esta espécie de ratos era muito diferente de outras gerações. Tinham um pé direito biológico (no caso destes seres magníficos, era a altura dos pés até os chifres de alce) de no mínimo 2,00m. Eram enormemente grandes (o pleonasmo não é proibido no futuro).

Os habitantes de Müllre estavam pasmos diante daquelas criaturas horrendas. Mas nada podiam fazer, parte da tropa de proteção havia sido atolada em enxofre movediço. Mas João Júpiter e sua saúde de ferro, de nada foram abalados.

A ocasião nas tribos de ratazanas era especial. Era aniversário de James Saturno, filho do casal líder desta tribo, e herdeiro do trono mais cobiçado da região.

Para desespero de seus pais, James Saturno nascera com três olhos. Esta anomalia deve-se ao fluxo de estilóides e hormônios de gasolina presentes no DNA da mãe do garoto, já no pai é uma longa história. O certo era que seu terceiro olho em nada o atrapalhava no decorrer de sua curta vida até aquele presente momento. De fato, ele era o mais desconfiado da casa, vivia olhando o que não devia e também era obeso, pois tinha não só os olhos maiores que a barriga como também um auxiliar. Por isso, cantava-se uma linda e debochada canção em suas festa de aniversários:

O que o olho vê, a barriga pede.

Oinc, oinc, oinc, oinc.

O que o olho vê, a barriga pede.

Oinc, oinc, oinc, oinc.

Seus amigos o consideravam uma ameaça para a dominação ratazional da Terra. Era um ser sem noção. O idealismo of the mouse’s estava em sérios apuros.

A festa iria começar. Joca James estava irritado com a música repetida constantemente, e começava a perceber a música como um som de um suposto protesto. Pois agora, estava James Saturno com seus 18 anos, idade em que não era duvidosa a sua coroação. No entanto, a mãe do bastardo era contra o reinado de seu filho. Talvez não por ser super-protetora, mas pelo modo das pessoas se darem com seu filho, um atentado contra ele não seria improvável.

Charlie 666º estava na oitava cavalaria de Müllre, quando não aturou a ordem de ficar em quarentena antes de atacar, e resolveu investir contra os ratos, justo em uma comemoração que envolve todos os habitantes.

Estava formada a guerra mais avassaladora do século XXV. Müllre se aproveitou de estar em volta da pequena cidade dos ratos e fechou todos os flancos. O embate culminante ocorreu quando tropas ainda despreparadas dos camundongos amestrados tentaram defender-se de forma heróica contra o avassalador ataque dos exércitos e linhas de frente (Frontline, música da banda Pillar). Foram dizimados.

A sua frente, James Saturno imaginava um aniversário mais alegre, divertido e descontraído (sem falta de comida, é claro!). Mas estava à frente de uma guerra, na qual lhe pegara de surpresa, em plena nomeação de líder maior das ratazanas da floresta. Pensava em tomar uma decisão rápida, mas a inexperiência falava mais alto no seu subconsciente. Tão logo, viu o líder do exercito inimigo a sua frente, que lhe questionou enlevado:

- Então você é o líder deste povo miserável...

Não sabia a resposta a dar ao inimigo, porém o medo de lhe dar com situações do tipo gerou uma coragem espontânea e um pouco inacreditável:

- Não. Só sou um amigo seu.

- Amigo neste fim de mundo, te peço explicações, meu caro.

- Conheço você há muitos anos, até o momento que entrou nesta floresta. Deste então não lhe reconheci, pois acaba de atacar meu povo.

Pensou em parar de falar uma pouco e deixar seu inimigo, que no momento tinha-lo nas mãos, escapar algo útil pela boca.

- Talvez tenhas ouvido falar em mim, pois sou famoso pelas bandas do norte, mas quem me conhece sabe que sou perverso e ultrajante.

- Pois bem sei disso, também vem aqui à procura de algo...

- Que pensas que venho buscar, sujeito estranho.

- Sei muito bem...

Agora ele se enrola. Mas surgem mais alternativas a sua cabeça de pergunta, empolgando neste duelo de inteligência.

- Você procura um caminho...

- Isto mesmo, você então sabe o porquê de eu estar aqui.

- Já disse que o conhecia... – disse agora rindo de seu pequeno feito até o momento,

- Então me diga, onde fica este caminho ou o mato e descobrirei sozinho!

- Calma, este caminho não é tão fácil como pensas, necessitas de guia experiente para levá-lo até lá.

- Então você virá comigo.

- Sim nisto que pensei, mas antes tenha a bondade de libertar meu povo.

- Não sou louco, seu povo já deve estar dizimado a este momento.

- Então peça que recuem do campo de batalha,

- Como quiser, rato.

Os habitantes da cidade mal sabiam que seu mais odiado líder havia os poupado a vida. Os exércitos de Müllre estavam se aproximando da Toca Maior, lugar onde havia se refugiados mulheres, idosos e crianças (é claro que lideranças estavam lá também...).

Após uma noite entre os ratos mutantes daquele povoado, o exercito Müllre partiu agora sobre comando de um novo guia: James Saturno, que não conhecia um palmo fora daquela floresta, mas fizera com que a cidade gostasse mais daquele gordinho de olhos maiores que a barriga.

Xaropink’s Xarope estava bem atrás na corrida. Perdera-se na primeira floresta negra do trajeto. E cinco trias depois, chegava a segunda floresta, prevendo mais atraso. Encontrou pelo caminho um jornal velho, depois de achar também alguns pertences. O jornal era inútil a sua pessoa, nunca aprendera a ler, mas ao folhar as páginas, para sua surpresa imediata, encontrou seu retrato.

Não sabia no começo do que se tratava, mas desconfiava estar famoso agora, depois de anos tentando obter algum reconhecimento. E com o pensamento nesse detalhe de seu grande objetivo, se animou e “apertou” seu passo a fim de chegar antes no destino de seu alvo. Ele conhecia as intenções de Menino e de que ia para a cidade do Sul. Para animá-lo, rasgou a parte que tinha sua foto no jornal e guardou. Quando for a cidade de Müllre irá divulgar a morte de Menino feita por suas próprias mãos e espera ser aclamado como “herói universal”. Isto sempre se repetia em sua cabeça de vento, apesar de ter a mesma capacidade de armazenamento de Iceberg. Para isso contava em alcançar primeira mente seu grande amigo para as bandas do sul, James Saturno, o agora, ainda que ameaçado, líder dos camundongos da floresta.

Após chegar à segunda floresta, desencontrou-se do caminho direto e acabou chegando à cidade dos camundongos. Logo se deparou com uma destruição nunca antes vistas por aqueles olhos de certa deficiência. Ao questionar outro grande amigo, o pai de Saturno, o mesmo lhe respondera:

- Foi terrível, aquele rosto... Destruíram completamente meu povoado.

- Onde está o Saturninho?

- Eles o levaram.

Sem tempo a perder, Xaropink’s Xarope parte em busca de seu grande amigo, certo de que fora Menino, a ameaça do planeta cinza, que raptou Saturno.

Ao encontrarem a tal da água, Iceberg melhorou rapidamente. A substancia fora encontrada após algumas escavações no alto de um monte. Essa substancia, ao entrar em contato com atmosfera, vaporizou-se rapidamente. Menino lembrou que em sua escola existia uma substancia parecida, mas apenas na forma de vapor. Era fabricada pela Ducambor, empresa que fabricava alimentos para yesterdays, e largava na atmosfera parte desta substancia.

Após a recuperação, Iceberg demonstrou estar como sempre fora, pois o culminante de sua recuperação foi tropeçar sete vezes em 13,12 jardas, ato não repetido durante o estágio da doença.

Ao consultar o livro de Oteromequitá, Menino percebera uma página intraduzível. E parecia ser algo muito importante. Mas nem o próprio velho Popogenic’s conseguira traduzir. Maisá nem quis arriscar. Iceberg nem fora consultado, por motivos conhecidos. A letra parecia simbólica, como também poderia ser um dialeto muito usual.

Encaminhavam-se rumo ao centro do limite ali percorrido. De acordo com as páginas legíveis do livro de Otero, fora a parte simbólica, constava o aparecimento de gases de textura intrigante, pelo menos para os yesterdays. Era um tipo de gás azul bem escuro. Tinha função de substituir a antiga neblina que habitava a Terra, mas era inofensiva. Pelo menos esse era o limite que conhecia Maisá. Perguntava-se agora sobre onde estaria o último dos velhos que supostamente saberia o caminho acidade almejada. Maisá nunca ouvira falar deste sujeito que atende por Juca Pascoal, mas Popogenic’s o conhecia pessoalmente. Também conhecera sua história, a que fora citada anteriormente e envolvia o atual líder dos yesterdays.

Ao se aproximarem da bandeira branca, marca deixada por Maisá em sua expedição mais ousada ao sul, ele próprio exclamou:

- Daqui em diante, será novidade pra mim e muito mais para vocês.

Atingiram uma cordilheira de proporções pequenas, mas um obstáculo irreconhecido e um tanto desafiador para os viajantes. Da bandeira branca já era possível avistar tal cadeia montanhosa, de tamanho pequeno. Gigante mesmo só o medo de Iceberg, que se arrepiava cada vez que algo que não fosse plano aparecesse no caminho dos viajantes. Mas desta vez não era nenhuma floresta negra, e sim um pedregulho inofensivo.

Menino, num gesto mais precavido, decidiu circuncidar o morro. Devido a seu isolamento de outros declives, estando no meio do deserto, não haveria problema poupar mais esta subida.

O problema real era que já sabiam eles da existência de tropas da cidade de Müllre aos seus calcanhares. Isto era óbvio, mas, no entanto era desconhecido, tanto sua distância quanto seu número. Porém eles pensavam e articulavam seus planos e objetivos de viajem sem interromper a caminhada, ao contrario dos inimigos. Uma estratégia lançada por Maisá era subir o morro de qualquer jeito para ver a distância e número das tropas, pois contornar o mesmo apenas perderia tempo, sendo assim estariam bem informados da situação mesmo estando eles exaustos pela subida íngreme. Mas o óbvio foi deixado para trás, o que não deixa de ser uma estratégia. Resolveram contornar o morro como fora combinado de inicio.

Nisto, ao pé do monte, encontraram certos vestígios que provam a existência de vida ao extremo sul. Eram peças de roupascino - altantes (roupa adequada aos yesterdays para uso de sobrevivência. A roupa, que era um resultado de uma série de pesquisas científicas, acabou por ser descoberta por um simples estilista futurista, Gordon Lizard).

A animação foi tanta que, euforicamente, eles apertaram o passo, a fim de encontrar o que queriam naquelas terras do além...

Capítulo 4 - Estudos, balões e rinocerontes.

Billy caminhava pela cidade deserta. Estranhou, pois a vira radiante a alguns metros de distancia. Não entendera o que se passava, mas continuava a andar por aquele lugar misterioso, algo transparente flutuava em um imenso buraco, onde refletia algo vindo do céu. Notara uma cor em comum, de quando era filhote ouvira falar de sua mãe: verde. Estava em tudo, em árvores, prédios e no próprio chão. Mas era tanto tempo desde sua infância até aquele presente momento que não lembrara direito da cor, devido estar agora acostumado a um mundo apagado que era o planeta Carbono. Imaginara que aquele planeta pequeno que tanto avistara quando pequeno fora seu destino, e agora retornara do lugar donde fora tirado. Mesmo com aqueles prédios que para ele, não tinham a mínima utilidade, estava em casa. Tinha sossegado, estava sóbrio e calmo, entrando em um estado de troca de respiração, pois viviam em um lugar nada respirável. Afinal, estava de volta, pois ouvira falar na sua infância, agora de seu pai, que o planeta onde nascera era enorme e destemido, curioso e extremamente bizarro. Talvez, em bizarro aqueles prédios se encaixavam, pensou Billy para si, e logo repetiu em voz alta, pois era o único ser vivo naquele lugar, intitulado Southtown.

Suas curiosidades nunca antes exploradas começaram a brotar num segundo a flor da pele. Começou a vasculhar aquele lugar do sul. Tinha a leve, mas nada absoluta impressão que era observado. Apenas se confirmou quando alguém se aproximou ao horizonte daquela rua silenciosa e misteriosa. Não tirando os olhos no ser que se aproximava, esqueceu completamente de suas laterais. Nisso pularam dois para cima dele. Fora atado e levado para um lugar, situado em uma praça em meio ao centro. Lá o observaram com extrema cautela. Esses observadores não ultrapassavam os cinco mil. Era a população da cidade em peso, contemplando aquela criatura bizarra. Billy nada respondia. Mesmo com sua desconfiança de sempre, Billy percebeu que aqueles seres estranhos nada de mal queriam dele. Apenas gesticulavam estranhamente.

No meio da multidão se aproximavam sete jovens encapuzados. Estes que não eram percebidos acabaram por raptar Billy do local onde estava sendo analisado. Logo eram percebidos. Trocando em miúdos, estes eram os maus e a população em si, era boa. Suas histórias e a da cidade hão de ser contadas após...

James Saturno estava começando a penar. De acordo com a bússola meio arcaica das tropas de Müllre, eles haviam desviados enormes jardas do suposto caminho. Quem não estava gostando nem um pouco era João Júpiter.

- Acho que fui enganado, e a morte de quem fez eu cometer este grave erro não bastará como vingança! – disse ele olhando furtivamente ao pobre e condenado James -, talvez sua raça seja extinta após isto.

- Desculpe, mas sei o que estou fazendo. Pensas que sou filho de qualquer, pois se engana. Sou filho de Joca James, líder de uma raça que sempre se lembrará!

Júpiter riu gananciosamente.

- Claro que lembrarei, era a raça mais esquisita que já tinha visto!

James, ou o Gordo, ouvia sem poder revidar. Sua vida estava em jogo, se não a perdesse por completo ali mesmo. Procurava assunto para despistar o interesse de genocídio do doido varrido que era a figura de João Júpiter. Este que se mostrava impaciente a cada dica de James, que se mostrava mais inseguro em suas falas.

- Vejo que é de família com sobrenome de planeta, maldito, disse Júpiter.

- Somos bons como vocês, mas apenas como guias. Espero não decepciona-lo. Sei direito onde estou indo.

- Pouco me importa que acerte ou não: morrerás assim que chegar seja daqui a dois trias ou dois anos, quando vier o dia, te empalho e te boto como busto no palácio do governo, seu rato! – Júpiter não parava um segundo de ser irônico, mas bebia um liquido de absorção desconhecida pelos cientistas de 500 anos atrás, tal de “Tola de Minueto”. Isso o deixava calmo e sem atenção para nada. Quanto mais ingeria, mais Saturno conversava, e tão logo, percebera a recaída do líder por um simples liquido inofensivo. -, está olhando o quê, rato abostalhado...

Logo eles estavam no monte sul, um dos únicos restantes nas campinas da antiga Argentina. Queriam descanso, com isso, o subtenente comunicou ao líder o apelo dos combatentes.

- Senhor, necessitamos de descanso imediato, algumas baixas foram constadas agora devido a fome e cansaço, caminhamos a dois trias sem parada de descanso e alimentação. Peço sua permissão e logo aviso ao batalhão...

- Quem disse que concordo. Peça a quem estiver cansado que mande correr a frente. Não recrutamos fêmeas, e sim machos! Já basta.

O subtenente não sabia o que dizer, tamanha a grosseria fora dita pelo alterado líder de Müllre. Nascia ai a primeira desconfiança do antigo perfeito líder, que logo se espalharia por todas as tropas que ali estavam.

Já era possível avistar Southtown. O primeiro a ver fora Maisá, que não esquecera dos detalhes que vinham após a passagem do morro. Assim mesmo, estavam a 6.900 jardas da cidade. Foi quando os aventureiros encontram o último dos moicanos, quer dizer, o último ser antes do povoado. Juca Pascoal, 2.20m de altura, um brutamonte. Ele morava com os gêmeos monstros do sul, Zé Galo e Zé Pato, conhecido como os “Good Monsters do sul”. Não lembrando bem de quem eram, hostilizou até saber da quem se tratava:

- Quem são vocês? Se estão vindo a ordens de João Júpiter preparem-se para morrer.

Como de costume, o velho Popogenic’s, o mais dócil do bando, tratou de apresentar a quem invadia tais terras, com aquele jeito de velho mago, semelhante aqueles do Age of Empires.

- Somos quem podemos ser... Na verdade somos viajantes e viemos, sobretudo, pedir-lhe ajuda na nossa busca. Somos fugitivos de Müllre.

- Pois bem, são dos meus – sentou-se em uma rocha carbônica. Após fazer um “jeitinho”, escorregou e caiu.

- Quer ajuda, velho amigo? – perguntou Popogenic’s.

- Não, seu velho safado!

Mesmo sem lembrar quem era o velho Popogenic’s, Juca Pascoal tratava os de boa aparência bem, sendo feito o contrário as criaturas de má aparência. Iria sobrar para o Iceberg.

Nosso amigo Menino, não querendo mais papo, abriu logo o jogo:

- Senhor, não estamos brincando. Queremos achar a cidade perdida do sul, e rápido.

O brutamonte entendeu 60% do que Menino proferira.

- A CIDADE PERDIDA DO SUL. Bem, e o que tem ela?

- Queremos achá-la! – disse Popogenic’s, impaciente.

- Só por cima do meu cadáver! – exclamou o brutamonte, e ninguém, nem mesmo os gêmeos monstros entenderam a decisão.

Um dos monstros deu um assobio enquanto o outro acalmava o sub-mestre atucanado.

Sem que nossos amigos percebessem, garças da altura de um elefante albino (espécie em extinção na época). Elas tinham asas fedorentas, mas lhe serviam para um passeio aéreo sublime. Foi o que constataram nossos amigos, que foram voando pelas coxilhas abertas sulinas. Passaram-se algumas horas de sobrevôo, quando o pior acontece. Uma tempestade de balões atormenta a região. Na verdade, para os desinformados, balões eram policarbonatos opacos, com seu interior recheado de diamantes. Para fins de mais esclarecimentos, o diamante já não era tão valioso assim, e na nova escala de Mohs, ocupava ainda a décima posição, perdendo para Gnaisse Story (11º), Quartzo titanizado (12º), Aço plastificado com Césio³ (13º), Biotita, Xistos e Feldspatos derivados da Montanha Stone tone (14°) e o mais dúctil, Coração não-arrependido. Os menos dúcteis variam de Calcários ao cérebro de Iceberg.

Bem, nesta tempestade de balões, algo estava errado. Como de costume, a tempestade em vez de cair, normalmente ela emerge. Só que desta vez, precipitações estavam indicando uma chuva de balões vindo do céu.

As garças começaram a perder altitude, perdendo totalmente o controle. Uma delas, onde viajava Iceberg, vai para em uma encosta, que parece um abismo propriamente dito. Os outros se escondem debaixo de montanhas. O interessante é que a tempestade nem ao menos havia começado. Os balões liberavam radiações gama(Y), que prejudicava a visão e tato dos Yesterdays. Mas ninguém ali era um Yesterday. A explicação mais óbvia era o costume da agora raça dominante. Quando se aproximava uma destas tempestades em Müllre, todos se escondiam muito antes de ela começar. Era sempre o mestre Klun que previa estas catástrofes.

Enquanto isso, num desfiladeiro extremamente íngreme, onde antes servia para observação no parque do Caracol, em Canela, agora não passava de um mero cenário carbonífero. Apenas os fumantes do futuro achavam graça naquilo. Alguns deles reuniam-se para ver o pôr-da-fumaça. No fim da antiga escadaria, onde o rio secou séculos atrás, encontrava-se João Júpiter. Ainda paciente, e com a população resmungando fome aos seus pés, esperava que aquelas rochas aos seus pés descessem como havia dito James Saturno. Este havia saído para fazer necessidades do futuro, e desapareceu da vista do imperador dos Yesterdays.

- Maldito!

Ordenou que as tropas seguissem o rastro do Rato, que não devia estar muito longe. Procuraram de cabo a rabo, em tudo quanto podiam desconfiar, mais nada.

- Mas como? Um rato obeso como aqueles sair tão rápido assim, ao menos que nestas paredes tenham alguma passagem secreta.

Após dizer isto, apoiou-se em uma rocha incrustada na parede. Nada aconteceu.

- Eu disse, “ao menos se houver uma passagem secreta aqui!”.

Tornou a fazer o gesto, desta vez em outro lugar. Os habitantes da grande Müllre mal podiam reclamar das loucuras do imperador, pois estavam sem energias para continuar. Passaram-se algumas horas, o imperador já havia dado a volta entorno do morro duas vezes, sem achar nada que o levasse a uma passagem secreta.

- Acho que estas passagens aparecem quando a gente menos espera! – proferiu o prefeito da cidade unitária de Yesterdays do mundo. Dito isto, começou a pular encima do solo onde pisava.

- Eu disse “quando a gente menos espera!” – e continuou a sapatear sobre o solo.

Um dos soldados tomou a liberdade de conduzir o resto para outro lugar.

Mal sabia João Júpiter que era observado.

Enquanto isso, na cidade almejada por todos, estava-se enfrentando uma turbulência nunca antes presenciada. Aqueles homens encapuzados que levaram Billy nunca haviam se mostrado. As autoridades responsáveis pela cidade estão à procura destes, mas eles evaporaram literalmente. Mas sabiam os “Southtowneses” que eles trabalhavam num arranha-céu no centro da cidade. A certeza era evidente pela não permissão de visitação ao prédio. O destino da cidade estava ameaçado.

Enquanto isso (Parte 3), no local onde estavam os habitantes de Müllre, Xaropink’s Xarope solta a boca de James Saturno, que prende para não sussurrar.

- Obrigado, estranha criatura, por me salvar! – disse Saturno.

Xaropink’s ficou emocionado, pois estranha criatura era um elogio tão grandioso como qualquer outro. Como não sabia falar, agradeceu o elogio batendo com a cabeça na parede rochosa. “Mas que imbecil!”, pensou James.

Voltando ao contexto principal, durante a tempestade de balões, um fato inédito aconteceu. Um rinoceronte que se banhava no mar de piche, salvou Iceberg das garras de uma garça (?). Explica-se: Após caírem no abismo, Iceberg caiu por cima da garça, vomitando após, também por cima da garça. Até ai tudo bem, o pior é que Iceberg havia vomitado um pedaço de frango que havia ingerido na casa de Oteromequitá. A garça não admitiu tal insulto e começou a correr atrás de Iceberg, que por fim fora salvo pelo rinoceronte.

No fim das contas, todos voltaram ao normal.

Entretanto, faltavam apenas 3,11 milhas para alcançar a cidade do sul. O que aguardariam a todos os que chegassem até a cidade? O que seria do futuro terrestre? Qual é a derivada da função abaixo?

F (x) = x³ + 4x² + 12x? (Utilize a regra de cadeia).

Capítulo 5 – O fim desta história, ou o começo do presente.

Billy permanecia amordaçado frente aos computadores. Não tinha idéia do que presenciava, sentia falta de seu fiel amigo cachorro. Agora parecia atribulado, não sabia o que fazer a não ser esperar. Certamente ele se livraria desta, as coisas para seu lado sempre davam certo.

Os bandidos possuíam recursos tecnológicos muito avançados. Uma arma letal seria disparada em poucos segundos. Não se sabia para o que serviria, mas aparentava ser um telescópio gigante. O futuro do planeta dependia do encontro entre os povos.

O orangotango alado do inicio da história, o que havia raptado o meio velho aproxima-se de Southtown. Abaixo de seus pés, a pelo menos 500 metros da cidade, caminham dois seres muito estranhos (isto pois o orangotango nunca havia visto seu reflexo no espelho). Era Saturno e Xarope, que haviam pegado um atalho para a casa da vovó (um exemplo); no mesmo ritmo, a pelo menos 1km atrás, estavam as tropas de Müllre, e toda a população, esquecendo apenas de João Júpiter, que continuara ao pé de um monte no parque do Caracol, tentando achar uma passagem secreta. Ainda, a 2,5km, estavam nossos aventureiros, que avistaram os dois grupos a sua frente.

- Eles não podem chegar primeiro! – indagou Menino.

- Eles quem? – disse Iceberg, que estava com uma venda nos olhos.

Popogenic’s teve a brilhante idéia de chamar as garças. Elas estavam por perto, bastava um misero assobio. Eis outro problema: ninguém sabia assobiar, pratica que era tão abolida quanto comer ou beber água.

Num ato fisicamente futuristicamente impossível, Iceberg pôs um dos dedos da testa na boca, provocando um assobio nada suave, que fora ouvido na quinta Avenida de Southtown (zona sul da cidade). E como esperados, lá estavam às garças, resmungando sobre ter de encontrar outra vez Iceberg. Este estava mais atônito do que nunca, pensando em sua “orangotanga” de Oteromequitá. Maisá, o mais sem ações do grupo resolve utilizar uma haste ajato tônico, um dispositivo de impulso. Coisas do futuro...

Em uma cena incrível, em todos na busca pela cidade perdida pisam nela, ao mesmo tempo, uma luz incandescente brilha no espaço e reflete na Terra. Algo chocante. Os bandidos que seqüestraram Billy utilizam sua arma potente, para conter o que parecia um grande cometa, mas em nada interfere. A luz é de uma cor esbranquiçada que causa cegueira temporária a todos. Nunca se havia visto tão incandescente luz naquele planeta em que inexistiam cores vivas. Naquele momento tudo fora interrompido, todos pararam de respirar. Um profundo sentimento de paz atingiu a todos que observavam o fato. Cessavam por alguns segundos os sentimentos de guerras promovidos até então. Todos os seres viventes terrestres em todos os lugares, inclusive João Júpiter, no parque do Caracol, conseguem admirar com detalhes toda a luz, que ilumina cada centímetro antes impossível de perceber. Em resumo, todos que antes viam daquele jeito de Yesterday, agora realmente podiam observar a tudo. Era o que o mestre Klun havia lhos dito: a luz é algo misterioso, que causa grande impacto de paz quando existe, e profunda tristeza quando se desintegra.

Algo estava muito óbvio, mas antes não podiam ver. Aquela luz chegou numa hora exata de iniciação de um conflito sem motivos algum. Porém tão previsto quanto um ciclo. Era o fim. O fim das dúvidas.

Lá no alto, como podiam observar, se representava um espelho, muito grande, que para fins de esclarecimentos específicos, encobria a Terra, formando uma atmosfera espelhada. Todos que fitavam o céu não conseguiam desviar-lo a atenção.

Era exuberante. Ver-se-iam cores, que alguns dos mais antigos habitantes da própria Southtown reconheciam. Eram verdes as árvores, eram azuis os rios, era frutífera a terra, era um sonho real. Não se via ninguém, notando isto, os que olhavam perceberam suas ausências no reflexo. Mas contemplaram sua permanência naquele lugar. Era bom, o oxigênio, temido por muitos, era tragado com maior facilidade e purificava os seres viventes, lhes atribuindo novas cores.

Era fascinante. Água que enxugava os pés da multidão de Müllre traziam ondas de encanto. Todos gostam e todos queriam o local.

Mas uma voz brada do horizonte, e no horizonte se ouvia a mesma voz propagada da mesma direção. Era guiada pela direção dos ventos, trazida com suavidade aos ouvidos danificados dos Yesterdays.

- Vocês não existem.

Um momento de apreensão. Todos se olhavam, antigos inimigos apenas queriam saber de quem era aquela voz, o que queria dizer e, afinal, o que estava acontecendo. Tudo em paz.

Logo voltou aos ouvidos a mesma voz, com o mesmo contexto e a mesma dúvida:

- Vocês não existem.

Um dos mais intrigados resolveu gritar bem alto, assim como outros em diversas camadas do planeta.

- Quem é você? O que quer? O que está acontecendo.

A voz respondeu. No mesmo tom, anunciou:

- Vejam!

Todos olharam para cima. Único lugar para se ter que ver, pois o espelho era misterioso.

Por um minuto se viu muito. Era acontecimentos, fatos verídicos, mortes, assassinatos, violência e tudo o que era bom. Isto os fez lembrar do antigo planeta Carbono.

Mas ainda nada entendiam.

Logo notaram o reflexo igualmente do que estavam se sobrepondo. Mas havia um casal. Tudo era muito rápido. O casal se multiplicou, logo vieram cidades, estados, nações e guerras. Mas ainda não se tinha o motivo para tanta violência.

Tão logo, a cena do mesmo planeta benéfico voltou.

O povo espectador estava mais perdido em pensamento.

As cenas continuam. O mesmo casal está recebendo ordens. Mas em uma desrespeitam, e são banidos daquele lugar, indo morar em um muito abaixo em. Fora criado o trabalho e as necessidades. Logo se criou o assassinato, por desobediência as ordens. Logo, novamente um outro desvio das leis, ouve uma incrível queda de meteoros e uma interminável chuva. Mesmo sendo castigados, este povo que tinha privilégios no começo continuou a desobedecer às ordens. Homens eram levantados para que eles cressem naquele que impunha as ordens. Abriram mares, derrotaram gigantes, derrotaram milhares de homens com um só golpe, enfrentaram leões e não eram feridos. O próprio filho deste que impunha as ordens fora mandado para alertá-los que a desobediência era perigosa. Poucos lhe deram ouvidos e o mataram. Após, com ajuda de seu pai, ressuscitou, cumprindo assim a última chance destes moradores da face da Terra. Agora dependiam de si próprios para morarem em um lugar melhor. Passam-se os anos e a Terra começou a piorar. Fome, destruição, catástrofes. Muitos não sabem explicar o porquê disso tudo, embora alguns ainda se lembrem das palavras do Filho do Homem. E o fim parece próximo.

Aquela luz retorna e voz também.

- Vocês não existem.

Nosso amigo Menino, muito intrigado, pergunta em um tom ao qual toda a Terra ouve:

- Quem é você?

A voz responde em pouco tempo de espera.

- Sou o narrador desta história.

Todos começam a se perguntar: Mas o que significa isto? De que história ele está falando? Menino, um pouco mais ávido que os demais, têm a impressão que sabe quem é.

- Ah, então você é Paulo Matheus?!

- Sim, sou eu mesmo.

Todos ficam perplexos ante a declaração da voz. Trata-se do autor desta história. Mas o que será que queria logo agora no final?

- Apenas quero lhes dizer que são obra de pura ficção. Não existem na realidade.

- Mas o que é a realidade? – perguntou Popogenic’s.

- Lembram-se do que viram nos reflexos? Aquilo é a realidade, mas ainda está inacabada.

Nossos amigos ficam horrorizados. Primeiro, por descobrirem pelo próprio autor do livro que não existem. “Ele estragou o tria!”. Mas ainda assim, Menino queria uma explicação convincente do que era então a realidade, qual era a diferença entre o mundo real e o planeta Carbono.

- Respondendo a sua questão – já que fui eu mesmo que escrevi seu pensamento -, a realidade nada mais é que o tempo. O tempo explica por que temos que morrer, ao invés de viver. Tudo tem seu tempo. Afinal, a Terra superlotaria se não houvesse a morte dos mais velhos...

- Na minha realidade – continuou o narrador -, o tempo está acabando. Mas este tempo é diferente. É o chamado “Fim dos Tempos”, quando o Filho do Homem virá buscar aqueles que acreditam em seu retorno. Tudo indica que ele irá voltar. Quando as condições de vida forem mínimas e as guerras, de uma forma mais destruidora, começarem.

Todos, ainda absortos, queriam mais explicações sobre este tal “narrador”, e por que tudo aquilo havia acontecido. Menino começava a assimilar alguns fatos. Agora imaginem como estava a cabecinha de vento de Iceberg. Pelo visto tentava acordar a cada minuto deste sonho interminável. Ao contrário do que todos pensavam e até mesmo Eu, o narrador desta história, ele sabia demais.

- Agora eu entendi – disse ele, para o descrédito de todos os presentes (inclusive a quem ele nem conhecia).

- Entendeu o que? A piada de ontem? – resmungou Menino.

- Eu conheço esta história desde quando eu nasci. Falava sobre um mundo em que nunca um ser humano, tão pouco um yesterday poderia imaginar. Um mundo inimaginavelmente bom. Só que ninguém acreditava nesta história. Há muito tempo, talvez séculos atrás, este Filho do Homem veio buscar o que nele criam, e deixou muitos aqui neste lugar.

- Genial! – disse o Narrador.

Todos admiravam as palavras proferidas por um João Ninguém. Alguém que não acreditava que todos lhe dessem crédito, mas na última hora não negou as palavras que o Narrador desta história acabara de dizer. Menino era o mais perplexo. “Como um molóide haveria de saber tudo isto?”.

- Este é o fim!

- Mas como? – interrompeu Menino, querendo saber como este tal “Narrador” acabava a história assim, sem mais nem menos. E como nós ficamos?

O narrador pensou um pouco. “Como deveria esta história acabar, semelhante ou diferente da história verdadeira?”.

- Sabe, ainda estou pensando, se fosse à realidade, o tempo que o meu Criador quisesse acabar a história, ele acabaria. Ele tem o direito de fazer isto. Pois tudo tem seu tempo. Mas nesta história, vou dar-lhes uma segunda chance...

- Mas que tipo de chance? – perguntou Menino.

Num movimento repentino, abriram-se dois caminhos. Um nefasto, muito pior que a escuridão do planeta Carbono. Era mais escuro e expelia fogo e enxofre. O outro, podia-se sentir um ar bom, ar de quero mais, ar de eternamente. Era bom, um sentimento nunca antes sentido pelos yesterdays. Existia uma diferença extremamente alta entre os dois caminhos.

Entretanto, o que decidiria por onde seguiriam seria o intelecto de cada um.

Todos se olharam. Voltar para onde estávamos ou melhorar?

Num movimento bastante impensado, todos se voltaram para um dos caminhos, e apenas Iceberg fora para o outro lado.

Menino percebendo, logo indagou:

- O que está fazendo, seu maluco! Todos estão indo para esse lado e você teima em ir para outro. Onde você está com a cabeça?

- Apenas confie em mim, apenas nesse momento.

Menino não sabia responder, estava pasmo ante a decisão do amigo. Sentiu pena dele, porém lembrara que o narrador concordou com sua conclusão.

- Por que não arriscar! – indagou o Menino.

Eles embarcaram no caminho mais estreito, aquele que dificilmente se conseguiria passar. Mas no fim das contas, Menino gostou da decisão. Voltou para o lugar onde aquele casal estava e viu que era bom. Não quis saber do destino dos outros personagens, nem do que o narrador lhes quis fazer (garanto que não foi algo bom!). Agora era dali bom para sempre.

Enquanto isso, o Narrador é questionado sobre o final de sua história:

- Não entendi o final? – pergunta um ser imaginário.

- Mas o que tu não entendeste?

- Você começa satírico e acaba desse jeito...

- Pelo contrário: sabe o que é mais engraçado neste final? Ele existe de fato!

Acabado a história fictícia, apenas o tempo dirá se isto tudo (apenas o final) está certo. Por enquanto, durante o tempo de vivência, espera-se passar os bons tempos de hoje. Outrora. Ou agora.

FIM