A 6ª extinção
Aquela era uma base militar secreta, situada numa das regiões mais geladas e inóspitas da Terra. Conhecida apenas por uma pequena elite de líderes políticos e científicos, era o maior centro de desenvolvimento de armas biológicas do mundo.
Com movimentos calmos e precisos, o homem pegou o tubo transparente e começou a observar o seu conteúdo. Era a arma de destruição em massa mais devastadora já criada. Uma bactéria capaz de consumir todos os tipos de tecido vivo, de microorganismos aos seres humanos, que se multiplicava num ritmo tão acelerado que nada poderia deter, uma vez que fosse liberada num ambiente externo aos laboratórios. Os primeiros testes em cobaias tinham sido impressionantes. Simulações em computador indicavam que todas as formas de vida do planeta seriam consumidas 37000 horas após a disseminação.
O homem sorriu. Seu grande sonho estava a apenas alguns minutos de se realizar. Era uma das maiores autoridades mundiais em biotecnologia, ganhador de vários prêmios científicos. Muitos o consideravam um benfeitor da humanidade pelo trabalho realizado ao longo de décadas de uma carreira de sucesso. Mas por trás do homem público, amado e admirado por todos, ocultava-se uma mente demoníaca, cheia de ódio pelo mundo e por seu sistema de vida, um sentimento cuja origem ele mesmo não conseguiria explicar. E o que ele não sabia é que era apenas um instrumento nas mãos de outro ser ainda mais maligno - uma inteligência incorpórea, imperceptível aos sentidos dos homens, cuja natureza seria muito difícil de traduzir em termos humanos, mas que só poderia ser descrito como um demônio da escuridão.
O movimento no interior do edifício, oculto aos olhos do mundo naquele lugar remoto, era intenso. Um grande número de técnicos e agentes de segurança trabalhava ali durante as 24 horas do dia, desenvolvendo elementos que fariam estremecer os indivíduos que tomassem conhecimento daqueles fatos, caso eles fossem divulgados pela imprensa. Tudo que ocorria ali era gravado, registrado e controlado minuciosamente, para que todos os detalhes permanecessem sempre dentro das normas rígidas estabelecidas pelos dirigentes daquela operação.
Algo inesperado, mesmo inconcebível, ocorreu, no entanto. A partir de um certo momento, nas mentes de todos um estranho zumbido começou a ecoar. Um tipo de hipnose profunda, de cujo domínio seria impossível se libertar. Era uma projeção de pensamentos, um comando mental da entidade maligna, invisível aos olhos de todos. De repente todos os indivíduos deixaram de comandar a própria vontade e passaram a ser escravos do ser medonho.
No interior do laboratório principal, o homem, chefe daquele projeto, exultava de júbilo, pois finalmente estava pondo em prática o plano que tinha ocupado seus pensamentos durante vários anos. Com todos os esquemas de segurança desativados, seria fácil executar o que tinha planejado nos mínimos detalhes com o auxílio da inteligência invisível que o dominava.
Com a alma repleta do mais completo êxtase, ativou um dispositivo que liberava na atmosfera o microorganismo letal, selando de uma vez por todas o destino de todos os seres do planeta. Lá fora, bilhões de pessoas jamais poderiam imaginar o que estava para acontecer. Era o início do fim.
Numa região escura, muito abaixo da superfície, o ser imaterial se deslocava rapidamente pelas sombras. Ao chegar ao seu destino, adentrou uma construção semelhante a uma fortaleza, sendo saudado por outros seres, que semelhantes a soldados, vigiavam o recinto. Uma voz forte mandou então que se aproximasse. Apresentando-se respeitosamente diante de seu líder disse:
- Mestre, tudo aconteceu de acordo com o planejado. A partir de agora, o mundo se converterá no vale da morte, executando a nossa vingança.
O ser que comandava aquela dimensão sorriu satisfeito, dizendo:
- Parabéns, servo. Cumpriste bem a tua missão. Agora a Terra nos pertence.