A Viagem (Episódio IV)!
(Recomendo a leitura dos números anteriores, pois são os contos que antecedem a este!)
(...)
O tempo passava e cada dia mais eu ficava agoniada, minha ansiedade me consumia, minha paciência estava por um fio, mas ao mesmo tempo alguma coisa me dizia que logo mais isso acabaria, eu sentia isso, eu acreditava nisso, e eu precisava mesmo, pois caso contrário, certamente iria enlouquecer. De garota franzina, miúda e frágil, passei a me sentir mais forte, mais preparada, ganhei peso, desenvolvi mais consciência da minha capacidade, refletia o tempo todo sobre a razão de estar ali naquela redoma, naquela cápsula e percebi que se fosse um teste mesmo, eu teria que passar, e iria passar, então tomei coragem e comecei a procurar brechas, alguma forma de poder sair dali, andava de um lado para o outro, explorava cada canto, cada espaço, passei a ficar mais agitada, “chega de ficar dormindo, de ficar acomodada, chega...”, eu pensava, então alguma coisa aconteceu, comecei a sentir pequenos tremores e cada vez mais eles ficavam constantes e mais fortes, era como se o lugar estivesse reagindo também, pois todas às vezes que eu agia como louca, chutando e batendo, percebia que a resposta era imediata.
Até que um dia, vozes estranhas as que eu estava acostumada a ouvir começaram a se propagar no ambiente, como sempre não conseguia entender o que diziam, mas pelo tom empregado, não sei, não parecia nada bom; pelo menos pra eles; pois para mim, o que poderia ser pior? Afinal, depois de tanto tempo aqui presa, qualquer lugar seria melhor, qualquer lugar seria novidade, qualquer lugar seria simplesmente um “lugar”.
(...)
(Continua)
http://www.facebook.com/rascunhosescondidos