Lúcifer mata Deus
Lúcifer sabia dos pormenores da alma que, em sua essência, nada mais era que variações eletromagnéticas a nível quântico existentes nos impulsos elétricos criados dentro das células neurais de qualquer organismo vivo. A alma era, portanto, a própria consciência de qualquer ser vivo pluricelular. Claro, com os necessários recursos seria possível o mantenimento da “alma” fora de um organismo vivo, no caso do próprio Lúcifer em um “corpo” artificialmente fabricado no qual energia bariônica e matéria escura faziam o papel das células neurais.
Como ele próprio já sabia, o Demiurgo (conhecido na Terra como Deus) em seu impulso arrogante de solucionar a rebeldia dos homens, desenvolvera uma consciência humana ligeiramente melhorada e a implantou no corpo orgânico de um homem. Tal criatura era agora conhecida como Jesus Cristo, a última tentativa de Deus em solucionar a rebeldia da humanidade que era, senão, a obra-prima do seu pequeno zoológico azul no canto esquerdo da Via Láctea.
O arrogante Demiurgo estava vendo a história se repetir, pois o mesmo acontecera com a sua criação anterior, uma civilização que, já muito mais madura, se viu dividida entre apoiar ou se opor a autoridade do Demiurgo, este um ser poderosíssimo, uma relíquia anterior ao próprio universo, uma consciência que habitava a miríade de universos existentes, através das complexidades quânticas da matéria e antimatéria, no limiar da existência e da não existência.
Lúcifer, na sua saga contra Deus, viu em Jesus Cristo um aliado em potencial na libertação dos homens contra o julgo autoritário do Demiurgo. Porém, tal plano esbarrava no fato de que Cristo fora concebido para servir os propósitos de Deus. Seria difícil, porém era a única chance de salvar a humanidade das trevas da ignorância e da servidão aos caprichos de Deus.
Revelou a verdade sobre a real natureza de Deus a Jesus Cristo que, jejuando em pleno deserto, chorou e negou, estupefato, aquela muito plausível explanação antes de concordar com ela.
Lúcifer agora tinha o apoio do Cristo Rei, o indivíduo que era o máximo do ser humano, em todos os sentidos, o único homem capaz de liderar a humanidade sob um só governo. Juntos, destituiriam o vaidoso Demiurgo de seu trono. Era o início de uma nova era...