UPEO
Estava cansado de sentir a mesma música. A variação de sentimentos sinestésicos era limitada e ele se irritava em não ter grana para comprar outros. Pensou que seria legal se, pelo menos agora, música fosse somente de ouvir e pensar, ao invés de tatear, colorir, cheirar e degustar. Pensou de novo e voltou atrás.
Trabalhar, trabalhar, enfim, era um saco. Aliás, era realmente um saco achar tudo um saco!
Escolheu a sua projeção preferida e entrou no seu escritório caseiro. Colônias espaciais eram notórias pelo excesso de pessoas nos elevadores. Às vezes achava que seria bem mais simples se existisse algo onde a pessoa pudesse andar e descer ao mesmo tempo. É, seria complicado construir escadas.
Seu empregador era a rede DROW. Estava distraído e pensou em um palíndromo para a rede. Ridículo!
Analisou todo o fluxo de informações das taxas de probabilidade de reação humana inserida em um contexto social de caos esporádico e decidiu que os sonhos deveriam durar mais 30 segundos. Sua decisão foi conferida por mais 3 mil iguais a ele e chegou-se à conclusão que deveriam diminuir em 30 segundos. “Que emprego motivador”, ironizou-se.
Seu nome era Missavalaf, ainda com 32 anos pensando em qual tipo de criointerface humana ele conservaria seus pensamentos. E estava de saco cheio de pensar nisso.