753-O EXILADO DE KAPLAN-cap. 6-Vórtice Trans-espacial

Relação dos contos desta série –

1º. Cap. – # 747 – Viajantes do Universo-

2º. Cap. – # 889 – As Pirâmides de Zagan

3º. Cap. - # 890. –A civilização de Al-tlan

4º. Cap. - # 751 – Zênia e o Infiniedro

5º. Cap. - # 891 – Desistindo do Amor

6º. Cap. - # 753 – Vórtice Trans-espacial

7º. Cap. - # 892 – A Civilização de Sah-har

8º. Cap. - # 760 – Outras Terras, outros Povos

9º. Cap. - # 894 – A Grande Catástrofe.

O EXILADO DE KAPLAN

CAP. 6- vórtice trans-espacial

Antes de prosseguir, devo explicar porque fiquei definitivamente exilado na Terra, após a partida da nave de volta a Kaplan.

A nave partiu, viajando através dos vórtices de energia e jamais voltará à Terra. As estações transmissoras de sinais instaladas nas pirâmides estão programadas para se autodestruírem quando não forem mais necessárias, e não deixarão quaisquer evidências de nossa presença aqui. Ninguém nem qualquer notícia de Kaplan chegará até a Terra.

As viagens interplanetárias empreendidas pelas nossas naves usam dos recursos proporcionados pelos vórtices trans-espaciais, uma tecnologia não encontrada em nenhuma outra parte do universo — pelo menos do universo até o momento explorado pelos kaplanianos. Portanto, quando afirmo que fiquei definitivamente e4xilado na Terra, isto é literalmente, pois a civilização da Terra jamais adquirirá o conhecimento necessário para usar os vórtices.

Esses vórtices de energia existem aos milhares no universo.

Ao deixar se guiar pela energia incomensurável de um vórtice, a nave é levada para o fundo do poderoso redemoinho espacial, e aflora em outro local do universo, distante milhões e milhões de anos-luz do ponto onde entrou no vórtice.

A tecnologia avançada e cálculos precisos dos cientistas-exploradores kaplanianos permitem usar um vórtice como passagem de um ponto a outro do universo em questão de segundos, por mais remoto que estiver.

As naves devem ser blindadas eletronicamente para suportarem a tremenda pressão e a velocidade incrível — muitas vezes superior à velocidade da luz — a fim de saírem ilesas da viagem instantânea ao outro lado do mundo.

Num futuro muito distante deste momento em que escrevo, os cientistas da Terra conhecerão esses vórtices, e os batizarão de buracos negros, mas ficarão tão impressionados com a energia desses fenômenos, que jamais pensaram em viajar através deles. Afirmarão que os vórtices, ou melhor, os buracos negros engolem toda a energia que circula por sua periferia, Assim, será comparado como algo parecido com o fim do mundo.

6A - Registros e gravações pela escrita.

Alguns povos deste astro têm maneiras rudimentares de escrita. Outros são tão atrasados que não sabem manter registros de fatos relacionados com suas comunidades.

Nossa civilização não mantém mais registros gráficos em suportes físicos, ou seja, tudo o que desejamos registrar o fazemos por meios eletrônicos, que estão arquivados nos Registros Universais, de amplo acesso a todos os habitantes. Ao ter optado por viver neste astro, fui banido de Kaplan e não tenho mais acesso aos Registros Universais. Mas os tenho em meu aparelho de pulso, com informações suficientes para viver por aqui. Informações essas que poderei transmitir aos povos daqui, o que farei com critério, a fim de não colocar em perigo o desenvolvimento ou relações entre os diversos povos.

Tendo me exilado aqui, não me é dado acessar os Registros Universais. Portanto, não posso me comunicar com os meus irmãos nem com entidades de Kaplan, o corpo celeste onde fui criado. Assim sendo, o Infiniedro, embora continue com todas as suas possibilidades (tele-transporte e viagens no tempo), não é um dispositivo para deixar minhas impressões, já que somente eu, aqui neste planeta, poderei consultá-lo.

Trago comigo, em meu pulso, um micro aparelho com inúmeros dispositivos (ou aplicativos), entre os quais a gravação de imagens e sons. De capacidade quase infinita para armazenar dados, é um aparelho de tecnologia muito além das civilizações quase bárbaras deste mundo atual em que me exilei. Portanto, de uso impossível para qualquer habitante local.

Aliando o meu conhecimento da ciência de Kaplan às possibilidades do Infiniedro, posso viajar por todo o planeta, e disseminar os conhecimentos da cultura de minha raça em prol dos povos da Terra, como foi feito nas ilhas de Atlan, onde , graças à técnica de nossa civilização, ajudamos na solução dos problemas daquela gente.

Entretanto, as civilizações mais desenvolvidas – o reino de Zagan e os Atlans ainda estão na era dos registros escritos, que fazem usando diversos materiais. Em Zagan, telas feitas dos talos de uma planta chamada papiro. São frágeis e devem ser manuseadas com cuidado. E os Atlans registram seus feitos em finíssimas lâminas de um metal dourado, chamado aqui de ouro.

Como essas duas civilizações usam línguas diferentes. Os registros também o são, e o entendimento entre elas depende de uma classe de pessoas que sabem as duas línguas, para se comunicarem.

A escrita e a interpretação (ou tradução) são consideradas uma mágica, e tanto em Zagan como em Atlan, os responsáveis pelos registros e sua guarda e os tradutores são considerados um tipo de gente santa, ou sacerdotes, intocáveis e com privilégios acima do povo em geral.

De qualquer forma, posso prever, através do Infinedro, que nenhum desses registros chegarão ao futuro, pois ambos os reinos desaparecerão de forma catastrófica e com eles todos os seus registros.

ANTONIO ROQUE GOBBO

Belo Horizonte, 17.10.2012

Conto # 753 da Série 1.000 HISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 10/04/2015
Código do texto: T5202022
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