751-O EXILADO DE KAPLAN - 4A. PARTE-Zenia e o Infiniedro

Relação dos contos desta série –

1º. Cap. – # 747 – Viajantes do Universo

2º. Cap. – # 889 – As Pirâmides de Zagan

3º. Cap. - # 890. –A civilização de Al-tlan

4º. Cap. - # 751 – Zênia e o Infiniedro

5º. Cap. - # 891 – Desistindo do Amor

6º. Cap. - # 753 – Vórtice Trans-espacial

7º. Cap. - # 892 – A Civilização de Sah-har

8º. Cap. - # 760 – Outras Terras, outros Povos

9º. Cap. - # 894 – A Grande Catástrofe.

PARTE 4-Zenia e o Infiniedro

Quando saímos de da cidade de Zingan, e fomos para Atlan, eu já conhecia Zenia, a linda filha do rei. Era uma jovem lindíssima e inteligente e com o pretexto de ensinar-lhe o funcionamento do meu Infiniedro, encontramo-nos muitas vezes.

Ela me chamava de Zung, que pronunciava de uma maneira melodiosa, agradável de ouvir. Era a primeira vez que um terrestre me dava um nome. Não tínhamos nome aqui na Terra, individualmente. Éramos os Go-ed-altan, que na linguagem de Zingan, significava seres que vieram do espaço.

À nossa tripulação de mais quinhentos go-ed-altans era vedado transmitir partes de nosso conhecimento, de nossa ciência: aquele conhecimento ou aquela ciência que poderiam ser desenvolvidas para finalidades não pacíficas ou destruidoras. Contudo, o funcionamento de um simples codificador/decodificador de informações não era proibido, pois jamais em tempo algum nenhum conhecimento que não o nosso, de Kplan, poderia copiar ou duplicar. Não havia, aqui na Terra, (nem haverá, posso afirmar) a mínima possibilidade de os terrestres duplicarem o Infiniedro.

Pois então, Zenia aprendia rápido e fiquei admirado com sua inteligência. Fizemos um tipo de amizade, mas ela logo se afeiçoou a mim, e eu aprendi a gostar dela.

Devo explicar o Infiniedro. É um pequeno aparelho que qualquer ser de nossa civilização pode possuir. Constitui-se de uma peça com cavidades apropriadas para a introdução de pinos eletrônicos. Não existe um numero fixo de cavidades, que vão aparecendo nas faces do aparelho, à medida que vamos necessitando colocar mais informações. Tem múltiplas utilidades. Receber e transmitir informações são as funções mais simples. Exibe numa pequena tela ou projeta no espaço, em várias dimensões o que está acontecendo em qualquer parte do Universo, no momento presente, no passado e no futuro. Funciona como tele-transportador do usuário e como máquina de viajar no tempo. Tudo através do manuseio adequado dos pinos nas suas casas.

Quando constatamos que as sessões para o aprendizado de funcionamento o infiniedro evoluíram para encontros em que falávamos de nossos sentimentos, deveríamos ter parado. Contudo, continuamos.

Tinha por ela uma grande admiração, pela sua maneira quase etérea de caminhar, sua voz suave e modulada, sua inteligência, a rapidez com que absorvia novas ideias e aprendia tudo o que lhe fosse ensinado. Era uma amizade que logo se transformou, por parte dela, como ela me confessou, em avassaladora paixão.

Erramos, eu mais do que ela. Afinal, nem consultando as imagens do Infiniedro, pode-se alterar o futuro.

Descobrindo o nosso relacionamento, o Comandante me advertiu.

— Você conhece todo o regulamento. Esse contato com a terrestre, como você está mantendo, é totalmente irregular.

Não respondi nem o desafiei. Entretanto, os nossos encontros continuaram a acontecer.

Nossa separação — quando fui para Atlan — foi um teste para nosso relacionamento. Confesso que não consegui esquecê-la e sempre que possível abria o meu Infiniedro para admirar seu retrato, ou, quando possível, projetar sua imagem dimensional.

Pedi para voltar para as Três Pirâmides. Fui atendido. Mal sabia eu que o pai de Zonial a havia proibido de se encontrar comigo. Zingan fora alertado pelo meu comandante sobre a impossibilidade de nosso relacionamento e recolheu a filha em seus aposentos, guardada dia e noite pela guarda real. Ela ficou praticamente prisioneira no grande palácio do pai.

E eu a observava, através de meu aparelho que acessava qualquer lugar. Gostava dela e sabia, por suas conversas com as amigas, que ela continuava apaixonada por mim.

Por uma rápida incursão no futuro, usando o Infiniedro, vi que o rei liberaria a filha da reclusão assim que nossa nave deixasse o reino de Zingan e regressasse a Kaplan.

Nossa missão chegou ao final naquela ocasião. A data foi marcada para partida. Mas não me apresentei para a viagem de volta ao meu astro de origem. Fazendo uso do Infiniedro, teletransportei-me para uma região remota de Atlan, o que não impediu de receber, sempre pelo aparelho, a convocação final:

—Sairemos em ... (a data é irrelevante, pois se referia ao nosso calendário, incompreensível para os terrenos). Se você não estiver aqui, ficará no planeta Terra.

Eu bem sabia que, se permanecesse aqui jamais poderá voltar para meu astro de origem. Mas fiquei, aguardando o dia que o rei liberaria Zenia de sua cativeiro.

Claro que o comandante tinha conhecimento de onde eu estava. Contudo, não se deu ao trabalho de mandar me procurar. Assim, as naves partiram e fiquei na Terra. Não consta nos registros de nossa civilização fato igual: um membro da expedição se exilar em outro planeta.

ANTONIO ROQUE GOBBO

Belo Horizonte, 6 de outubro de 2012

Conto # 751 da Série 1.OOO HISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 08/04/2015
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