MAD MAX - parte 3 - versão de fã
Paulo Sergio Larios
1- Syfi encontra Max
O soldado estava muito bravo, seu olhar não queria cruzar com o do rei, a sua mão estava sobre o punho da espada, pronto a desembainha-la a qualquer instante. A sala do trono estava cheia de pessoas, algumas nem prestavam muito atenção ao que estava acontecendo. Ao lado do rei o principe olhava fixo para o soldado à sua frente, pronto a defender o rei, o seu pai, se o moço resolvesse dar trabalho.
Ai entrou a menina correndo e rindo, com a familiaridade de estar em família e na sua casa. Linda e infantil, Syfi estava com dezesseis anos quando viu Max pela primeira vez. Ela veio correndo, pois estva esbaforida, com as brincadeiras das amigas da mesma idade. Quando seus olhos cruzaram com o de Max ela parou sobressaltada, bruscamente. A menina perdeu algo naquele minuto, ao mesmo tempo em que ganhava outro algo. Uma menina inocente, infantil entrou naquela sala e uma mulher saiu dali. Syfi apaixonou-se imediatamente por aquele soldado que a olhava com a vista baixa, porém muito sério e seguro. Ela nunca tinha pensado algo nem parecido, mas ela entendeu que podia ler a alma de Max; ela o compreendia e via nele uma dor, uma angustia, ao mesmo tempo em que conseguia ver debaixo da casca grossa uma meiguice, um homem carinhoso e calmo.
Seguindo a orientação do Profeta, que acabara virando seu amigo e confidente, com o passar dos anos, Max seguiu, do primeiro encontro, no deserto, diretamente para a corrompida cidade de Eleannor. Esperando um sinal que o levasse ao homem que matou a sua família, o tempo passou e Max acabou arrumando o trabalho de soldado. O destaque apareceu naturalmente e o soldado foi subindo de posto, até que poucos anos depois ele já era general. O general Max recebia ordens diretamente do rei, que era o único a quem se reportava. O rei tinha fois filhos homens, o mais velho era Dainan, o outro se chamava Tennille; Syfi, era a única mulher e a caçula também. Cada um era de uma esposa diferente. O rei gostava dos três filhos, não de forma igual, e sabia que existia entre eles uma rivalidade a respeito de quem seria o sucessor do trono.
O general Max, Mad Max, o louco Max, com o chamavam o povo, estava à frente do rei, muito bravo, irado, pois o rei dava-lhe uma ordem ao qual Max resistia: invadir um reino vizinho. Max era muito inteligente e dera razões sábias para não fazer isso. O rei já era mal visto pelo povo, por atitudes ruins, como aumento de impostos ao bel prazer. Desde que Max fora acumulando cargos, de alguma maneira acabava ajudando o povo, não que essa fosse a sua meta, mas a questão era que o rei agia tão mau com seus suditos que só um pouquinho de ajuda já era muita ajuda. O governo de Trilus III era muito ruim, mas desde que Max aparecera um dia na cidade as coisas mudaram. Muitos gostariam que Max comandasse uma revolta para tomar o trono. Era melhor ter Max do seu lado do que como inimigo. Max não tinha pontos fracos, não até ali, onde ele podia perceber. Havia uma mulher viuva e sua filha, que ele simpatizava, mas o rei não sabia até onde Max poderia ir por causa delas. Do reino inteiro, Max era a única pessoa, além do Profeta, que o rei não tionha alguma espécie de influência; esses dois eram movidos por outros canais, que não o reinado.
Quando Syfi entrou na sala, o rei notou um certo interesse da parte do general Max. Syfi, claramente era uma mulher agora, mas até o momento, o rei via a filha apenas como uma menininha, o que não era mais. O interesse de Max e Syfi, repentino e que o pegou de surpresa, fora uma novidade para eles também. Quantos anos tinha Max, uns vinte e poucos? Provavelmente. Como - pensava o rei -, poderia usar o interesse dos dois a seu favor? Nunca antes Syfi causara maior interesse no rei, do que apenas o amor de um pai para o seu bebezinho.
Tennille, o segundo filho do rei, era meio irmão de Syfi. Filhos de mães diferentes, criados em ambientes diferentes, Tennille amava Syfi secretamente. Quando percebeu no olhar da sua irmã, o olhar apaixonado para o soldado à sua frente, Tennille passou a odiar dai em diante Max, que passou a ver como um rival. Tennille via-se no futuro como rei de Eleannor. Se o rei seu pai, fosse um empecilho para o seu futuro, teria que ser “afastado”. Dainan, o irmão mais velho de Tennille, e o sucessor na linha direta do reinado, não gostava dele, pois compreendia a sua ganância. Dainan tinha sonhos matando o irmão, ora afogado, ora apertando o seu pescoço até a morte. O futuro de Tennille era brilhante, imaginava ele, que via-se como rei de Eleannor, casado com Syfi que o idolatrava. Max, conseguira de repente a sua inimizade perpétua, ao olhar para Syfi. O principe Tennille era dois anos somente mais velho do que Syfi, mas com dezoito anos já tinha seguidores fiéis, que viam-se em sua ambição, ao lado do futuro rei. Seus seguidores não acreditavam que ele fosse um bom rei, mas não era bom rei que procuravam, mas a posição de poder e a prosperidade financeira que poderia advir dessa parceria. Tennille exigiria que hoje mesmo, Max deixasse de existir.
Quando a menina entrara correndo na sala, com seu vestido esvoaçante, seu sorrisso tão lindo, num rosto puro de uma jovem donzela, era quase impossível não olhar para ela e para a sua extrema beleza, que vinha junto com uma alegria tão grande. A menininha com corpo de mulher, que parou exatamente no meio do rei e dele, interrompeu o protocolo, com a familiaridade de filha do rei. Max sabia que o rei tinha uma filha bonita, mas foi pego de surpresa ao vê-la pela primeira vez. Um sentimento que ele identificou como paixão, inundou o seu ser, que da raiva que até a raiva que sentia pelo rei, de repente se desvaneceu. Era inutil brigar com o rei, o que Max faria era não fazer nada. Max não iria invadir o reino vizinho, pelo menos não sem motivos. Sem perceber o soldado baixou a guarda desde que a vira. A mão direita que estava próxima à sua arma e a mão esquerda que estava sobre a espada, cruzaram-se atrás de si, nas suas costas. Ele sabia o nome da menina: Syfi, mas nunca a tinha visto antes e notou, que uma flor desabrochou perante os seus olhos. A menininha que entrou pulando e saltitando, de repente transformava-se numa mulher e olhava-o como alguém onde ele poderia fazer uma nova vida, mas longe dali. Max estava cansado de guerras e pensamentos de vingança. Entretanto quando percebeu-se pensando assim, ele não gostou do seu pensamento, pois, por um instante em vários anos esqueceu-se de sua esposa e de seu filho mortos traiçoeiramente. Max tentou evitar olhar para a menina à sua frente, mas Syfi parecia atrai-lo; e ele a ela. Max viu uma mulher à sua frente, não apenas uma menininha. Ele tentou pensar na guerra, talvez em invadir o inimigo que estava quieto em seu lugar, no homem misterioso, que nunca vira, mas o seu olhar procurava o olhar de Syfi. Com apenas um metro e sessenta, baixinha, pele branca e o s cabelos muito negros e lisos, seu olhar era de uma menina esperta. O olhar de uma princesa – pensou.
Outros casos precisavam serem vistos pelo rei e Max saiu, dando as costas para o trono e para a menina. Seus passos eram relutantes, a sua vontade era de voltar lá e perguntar quem era ela, como era ela, do que gostava? A vontade era de pega-la nos braços e beijar a sua boca. Max saiu de encontro ao Sol e ao ar fresco, respirando muito pesadamente. Por um instante ele pensou em ir embora, largar tudo aquilo e deixar os mortos para trás. Ele nunca encontrara o homem misterioso, talvez o Profeta o estivesse enganando afinal. Ele não queria, ele não podia, se apaixonar por mulher nenhuma, muito menos a filha do rei, por mais que quisesse. Por um instante ele pensou em pegar o seu cavalo e seguir em direção ao vento; talvez até sair da zona proibida, com seus mistérios e problemas.
Naquela noite uma menina não dormiu no castelo. Revirando-se na cama, Syfi sentiu-se doente. Algo fazia muita falta a ela a ponto de sentir uma extrema dor fisica. Será que isso era amor? É lógico, ela já tivera alguns namoradinhos, mas era uma moça recatada e muito nova. Syfi nunca sentira por ninguém o que sentiu por aquele moço que depois soube, sem perguntar, que era o soldado general Max. Durante uma grande parte da noite Syfi chorou, sem saber o motivo aparente. A dor, a falta que sentia de ver o moço era tanta, que pensou que fosse enlouquecer. Nunca sentira a paixão, e essa quando veio, veio como um furacão, que entrou arrasando o seu coração. Durante a noite toda, que viu passar perante os seus olhos, minuto a minuto, ela não sabia o que fazer, mas sabia que tinha que tomar alguma atitude dali pra frente. Os sentimentos da princesa eram puros, ela o amava, ela sabia que o amava, mas sentia no fundo do seu coração que não seria correspondida. O barulho de um foguete saindo em direção ao espaço, ecoou ao longe. E se ela saísse do planeta e fosse pra outro lugar, será que sua vida voltaria a ser inocente como antes, ou será que o que acontecera era irreversível?
Sem poder dormir, um soldado do outro lado da cidade, estava no estábulo, cuidando do cavalo, afiando a espada e repassando pela décima vez, se o rifle e a arma estavam em bom estado. Quase três horas da manhã, não aguentando mais, ele selou o cavalo e dirigiu-se por uma cidade vazia, onde todos dormiam, fora um soldado ou outro que o reconhecendo o saldava, para a janela do castelo, onde imaginava que poderia avistar a moça, recriminando-se por dentro. Ele não esperava ver ninguém, desejoso de ver, mas ainda assim causou-lhe surpresa ver uma menina, cuja silueta contra a lua, deixava perceber que chorava triste. Do auto da sacada do castelo a menina percebeu que alguém a olhava e virou-se em direção ao que o sexto sentido lhe dizia e com as lágrimas ainda caindo no rosto, como pérolas, viu os olhos do soldado que estava a alguns metros perto de si, sentado num cavalo marrom, imponente, como alguém acostumado a mandar, um lider, olhandop para ela. Por um instante ficaram se olhando quietos. O mundo parecia ter acabado. Nenhum dos dois pensava em mais nada. Bastava se olharem. Falar quebraria a magia.
Não dava pra saber quanto tempo ficaram assim. O momento só foi quebrado quando uma flecha cruzou o ar, em direção ao peito de Max, entrando em seu ombro esquerdo, vazando do outro lado. Max fora pego de surpresa e caiu do cavalo que assustando-se empinou, jogando-o na terra batida. Syfi deu um grito, ao perceber que homens armados com espadas corriam silenciosos em direção ao soldado ferido no chão. Aencabeçar o ataque traiçoeiro Syfi viu o seu irmão Tennille, cujo nome significava na língua australiana: Poderoso e forte de espírito. Desde que ela tinha dez anos de idade que Tennille tentava beijá-la e agarrá-la a força, mas ela sempre se esquivara. Syfi entendeu que ele atacava Max para matá-lo, por puro ciumes. A moça deu um grito, que acordou metade do castelo. O grito ecoou numa cidade vazia, enquanto um dos homens feria novamente Max, que nem tivera tempo de se recompor, já havendo três soldados atacando-o de todos os lados. Alguém atacara Max por trás, desacordando-o. Ferido, e sangrando no chão, o principe Tennille levantou a sua espada o mais alto que podia e desferiu o golpe mortal contra o general Max, da guarda de seu pai, que estava desfalecido no chão. E foi ai que aconteceu, o inesperado...
Continua...