O paradoxo do tango
No espaço profundo, num futuro distante, a nave interestelar rasga as barreiras cósmicas. Quase perto da velocidade da luz, partiu há três anos da Terra azul. Projeto multinacional, multirracial, carrega astronautas de várias nações.
O comandante passeia pelos corredores para passar o tempo. O gigantesco e poderoso computador cuida de tudo, não precisa se preocupar. Num dos bancos ao longo de seu caminho, vê um astronauta deitado. Está usando aqueles fones de ouvidos antigos, de muitos séculos atrás. Intrigado, o capitão lhe pergunta sobre o aparelho. Lembrança do tataravô. Ele, um argentino, tem esse hobby de colecionar coisas muito antigas. A pergunta do superior é óbvia. O que estaria ele ouvindo? O argentino ao invés de responder, coloca os fones no ouvido dele. O experiente homem, fica curioso e quer saber que música é aquela. Ele diz, orgulhoso, que é um tango argentino. O capitão, não se sabe se estava sendo irônico ou não, diz que é muito interessante. O argentino orgulhoso diz: “Eu sei”. O capitão continua sua caminhada mas, de repente, vira-se e fala:
-Você sabe que o que você está fazendo é um paradoxo, certo? Um tango argentino numa nave do futuro, a bilhões de anos luz da Terra? Um tango de milhares de anos atrás? Definitivamente, um paradoxo.
O argentino dá um sorriso confiante e diz:
-Eu sei, eu sei...
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