A Prova de Sua Existência
- Talvez fiquem chocados quando souberem o motivo pelo qual eu os convoquei aqui.
- Você nos convocou aqui? - Retrucou o oficial de ciências com ar cético. - Viemos numa missão de exploração, para verificar dados que nos foram transmitidos por sondas autônomas de sensoriamento remoto.
- Eu os convoquei aqui - prosseguiu o Avô, sem se importar com a interrupção. - Eu sabia exatamente o dia e a hora em que viriam. Para mim...
E tomou um gole de chá.
- ... tudo isso já aconteceu. É passado. E, ao mesmo tempo, é presente, está acontecendo agora.
- Você está além do tempo e do espaço - disse a técnica, olhando-o com ar embevecido.
- Além do SEU tempo e do SEU espaço? Sim, creio que nessa acepção seu raciocínio está correto.
- Por isso respondeu "sim e não" quando lhe perguntei se vinha do futuro? - Indagou a técnica.
- Correto.
- Então, você é um Gumir - afirmou a técnica. E, desafiadoramente, tomou um gole de chá. Fez uma careta.
- Ei! Isso é amargo!
- Mexa com a colher - disse o Avô, apontando para o talher de prata sobre o pires.
A técnica fez o que havia sido indicado. Tomou outro gole e seu rosto iluminou-se num sorriso:
- Ah! Bem melhor!
O oficial de ciências continuava olhando sua xícara com ar de suspeita. Finalmente, levou-a aos lábios e provou o conteúdo:
- Hum... é amargo mesmo.
E, ato contínuo, pegou a colher e mexeu o líquido.
- Mas voltando ao tema da nossa reunião e respondendo à sua pergunta: não, eu não sou um Gumir - disse o avô, fitando a técnica Nart. - Aliás, devo revelar-lhes que os Gumir não existem.
E perante o ar de estupefação dos Narts, acrescentou:
- Ainda.
[29-12-2013]