O TUNEL DO TEMPO - cap 4

O TÚNEL DO TEMPO – cap 4

Paulo Sergio Larios

CRAVADO NO SINAL

O imagem só voltou depois de longos cinco minutos. Com certeza Martina já estava morta à essa hora. O corpo morto do tigre ainda estava sendo retirado, enquanto a imagem ia surgindo aos poucos. O corpo da moça boiava, inerte, triste, morto. Um silêncio enorme baixou na Sala do Túnel. Jerry quebrou o silêncio, mais uma vez, dizendo mais para si mesmo do que para outra pessoa.

- Existe um outro sinal, na mesma área onde Martina esta, mais fraco. Parece que esse outro sinal é alguma coisa muito pequena, o sinal é fraco... não, acho que ele é... pequeno. Parece algo de metal.

Todos correram até os painéis e começaram a monitorar esse pequeno sinal. O cientista Antony Newman disse, num estalo, como fechando um quebra-cabeças:

- Eu já sei, o sinal é a aliança de Martina. Me lembro que eles entraram no Túnel porque ela tentou pegar a aliança.

- É isso mesmo! - disse Anne – O sinal está confirmado.

- Mas o que vamos fazer com o sinal? O que quer dizer?

Doug foi quem respondeu:

-Jerry, congele o Tunel neste espaço de tempo. Quantos minutos se passaram desde que Martina morreu?

- Pouco mais de cinco minutos.

- Permaneça congelado o Tunel. General, acho melhor fazermos uma reunião para tentarmos entender como poderemos agir nessa situação. Além de quê seria bom dormirmos um pouco e comermos alguma coisa também. Cansados não seremos tão uteis assim.

- Erasmus! – disse O general Kirk – Coloque vários guardas guardando a Sala do Tunel. Ninguém pode entrar no Tunel, a não ser o nosso pessoal. Qualquer anormalidade nos avise imediatamente.

- Sim General! – disse perfilando-se.

O SINAL ESTÁ CADA VEZ MAIS FORTE

O sinal da máquina estava bastante forte, como X nunca vira antes. Isso facilitava demais saber que rumo tomar. Ocasionalmente X reallizava algum outro trabalho que não o de espionagem. X era uma dos maiores matadores profissionais do planeta. Totalmente incógnito, só meia duzia de pessoas no mundo sabiam quem era. A moça era linda. Todos a conheciam como Lucia. Era o disfarce perfeito, quem suspeitaria de uma linda mulher? Quem acreditaria que essa linda mulher de 1,57 mts. Era um dos mais perigosos espiões do mundo? Lucia tinha olhos verdes claros, claríssimos. O seu rosto era lisinho, perfeito, como o de uma boneca. Em todo o seu corpo escultural só havia um único sinal, um único defeito e era o sinal de bala próximo ao peito, do tiro certeiro que seu marido lhe dera, no dia do seu casamento, na lua de mel. Esse fato, juntamente com alguns outros, de familia, fizeram que Lucia tivesse um olhar eternamente triste.

Quando Lucia desceu do avião, com aquela mini-saia de jeans justa, o piloto do avião, um senhor sério, muito bem casado, gaguejou. Lucia pagou o valor do avião e olhou para as montanhas geladas à sua frente, ao longe. Daqui a algumas horas, finalmente estaria onde procurara a vida toda. Lucia tinha 65 anos de idade e trabalhava como exportadora. Seus cabelos branqueados davam-lhe um ar mais sério e ao mesmo tempo triste. Lucia era triste. Sua aparência era de uma linda mulher de uns cinquenta anos. Estava frio. Seu coração estava frio, faz tempo. Quando o avião decolou, Lucia tirou do seu bolso o crachá esverdeado do Tunel do Tempo. Checou se os dados estavam corretos e dirigiu-se até a limusine que a aguardava próximo ao campo de pouso. O motorista abriu a porta, sem sair do carro. Olhando pelo retrovisor a cumprimentou, enquanto ligava o carro em direção às montanhas geladas.

Lucia olhou para além da janela do carro e viu, de novo, como num vislumbre, uma menina brincando com ela, na beira de uma praia. As duas brincavam alegres, sorridentes, enquanto um homem se dirigia até elas sangrando. Quando a menina avistou o homem saiu correndo em sua direção, enquanto chorava muito. Lucia estava estática, asusstada com a sua presença...

E ai o tempo frio, a neve caindo devagar, sem pressa, deu lugar à essa imagem recorrente em sua vida, já a mais de trinta anos. Lucia chorou uma lágrima que escorreu pelo seu rosto, enquanto abaixava o seu rosto e olhava para as suas mãos que se apertavam, como numa prece. Outras lágrimas vieram.

DESCENDO ATÉ O MUSEL DO TUNEL

Eles discutiram durante horas, os tantos copos vazios e os pratos assim o atestavam. O General Kirk explicou, mais ou menos quem era a menina que aparecera no Tunel e que dois braços desconhecidos a arrastaram para dentro do tempo, de novo. O corpo do Tigre de Dentes de Sabre, estava passando pela autópicia agora. Mesmo que estivessem a tantas horas confabulando o que fazer, não chegavam a lugar algum. Kirk resolveu mostrar à Dra. Ana MacGregor o Musel do Tunel. Todos resolveram ir junto, por maiores opções. Doug iria recepcionar uma especialista que viera da Central, para ajudá-los.

O Tunel do Tempo era um complexo de oitocentos andares e que abrigava os maiores especialistas em ciências do mundo, na atualidade. No caminho do Museu, que ficava mais ou menos no meio dos andares enterrados no fundo da montanha, ficava a prisão. Anne achou estranho haver uma prisão ali e perguntou ao Jerry, que era quem estava mais próximo à ela, o porque de haver uma prisão no Tunel. Jerry lhe dissera que além de alguns presos atuais, da nossa época, haviam alguns presos históricos também. Mas, perguntara Anne, o Tunel não foi ligado agora, recentemente? Não, disse Jerry, ele sempre funcionara, de algum jeito. Algumas vezes ele trazia pessoas, outras ele trouxera algumas coisas...

Ao passar pelo andar da prisão, Kirk pensou em alguém. Será que ele estaria disposto a ajudar?... A que preço?...

Depois que voltaram do Museu do Tunel, todos se encaminharam para seus apartamentos, para tentarem dormir um pouco e quem sabe com a mente mais fresca pudessem pensar em algo. Mas Ane não pode dormir, abismada com as coisas que viu no Museu. Como era possível? O Tunel trazia coisas do passado... e do futuro.

A DRA. LUCIA

Doug fora buscar a Dra. Lucia no hotel próximo ao metro do Tunel. Durante uns vinte minutos ele a esperou no restaurante do hotel, onde um gostoso bolo alemão lhe fora servido, com café e leite, com uma pitada de canela em pó. Quando Doug a viu, engasgou-se, Lucia tinha esse poder junto aos homens. O que um homem espera de uma mulher? Essa é uma pergunta básica que parece que as mulheres ainda não enteneram a resposta que está na cara. Todo homem tem um quê de pai e se a sua mulher demonstrar fragilidade, é essa que mais atrairá os olhares masculinos. O que é o contrário das mulheres tão fortes que temos nesses tempos e que mais afastam do que atraem os homens. Fragilidade é o segredo. E se essa fragilidade vier embalada em educação, e a mulher se vestir bem e ainda for bonita, ai é um conjunto que nenhum homem resiste. Lucia tinha um ar triste, apesar do seu sorriso querer dizer o contrário. Durante um tempo eterno Doug, que se levantara e estava de pé, dando a mão para a moça e Lucia, ficaram se olhando, como se se conhececem a muito tempo. Seus corações aceleraram e mesmo que depois se sentaram e conversaram um pouco a conversa era desconexa. Doug estava profundamente incomodado com a moça, pois não esperava que de alguma maneira ela o atraísse tanto. Os registros diziam que ela tinha sessenta e cinco anos, não era possível. Lucia era simplesmente linda. E mesmo com a conversa atrapalhada Doug notou o quanto ela era inteligente. Doug pedira ao garçom um pedaço de bolo como o que ele estava comendo e a forçou a comer o bolo. Parecia que eles sempre se conheceram, era impressionante isso, pensou Doug.

X não sabia o que esperar, imaginava que um subordinado qualquer a viera buscar, mas o atendente do hotel dissera que o Doutor Doug Philips a estava aguardando no restaurante. Ela não sabia exatamente quem esperar, pois nenhuma foto do Doutor Philips fora tirada até o momento. Seus superiores imaginavam um senhor velho, baixinho. Quando Lucia desceu as escadas do velho hotel, viu um homem lindo, alto, forte, com um olhar firme a cumprimentar. Havia muito tempo que algo não ocorria com ela. Nunca mais ninguém a conseguira despertar nenhum interesse. Doug estava vestido com um terno azul escuro de caimento perfeito, com uma camisa branca e uma gravata azul clara, olhava para ela, além dos óculos de aros grossos. Ela lembrou-se imediatamente do Superman, ou melhor, do Clark Kent, dos quadrinhos. Forte, musculoso, Doug era um gentleman perfeito. Lucia se conhecia demais para saber que o Doutor Philips seria um enorme problema para ela, pois ela ficara instantaneamente apaixonada por ele, assim que o vira. De pé, com a sua mão tocando a mão de Doug, como que choques elétricos passavam pela sua mão, acordando todo o seu corpo. Sensações esquecidas para uma mulher foram reavivadas. Durante mais uns quinze minutos ficaram conversando, enquanto ela comia um bolo delicioso que ele insistira para ela comer. Doug estendera a mão ajudando-a a se levantar, num gesto carinhoso que fez com que ela recebesse outro choque, ao tocar a sua mão, novamente. Doug era muito perigoso para ela, pensara Lucia, ela teria que matá-lo, para prosseguir a missão, pois estava perdidamente apaixonada por ele.

Continua...

pslarios
Enviado por pslarios em 29/09/2013
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