O TUNEL DO TEMPO – cap 3
O TUNEL DO TEMPO – cap 3
Paulo Sergio Larios
NA SALA DO TUNEL, tempo... indefinido.
As luzes piscavam em todos os oitocentos andares do Projeto Tic Toc e seus mais de doze mil trabalhadores. Quem olhasse do lado de fora, nas montanhas geladas de um lado e o deserto seco de outro jamais imaginaria o alvoroço que estava acontecendo. Cinco presidentes foram avisados do que estava acontecendo, dois exércitos ficaram imediatamente de prontidão do que poderia acontecer. Ordens secretas foram dadas a espiões no mundo inteiro.
Tony foi o primeiro a chegar, pois ele ainda estava acordado, revisando pela milésima vez alguns apontamentos. Doug e Ana chegaram em seguida. Logo o Major Erasmus, o encarregado de toda a segurança do Projeto, com meia dúzia de homens adentrou a Sala do Tunel. Raymond era um dos maiores especialista do Tunel. Conforme O General Kirk, agregado de alguma parte importante do mundo. Raymond era o oposto do jovem Tony Newman, todo espalhafatoso, na qual era inegável, quando chegava a algum lugar. Doug Phillips nem notou quando, mas de repente estava ali, sentado no seu posto Raymond. Anna levou um susto, pois também não se apercebeu da sua presença, e de repente lá estava ele. Além de Raymnond, sentado ali nos equipamentos em frente ao Tunel, estava Jerry sorrindo e acenando. Ana achava que ele estava interessado nela. O simpático, mas sério Dr. Doug, havia lhe dito que a função de Jerry era ser operacional. Ele era um expert em tecnologia. Aliás na bancada estavam os melhores do mundo. O apito soava ainda muito forte quando Kirk entrou na sala.
- Desliguem esse barulho. O que está acontecendo? Alguém traga-me um café.
- General? – disse Doug se aproximando com Tony enquanto o Tunel ainda estava sendo desligado dessa inesperada viagem. – Aparentemente alguém acessou o Tunel.
- Você quer dizer que alguém sumiu... no tempo?
- General – disse Jerry - Eu consegui resgatar um vídeo de momentos antes do acontecido. E.. só... mais um instante. Pronto!
Como um zumbido o Tunel começou a piscar e uma imagem apareceu no ar, na entrada do Tunel, quando dois enormes refletores acoplados um de cada lado se moveram, pouquíssimos centímetros. Durante alguns minutos viram Sandy e Martina discutindo e os eventos que os levaram a entrarem no Tunel.
- Quem são esses dois, afinal? Eu nunca os vi. – Disse bravo e atônito o General Kirk.
- Senhor, enquanto o vídeo estava passando eu fui pesquisando nos bancos de dados e descobri que o rapaz é funcionário nosso. – Disse Jerry mexendo em alguns botões enquanto ia passando na tela fotos e documentos a respeito do que ele dizia. – O nome dele é Sandy Johnson, um dos milhares de cientistas de apoio que nós temos. Com certeza não é um cientista de destaque e nem parece ser muito aplicado, segundo as suas notas escolares. Pelo acesso aos documentos da segurança, ele nem deveria estar na Sala do Tunel, pois não tinha acesso a esse nível do complexo.
- Com certeza houve uma falha da segurança! – disse Kirk, enquanto Erasmus se retraia no seu canto, de cabeça baixa. Pensava ele que cabeças iriam rolar, devido a esse episódio.
- E quem é a moça? – adiantou-se Raymond, simpático e intrigado.
- Demorei mais tempo para descobrir quem é ela. O seu nome é Martina... Johnson, ex Martina Switon.
- Ela é esposa do tal do Sandy? – Disse Tony e Kirk ao mesmo tempo, pois era proibido com que todos no projeto fossem casados, devido à extrema segurança necessária. Se Sandy era casado, então a entrada de Martina era totalmente desautorizada no Complexo. Os dois jamais poderiam fazer parte, juntos, do Túnel.
- Eu descobri, senhor – disse novamente Jerry, enquanto fotos da infância de Martina apareciam na tela – que eles se casaram escondidos, numa pequena férias de quinze dias que o moço conseguiu tirar, depois de três anos no Túnel. De lá prá cá, parece que a moça foi levada de um lado para o outro, morando em hotéis em várias partes do mundo. Não rastreei, mas pelos locais, acredito que era o marido que a arrastava por ai.
- General, estamos tentando rastrear o sinal deles, no tempo, e parece que algo, ou alguém está vindo em nossa direção.
Nem bem Ana acabou de falar o Túnel começou a se religar automaticamente. E em meio à fumaça e o barulho, e as mini-explosões, uma menina de uns dez anos apareceu no fundo do Túnel, olhando para eles. As suas roupas pareciam da idade média.
- Silvana? Silvana é você? – falou sem acreditar o General Kirk.
- Silvana venha pra cá, saia daí e venha para onde estamos. Sou eu Silvana, seu irmão Michael.
- Michael é você mesmo? Você está velho. – Kirk sorriu, quase às lágrimas.
- Você também está mais velha. Quando você entrou no Túnel a muitos anos, você tinha cinco anos. Quantos você tem agora?
- Eu não sei, acho que dez.
- Senhor, os nossos equipamentos dizem que ela tem dez anos e onze meses. Daqui a um mês ela vai fazer onze anos. – relatou Doug, debruçado nos painéis.
- Você é mesmo o Michael? – a menina começou a se movimentar lentamente, em direção ao irmão. Kirk ameaçou entrar no Túnel mas foi impedido pela segurança. Era muito arriscado.
Silvana não acreditava que estava perto do Michael. Com certeza nesse período de tempo ele estava mais velho e ela jovem. Tudo bem! A saudade de mamãe e papai era tanta. Quantas coisas que aconteceram desde que o tempo a levou. Quantos perigos ela passou, sozinha, sem ninguém.
- Michael, eu passei por tantos lugares. Eu fiquei com tanto medo. Eu vi dinossauros, iguais aos dos desenhos que papai nos dava para pintar. Eu vi monstros enormes com garras, falando estranho. Lobos me perseguiram na neve para me matar. Quantas noites eu dormi com fome. Aliás, acho que já fazem uns três dias que não como. O tempo fica me jogando de lá pra cá. E sempre é perigoso. Sempre! Eu queria tomar um banho e dormir, dormir, dormir, estou tão cansada. Será que vai acabar agora, essas viagens no tempo...
- Vai sim Silvana. Quando você sair daí, o tempo não vai mais ficar te levando de lá pra cá. Mas venha logo, não tenha medo. – Via-se na atitude da menina, alguém que apesar da idade vira muitos perigos. Silvana andava lentamente, rumo à segurança.
- General, vem vindo algo pelo Túnel. – quase gritou Ana, não acreditando no que os equipamentos mostravam. Algo, ou alguém, de mais de dois metros de altura estava vindo.
- Silvana, saia daí, corra, venha logo. – desesperava-se Kirk, pela sua irmã perdida, enquanto todos notavam que o Túnel estava se religando novamente. Silvana ao invés de correr, vendo que o Túnel começavaa fazer muito barulho, parou de andar. A fumaça foi a envolvendo e à vista de todos, dois grandes braços marrom-esverdeados com unhas longas, como de um enorme lagarto, ou parecido, abraçaram Silvana que foi arrastada, em meio a gritos apavorados para dentro da fumaça. Em instantes o Túnel foi se desligando.
- Senhor, o sinal dela sumiu no tempo. – avisou Doug.
- Senhor, algo está vindo novamente pelo Túnel. Parece-me um animal grande. – Raymond avisou, enquanto junto com Ana e Tony mexiam nos equipamentos.
- General, eu me arrisco a dizer que o que está vindo é um Tigre de Dentes de Sabre. – quase gritou Jerry.
Mal deu tempo da segurança se posicionar direito e em meio à fumaça um enorme felino raivoso, da altura de um homem, surgiu saído da nuvem. Rosnando o animal assustado correu ao encontro dos homens, atacando um dos seguranças que estava próximo, matando-o com uma patada, enquanto era cravejado de balas, que a principio pareciam não surtir efeito. Pulando por cima dos equipamentos à frente, passou com suas garras a centímetros do rosto da Dra. Ana. Acuado a um canto Erasmus à frente e vários homens atiravam sem cessar na fera. Durante um breve tempo parecia que eles não iriam conseguir e o animal mataria a todos na sala. Durante segundos eternos os homens atiraram no tigre, acuado num canto, rosnando alto, de forma feroz, mortal, até que não agüentando mais ele caiu morto, na Sala do Túnel do Tempo.
- General Kirk, estamos captando o sinal de Martina. Na tela! – gritou Jerry, para os ajudantes do seu lado direito que mexiam em enormes computadores nas paredes.
O Túnel captou o exato instante em que a moça materializou-se me algum espaço de tempo. Como se o seu corpo caísse de algum lugar, ela foi jogada no fundo do mar. Ela estava a pelo menos um quilômetro no fundo de algum dos mares do mundo, se debatendo assustada, enquanto gritava deixando o pouco de ar que tinha no corpo ir embora.
O Túnel via a mulher ir morrendo, afogada, no fundo do mar, sem poder fazer nada, enquanto o sinal fraco ia sumindo, até que a imagem da mulher e o registro de onde ela estava sumiu de vez.
...continua, eu acho!