Terraformadores - Renascimento - Capítulo I - O planeta perdido - Parte III

O objeto se aproximava da nave, enquanto a tripulação tentava fazer a nave voltar a funcionar. Em um ponto pouco frequentado da nave, sozinho, observando o objeto crescer até não ser possível ver mais nada além dele, estava Allan o capitão da nave. Por sua mente uma infinidade de perguntas, e uma sensação de medo e impotência absurdas. "é Lindo e ao mesmo tempo assustador, é gigantesca simplesmente gigantesca!" foi a única forma de descrever aquele objeto, e não havia dúvidas, aquilo era uma nave. Mas nave de quem, ou melhor, do que?

Era uma massa elipsoidal branca dividida em três pedaços menores que pareciam gomos, era alongada com uma leve curva aparentemente para baixo, o que é muito difícil de definir no espaço. A nave brilhava como um sol. E ela estava se dirigindo na direção, de Antiqua, como se fosse engoli-la, como um gigante com fome a gritar fá, fo, fu.

Allan estava quase em desespero, apenas mantido são pela quantidade de perguntas que pairavam em sua mente. Todos os outros estavam desesperados tentando descobrir o que acontecia. Com os instrumentos desligados, todos se sentiam cegos. O único que via algo era Allan, sozinho, no observatório. A nave crescia mais e mais apesar de já tomar tudo que os olhos do comandante podiam ver. Seus ditos gomos pareciam começar a se abrir, aumentando a sensação de que a nave seria "engolida", e de certa forma, de fato o seria. Então alguns sistemas da nave voltaram a funcionar e um canal de comunicação se abriu.

-Não se desesperem, não iremos abrir fogo ou realizar qualquer outra ação agressiva. Vocês serão trazidos a bordo da Insígnia, não tenham medo não desejamos a vocês nenhum mal. Vocês possuem algo que nos é importante e apenas isso. - A voz se calou e todos entraram em pânico, Allan estava feliz e ao mesmo tempo atordoado. A Antiqua era a maior nave construída pelas mãos humanas, só havia uma possibilidade: uma forma de vida inteligente não humana. Inteligente o suficiente para construir algo dessa magnitude. Essa ideia percorria a mente de Allan como um raio. Seus pensamentos foram interrompidos por seu irmão que entrou correndo no observatório.

-Allan! Eu sabia que estava aqui! Você ouviu? -Allan nunca entendeu o hábito humano de perguntar o óbvio, todos na nave ouviram.

-Sim, tudo que podemos fazer é esperar por ajuda de Artêmis. Não há muito que fazer sobre algo deste tamanho... Principalmente com uma nave como essa. Só nos resta aguardar que alguém receba o relatório de emergência ou alg...-Foi então que Allan lembrou daquilo que ocorrera com as naves batedoras, os relatórios seriam inúteis, ninguém saberia de que nave, muito menos de onde ele veio. -Nós temos um problema muito sério aqui. - O modo calmo de Allan transparecer sempre irritou Lucius.

-Isso todos já percebemos Allan! Agora precisamos saber o que fazer... Você é o comandante dessa nave! Porque está aqui, devia estar na ponte de comando! -Disse Lucius mostrando um claro tom de irritação.

-O que quer que eu faça! Você está vendo essa coisa? -Respondeu apontando para a nave que se aproximava. - O quer que eu faça sobre isso? Não há o que fazer! Eu estou tentando, juro, já pensei em praticamente tudo! Mas não há possibilidade, nada vem a minha mente!

-Não importa! Você deveria estar lá com todos! Você é o comandante! É seu papel comandar essas pessoas, mesmo que o destino seja a morte, ou o que quer que aconteça! -Respondeu Lucius aumentando o tom de irritação na sua voz, ele nunca entendera porque Allan fora nomeado comandante, "Ele não possui nenhuma das qualidades que um líder deve ter!" um pensamento que nutria um pouco de inveja de seu irmão mais novo. - Você não devia ter se tornado comandante!

Allan não queria ter se tornado comandante, ele concordava com Lucius ele não tinha o necessário para ser um líder e sabia disso. Mas ele não teve escolha, ele fora nomeado como tal, e assim sendo, não podia declinar.

-Eu sei disso Lucius, você é que deveria ser o capitão dessa nave, não eu. - Enquanto a discussão entre os irmãos prosseguia, a nave começava a se alinhar com Ántiqua para interceptação. Era uma sinfonia silenciosa entre as duas naves algo belo de se ver. Quando as naves estavam perfeitamente alinhadas, novamente uma mensagem pelo sistema de comunicação da nave interrompendo a discussão:

-Os preparativos para a acoplagem de sua nave a Insígnia estão completos, prosseguiremos com a captura. Novamente, não queremos causar mal algum a vocês, então, por favor, pedimos que se mantenham calmos e não resistam. - E o canal de comunicação fechou novamente.

-Se eles acoplarem a nossa nave não teremos mais o que fazer. Disse Lucius.

-Eu sei, mas o que fazer! A nave foi completamente neutralizada! -Antes de continuar a falar Allan saiu correndo porta a afora.

-Deuses como eu odeio quando ele faz isso! -Disse Lucius correndo atrás de seu irmão.

Os corredores, da nave eram escuros. Apenas as lâmpadas bioluminescêntes ainda funcionavam, e a luz produzida por elas era insuficiente, e seu tom esverdeado tornava os rostos das pessoas visões fantasmagóricas. Ele se dirigia a sala do Styx (Computado Central da Nave Antiqua). Era difícil se deslocar pela nave sem os transportes, afinal era uma nave de tamanho planetário.

-Para onde estamos indo Allan? Mas que merda! Dá para você parar por um minuto e me dizer pra onde raios estamos indo? - Dizia Lucius enquanto corria atrás do irmão.

-Eu quero ver uma coisa, tem algo muito errado. Mas muito errado mesmo. - Respondeu ao irmão acelerando ainda mais a corrida. Eles tinham pouco tempo e Allan sabia disso.

Foram pouco mais que cinco minutos de corrida antes de Allan parar na frente de uma porta. Aquela era a porta que dava acesso ao computador central da nave Styx. O sistema de comando provido por Styx era único. Ele foi desenvolvido pela federação de modo a funcionar como estação de retransmissão para o sistema Cerberus, logo ele tinha acesso direto ao banco de dados da Terra. Aquele era o segundo mais poderoso computador já construído pela humanidade, atrás apenas do próprio Cerberus. Assim sendo seu acesso era restrito apenas ao grupo de manutenção, visto ser um sistema completamente autônomo, e somente o próprio Cerberus podia enviar dados ao mesmo. Assim sendo as únicas pessoas que poderiam passar daquele ponto morreram a quase dez mil anos atrás.

-Ande Lucius me ajude a abrir essa porta! -Gritou para o irmão que ainda vinha correndo um pouco mais atrás. Aquela era a única porta que não possuía um sistema puramente mecânico de abertura, por razões obvias. Mas ao mesmo tempo, como os sistemas da nave estavam fora do ar, estava com as travas magnéticas desativadas.

-O que diabos você quer abrindo essa porta? Você não vai conseguir abrir essa porta ela é travada magneticamente. E se conseguir o sistema...- Antes que pudesse completar Allan o interrompeu.

-Está desligado, tudo na nave está desligado. Menos uma coisa, uma única coisa. Algo que não pode ter sido desligado.-Lucius pareceu entender e correr para ajudar o irmão. Lá fora o processo de acoplagem era iniciado e , lentamente, Antiqua era engolida pela nave desconhecida.

Continua

P H R Garrit
Enviado por P H R Garrit em 11/09/2013
Reeditado em 11/09/2013
Código do texto: T4477390
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