Terraformadores - Renascimento - Capitulo I - O Planeta Perdido -Parte I

Libertad I

Era uma tarde comum, mas todos estavam ansiosos. Esse seria o primeiro teste não controlado do motor de dobra Libertad I, praticamente todos da federação assistiam. Aquele, se funcionasse, seria o segundo e maior passo já dado rumo à conquista do espaço.

Em uma das cabines de controle, o oficial responsável pela segurança do experimento lia o último relatório, enviado pelos cientistas que trabalharam no projeto. Aquele seria provavelmente o dia de maior triunfo da espécie humana, Aquela seria a primeira nave capaz de viajar acima da velocidade da luz. Em seu computador o relatório era aberto:

Banco de Dados Entrada AZ0012 Código 337

Relatório de Experiência:

Motor de Dobra Experimentar

Codinome do Projeto: Libertad I

Data de entrada no banco de dados: 30 de setembro de 2102

Cientistas Encarregados:

-Harl Andrasius Davisson AEG8 em Física Experimental

-Carl Hamilton AEG7 em Engenharia de Materiais

-André Millor Couto AEG7 em Engenharia de Partículas

-Mark Minsk AEG9 em Física Térmica

-Melianna Winter AEG9 em Física Dimensional

-Arcthurus Samuel Ledinson AEG9 em Engenharia Mecatrônica

Relatório Nº 10017

Iniciando gravação...

A voz da gravação era suave e tranquila, era a voz de Melianna Winter, a única mulher do projeto. Vale a pena frisar que ela era a Mente por traz do sistema de dobra utilizado, um gênio, ela foi ao mesmo tempo a primeira mulher a passar em um exame de grau nove, bem como também o ser humano mais jovem a fazê-lo. Ela tinha apenas vinte e quatro anos na época, e agora está em seu trigésimo ano de vida.

-Saudações, esse é o relatório de número um, zero, zero, um, sete. Todas as conexões do motor estão operacionais, não a problemas a reportar. O cronograma está sendo cumprido impecavelmente. Os dados já foram enviados a ponte, tudo pronto para o inicio da etapa de transporte da nave para o hangar. Repetindo. Esse é o relatório número um, zero, zero,... - A voz do oficial ecoou pela sala.

-Comecem os preparativos para trazer a nave para o hangar três. Enviem esse relatório ao Cerberus para entrada no banco de dados. - Ele tinha cerca de quarenta anos, veterano da guerra de unificação planetária. Ele não era alto, tinha uma estatura media, trajava o uniforme do exercito da federação. Sua patente era um pouco mais baixa do que a de um brigadeiro. Seus cabelos eram grisalhos e seu rosto um pouco rude. Seus olhos eram castanhos, quase negros e vazios. Seu nome era John. E tudo que ele mais queria era voltar para seus aposentos, gritar com alguns subordinados e dormir.

Tudo corria bem. A nave era transportada para o hangar, calmamente. Ela de fato não era a nave mais bonita já construída. Era muito similar a um peixe achatado chamado linguado. Apesar do aspecto rústico que carregava, era provavelmente a peça tecnológica mais importante para a humanidade depois da roda. A nave tinha herdado o nome do motor que a moveria, Libertad I. Tudo era televisionado, aquela seria uma propaganda e tanto para a federação. Aquele era o progresso que tinham prometido. O futuro.

-Senhor a nave chegou ao hangar três, nenhum problema ou dano reportado. Aquele era o tenente Peterson encarregado da comunicação com o hangar.

-Ótimo, assim que receber a confirmação da equipe de testes envie o protocolo 338 para o hangar. O tenente deu a resposta que sempre é dada a superiores e voltou para sua tela de computador.

Todos os cientistas do projeto estavam animados e também muito aflitos, nada podida dar errado. Era o trabalho deles que estava ali, aquele era o dia que entrariam para a história da humanidade. A equipe de teste de terminou a analise, e não encontrou falhas. Todos estavam aliviados. O próximo passo era o lançamento da nave para o espaço. Ao contrario do modo como era feito no passado com os ônibus espaciais, aquela nave sairia da atmosfera sem auxilio de foguetes ou qualquer força externa. Ela sairia utilizando a segunda inovação que carregava, Hélios era o nome do projeto, um levitador antigravidade projetado para levar a nave ao espaço.

-Abrir porta do hangar.- A ordem vinda da sala de comando foi executada na mesma hora. O hangar era uma cúpula de cerca de um quilômetro quadrado, projetado especialmente para o lançamento da Libertad I. O teto do hangar começou a se abrir lentamente, todos aqueles que assistiam sentiam a emoção daquele momento. Era como assistir a Neil Armstrong pisar na lua. Quando o teto já estava completamente aberto, a contagem para a saída do planeta começou, enquanto a nave era levantada em uma plataforma para acima do teto. Quando a multidão a viu, a contagem chegou à zero.

A nave começou a levantar verticalmente, no inicio bem lentamente, mas de súbito tomou um impulso e subiu numa velocidade aterradora. Em cinco segundos a nave era apenas um ponto no céu. Aquela era a primeira parte do processo. A menos importante, mas mesmo assim foi impressionante para todos que assistiam.

Quando a nave chegou ao espaço, começou seu alinhamento com a estação espacial Avalon II. Era a maior estação que orbitava o planeta, que jazia abaixo da visão da câmera como uma perola azul com alguns tons de cinza e verde. Era na Avalon que estava à tripulação que subiria a bordo da Libertad I os melhores pilotos da frota, treinados especialmente para esse dia. O vídeo parecia passar preguiçosamente, enquanto os astronautas entravam a bordo da Libertad I. Eles eram cinco, todos homens, vestiam trajes azuis e um capacete branco azulado. Suas roupas eram feitas para isolar o corpo da radiação a que estariam sujeitos e para suavizar os efeitos da viajem. Era impossível ver seus rostos, propositalmente? Talvez. Se algo desse errado, e eles morressem, mortos sem nome são mais fáceis de suavizar na mídia.

Quando todos estavam a bordo da nave, iniciou-se o processo de desacoplamento da estação. Um processo delicado, que não permitia falhas.

-Comando, aqui é Libertad I, desacoplada e se dirigindo para o ponto de dobra. - Aquele era o copiloto da libertada.

Tudo corria como no planejado, e a nave se dirigia vagarosamente para longe do planeta, onde executaria sua viajem inaugural. Os pilotos estavam tranquilos e escutavam as ultimas instruções antes da viajem. Parâmetros na maioria. Era uma viajem simples, uma dobra até a colônia de Altran num sistema há cinco anos luz da terra, viajem essa que com os motores padrões das naves da federação demorava quinze anos. Ao chegar ao ponto de dobra começou a nova contagem regressiva. Era um momento tenso, todos assistiam sem tirar o olho da tela, no planeta o silêncio reinava.

Quando a contagem terminou, um silêncio ainda maior se instaurou, era possível ouvir os batimentos do coração das pessoas. E um milésimo de segundo depois, a nave não estava mais lá. A transmissão da nave para a Terra demoraria mais do que a viajem da nave. Cerca de cinco minutos depois a confirmação.

-Confirmando chegada, enviando relatório nenhum problema encontrado... - A transmissão durou cerca de cinco minutos todos estavam eufóricos, aquele era o inicio de uma nova era, a era em que as distancias do espaço podiam finalmente ser vencidas.

Fim da transmissão do vídeo histórico Nº 587774.

Todos olhavam atônitos para a tela do supercomputador, eles estavam feridos, perdidos. E aquilo era a descoberta mais importante de suas vidas.

-Allan, então nós estamos mesmo na Terra?...

Continua

P H R Garrit
Enviado por P H R Garrit em 06/09/2013
Reeditado em 10/09/2013
Código do texto: T4470048
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