O TUNEL DO TEMPO cap 1 VERSÃO DE FÃ
O TUNEL DO TEMPO - cap 1 - VERSÃO DE FÃ
Paulo Sergio Larios
HIMALAIA, 02/12/1961
Separando-se do grupo de turistas, Michael e Silvana estavam brincando de correr um atrás do outro, o menino tentando pegar o ursinho da irmã. Sem notarem foram subindo o sopé daquela montanha, correndo alegres por entre as pedras. Estava fazendo um Sol meio gelado, o que causava um contraste belíssimo, com a neve no alto das montanhas. Silvana tinha cinco anos e Michael era bem mais velho do que ela, com seus nove anos. Silvana corria alegre, cada vez mais se afastando, até que Michael a viu caindo num buraco que se abriu debaixo de seus pés, enquanto ela gritava a sua voz fininha, sumindo no fundo da terra. Michael correu e ficou olhando da beirada do buraco até que a terra deslizando debaixo de seus pés o arrastou para o fundo também.
Michael ficou desmaiado por algum tempo, quando acordou, olhando para a boca do buraco acima da sua cabeça, notou que era noite. Tirando a terra de sobre si, chamava por Silvana. Durante alguns minutos ele ficou chorando, sentado na terra, sem saber o que fazer, imaginando que a irmã estava morta. Acostumando-se com a escuridão, tentando raciocinar no escuro, ele percebeu que estava com fome, pensando na irmã imaginou que ela estava também. Quietinho no escuro ele conseguia ouvir algum barulho, como um zumbido elétrico, bem ao longe. Procurando o barulho ele descobriu que estava dentro de uma caverna que ia ficando cada vez maior, até se agigantar de maneira sobrenatural, para um menino de nove anos. Conforme ia adentrando a caverna, notou que além havia alguma espécie de luz. Após alguns minutos mais, caminhando rumo à luz e ao zumbido, deparou-se com muitas máquinas desconhecidas e um túnel, como o de algum trem, que rumava a algum lugar, bem ao longe, talvez uma saída daquele lugar, rumando à superfície. Michael gritou o nome de Silvana várias vezes, mas sem resposta, até que viu, dentro do túnel, a alguns metros, o ursinho da irmã e foi pegá-lo. Ao o menino entrar no túnel, luzes começaram a ser acesas nos painéis atrás de si, como que bombas explodiam nas laterais do túnel, um zumbido, como o de muitas vozes era ouvido por ele, quanto mais entrava, gritando o nome da irmãzinha. O túnel estava sendo ativado, levando-o para algum lugar. Num instante, entre uma explosão e outra, o menino sumiu, perdido nos labirintos do tempo. Aos poucos o túnel voltava a se aquietar e a se desligar sozinho. Muitos anos se passariam, até que voltasse a operar novamente.
FRANÇA, algum dia de 2015
1
Aquele era um dia ensolarado e quente. As crianças brincavam alegres e alheias à tudo no parque. As mães e as babás fofocavam, enquanto outras pessoas ou dormiam, debaixo das árvores, ou escutavam rádio ou liam. Anne estava lendo a sua Bíblia no tablet, juntamente com as pesquisas que fazia online para entender um pouco mais do texto à sua frente. Ela lia de maneira devocional o texto sagrado, ao mesmo tempo que lia de maneira histórica. Ela mal viu quando um moço passou ao seu lado no banco onde estava sentada e saiu correndo com a sua bolsa. Ele era desastrado e quase caira por cima dela. Ele não corria muito rápido e Anne se animou a correr atrás dele,a principio por entre as árvores, daqui a pouco por entre os becos. Quando a moça virou um beco, acreditando que o alcançara, deu de frente com o ladrão da sua bolsa e dois homens vestidos de terno preto, ao lado de um carro,também preto.
- Bom trabalho Tony – disse um dos homens, para o moço, que trocava a sua jaqueta de jovem, por um paletó preto também.
- Venha conosco Dra. Anne – disse um dos homens aproximando-se dela, enquanto apontava uma arma para ela, ameaçando-a.
- Isso não é um roubo – disse a moça. – Vocês estão me seqüestrando!
- Entre no carro, senão terei que atirar na senhora – falou o homem alto, de óculos.
2
Um carro preto estacionou à frente da casa e dois homens vieram bater á porta.
- Sim? – disse a senhora idosa, quando abriu a porta.
Um dos homens estendeu a mão, passando alguns documentos para a senhora ver.
- Senhora MacGregor,suponho? Eu sinto ter que lhe transmitir a má noticia de que a sua filha Anne, faleceu num acidente de automóvel, enquanto voltava da Universidade onde trabalhava.
- Mas hoje é sábado e ela não iria trabalhar, ela me disse. O que aconteceu, não é possível.
- Ela foi sim fazer alguma coisa no seu trabalho e na volta o seu carro chocou-se com um caminhão e sinto dizer, que ela faleceu imediatamente. Aqui está o endereço onde a senhora precisa identificar o corpo, apesar de que os dois veículos pegaram fogo. Eu sinto muito senhora.
Os dois homens foram dando alguns passos para trás, sem se virarem, observando a mulher que chorava a perca definitiva de sua única filha.
- Doug, precisamos ainda passar num lugar, antes de seguirmos viagem – disse Tony.
3
Anne estava olhando para uma bandeja com alguns aperitivos de aparência realmente gostosa, à sua frente, mas a sua preocupação e medo a impediam de comer. Eles estavam num apartamento, esperando os outros dois homens aparecerem. Ela de vez em quando olhava para o homem alto que a ameaçara, sentado lendo uma revista perto da porta. A TV estava ligada, mas ela não a prestava atenção, até que ouviu o seu nome dito pelo jornalista, que anunciava a sua morte.
Anne assistiu aquela noticia estupefata: diziam que ela morrera, num acidente de carro, onde o seu veículo chocara-se com um caminhão, numa avenida íngreme, ao lado de uma encosta, onde ela subia de encontro a um caminhão sem freio.
Com uma batida na porta, os dois homens entraram, enquanto a noticia se acabava. Aquele que se chamava Doug lhe disse:
- Dra. Venha conosco, nós vamos voar durante algumas horas, até o nosso destino. Na verdade, nós vamos cruzar o oceano.
- A TV anunciou que eu morri num acidente. O que está havendo? – falou ela com um misto de raiva e medo, de pé, no meio da sala.
- Eu sinto dizer, mas a partir de hoje, a senhora não existe mais. A senhora morreu para o mundo. Nunca mais a senhora retornará, ou fará contato com a sua família.
- Quem são vocês, afinal? O que querem de mim? Eu não sou rica, a minha família não tem dinheiro.
- O meu nome é Anthony Newman e o do meu parceiro é Doug Philips. O nome do mais alto, lendo o jornal é o Tirion.
4
Depois de quase vinte horas de vôo e algumas escalas, parecia que chegavam ao destino. Um jato particular parecia estar descendo para pousar no meio do deserto seco e árido. Ela ainda olhou pela janela, mas nada viu de anormal.
O avião os deixou ali e sem desligar os motores sumiu no ar. Menos de dois minutos depois um carro preto os levava para algum lugar.
- Tic-Toc, aqui é Alpha 1 – disse o motorista – permissão para entrar.
- Permissão concedida Alpha 1. A partir de agora assumiremos o controle de seu carro.
- Ok!
Tirando o motorista a mão do volante o carro acelerou em direção ao meio do nada. Anne ainda viu num breve relance, quando o chão do deserto se abriu, à frente, como se uma porta escondida fosse acionada e o carro desceu por uma rampa, onde um grande complexo existia. Anne viu muitos guardas armados ao longo do percurso abaixo do solo. Era impressionante imaginar que estavam debaixo do solo, no meio da areia do deserto.
O carro parou junto a um guarda e eles entraram até escadarias que os levava cada vez mais para baixo. Mas a surpresa fez-se mesmo quando após algumas portas, eles entraram numa ponte, que ligava um lado ao outro de um foco, muito fundo.
- Meu Deus, que lugar é esse? – disse a moça curiosa, enquanto olhava para baixo, a enorme estrutura de prédios abaixo do solo.
- Dra Anne MacGregor! – disse um efusivo oficial que vinha ao seu encontro, com um uniforme que ela não reconheceu de qual país seria. – Eu sou o General Kirk. Vejo que conheceu os doutores Doug, Tony e Tirion.
- Onde nós estamos? Que lugar é esse? Por quê eu fui seqüestrada?
- Calma, calma! Quantas perguntas. Responderemos todas a tempo. Acredito que todos precisam descansar um pouco, depois de tantas horas de viagem.
- Que lugar é esse? Por que eu estou aqui? A minha família pensa que eu morri. Quem são vocês?
- Dra. Anne, a senhora está no Túnel do Tempo e a partir de hoje a senhora faz parte dele. Pelo resto da sua vida.
Continua...