Octaedri -5
O Pe Lorenzo faz sinal para que arrastem o corpo até o cavalo, onde amarram o corpo.
Todos os soldados se retiram da caverna e, após colocarem o corpo inerte amarrado no cavalo, montam todos e saem a galopa dali, deixando
o local bem silencioso.
Logo, logo saem as 2 mulheres seguidas do rapaz que adentram em um matagal e desaparecem.
longe dali, Gutérres se adapta a seu corpo e o homem que estava com ele se retira em silêncio.
Gutérres está vestido simples e de aldeão. Sorri passando a mão em sua cabeleira toda em emaranhado .
Entra um senhor na sala e faz uma reverência ao ver Gutérres.
- Como está, senhor Gutérres?
- Bem !- e vira-se para o senhor que aparenta uns 50 anos mas, sua
cabeleira prateada denuncia ser ele mais velho. A roupa é de mendigo.-
- Senhor Dionísius , e como estão as coisas ?
- Vamos ter que intervir no castelo de derty.
- O que temos lá ?
- Temos um mouro acusado de feitiçaria por praticar sua própria fé
e uma camponesa arrastada como se fosse lixo até o calabouço por
usar ervas e invocar ao invisível .
- E o que tenho que fazer ?
- Agora é fácil pois, um outro mouro que trabalhava conosco, resolveu partir para as colônias na Africa e vai deixar o corpo aqui.
- Onde?
- No Castelo de Derty pois, Trouxe especiarias para a nobreza como
se fosse escravo servil de outro rei e está fingindo que está doente para que alguém o substitua.
- E quando será isso?
-Logo após as meninas chegarem.
Em uma sala fétida, uma jovem alta e de longos cabelos loiros até as nádegas leva um tapa de um torturador e cai no chão. O outro a chuta nas costas. Ela grita de pavor. Puxam-na pelos cabelos e a joga contra a parede de pedra.
- Se renda a Cristo Nosso Senhor ...- outro tapa - Bruxa do inferno.
Ela chora convulsivamente e então é atirada ao chão. Leva um chute nas costas e seus algozes se retiram deixando-a chorando.
A jovem soluça alto e dá um grito de ódio e dor.
- Na cela ao lado, um negro de quase 2 metros de altura soca a parede com tanta força que chega a sair sangue da mão direita.
-Hipócritas !- grita ele com toda a vontade- Façam isso comigo!
- Se é assim que você quer...terá!- Disse uma voz por detrás da porta - Vamos entrar.
Os 2 homens que surraram a moça entram com as espadas em punho
apontando para ele. Cutucam-no forçando ele se encostar na parede.
Com um rápido movimento ele toma a espada de um derrubando-o. O
outro reage e grita apavorado.
- Socorro !- E recebe um golpe certeiro no braço armado e cai.
Homens em grande número entram na cela e ferem o negro com uma paulada na cabeça derrubando-o inconsciente.
- Poderíamos matá-lo agora - Grita um soldado
- Não !- Gritou o comandante, um homem franzino e gordo - Vai ser assado na fogueira- Cospe no negro- Maldito!- Faz sinal para todos saírem - Arrastem-no e o coloquem na cela da bruxa.
É atendido prontamente por 4 homens que saem arrastando ele até a outra cela. O homem que comanda abre a cela e eles empurram o corpo dele para dentro e trancam a porta em seguida.
A garota fica olhando para o Africano que abre os olhos e sorri dizendo
- sabia que fariam isso e por isso provoquei para vir protegê-la.
- Não preciso de proteção.
- Com esses animais ai precisa sim.
- Talvez !- respondeu a moça olhando-o dos pés a cabeça - Você
está tão encrencado como eu....- e ri - Não sei como poderia me ajudar.
- Meu nome é Leão do Saara.
- Erzsébet !- Disse ela sorrindo de novo - Vamos ser queimados como porcos malditos.
- Minha intuição fala que não, Minha cara !
- Por quê fala isso?
- Sonhei com uma tal de OCTAEDRO.
- O que é isso?
- Não sei mas,...- Sorri - Quando sonho com algo é certo que dá.
- Você é tão bruxo quanto eu.
- Não diria isso.
- Nem eu pois, bruxos não existem - fica pensativa , sorri de novo -
Apenas pessoas com sensibilidade para captar e compreender coisas além do normal. E então quando não compreendem , chamam as pessoas de bruxos e bruxas e as denigrem vergonhosamente.
- Se acham superior e salvas por seguirem ensinamentos ortodoxos e rígidos e não aceitam os ensinamentos da natureza que é Deus em essência.
- Espero que você esteja certo nas suas previsões.
- Nunca erro no que sonho...-Fica pensativo e olha bem para ela -
Além do mais, encarei um escravo que vi como mensageiro de outro rei e o achei simpático e me pareceu que o vi no sonho.
Erzsébet fica encarando ele e parece fazer uma leitura nos olhos dele. Se entreolham como se um lesse no olho do outro.