PERDIDOS NO ESPAÇO – VERSÃO DE FÃ - FINAL
PERDIDOS NO ESPAÇO – VERSÃO DE FÃ - FINAL
Paulo Sergio Larios
1
- Perigo! Perigo! – começou a gritar o robô, na frase que já era uma constante para os tripulantes da Júpiter II. Todos correram até a ponte, pois o robô fora novamente transferido para a nave, sendo retirado da mente, da capitã Lilian. Interessante foi saber, no meio de uma luta, que a capitã era também um robô. Mas ainda haviam muitas duvidas sobre Lilian, que ela não revelava e nem o robô, que agora teve acesso total aos bancos de dados de Lilian.
- O que houve? – perguntou o capitão Don West. Ele olhou para fora da nave, pelos enormes vidros e não viu nada, só a escuridão absoluta. Ainda estavam numa reunião, onde Mamãe dera de comer a todos e mandar pelo menos as crianças dormirem, tentando compreender onde estavam. O ultimo salto os lançara para fora do universo, onde não havia uma luz, um corpo celeste, nada, a não ser a escuridão que dava medo, muito medo. Ele não sabiam o que esperar.
- O que está acontecendo Walter? – perguntou o professor Robinson, também olhando junto com Lilian e Don os controles, mas quem respondera fora Penny, enquanto segurava um urso de pelúcia, enrolado num paninho, como se fosse um bebê a dormir.
- Papai, nós estamos indo mais rápido. A nave está tremendo.
Era isso mesmo, mas como era possível?
Enquanto estiveram reunidos, com o robô fazendo mil cálculos, chegaram à conclusão que a nave estava indo em linha reta, para fora do universo conhecido, pois conseguiram, com muito esforço, encontrar alguns rastros de que deixaram o universo para trás, já uns dois dias de distância. Para onde estavam exatamente indo? E agora, o que estava acontecendo?
A nave começou a acelerar, não tanto como se fossem dar um salto, mas tanto, que em instantes a nave estava tremendo toda. Havia um medo de um abalo estrutural mais profundo e a nave se partir em mil pedaços.
- O que está acontecendo robô? – perguntaram juntos John e Don.
- A nave está acelerando muito rapidamente, como se estivesse sendo empurrada, jogada para algum lugar. Nós estamos literalmente sendo expulsos do universo. Uma força desconhecida está nos empurrando para frente.
- Mas o que há à frente? – perguntou Lilian.
- Até onde meus sensores podem alcançar, não há nada.
2
O professor Robinson pensava na frase de Carl Sagan, enquanto estava deitado na sua cama: “Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma época com você.”
3
Diário de Bordo 3.0015- 012. Líder da expedição a Alpha Centauri: John Robinson.
O universo tem segredos que nós ainda não conseguimos nem imaginar que existam, para tentar entender a sua dinâmica e possível solução, se houver. Um desses mistérios é a enorme pergunta: se uma nave espacial, andasse em linha reta até o fim do universo, ou além dos seus limites, onde ela chegaria? Alguns dizem que o Universo existe como uma absurda enorme bola, ou formato redondo e se uma nave saísse em linha reta, acabaria chegando ao exato ponto de onde saiu. Mas existe a suposição também de que uma nave em linha reta chegue... a lugar algum; ou a algum ponto, além do universo, do brilho das estrelas, apenas navegando em matéria escura, até acabarem-se suas baterias. Chegamos... a Júpiter II chegou até o fim do universo; chegamos até a borda do universo, ou um pouco mais além. Estamos aprendendo a dar os Saltos no Espaço, que é como nos referimos a aceleração máxima que nos acelera além da velocidade da luz e que descobrimos que pode também nos lançar no passado e no futuro. Desde que a Júpiter II saiu da Terra, tivemos muitos contratempos, muitas vezes não tendo tempo nem para comer ou dormir. Aqui, no nada, estamos pesquisando esse singular lugar e estamos aproveitando para descansar um pouco. Como dá, do jeito que der, pois temos a impressão de quê a nave vai se romper a qualquer minuto.
O Projeto Júpiter é, ou foi, uma tentativa da humanidade para ir de encontro a um sinal de rádio que a Terra captou nos anos 60 do Séc. XX, vindo esse sinal de algum planeta de Alpha Centauri, a estrela mais próxima da Terra. Com o Projeto Júpiter nós seguiríamos numa gigantesca nave cargueiro/dormitório, com dezenas de pessoas dormindo em criogenia e seríamos acordados em Alpha Centauri.
Apenas algumas poucas pessoas, mais exatamente uma família, a minha família: Os Robinson e o Major Don West e a Capitã Lilian Saiuss estaríamos acordados, guiando a nave, apesar de não haver essa necessidade, pois a nave Júpiter, comportando duzentas famílias, algumas com um, dois, ou três filhos, perfazendo um total de pouco mais de seiscentas pessoas, estaríamos seguros pelo robô Walter, que é virtual, um software, na verdade, que é especialista em navegação espacial, tendo em seu banco de dados, todos os sistemas conhecidos do homem.
Mas desde o começo algo deu errado, a nossa nave foi sabotada e o nosso capitão original foi substituído pelo Major West, que estava preso e tirado diretamente da prisão veio nos guiar nessa importante missão. Na verdade nem sabemos direito quem é o Major West.
A capitã Lilian, é outra incógnita. Vindo junto com o Major West, ela não é o que imaginávamos a principio, ela é também um robô, humanóide. Foi muito estranho quando Walter fora transferido para Lilian. Conversávamos com o robô: Walter, que respondia com a voz de Lilian. Era estranho olhara para Lilian, uma mulher linda, com o robô dentro dela. Já mudamos isso. Agora Walter está nos controles da Júpiter II, novamente e Lilian... parece normal.
Outra incógnita é o Dr. Smith, que claramente sabotou a Júpiter; matando seiscentas pessoas e explodindo a nave. Maureen parece se entender bastante com ele, o que não sei se é bom, ou ruim. Principalmente porqueeu e ela não estamos bem já a algum tempo.
Ouve ainda um salto, que deixou Judy bastante estranha e não foi bem explicado o que aconteceu com ela. O robô alega que a idade dela foi alterada em dois anos. Judy está mais velha dois anos. Onde ela esteve durante esse salto? O que aconteceu nesse tempo?
Penny parou de ter seus pesadelos, pelo menos por hora. Ela, apesar de já ter quatorze anos, sente falta de brincar com suas bonecas e ficar em terra firme. Will parece estar bem e Don já está refeito da droga que o tal de Montgomery lhe deu.
Fizemos algumas mudanças no sistema de navegação, assim como nos sensores, ampliando a sua magnitude e sondamos o espaço à nossa frente, ou seria melhor dizer: o nada a nossa frente. Não há absolutamente sinal de nada, além, à nossa frente. Temos medo de seguir em frente e não podermos voltar mais. Temos medo de dar outro salto e irmos além no vazio e ser essa uma situação irreversível. Atrás de nós, os nossos sensores indicaram que está o universo se expandindo. Estamos tão longe que não vemos nem uma luz do universo. Will já tinha dito isso, e eu repito, estamos perdidos no espaço. Não sabemos em que localidade espacial geográfica estamos e nem em que tempo estamos. Sabemos algumas coisas, entretanto, que esse universo é o universo nosso conhecido, não é outro universo paralelo ou alguma coisa assim; o que teoricamente poderia ser. Mas agora estamos caminhando no vazio, indo não sabemos para onde. A nossa nave esta sendo empurrada para frente, e isso já a três meses.
Saímos da Terra, em direção a um som, um eco no vazio, um possível sinal de outra vida inteligente no universo. Ainda não encontramos nenhuma vida inteligente, além da humanóide. Em Lar encontramos várias espécies de animais, tanto terrestres quanto subaquáticos, mas não nos deparamos com vida inteligente alienígena até agora. Nem sabemos se existem os alienígenas. Montegomery e as moças que apareceram, não sei de onde, tinham a aparência humanóide.Até o presente momento, nem sabemos se existem alienígenas no universo. Tudo indica que não e que o universo é um aglomerado de estrelas, onde só existe vida racional no planeta Terra.
O Professor Robinson que estava registrando a sua fala no Diário de Bordo, foi interrompido pela sua filha Penny:
- Papai, mamãe está chamando para jantar!
- To indo, filha.
4
- Atenção! Atenção! Mudança anormal no vôo.
A primeira a chegar na ponte foi a capitã Lilian.
- Robô, especifique mudança anormal no vôo.
Enquanto o robô ia respondendo os outros tripulantes iam chegando à ponte. Lá fora tudo parecia a mesma coisa.
- Segundo os meus sensores, nós estivemos sendo empurrados, ou lançados para fora do universo conhecido. Parece-nos que estamos caminhando em linha reta. E com certeza estamos numa velocidade absurda. Mas nas ultimas horas, houve uma mudança imperceptível, onde nós agora estamos sendo puxados, por alguma força.
- E que força poderia ser essa? Há algum indicio? – perguntou o Major West.
- Eu diria que estamos sob a força da gravidade.
- Mas a gravidade, que eu conheço, age para baixo, nós estamos caindo? – perguntou inocentemente Penny.
- Sim, senhorita Penny, poderíamos dizer que estamos caindo.
5
- Existe alguma coisa à nossa frente Walter? – perguntou o professor Robinson.
- Só poderemos ter certeza, se daqui a exatos trinta e quatro dias encontrarmos alguma coisa.
Todos olharam para fora apreensivos. Estavam viajando quase na velocidade da luz a trinta e quatro dias, como o robô relatou, sem que vissem um único ponto conhecido lá fora. Viajavam na matéria escura, a matéria de Deus, fora dos limites do universo, além das estrelas. Assim que descobriram que a força que exercia sobre eles era independente, desligaram seus motores, mas mesmo assim a nave seguia uma rota, na qual eles não tinham controle algum. Tinham a impressão que a Júpiter II estava seguindo em linha reta, rumo ao desconhecido. Ninguém tinha idéia do que esperar, de que novas aventuras poderiam advir, ou aonde aportariam, se é que chegariam a algum lugar daqui a um mês e alguns dias. Só restava esperar, apreensivos, o que o futuro lhes reservava. A nave seguia em frente, sacolejando toda, dando a impressão que iria se despedaçar a qualquer minuto.
6
- Atenção! Atenção! Mensagem alienígena para a Júpiter II.
Chegando todos à ponte o Major Don West foi o primeiro a falar.
- Walter deixe-nos ouvir a mensagem.
“Nave desconhecida, identifique-se, senão iremos abrir fogo.”
- Walter, eu não estou vendo nada, quem está falando e de onde? – Disse Don.
- Os sensores indicam que estamos de volta ao nosso universo. O que ocorreu é que o salto nos lançou além do universo, mas como num efeito estilingue, nós fomos puxados de volta, só que em outro quadrante. Meus sensores não conseguem identificar onde estamos. Entretanto, mesmo sem ver o nosso interlocutor, sei exatamente de onde vem a mensagem.
- Sim, diga para nós. – interpôs-se o Professor Robinson.
- Uma nave espacial, do tamanho de uma lua, pouco maior do que a da Terra, está nos mandando a mensagem. A nave é desconhecida e o seu formato é um perfeito quadrado. Nesse minuto, posso afirmar que estão apontados para nós, canhões fotônicos que poderiam nos destruir duzentas vezes.
- Quem são vocês e o que querem conosco? – perguntou o Major West, com a permissão do Professor.
“Somos os Guardiões do Universo. A nossa raça monitora os limites do universo a gerações e é a primeira vez que alguma coisa vem do vazio além das estrelas. Identifiquem-se imediatamente, senão abriremos fogo.”
7
Em Luanor, um planeta em Alpha Centauri, um menino brincava com seu avô, correndo entre as mesas de mármore branco. O céu azul clarinho era lindo, quase sem nuvens naquela época do ano.
- Vovô, me deixe apertar de novo o radinho?
O radinho, a que o menino se referia era um radiotransmissor ultrapotente, que emitia sinais infravermelhos contínuos e que estava sendo testado pela força aérea do planeta, onde seu avô era um dos cientistas principais. O menino ao apertar o seu dedinho minúsculo no radinho, não ouvia nada, na verdade, mas achava bonito a luzinha vermelha que se acendia. O avô não ligava, pois até onde sabiam, não havia vida, a não ser em Luanor.