O Solitário da Lua
Os sinais não chegavam com a mesma sequência, pois, a interferência que circundava a abóboda celestial terrestre era provenientes de diversos obstáculos magnéticos e resíduos sólidos, além de dos efeitos das explosões de luzes e gases tóxicos. Outros sinais dos mais variados aparelhos eletrônicos, também, colaboravam; e tinha a grande massa gasosa de poeira tóxica que envolvia o globo terrestre. Mas, as orientações chegavam ,quando menos se esperava ,logo após o ruído : tcrahhhxztx...cruchsch...cruhiiimmm..klak,klakklat... soava a sua voz de comando.
“ As posições precisam recuar no setor X-22-GG, eles estão com maior poder de fogo. Adiante as tropas dos Tornados-Bélicos XCC-YY-GGG para a retaguarda deles. Ali estão mais fragilizados,e então, venceremos mais uma batalha, enfraquecendo-os em mais uma megalópoles.”
Um dos generais da resistência Barata obedecia sem pestaneja, pois, todas as vezes que obedeceram a voz de comando, mais uma batalha era vencida. Naquele dia, decidiu fazer uma pergunta.
“ De onde ele nos fala, onde está, e como pode saber tanto a respeito do posicionamento do inimigo?”
Então, ouvia dos seus subordinados, a velha frase, dita em tom de brincadeira: “ da lua.”
“ E, quem nos fala”?
Em,tão, lhe respondia, Adhaum III Neto – General de Comando da Guerra:
“ O Deus da lua.”
A Terceira grande Guerra
Após a grande Terceira Guerra Mundial, o planeta estava num caos infernal. Nações, outrora prósperas estavam destruídas; voltando a humanidade a um estado primitivo deplorável. Após um período de reestabelecimento estrutural,quando a atmosfera terrestre reduziu a sua contaminação das substâncias lançadas pelas bombas, em busca de uma alternativa radical para o bem-estar dos poderosos, as últimas riquezas existentes no globo foram investidas num projeto audacioso – muitos pagaram com a vida e outros perderam o pouco que lhes restara - para o seu financiamento. Após anos de buscas, enfim, a equipe de cientistas espaciais estava montada. Noite e dia, em busca da tão sonhada nave, em seguida, seria dado o passo mais audacioso, o da construção da Estação Lunar. Em um ponto perdido da Antarctica, ali estava uma estação mundial científica, que detinha os maiores conhecimentos de um século passado voltados para o desenvolvimento de novas fontes de energias nucleares – fora montada há dois séculos atrás,diziam. Não se sabia da sua localização exata, e entrar naquela região inóspita era muito mais do que suicídio. Além do frio mortal, haviam feras desconhecidas geradas pela contaminação radioativa e de outras forças energéticas criadas em usinas de produção de energias geradas a partir de partículas criadas em laboratórios de minúsculos íons conhecidos por poucos e renomados cientistas, já mortos .A humanidade havia avançado, após ter alcançado conhecimento suficiente para obter sucessivas sub-divisões do átamo. Quando este conhecimento se expandiu alcançando grande número de nações,e juntou-se a micrononatecnologia, foi o início do fim. O homem ganhou anos de vida, graças aos avanços da micron-nanomedicina . Exames precisos, desde a tenra idade, proporcionavam a prevenção de doenças e a cura dos males degenerativas, com o feito extraordinário de se poder fazer mudanças programadas no DNA. Foram criados bancos de órgãos artificiais, e a indústria destes se expandiu, proporcionando um tempo de vida de longos anos para quem pudesse pagar. As células eram estudadas e reprogramadas uma a uma. Foi o fim da calvície, dos problemas dentários e do envelhecimento da pele, a totalidade das doenças desapareceram, os defeitos físicos não mais atormentavam a humanidade, e o aumento do período de vida de um ser humano atingiu mais 200 anos. As mães programavam a beleza dos filhos, a tez,a cor dos cabelos, olhos ,estatura e até mesmo o seu nível de inteligência. Desenvolveu-se em seguida a micro-on-nanofibras, de toda ordem, incluindo a de combustível. Criou-se o combustível conhecido por Vapor – que proporcionaria ao homem, não so ir à lua mais uma vez, mas a planetas distantes do nosso Sistema Solar. Os conflitos mais uma vez surgiram entre as nações, então A Grande Guerra estourou. Uma briga pela disputa do mais precioso bem que restou para a humanidade: a água potável. Os paraísos selvagens foram invadidos, entre eles, a Amazônia, em toda a sua extensão territorial. As maiores riquezas da humanidade eram os seus bens naturais, agora, bem escassos. A guerra resultou na perda de todas as conquistas científicas da humanidade, e mais uma vez o sonho de voltar à lua e da construção da estação lunar foi adiado. Havia algo por trás desta reconquista lunar, um segredo guardado a sete chaves pelo poderosos que hoje, dominavam o planeta.
Ano de 2213
100 anos depois da guerra:
O caos, também, pode trazer oportunidades. A escassez de água potável criou novos traficantes e muitos enriqueciam comercializando o precioso líquido. O exército da nova ordem mundial, tentava, mas era difícil o policiamento da produção mundial de água. Não era diferente com os alimentos. A segurança privada formava grandes exércitos para a proteção dos que enriqueciam, graças à miséria do mundo. Levaria centenas de anos para que o globo terrestre pudesse recuperar-se totalmente da devastação da guerra. Florestas foram destruídas, rios secaram. Animais foram extintos. A poluição do ar atingiu um estágio insuportável, pois, a massa de fuligem tóxica, resultante da guerra se estabelecera na atmosfera da Terra, gerando estados de estações de calor e de chuvas ácidas. Então, os grandes líderes das nações que restaram de pé - conhecidos como Os Sete Poderes, deram uma trégua na disputa pelo que restara do planeta, e decidiram recriar a tal Estação Lunar. Pretendiam trazer o projeto de volta. Não foi uma tarefa fácil, convencer o centenário Governo Geral Planetário. Foi marcada a data para a realização da XXX Cúpula do Destino – uma reunião que acontecia a cada século para se discutir medidas para tornar o planeta melhor e recuperar as nações, proporcionando aos sobreviventes uma vida mais digna- os ricos e poderosos, que viviam em castelos cercados por elevadas muralhas e por numerosos exércitos particulares.. A reunião foi escolhida para acontecer num paraíso tropical, a ilha de Itaparica, na Bahia. Na reunião dos ricos e poderosos, na XXX Cúpula do Destino foi decidido que os Filhos dos Caos, que era a parte da humanidade mais pobre e bastante afetada pela radiação das armas químicas fosse isolada em grande desertos, impedindo a sua circulação pelo mundo. Grandes fendas, intransponíveis, até circundavam os desertos, habitadas por feras criadas em laboratórios. Eram conhecidas como Devoradores. Postos de vigilância e comando administravam os grandes desertos. Nunca mais se permitiu que um sobrevivente, dali saísse, até que um gênio havia nascido entre a massa de estropiados. Poder gerar meios para que os Filhos do Caos fossem isolados do resto do mundo teria um custo elevado. Então, foi resolvido aproveitar o grande resíduo inútil de armas letais da Guerra. Bombas foram reajustadas, armas de fogo recuperadas, e foram usadas para o extermínio em massa de parte dos Filhos do Caos, até que durasse o último cartucho. A I Cúpula, em sua primeira reunião foi acordado que os sobreviventes do planeta, restabelecendo-se a ordem mundial, não mais seria permitido o retorno da indústria das armas letais, de guerra. O acordo foi quebrado em detrimento do chamado decreto da Sétima Ordem - “ Jogar o lixo fora”- criado de forma excepcional, de última hora. De início se pensou em mantê-los nas furnas desérticas, no entanto, a maioria, desejou o seu fim. As cidades viviam infestadas pelos tais – eram os que roubavam, matavam e formavam guetos perigosos, tornando a vida nas grandes cidades num estado de pânico para o homem de bem.
Na reunião de cúpula dos Sete Grandes,conhecida como Conselho dos Sete:
- Senhores, os Baratas representam, sim perigo para o mundo. São doentes radioativos, espalham graves doenças mortais, resultantes da nanoenergia nuclear inovada, que os atingiu durante a guerra. São híbridos-mutantes. Por uma razão desconhecida, o organismo de parte da humanidade não sofreu danos mortais, porém, transformaram-se em criaturas estranhas. Podem crescer, multiplicarem-se e invadir as áreas urbanas, em breve. Fora isso, não podemos deixar surpreender, num futuro próximo por um exército enfurecido de feras bestiais que pode nos causar muito mal. Poderão formar exércitos poderosos,articulados-alguns deles são de inteligência normal, como a nossa.
Dizia, um dos consultores dos Conselho dos Sete para uma plateia reduzida. Falarei pouco, mostrarei imagens que foram feitas por uma tropa de elite do nosso exército de Linha de Frente.
O exército de Linha de Frente era composto pelos mais destacados homens, selecionados entre os mais bravos, os mais fortes e corajosos das forças mundiais. As imagens que se desenrolavam no grande telão,era de espanto e repugnância. A aparência dos estropiados beirava a monstruosidade do ser. Corpos formados com anomalias das mais bizarras. Alguns não demonstravam possuírem inteligência alguma, comportando-se como feras selvagens. Devoravam a própria cria, e viviam em constantes conflitos físicos pela divisão da alimentação e na disputa pelas fêmeas. Outros tinham o canibalismo como única fonte de alimentação. Armas rudimentares eram confeccionadas, revelando a evolução – como na idade da pedra- inexorável entre eles. Habitavam as florestas, outros as cavernas nas montanhas. Era visível a aparência híbrida. Havia a suspeita de que estavam miscigenando com as feras conhecidas como devoradores, as de menores porte.
- Algo bastante repugnante. São bestas feras...
Observou um dos componentes do conselho, confeccionando uma carranca em sua expressão facial.
- Como podem ver, senhores. Tivemos sorte. Os grandes abrigos que foram construídos pelos nossos avós para o aguardo do resfriamento da guerra nuclear, proporcionaram a sobrevivência da geração que nos gerou. Precisamos decidir que os Filhos do Caos sejam exterminados. Não há salvação para eles, nem espaço no nosso mundo. Os mais evoluídos estão na idade da pedra...
- Senhores será um erro a decisão armada. Precisamos direcionar os recursos que temos para a construção de uma tecnologia que nos permita chegar à lua, somente então, seremos vencedores.
-O Conselho dos Sete do Poder Mundial decide pela guerra contra a sub-raça. Depois da limpeza étnica, poderemos viajar.
E, assim, foi decidido o isolamento, mais o extermínio dos mais primitivos, acarretando que mais substâncias nocivas à vida no planeta se espalhasse pela crosta terrestre e na atmosfera. Foi o primeiro grande evento de guerra naquele século, onde as forças mortais da Nação Geral se posicionaram contra determinada parte da população, em movimentos de guerra. Os sobreviventes foram isolados nos grandes desertos. Alguns desceram às grandes furnas, escalando despenhadeiros infindáveis, e descobriram florestas virgens, e ali habitaram. Várias tribos foram se estabelecendo, em divisões inesgotáveis, formando diversos povos primitivos. Novas línguas foram surgindo, e de forma inexorável, a vida ressurgia entre os Baratas – que eram vistos pelos Sete Poderosos, como um povo único. Não era mais verdade. Existiam incontáveis tribos, muitas em embates de guerras, constantes entre si. Eram nômades, diversificadas em costumes, contudo, tinham um pensamento único, quando o assunto era o planeta e as áreas mais privilegiadas- as que melhor favoreciam a vida. Em diversas línguas diziam: “ a terra nos pertence, somos os seus verdadeiros donos, tomaremos o que nos pertence.”
As tribos mais conhecidas eram as do Burnas das cavernas, os Thogghs das florestas, os Burithis das montanhas, os Taghs que viviam á beira dos rios protegidos pela Ordem Mundial. E muitos outros clãs menores que se espalhavam pelo globo, nômades e de pobreza cultural. Não tinham cultos aos deuses, nem formavam famílias-eram massas perdidas de hominídeos que viviam da caça ou de frutas silvestres. Eram todos vítimas, desde gerações passadas da contaminação por parte da energia manipulada em usinas nano-atômicas.
Um deles era vigiado noite e dia. Percebeu-se que as fêmeas – as melhores da tribo – eram escolhidas por ele, então, formava um harém, onde procriava sem parar, gerando um filho a cada ano. Formou-se um pequeno exército de seus protetores e de simpatizantes. Ele criava normas de conduta. Era a Lei. Perdoava e punia, com rigor os infratores. Uma montanha inteira foi tomada para ser o seu domínio, o seu lar. Um grande exército o protegia. O seu nome era Authorr, mas ,conhecido pelos poderosos das magalópolis como Adhaum e suas Evhazs.
- Ora, senhores, não se cansem. Não dêem risada de doboche ao apresentar a este conselho, esee Barata, que chamo de Adhaum. Ele foi descoberto, não por acaso, mas, pela força dos seus hábitos e pelo poder de dominação que exerce entre muitas tribos. Ele criou uma língua. Fundou escolas para as crianças, e pasmem, senhores. As escolas possuem níveis diversificados. Os alunos são alfabetizados e passam de grau a grau até se formarem na escola de guerra.
- O que mais se sabe sobre esse tal?
- Infelizmente, senhores, perdemos os sinais. A nano-can, talvez, tenha dado defeito.
O espanto foi geral. Como haviam previstos décadas passadas. Os primitivos estavam evoluindo muito rápido e se preparando para o embate. As regiões onde habitavam ofereciam uma média de vida bastante reduzida. Um adulto morria cedo, enfermo, faminto ou abatido pelas feras selvagens – de raças diversificadas. A mortandade infantil era estupenda.
- Explica-se o fato da bigamia entre os baratas organizados, dessa forma. Muitas esposas, muitos filhos. Muitos poderão morrer, mas haverá a possibilidade de muitos sobreviventes. Adhaum programou e incentiva a bigamia na sua tribo. Faz guerras e invade muitas tribos, senhores, com o único objetivo de roubar fêmeas.
- Não acredito que seja páreo para tentar nos enfrentar. Usam armas primitivas. Temos como nos defender. O arsenal de armas letais que possuímos guardado, em segredo poderá mostrar a essas feras quem é que manda no planeta.
- Ora, a revelação que farei estará acima do demonstrativo assustador de evolução alcançado pelos Baratas e do modo de vida dos mesmos. Enviamos uma nanocan – resquício encontrado da tecnologia nos Escombros Seculares da nossa civilização.
Para espanto do expositor, a balbúrdia se estabeleceu no recinto. A muito custo o burburinho foi contido, podendo soar, de forma insistente por entre alguns, ainda vozes de espanto.
- Sabemos que é terminantemente proibido o acesso àquela região. A contaminação poderá ser muito perigosa, senhores. Não somos alvos de censura. Usamos prisioneiros condenados à mortes. Os mesmos foram treinados para tal por longos anos. Conseguiram chegar à região e, determinados e fiéis, trouxeram a peça que nos interessava.
- E qual vantagem poderá trazer tal irresponsabilidade em enviar mercenários às regiões de forte contaminação pelas energias criadas em laboratório para a última das guerras entre os homens? Sabe que uma contaminação dessa natureza poderá ser o nosso fim. Deixaremos de ser os remanescentes da espécie humana, em seu estado de pureza mais elevado. E, tem o perigo do desenvolvimento das ciências. Fala-se ao longo dos séculos que as esferas, algumas delas, foram “batizadas.”
- O quer dizer, senhor com esse tal batismo?
O silêncio ali se estabeleceu. Alguns anos se passaram.
Nos grandes centros urbanos o ar era irrespirável. Uma escuridão reinante assolava a abóboda celestial. As sirenes soavam quando mais uma tempestade de chuva ácida se pronunciava. Proscritos de todos os lugares, ali circulavam. Mulheres jovens vendiam os seus corpos, por uma bagatela. A Guarda da Ordem Municipal fazia vistas grossas para os que já podiam pagar pelos serviços sociais oferecidos pelo Paço Municipal – onde houvesse a possibilidade do lucro, o estado fechava os olhos às mais diversas irregularidades,contudo, era bastante cruel com os que representassem forte ameçava à ordem pública e ao stablishment do estado de governança estabelecido. Corpos, vítimas da violência urbana eram recolhidos pelo Serviço de Limpeza da Ordem. Uma investigação existiria, sendo a vítima figura de respeito na localidade,um bom comerciante, ou sendo um funcionário da Ordem Local. Inferninhos pipocavam por todos os becos úmidos e sombrios. Bebidas das mais diversas eram confeccionadas – quanto mais forte, melhor. Vivia, a grande maioria dos habitantes um estado de caos reinante, que os abatia. A baixa estima os atingia em cheio. O comércio mais forte era o de alimentos, acompanhado pelo de água potável. Um banho pago poderia custar pela hora da morte. Contudo, podia se perceber, que grande parte da população desenvolvia rápido processo de metamorfose que a aproximava dos animais – banho era um hábito cada vez mais raro. Surgiu a indústria dos produtos de banhos rápidos à seco. A sujeira e o mal odores era eliminados, de contra partida, produtos químicos estranhos - alguns até desconhecidos -, ou em fase de testes eram absorvidos pelos poros, ganhavam a corrente sanguínea, causando danos e mudanças genéticas. Existiam os banhos clandestinos em banheira – estavam pela hora da morte. Os locais, onde eram oferecidos eram sombrios,perigosos e frequentado pela escória social. A água era conseguida em canalizações clandestinas pelos traficantes conhecidos por Aguados. O comércio da água clandestina era um dos mais combatidos, e um dos mais milionários, perdendo apenas para o tráfico da droga conhecida por Azulina, que proporcionava ao usuário, momentos alucinantes de delírio e prazer, por dias seguidos.
“ Não estamos muito preocupados com o nosso presente, menos ainda com o nosso futuro.”
Esta frase, era comum, proferida por todos. A sociedade cidadina estava dividida entre os humanos e os baratas urbanos – era assim que eram conhecidos. A temperatura do planeta a cada ano se alterava. Cresciam as regiões de desertos. As últimas florestas estavam morrendo. As chuvas ácidas se multiplicavam. A grande sorte da humanidade, era que a natureza se renovava, resistindo às agressões feitas ao longo dos séculos, contudo, parecia o planeta estar nas últimas.
Longe das grandes metrópoles:
- Os Baratas não podem se render a ordem que governa o planeta. Tenho uma grande revelação para fazer ao meu povo. Estamos na grande Hora.
Dizia Adhaum para uma multidão de incontáveis habitantes da região. A sua frase tinha que ser repetida,e em diversas línguas para que pudesse ser ouvido por todos. Algumas tribos vieram armadas, como se tivessem saído para o combate. Outras, mandaram emissários, preservando os seus líderes e os seus guerreiros-temiam a traíção e a emboscada. Entretanto, a grande maioria que havia recebido os avisos, das mais diversas formas de sinais sonoros,com emissários enviados ou pelos céus, em forma de linguagem de fumaça, compareceram ao evento. A grande maioria, em breve, romperia a grande dificuldade da língua entre as tribos.
A esfera da sabedoria milenar de som e imagem foi exibida para todos. Os que estavam em longa distância recebiam a descrição de forma verbal, nas mais diversas línguas tribais. Alguns estavam em estado primitivo tal, que nada entenderiam.
Longe, dali, o Conselho dos Sete reúnem-se, com urgência. A decisão foi rápida e cruel. Todos os envolvidos com a operação de espionagem, enviando a chamada nanocan às regiões dos primitivos foram mortos. Uma grande descoberta chegou ao Conselho dos Sete.
A esfera escolhida continha todas as informações conquistadas pela ciência ao longo dos séculos. Conhecimentos estes, que revelavam da criação da lâmpada elétrica ao míssel. Da bicicleta ao avião à jato. Ali, estavam noções primárias que iam das mais simplórias lições de alfabetização de crianças e extraordinárias lições de ciências exatas, da matemática à física,química e nanotecnologia estendendo-se até à gigananotecnologia.
Falava-se a respeito de um posto científico que havia sido criado séculos passados para servir de museu científico para a humanidade. A história passava de pai para filho, por gerações. Estava numa região da outrora Antarctica. Os pessimistas diziam que a grande guerra o havia destruído com as bombas letais. Outros, mais sagazes, sabiam que um posto dessa natureza teria sido planejado para suportar catástrofes naturais e explosões potentes. Não foi um mistério, constatar que a esfera do conhecimento poderia, cedo ou mais tarde cair nas mãos do homem certo, escolhido ha séculos.
Um século atrás:
O desembarque dos três condenados foi feito no mais completo silêncio.
- Eles nada diziam.
- Claro que não, são robôs que vieram apenas para o nosso monitoramento.
Esse diálogo era entre dois condenados por tráfico de água potável. Gulacci, um jovem Baratara Urbano, e Thum, um fabricante de Azulina Barata, bebidas alcóolicas e cigarros.
- E o veículo que nos trouxe até aqui?
- Guiado por sinais aéreos magnéticos. Os sinais lêem o mapa pré-estabelecido na memória do computador de bordo. Não dando nenhum defeito, conduz o veículo até ao destino programado.
- As nossas amarras e algemas, também sofreram essa tal programação à distância, quando aqui chegamos, estalaram e nos libertaram.
-Sim. Vejo que nunca foi preso. Acha que precisa mais que estejamos imobilizados?
- Comecei, agora no tráfico de água potável. Tudo andava bem, estava ficando rico, até que a casa caiu. Pretendia acumular certa riqueza e ir morar no deserto.
Uma esfera equipada com uma câmera sensorial- magnética os monitorava. Receberiam orientações,e seriam guiados para o alcance do objetivo. O vento frio assolava o ambiente. Nevava sem parar. Não era possível enxergar uma palmo à distância. Os casacos e os macacões eletro-térmicos os protegiam da baixa temperatura. O frio não seria problema para a sobrevivência, enquanto os mesmos estivessem funcionando com perfeição. Então,de algum ponto do globo, a voz soou, guiando-os:
“ Atenção, senhores. Sigam a esfera-can. A mesma será atraída magneticamente para onde houver material similar ao de sua confecção. Acionamos o botão de busca. Caso desobedeçam, das duas uma: Ficarão perdidos no gelo e morrerão mais rápido, ou poderemos acionar os explosivos que se encontram colados em seus corpos,e bum: serão feitos poeira.”
- Acredita nele, e na proposta que nos fez?
- Nada, acha que desejam que sobrevivamos? Defendem os seus interesse, e so.
- Acredita, mesmo nessa história secular do tal berço do conhecimento?
Séculos passados:
“ Mediante um processo evolutivo acelerado nos mais diversos campos da ciência. O Conselho dos Conhecimentos, formado por um grupo dos mais nomeados cientistas do glogo, decidiram, que era necessário preservar os Conhecimentos do Globo. Todas as vitórias da ciência, os seus avanços e descobertas, mais a manutenção de todas as ciências desenvolvidas pela humanidade fossem protegidas e guardadas para que no futuro, o homem pudesse começar tudo de novo.”
Questionado pela imprensa e pelos educadores, esse conselho de grandes cabeças da época deu a seguinte resposta:
- Eu sou o Presidente Supremo do Conselho de Ética do Conselho dos Conhecimentos. Senhores, estamos chegando a um estado tão avançado no campo dos conhecimentos científicos que nos assusta. Tudo o que se cria é para o bem do homem e do planeta,contudo, teima-se em se fazer um desenvolvimento de armas cada vez mais potente e mais destruidoras. Desenvolve-se a indústria de guerra energética, onde a fusão do átamo junto com a nanotecnologia, e ainda mais, agora, com a gigananotecnologia, tornando o globo terrestre num barril de pólvora. Faz-se necessário a criação do museu dos conhecimentos.
- Onde ficará tal museu, excelência?
- Este é um segredo que so poderá ser revelado, após a explosão de uma guerra mundial, e quando a humanidade estiver beirando o seu fim. Doze pessoas serão escolhidas, entre as mais confiáveis da humanidade, e tal segredo passará de geração a geração.É tudo o que tenho a revelar.
Na região gelada, um século depois:
A esfera acelerou. Os dois condenados a seguiam, com dificuldade, diante do solo fofo pela neve. O vento forte, também, dificultava a locomoção.
- Veja, uma parede.
- Mas, tem uma porta sólida, de magnutum – o mais resistente dos metais já criados pelo homem em laboratório. A magnífica-nanotecnologia permitiu ao homem do passado criar novas moléculas, até mesmo de líquidos e do ar.
Para surpresa dos dois infelizes, quando a esfera soltou um zumbido,a porta se abriu. Entraram. A temperatura ambiente era agradável. Um detector de sinistro desativou de forma mecânica as bombas que estavam presas nos seus corpos. Dizia o aviso:
“ Detectado um artefato explosivo programado à distância por ondas eletromagnéticas resistentes. Informamos que os dispositivos foram desligados.”
O que se sucederia a seguir não estava nos planos do Conselho dos Sete. Os dois condenados sorriam, deliravam com algumas revelações. Custavam a acreditar nas revelações que se seguiam na tela virtual. Foram dadas todas as coordenadas, e o novo caminho a seguir.
Voltando à aldeia de Adhaum longos anos atrás:
- Apresento-lhes senhores estes dois aventureiros. Trouxeram a localização do procurado museu do conhecimento, onde se encontra reunido toda a sabedoria da humanidade. Eu estive la, e por anos seguidos, ali estudei, e pesquisei com os mais renomados mestres que a humanidade já conheceu. Não estavam em vida comigo, mas deixaram lições gravadas o bastante para que um homem como eu possa ter sido o Escolhido.
Estavam ali, reunidos os chefes tribais das aldeias que apresentavam sinais de evolução. Em número de doze. Não sabiam os mesmo, que aquela reunião não ocorria ao acaso. Descobriram, ali a revelação de que cada um tinha a programação no DNA o dna da aprendizagem feito pelos seus parentes de um passado bastante remoto, e o registro de eras passadas daqueles que foram parentes, ou pessoas próximas que os escolheu, em séculos passados para hoje, viverem tal momento.
- Mas, so por que agora?
- Não decidiram, é claro. Não tinham esse poder. A Esfera do Saber é que tem na sua programação a localização dos indivíduos indicados, programados.
- E a época exata para a sua busca?
- Sim, raciocínio perfeito.
Daquele dia em diante, as mudanças passaram a ocorrer nas aldeias. Surgiram as escolas e um novo modo de vida. Alguns insistiam em adorar a esfera como se fosse Deus. Outros adoram o próprio Adhaum como o Deus encarnado. Surgiram novas línguas e a utilização de uma língua universal entre as tribos. Dizia a esfera que a comunicação em uma língua única seria essencial para o desenvolvimento de todos, sem atraso para esta ou aquela tribo.
Passados os anos.
O Conselho dos Sete:
- Por quê foram mortos os membros da equipe que desenvolveram a espionagem aos selvagens naquela época? Perdemos as mentes mais brilhantes que conseguimos reunir neste conselho.
Indagava Solhom, Senhor Supremo a Mathis, que era o seu braço direito.
- A missão foi um fracasso. Exibiram imagens antigas. Quem guia os Baratas, agora é o bisneto de Adhaum. Os selvagens adquiriram conhecimentos supremos. Estão mais civilizados do que nós. Dominam diversas ciências, podem viver mais de 300 anos. Possuem um exército poderoso e estão fazendo manobras de guerra para nos ceifar da crosta terrestre. Adhaum não está mais entre nós.
- Você bebeu? Está delirando? Isso é uma piada?
- Não. Falo sério, senhor...Montaram gigananofábricas,principalmente de armas de guerra. Criaram escolas de estudos avançados e realizaram mudanças genéticas aceleradas nos selvagens. Alcançaram a evolução em anos, onde seria necessário levar séculos. Construíram uma nação moderna, enquanto estávamos aqui, rodeados por elevadas muralhas pensando em exterminá-los de vez. A esfera do conhecimento está há anos em seu poder. As mudanças genéticas ocorridas no seu corpo aconteceram de forma programada. Estava nos arquivos da esfera modificar àquele que a tivesse em seu poder e que oferecesse condições para tal.
- E, onde está esse tal Adhaum? Quero que o prenda e o condene á morte. Perdendo o seu líder, ganharemos a guerra. O sonho do Conselho dos Sete era partir para a lua, em seguida partir para a conquista de um novo planeta que pudéssemos recomeçar...
- Impossível, senhor prendê-lo. Ele é um obstinado. Um homem solitário.
- Como assim? Não fracassaram os nossos cientistas na construção da espaçonave e na futura montagem da Estação Lunar?
- Sim, senhor, o custo da guerra de extermínio contra os Baratas arruinou economicamente o projeto lunar que se havia planejado. Sabemos que o planeta está morrendo, e morreremos com ele...
Adhaum e sua equipe de cientistas fabricou uma espaçonave e montou na lua a tão almejada Estação Lunar. Da lua monitorará a guerra, e de la será o responsável pela reconstrução de tudo, mais uma vez. Por segurança, o próprio nos informou que foi transferido para a lua o Museu dos Conhecimentos Supremos. Ali, agora estão diversas esferas – espero, subdividiu os arquivos em 12 esferas. O mesmo nos informou por telecomincações atmosféricas.
A guerra estava declarada. Comboios gigantescos, em deslocamento cercavam as grandes metrópolis. O objetivo maior era não deixar sobreviventes entre os considerados humanos puros, de primeira linhagem. Não seria uma batalha fácil, pois, havia um grande arsenal guardado em segredo pelo Conselho dos Sete, e um exército treinado.
Da lua, o solitário Adhaum monitorava tudo e a todos. Sabia que teria poucos anos de vida, e pouco tempo para reconstruir os seus órgãos centenários, utilizado-se da ciência eletro- cibernética que criava órgãos naturais a partir de uma única célula. Contudo, havia preparado entre a sua gente, os que carregariam na sua cadeia de DNA as informações necessárias para o recomeço quando o caos mais uma vez estivesse no seu apogeu, e precisassem fazer uma viagem a lua em busca de conhecimentos. Seria necessário a formação de um conselho de 12 homens bem intencionados para que as esferas funcionassem, enquanto houvesse um, apenas um mal intencionado, não funcionaria.
Adhaum, estava sentado de sua poltrona do seu escritório na estação lunar. Recordava-se de suas muitas esposas, com saudades, os seus filhos se renovavam, garantido seus corpos com novas células,talvez,ocorresse um reencontro.Netos e bisnetos estavam na guerra. Mirava as estrelas e contentava-se com a companhia das mesmas.Não desejou perpetuar a juventude de suas esposas.Muitas eram as dores naquele tempo de cólera e guerras.As mães sofrem.Os filhos guerreiam.Os mortos são enterrados.Alguns são preservados em tubos conhecidos por ETERNOS almejando a possibilidade de um breve retorno.
Fim