Elíseo II

Olá pessoal, estou meio sumido do recanto (e principalmente sumido da parte de ficção científica do recanto), mas ao ler alguns comentários percebi que o conto Elíseo foi um dos mais discutido que tive no recanto, então senti a responsabilidade de fazer uma continuação.

Lembre-se que ficção continua não sendo minha especialidade, mas espero que se divirtam com a saga do Gláucio.

Para quem quiser ler a primeira parte (que é bem curtinha), pode acessar: http://www.recantodasletras.com.br/contosdeficcaocientifica/4016901

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Elíseo II

A viagem de Gláucio rumo a Elíseo estava para começar, mas antes precisava de alguns preparativos. Viajar a três vezes a velocidade da luz requer alguns cuidados, por isso Gláucio tratou de colar aqueles adesivos em suas têmporas para carregar suas memórias, seria bem frustrante chegar em Elíseo sem saber o que iria fazer ali.

- Tudo certo aí rapaz? – Yuri perguntou e Gláucio deu um tapinha no banco para dizer que sim. – Então vamos nessa.

Eles partiram em Light 1 e Gláucio sentia seus átomos quererem se desfazer. Os estabilizadores internos entraram em ação nesse momento, preservando sua integridade mas não sua sanidade, ainda mais quando começaram a ir mais rápido que a luz.

Era estranho aquela viagem porque os motores faziam o centro da nave ir mais rápido que suas extremidades, de modo que seus ocupantes sentiam cabeça e pés quererem se separar do tronco. Atingir Light 3 não foi suficiente para interromper a sensação já que algumas leis quânticas eram violadas naquela nave.

A viagem durou pouco mais de um ano e meio. Os estabilizadores cuidaram para que corpos e mentes dos tripulantes não se desintegrassem, mas não impediram que suas consciências começassem a surtar ao não entender como poderiam estar vivas por tanto tempo sem comer ou dormir. De qualquer forma o desconforto com relação a viagem desapareceu quando um tranco indicou que eles haviam entrado na atmosfera distorcida de Elíseo. Dessa vez os estabilizadores externos entraram em ação, sendo os responsáveis por todos permanecerem inteiros.

Quando deixaram a velocidade da luz de lado Gláucio estava com quarenta e oito anos e muito confuso sobre tudo o que acontecia, por sorte, logo em seguida, sensores liberaram os raios delta que ativaram os adesivos colados em sua testa, que agiram reativando as memórias que a luz havia roubado. Só assim Gláucio pôde aproveitar a vista.

O exterior de Elíseo era mantido por vinte e cinco octodecilhões de flutuadores, que se encarregavam de criar casualidades locais, permitindo a nave não sucumbir diante de si mesma ou de consumir 0,0021% do universo, como estudos prévios mostravam. Ao atravessarem um desses flutuadores, que se mantinha completamente escuro devido o buraco parcialmente negro ali formado, encontraram a doca onde pararam com relativa calmaria para uma viagem tão intensa.

Ao descer do veículo, Gláucio saudou Yuri, que teria mais um ano e meio em Light 3 para o caminho de volta. Ele devia estar com uns trinta anos agora e Gláucio imaginou que a viagem de volta deveria ser cuidadosamente calculada para que Yuri ainda existisse quando a nave retornasse a Andrômeda.

Assim que Yuri partiu, desaparecendo no tempo-espaço, Gláucio tomou um susto ao ver quem era seu comitê de recepção.

- Senhor Fargus! – Gláucio disse fazendo uma continência.

Fargus era ninguém mais ninguém menos que o almirante da Elíseo, pelo menos naquele setor. Pelo que Gláucio ficara sabendo, no outro extremo da nave, ainda era seu tataravô quem ditava as ordens.

- Uma honnrra rreceberr nnovoss oficiaiss. – Fargus disse com aquele estranho sotaque de Asperion. – Me ssiga, pporr favorr.

Acatando o almirante, eles se colocaram em movimento. Fargus tinha uma expressão humana apesar do excesso de pelos nas sobrancelhas, e usava um imponente manto branco que o fazia ter o dobro da largura e quase meio metro a mais que um humano. Ele caminhava com uma fluidez incrível, quase como se estivesse flutuando pelos corredores. Ao seu redor existiam os soldados de Rasalas, uns dos melhores guarda-costas do universo já que seu par extra de olhos nas têmporas permitia verem quase trezentos e sessenta graus.

- Quero dizer que estou muito feliz por estar aqui senhor. – Gláucio disse pouco depois de começarem a caminhar pelos corredores da nave. – Farei tudo que estiver ao meu alcance para ajudar.

- Tennho cerrteza que farrá. – Fargus respondeu. – Foi ppara isssso que o esscolhemoss.

- Como assim? – Gláucio perguntou confuso.

- Você foi esscolhido nnão ppor ssua forrmação essppacial meu carro, mass pporr ssuass connquisstass civiss.

Gláucio perdeu um tempo tentando entender tais palavras. A única coisa digna de nota que fizera como um civil foi um estúpido experimento de buraco de minhoca quando ainda morava perto de Netuno.

- Não entendo o que um prêmio na feira de metaciência pode significar. – Gláucio disse inocente.

- Meu carro... É isssso que vai ssalvarr a Elísseo.

Continua...

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Tentarei ser periódico, mas não garanto muito, vou prezar pela qualidade ao invés da pressa.

Obrigado a todos que leram até aqui e que sempre comentam meus contos, valeu mesmo!

E lembrando ao pessoal de SP que quinta feira, dia 25/07 agora, vai ter um evento da Semana do Livro Nacional no Hotel Tryp Higienópolis, quem quiser aparecer para um bate papo comigo e outros autores está mais do que convidado ^^

Até!

Gantz
Enviado por Gantz em 24/07/2013
Reeditado em 24/07/2013
Código do texto: T4401598
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