LATA VAZIA
Pedro um garoto sabido sempre procurava se esconder na casa da árvore. Seus pais viviam intrigados e entre si dialogavam, pois, o filho em silêncio, apresentava grandes curiosidades. Quando chegava da escola, mal engolia e já saía em disparada rumo ao seu esconderijo.
- O que você tanto faz nesta bendita árvore menino?
- Há mãe, assim que eu terminar eu te mostro!
- Quero só ver!
A irmã foi proibida de subir e abrir o alçapão.
- Aqui mulher não entra!
Sempre falava ao referir a sua irmã.
De vez em quando se ouvia uma explosão e a mãe reclamava:
- Dia desses Pedrinho ainda acaba explodindo esta casa.
- Mulher, deixa o menino, ele está instigando a sua inteligencia!
- Instigando com este barulho todo!
- Pai, me empresta a sua caixa de ferramenta!
- Pra que você quer a minha caixa de ferramenta?
- Há pai, se contar acaba a graça!
- Vê lá o que vai arrumar e cuidar bem destas ferramentas! Não quero nenhuma fora do lugar!
- Deixa comigo!
O menino pegou a caixa de ferramenta e saiu em disparada, rumo a casa da árvore. Ficou o dia todo no seu refúgio, mau saía para comer ou tomar água. Ao anoitecer a mãe comenta com a filha;
- O seu irmão está muito estrando, se enfia naquela arvore e não sai de lá nem para comer!
- A mãe deixa ele, pelo menos não fica aqui dentro aborrecendo a gente!
No outro dia ele e seus colegas de classe chegam fazendo alvoroço e sua mãe lhe pergunta;
- Que barulhada é esta Pedrinho?
- Há meus colegas vieram para me ajudar!
- Ajudar a fazer o que?
- A senhora logo logo verá.
Os colegas de classe trouxeram um carrinho cheiro de bugigangas.
- Vocês trouxeram tudo que estava na lista?
- Sim. Até máquina de solda. Acrescentou Josias.
Subiram para a casa da árvore e ali permaneceram o dia todo. Fazia tanto barulho que incomodou a mãe.
- Cruz credo parece um terremoto! Hoje a casa da árvore vai cair, ou a árvore vai ser arrancada!
Final de semana chegou e o menino todo entusiasmado e alegre.
- Tem uma surpresa para o senhor e para a mamãe!
- O que é?
perguntou a irmã desconfiada.
- Se eu contar deixa de ser surpresa.
Seus colegas de classe chegou fazendo algazarras.
- Hei fala mais baixo, vocês gritam demais! Repreendeu o pai de Pedrinho.
- É mesmo! Vamos falar mais baixinho. Acrescentou Pedro.
- Vamos subir lá na árvore e trazer a nossa obra prima.
- Você já terminou?
- Quase, está faltando somente um toque de classe.
Subiram e com Pedrinho uma lata de tinta e pincel.
- Nossa! Ficou incrível.
- Isto se mexe? Perguntou o Gustavo que estava ali pela primeira vez
- Daqui a pouco vamos ver.
- O que você usou nisto?
- Uns apetrechos que tinha aqui em casa e na casa do Josias. Engrenagens, lanterna velha, motor de ventilador e outros mais
- Tem até um aparelho de DVD aqui ó!
- Pode ver mais sem colocar as patas viu!
- Credo, isto é jeito de falar?
- Não eu estou só brincando. Não coloca as mãos não, porque a tinta tá fresca!
- Pode deixar.
Terminou de pintar todos desceram.
- Amanhã vocês vem aqui que vamos descer esta gerigonça.
- Falou. Chau. Foi saindo o Josias.
- Vou andar rápido. Minha mãe não gosta que eu me atrase para o almoço!
- Eu posso vir depois da missa! Retrucou o Gustavo.
- Pode vir. Concordou Pedrinho.
No outro dia os colegas chegaram todos de uma só vez, parecia que havia combinado.
- Vamos lá galera!
Subiram feito aranha na escada de acesso à pequena casa da árvore.
- Pedrinho pega de um lado que eu pego do outro! Exclamou o Josias.
- Eu prefiro ficar do lado de fora e pegar com cuidado para não cair.
- Então tá.
Gustavo ficou na casa segurando a corda, apoiando os colegas que desciam lentamente.
Os pais assistiam TV com a irmã de Pedrinho e o pai comentava:
- O que será que estes meninos estão aprontando!
- Tomara que eles não esteja aprontando!
- Estamos aprontando sim. Comentou Pedrinho.
- Este menino tem ouvido de lince!
- Eu quero que todos fecham os olhos!
- Pra que?
- Vocês não vão estragar a surpresa né!
Todos da sala fecharam os olhos. Pedrinho desembrulhou a surpresa e pediu para que todos abrissem os olhos. Logo que os pais abriram os olhos, fitaram aquela criação do filho.
- Olha mulher nosso filho fez um robô!
- Nossa parece de verdade? Comentou a mãe.
- Há pai é apenas uma lata vazia!
- Lata vazia que nada! Retrucou Josias.
- Mostra para eles Pedrinho!
Pedrinho pegou um controle remoto e começou a apertar os botões. A máquina começou a se mexer. Levantou e começou a andar. Foi colocado pés de geladeira, a fim de facilitar as manobras.
- Veja Mulher só falta falar!
Pedrinho apertou um botão e saiu uma vós:
- Muito prazer eu sou a Giselda, estou aqui para servir.
- O que é isso Pedrinho? Perguntou o pai.
- Há pai, coloquei aquele DVD que estava parado e pedi para o Armando gravar um CD com comandos e vós.
- Não é que este menino tem futuro! Orgulhoso o pai.
- Vamos dar para ele todas as latas vazias, quem sabe surge alguma coisa.
Todos riram e o robô imitava as risadas e daí surgiram mais risos pela sala.
J. CHAVES