Saga Novo Tempo - Prólogo Parte I
“2003”: Ano -10 a.c.T (antes do colapso da Terra)
Eu tinha apenas 15 anos quando descobri que o planeta estava entrando em um beco sem saída.
Eu sempre ouvi falar sobre o aquecimento global, buracos na camada de ozônio, derretimento das calotas polares e muitas outras coisas que para os grandes empresários e para os chefes de estado, nada significavam.
Neste ano, eu descobriria coisas realmente assustadoras.
Meu nome é Jackson, mas meus amigos me chamam só de J. Posso dizer que pertenci a uma família muito rica e meus pais eram muito influentes em Ohio, onde agente morava. Meu pai era um pesquisador renomado em todo o mundo por causa de suas descobertas sobre o aquecimento global, e é exatamente aqui que eu entro na estória.
Não diferente de anos anteriores, eu ficaria de recuperação em ciências na escola. É, eu sei que é estranho já que meu pai era um cientista, mas este é justamente o motivo. Meu pai passava muito tempo longe da gente em suas pesquisas, acho que por isso sempre odiei ciências, principalmente ciências ambientais, e este foi mais um motivo que me levou a fazer parte disso.
Para não ficar em recuperação eu teria que fazer um trabalho bem elaborado, justamente sobre o aquecimento global, o que não me agradou nem um pouco. Eu não tinha escolha, mesmo porque meus pais em casa já estavam sabendo.
Meu pai, que iria passar umas semanas no CPG (Centro de Pesquisas da Groenlândia), resolveu que eu iria passar o fim de semana lá com ele, para aprender mais sobre o assunto.
—Não adianta reclamar! –Disse ele. –Se quisesse poderia ter estudado direito.
—Mais o senhor sabe que nunca me dei bem com esta área...
—Não gostar do meu trabalho não é motivo para não gostar de ciências. Você vai! Já está decidido.
Eu sabia mesmo que não adiantava reclamar, meu pai nunca voltava atrás em nada do que dizia, era o tipo de homem difícil de “derrubar”. Depois de ele ter certeza de algo, era isso e pronto. Quem dera tê-lo aqui para me aconselhar nesta missão. Talvez fosse ele quem estivesse à frente dela.
Pegamos um vôo para o Alaska e de lá um helicóptero para o CPG, na Groenlândia. Fui direto para o alojamento, uma casa enorme, fora do CPG. Conhecia bem o lugar, quando mais novo tivemos morar dois anos aqui, aprontei muito com meus amigos, os filhos de outros pesquisadores. Não pude deixar de notar que o lugar estava muito diferente.
—Eu cresci muito ou a montanha de gelo diminuiu? –Perguntei ao meu pai.
—As duas coisas filho. Mas foi principalmente a montanha que diminuiu.
Ta certo que estávamos na estação mais quente, mas nuca tinha visto ela diminuir tanto.
—Isto é o aquecimento global. –Completou meu pai.
Então o rádio dele chamou. Era o único meio de comunicação que funcionava ali, mas era muito eficiente, ninguém podia andar se um.
—Norrinson falando. –Disse meu pai enquanto me entregava um rádio.
—Norri. É Klarc. Você deve vir à divisão ambiental o mais breve possível.
—Ok Klarc. Vou só guardar algumas coisas no alojamento.
Na hora em que entramos reconheci: Eddie e Jane.
—Não acredito que sobreviveram todo esse tempo aqui! –Falei ao vê-los.
—Ora! Se não é o J: O filho prodígio. –Disse Eddie.
—Ah nem me lembre...
—Ta de brincadeira?! Isso aqui é nossa vida. –Disse Jane.
—Se comporte aí enquanto vou deixar as coisas no quarto. –Disse meu pai.
—O que andam aprontando? Perguntei.
—Shhh... Vem até aqui. –Sussurrou Eddie
—O que há?
—Não sabemos ainda, mas estamos tentando descobrir.
—É. As coisas ficaram tensas por aqui faz alguns dias –Completou Jane.
—Deve ser por isso que meu pai foi chamado às pressas na divisão ambiental.
—Ah! É exatamente disso que precisamos.
—Como assim?
—Deixa eu te explicar. –Pediu Eddie. –Para sabermos o que está acontecendo precisamos colocar uma escuta no seu pai...
—Ta maluco?!
—Calma. Você vai entender. Disse Jane. –Eu também achei loucura no começo.
—Olha. –Continuou Eddie. –Nós ouvimos alguma coisa sobre fim da Terra...
—Ah fala sério. –Falei. –Só se ouve falar nisso. Principalmente na área ambiental.
—Daqui a dez anos?
—C... Como assim?
—Não sei. Mas precisamos saber. Se os governos estiverem planejando alguma forma de salvar algumas pessoas, acho que todos tem o direito de...
—Salvar? Vocês nem sabem direito o que ouviram.
—É por isso que precisamos colocar a escuta.
—Ah é? E porque não colocam na mãe de vocês?
—Já pensamos nisso. Mas a divisão dela é à prova de espionagem. Você sabe como a NASA é com as pesquisas espaciais.
—Já estou bem grandinho pra me meter em encrenca...
—Por favor, Jack –Disse Jane. –É a única chance que temos...
Confesso que fiquei muito balançado. Quatro anos atrás eu namorei por um ano com ela, antes de ir para Ohio. E era desse jeito que ela falava quando queria alguma coisa, claro que sempre acabávamos encrencados. Por fim acabei cedendo.
—Tudo bem, mas não me responsabilizo pelas consequências.
—Certo. Então vamos ao que interessa –Disse Eddie enquanto tirava algo do bolso. –Isso aqui é a escuta. Coloque no seu pai. Mas não deixe ele perceber e nem deixe à vista.
Nisso meu pai foi chegando à sala.
—Vamos. –Disse ele. –Você não veio aqui para se divertir.
Ao entrarmos no CPG eu percebi a correria das pessoas. Maior do que o que eu me lembrava. Fomos direto para a divisão ambiental. Foi Klarc quem nos recebeu. Eu me lembrei dele, estava bem mais velho, parecia ter envelhecido uns vinte anos.
—Graças a Deus, Norrinson. –Disse Klarc. –Isso aqui tá um inferno. Venha. Temos uma reunião urgente.
Enquanto caminhávamos ele adiantou alguma coisa. O suficiente para me deixar muito curioso.
—Nos últimos trinta dias tivemos três recordes de temperatura aqui no ártico. –Adiantou Klarc.
—Isso explica o calor infernal lá em baixou. –Brincou meu pai.
—não vai fazer piadas quando eu terminar.
—Me desculpe. Pode prosseguir.
—Bom. Numa reunião de chefes de setores, que eu lhe representei, eu vi e ouvi coisas que me deixaram muito, mas muito, amedrontado. Nós cruzamos informações de vários setores e foi notável o espanto de todos. Pois os picos de temperatura coincidiam com vários outros eventos extremos analisados nas outras divisões e chegamos a previsões desastrosas.
Neste momento chegamos à porta de uma sala. Então ele disse:
—Esta reunião é estritamente confidencial.
—Filho, vá me esperar em minha sala. –Disse meu pai.
—Claro pai. –Respondi enquanto lhe dava um abraço.
Ele achou estranho. Eu não costumava abraçá-lo, muito menos na frente dos outros, mas ele não percebeu que eu coloquei a escuta nele.