O inverso do Universo
A Teoria das Cordas havia se reafirmado e era aceita como padrão por toda a comunidade científica há mais de 350 anos. Como sempre acontece, ela veio com algumas surpresas. A partir daí, pouco se acrescentara em termos teóricos e a ciência e a tecnologia praticamente estavam agora “digerindo” a mesma e suas possibilidades.
Um pesquisador sueco, baseado nas novas fronteiras do conhecimento, tinha então elaborado um novo instrumento de pesquisa do Universo que ele havia denominado como “Beperes”. A Agência Mundial de Ciência havia aprovado sua construção e havia inúmeros deles navegando fora do sistema solar. Eles não eram telescópios enormes, eles não “viam” o Universo. O que eles faziam era “sentir”, em todos os níveis, principalmente no subatômico, todo o Cosmos.
Os resultados estavam se mostrando surpreendentes. Havia tantos dados e tantas novidades que a comunidade científica estava numa verdadeira ”festa” quântica. Nada, porém, surpreendeu mais do que a detecção da “Grande Esfera”. Ela estivera lá o tempo todo, provavelmente, mas antes não se podia perceber. Quase nas bordas do Universo observável, uma enorme bola, equivalente a pelo menos 17 sistemas solares iguais ao nosso, envolvida por uma espécie de geleia azul, extremamente brilhante. Segundo os “experts”, se uma nave espacial terráquea estivesse passando por ela, nem a notaria. Ela simplesmente “não existiria”, ela só existia para os “Beperes”. Mais surpreendentes ainda, eram os resultados da interação que o nosso sistemade “Bepertes” estava fazendo com a “Grande Esfera”. A primeira grande surpresa era que, embora ela estivesse a uma quantidade inimaginável de anos luz de distância, as “mensagens” iam e vinham em períodos de três anos – anos normais – o que era absurdo e incompreensível. “Conversávamos” com ela, como se ela fosse um ser vivo. Aparentemente a “Grande Esfera” já mandava suas mensagens “traduzidas” em “matemática” nossa, para um melhor entendimento. Ainda assim, mesmo com nossas poderosíssimas máquinas de inteligência, demoramos mais de dez anos – trabalho ininterrupto e intenso – para termos uma vaga impressão do que se tratava.
O cientista Goran, criador do sistema “Beperes” , programou uma conferência eletrônica mundial para apresentar os primeiros resultados:
-Aparentemente estamos diante de um outro Universo. Não é “paralelo”, nem nada semelhante. É como se fosse uma versão inversa do nosso. Ele se expande ao contrário, para dentro. O centro dele é o infinito. Quando mais você viaja para o centro, maior ele fica, mais ele se expande e, apesar de seu aspecto externo, ele é infinitamente maior que o nosso próprio Universo. Talvez nós e o nosso cosmos sejamos a exceção e eles sejam a regra. Quanto mais ele se “expande” para dentro, ele diminui seu “tamanho” externo – pelo menos de acordo com nossa “visão”. Ao fazê-lo, permite que o nosso Universo se expanda mais. Provavelmente quando ele se expandir de todo, ou seja, quando ele “desaparecer” para nós, haverá um Big Bang, dando origem a um outro Universo, e certamente nosso Universo também será consumido no processo. Mas isso não importa, pois muito antes, nenhum ser vivo e inteligente estará por aqui.
Ao ser perguntado se seria possível “entrar”, de alguma forma, naquele mundo, o professor explicou:
-Não, nunca. Tem outras leis da Física, outras leis naturais, outra essência.
Alguém, da antiga Rússia, perguntou:
-Já se pensou em utilizar a máquina de teletransporte para “enviar” algum ser vivo para lá? Poderíamos “ler” alguma coisa através dos resultados da operação...
-Infelizmente tentamos. A simples tentativa de enviar algo, desintegra o elemento que queremos mandar. Transforma-se numa espécie de pó subatômico, se é que podemos chamar assim. Como dissemos, são outras leis naturais, outras leis da Física, outra Física...Nem mesmo sei como foi possível detectar a “Grande Esfera”...
-Chegamos então a um ponto de impasse? É aqui que termina a nossa jornada, aqui estão as últimas fronteiras da Ciência?
-Sim, você expressou bem o que é. Agora só podemos analisar elementos secundários, aspectos não essenciais. Nada mais resta a ser feito...
Daí com um gesto, despediu-se nas telas de todos que acompanhavam aquela espécie de “entrevista coletiva” e recolheu-se para seu “escritório”. Enquanto caminhava, entretanto, murmurou para si mesmo:
- Isso, por enquanto...Vamos saber mais. Pode demorar 500 ou mil anos, mas vamos transcender mais essa barreira...
Nem ele sabia como, por isso não formalizou essa ideia na entrevista. Mas lá no fundo ele tinha essa certeza...
A Teoria das Cordas havia se reafirmado e era aceita como padrão por toda a comunidade científica há mais de 350 anos. Como sempre acontece, ela veio com algumas surpresas. A partir daí, pouco se acrescentara em termos teóricos e a ciência e a tecnologia praticamente estavam agora “digerindo” a mesma e suas possibilidades.
Um pesquisador sueco, baseado nas novas fronteiras do conhecimento, tinha então elaborado um novo instrumento de pesquisa do Universo que ele havia denominado como “Beperes”. A Agência Mundial de Ciência havia aprovado sua construção e havia inúmeros deles navegando fora do sistema solar. Eles não eram telescópios enormes, eles não “viam” o Universo. O que eles faziam era “sentir”, em todos os níveis, principalmente no subatômico, todo o Cosmos.
Os resultados estavam se mostrando surpreendentes. Havia tantos dados e tantas novidades que a comunidade científica estava numa verdadeira ”festa” quântica. Nada, porém, surpreendeu mais do que a detecção da “Grande Esfera”. Ela estivera lá o tempo todo, provavelmente, mas antes não se podia perceber. Quase nas bordas do Universo observável, uma enorme bola, equivalente a pelo menos 17 sistemas solares iguais ao nosso, envolvida por uma espécie de geleia azul, extremamente brilhante. Segundo os “experts”, se uma nave espacial terráquea estivesse passando por ela, nem a notaria. Ela simplesmente “não existiria”, ela só existia para os “Beperes”. Mais surpreendentes ainda, eram os resultados da interação que o nosso sistemade “Bepertes” estava fazendo com a “Grande Esfera”. A primeira grande surpresa era que, embora ela estivesse a uma quantidade inimaginável de anos luz de distância, as “mensagens” iam e vinham em períodos de três anos – anos normais – o que era absurdo e incompreensível. “Conversávamos” com ela, como se ela fosse um ser vivo. Aparentemente a “Grande Esfera” já mandava suas mensagens “traduzidas” em “matemática” nossa, para um melhor entendimento. Ainda assim, mesmo com nossas poderosíssimas máquinas de inteligência, demoramos mais de dez anos – trabalho ininterrupto e intenso – para termos uma vaga impressão do que se tratava.
O cientista Goran, criador do sistema “Beperes” , programou uma conferência eletrônica mundial para apresentar os primeiros resultados:
-Aparentemente estamos diante de um outro Universo. Não é “paralelo”, nem nada semelhante. É como se fosse uma versão inversa do nosso. Ele se expande ao contrário, para dentro. O centro dele é o infinito. Quando mais você viaja para o centro, maior ele fica, mais ele se expande e, apesar de seu aspecto externo, ele é infinitamente maior que o nosso próprio Universo. Talvez nós e o nosso cosmos sejamos a exceção e eles sejam a regra. Quanto mais ele se “expande” para dentro, ele diminui seu “tamanho” externo – pelo menos de acordo com nossa “visão”. Ao fazê-lo, permite que o nosso Universo se expanda mais. Provavelmente quando ele se expandir de todo, ou seja, quando ele “desaparecer” para nós, haverá um Big Bang, dando origem a um outro Universo, e certamente nosso Universo também será consumido no processo. Mas isso não importa, pois muito antes, nenhum ser vivo e inteligente estará por aqui.
Ao ser perguntado se seria possível “entrar”, de alguma forma, naquele mundo, o professor explicou:
-Não, nunca. Tem outras leis da Física, outras leis naturais, outra essência.
Alguém, da antiga Rússia, perguntou:
-Já se pensou em utilizar a máquina de teletransporte para “enviar” algum ser vivo para lá? Poderíamos “ler” alguma coisa através dos resultados da operação...
-Infelizmente tentamos. A simples tentativa de enviar algo, desintegra o elemento que queremos mandar. Transforma-se numa espécie de pó subatômico, se é que podemos chamar assim. Como dissemos, são outras leis naturais, outras leis da Física, outra Física...Nem mesmo sei como foi possível detectar a “Grande Esfera”...
-Chegamos então a um ponto de impasse? É aqui que termina a nossa jornada, aqui estão as últimas fronteiras da Ciência?
-Sim, você expressou bem o que é. Agora só podemos analisar elementos secundários, aspectos não essenciais. Nada mais resta a ser feito...
Daí com um gesto, despediu-se nas telas de todos que acompanhavam aquela espécie de “entrevista coletiva” e recolheu-se para seu “escritório”. Enquanto caminhava, entretanto, murmurou para si mesmo:
- Isso, por enquanto...Vamos saber mais. Pode demorar 500 ou mil anos, mas vamos transcender mais essa barreira...
Nem ele sabia como, por isso não formalizou essa ideia na entrevista. Mas lá no fundo ele tinha essa certeza...
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