PERDIDOS NO ESPAÇO - PARTE 5

PERDIDOS NO ESPAÇO

PROJETO JUPITER

PARTE 5

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DATA ESTELAR: 10.5.4.

Estamos a nove dias perseguindo um fantasma. Quando demos o pulo no espaço, Will e Penny sumiram. O Dr. Smith, juntamente com o robô elaboraram um programa que está rastreando um rastro subatômico que poderá ser deles. Essa é a única pista, nesse universo estranho, onde não temos certeza se o rastro é dos meus filhos, pois o rastro mostra ter mais de dez anos. O rastro nos conduz a um planeta próximo, que mostra ser habitável. Algumas químicas no ar, já sabemos, faz o nosso corpo humano ficar mais cansado do que o habitual. Maureen está se mostrando muito forte, mas sei que ela está muito sensível. Judy, Lílian e Don são jovens e estão se entendendo até que bem. O Dr. Smith é muito inteligente, já pude perceber. Ele está nos escondendo algo. Não entendo ainda porque ele colocou o artefato que acionou bombas via sinal de rádio na Júpiter. É um enigma isso, porque ele foi um dos que ajudaram a construir a Júpiter e está envolvido no projeto desde o inicio. Além da procura de Penny e Will, todos estamos de alguma maneira, procurando uma maneira de voltarmos ao nosso universo, às nossas estrelas. Se localizarmos Alpha Centauri, então localizaremos a Terra também.

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O eletrocampo fazia um zumbido, ao quebrar, literalmente, as moléculas do corpo, para poder teletransportá-los à nave e reagrupá-los. Will e Penny estavam diferentes, mais velhos, conforme os dados do robô, em pouco mais de dez anos. Mas não era só isso, não estavam mudados só na aparência física, eles pareciam diferentes, mais ariscos, desconfiados, mais brutos, perigosos. Penny transformara-se numa linda mulher. Alta e com os cabelos longos e pretos, as suas roupas eram feitas de couro de animal. Com a pele morena e saudável, ela mostrava força e vigor. Will transformara-se num jovem louro, alto e muito forte. Todos notaram que Penny, meio que se escondia atrás de Will, bem próxima à ele, com certeza ele a defendera, sabe-se lá do quê.

- Will? – disse Maureen se aproximando, meio ressabiada.

- Como vai mamãe? – Will parecia muito distante.

Penny por outro lado se adiantou.

- Mamãe, eu pensei que nunca mais os ia ver. – disse abraçando a mãe. – Oh, papai, que saudades. Judy.

- Que lindo, um momento de amor! – disse o Dr. Smith, zombando.

Will aproximou-se tão perto do rosto do Dr. Smith, olhando-o no profundo dos seus olhos, que o Professor Robinson teve que separa-los imediatamente, prevendo algo ruim.

- Will e Penny, venham comigo, vamos à sala de refeição comer alguma coisa, enquanto vocês nos dizem o que aconteceu. A dez dias atrás entramos nesse universo e desde então estamos procurando um rastro subatômico que nos levou até vocês, mas você e Penny estão com a aparência de estarem mais velhos.

- Olá jovem Will, como está? – disse cortês, com a voz alegre o robô. Will deu um leve sorriso, enquanto todos iam para a sala de refeições.

- Estava com saudades de você também robô. Você joga xadrez ainda?

- Sim Sr. Will, terei o imenso prazer de perder uma partida para o Senhor, mas não deixarei que seja tão fácil dessa vez. – Will, sabia-se, fora a única pessoa no mundo, que conseguira vencer o robô Walter, duas vezes.

- Eu estou meio desacostumado, mas acho que poderei vencer você Walter. Não brinca comigo.

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Depois da refeição, Will e Penny começaram a falar o que lhes aconteceu.

- Mamãe, a quanto tempo não como uma comida tão saborosa. Senti falta, principalmente dos doces e dos temperos, que não existiam no planeta. – disse Penny, já com o uniforme abóbora, usado por todos.

- É mamãe, eu também não posso reclamar dessa comida sintética, pois está deliciosa. Apesar de quê Penny aprendeu a cozinhar porco muito bem.

- Existiam porcos no planeta? – perguntou Judy.

- Porcos não – disse Penny -, mas um animalzinho pequeno que o apelidamos assim.

- Muito curioso. – observou o Dr. Smith.

- Mas diga-nos Will, o que aconteceu com vocês, quando demos o salto, até agora. Parece que tantos anos se passaram, e para nós foram apenas dez dias. – perguntou o Dr. Robinson.

Will pegou o copo bem lentamente e o foi subindo de encontro a sua boca. Bebendo de um gole, começou, pigarreando.

- Quando nós aceleramos a nave, eu senti um formigamento no corpo e uma dor muito forte. No mesmo instante eu me senti caindo, sem peso, até começar a adqurir peso e entender que não estava mais na Júpiter II, mas no planeta que chamamos de Lar. Imagino que Penny, fora tragada pela mesma força cósmica e acabou me ``seguindo``, até Lar.

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Caímos num planeta estranho, sem tecnologia, sem experiência. Eu e Penny éramos jovens demais e tivemos que aprender a vivermos a principio em cavernas. O planeta hostil, acabou virando o nosso lar, onde imaginávamos que nunca mais sairíamos de lá. Fomos teletransportados para um zona mais perto dos pólos, por isso mesmo muito gelada. Não tínhamos roupas apropriadas e nem comida. Eu e Penny para nos aquentarmos dormíamos abraçados. Eu tinha doze anos quando fomos para Lar e Penny quatorze. Bebíamos a água do gelo derretida, que tem um gosto estranho. Andávamos em direção ao equador, procurando sair das planícies geladas e áridas, onde durante dias e dias só víamos gelo. Um dia um animal marinho gigantesco emergiu de um rio gelado e tentou nos comer. Durante quase uma semana fugimos dia e noite desse animal meio peixe. De alguma maneira ele me lembrava uma corsa gigante. Só conseguimos mata-lo quando as primeiras folhagens começaram a aparecer no fim da planície gelada. Eu e Penny conseguimos fazer uma armadilha, numa enorme depressão que achamos, com estacas, tiradas das árvores, onde apontamos com pedra e conseguimos atrai-lo até ali.

Eu e Penny tínhamos emagrecido muito nesses dias de tanta provação. Logo veio a idéia de cortar o animal e tentar comer. Encontramos uma caverna e ficamos comendo a carne do animal durante quase um mês. Não era muito saborosa, mas aprendemos a temperar com algumas folhas cheirosas, o que a fez mais palatável. Usamos a sua pele para fabricarmos calçados, calças e blusas; assim como também bolsas e um cobertor. Mas tínhamos a necessidade de irmos a algum lugar mais quente e quem sabe achar alguma maneira de sair dali. Imaginávamos à época que a Júpiter II caíra no planeta e que nós tínhamos sido jogados de lá de alguma maneira. Nos provemos da quantidade de carne que poderíamos levar, assim como de água e seguimos em direção às montanhas quentes.

Durante três anos ficamos procurando a Júpiter II, onde acreditávamos que ela deveria estar. Mas a necessidade nos fez desistir e seguimos a nossa vida avante. Só havia nós dois no planeta. Só eu e Penny éramos humanos. Encontramos vários animais, alguns muito ferozes e outros mais pacíficos. Com o tempo fizemos uma casa muito robusta, no alto de uma montanha, onde podíamos ver o vale lá embaixo, assim como um rio que do seu lado direito nos mostrava o nascer quente do nosso Sol. Imaginávamos que nunca mais sairíamos de lá. Não tínhamos mais esperanças. Só vivíamos um dia por vez.

Apesar de nunca desistirmos, de um dia acharmos a Júpiter II e a nossa família, vivíamos agora mais acomodados. Eu só contava com a Penny e sabia que ela só tinha a mim. Não fazíamos nada separados, não confiávamos no planeta e nem em seus habitantes. Mas aprendemos a amar o planeta e a felicidade que ele nos trazia. Acostumávamos com o nosso destino. Eu posso dizer que vivemos felizes durante esses anos todos.

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Na hora de dormir, Penny resistiu um pouco, pois queria ficar próxima a Will. Judy sentia dó, pois eles ficaram muito bonitos, fortes, ágeis, mas também brutos e meio calados. O Dr. Robinson pediu que o robô confirmasse se eram realmente eles e todos os testes deram positivo: eram Will e Penny realmente, porém uns dez anos mais velhos.

Penny dormia um sono agitado, remexendo-se para todos os lados, não permitindo que Lílian e Judy dormissem. Apesar de quê após a entrada nesse sistema solar, Judy dormia pouco, pois vinha sentindo dores muito fortes e se recusava a fazer exames, dizendo que não era nada.

Elas foram até o quarto de Maureen e lhe disseram o que acontecia.

Na mesma hora Don bateu na porta do quarto.

- John, eu preciso que você venha comigo. Will...

- Maureen vá ver a Penny. – e saiu com o Major West.

No laboratório, no andar mais baixo da nave Will estava altamente alterado. Gritando coisas meio inteligíveis com o Dr. Smith, agitava muito o corpo. Afastado dos dois o Dr. Robinson falou com Don.

- O que você acha? Me parece que ele está sofrendo de abstinência de drogas. – disse arqueando uma sobrancelha.

Não houve tempo de Don responder quando Lílian veio correndo avisar que Penny estava irrascível e tinha ferido Judy.

- Don, pegue a pistola e coloque para tonteio e depois prenda Will, até fazermos alguns exames.Vamos Lílian, ver Penny.

Próximo à porta John ouvia Penny gritar:

- ... eu não vou permitir que vocês façam isso. Eu e Will ficamos tantos anos juntos, dependendo um do outro e onde você estava mamãe? Onde estavam todos vocês? O que é que querem afinal, nos levar à Terra? A Terra é um planeta perdido, estamos em outro universo, talvez até em outro tempo no espaço e eu e Will só queríamos viver em paz, as nossas vidas. Ninguém vai nos separar, nem vocês.

John interrompeu o desvario de Penny com um tiro de laser. O que ela dizia fez com que o Dr. Robinson deixasse uma lágrima escorrer pelo seu rosto. Nunca imaginaria atirar em nenhum dos seus filhos, muito menos em Penny, que desde que nascera sempre fora meio problemática. Penny era meio diferente dos demais, ela tinha “alguma coisa”.

Judy fizera muitos exames em Will e Penny, que estavam sob o efeito de um calmante, mas ainda assim estavam muito agitados. Mas enquanto os examinava Judy desmaiou e passou a ser medicada também. Apreensivos, todos esperavam os resultados, para saber como agir. Uma coisa era certa, no tempo em que Will e Penny ficaram no planeta, não se sabe desde quando, mas eles viviam como um casal. Will amava Penny que o amava também. Eles queriam voltar ao planeta e continuar as suas vidas lá. Will pedira para que dessem condições para que uma base fosse instalada ali, com melhores recursos, pois a sua vontade era ficar com Penny. Os dois se recusavam a dizer se Penny alguma vez ficara grávida de Will e se nascera alguma criança. O robô rastreara o planeta e não achou nenhuma vida human. Haviam vários animais estranhos, entretanto.

- Dr. Robinson, o diagnóstico de Will, Penny e Judy está concluído. – disse o robô.

- Então diga-nos Walter, pois precisamos saber.

- Will e Penny estão sob efeito do clima do planeta, que tem substâncias nocivas à vida humana. Eles estão viciados com o ar do planeta, com seus metais pesados.

- Tem como sintetizar algum antídoto?

- Sinto muito Dr. Robinson, mas ou eles voltam para o planeta e acabam morrendo devido ao ar em seu sangue, em alguns anos, ou então eles morrerão, por abstinência em alguns dias.

- Quanto tempo nós temos até que... – perguntou Maureen, muito abatida.

- Alguns dias, talvez algumas horas. – respondeu pesaroso o robô.

Todos ficaram silenciosos.

- Eu ainda tenho o resultado da senhorita Judy. – disse novamente o robô.

- Sim, o que é que ela tem? – dessa vez perguntou o Major West, sob o olhar fixo de Lílian.

- A senhorita Judy recusava-se a fazer exames sobre a sua saúde, como eu mesmo lhe pedi algumas vezes. Agora temos a constatação de que quando nós demos o pulo no espaço, algo aconteceu com a senhorita Judy, que sumiu durante o tempo exato de dois segundos. Rastreei todos os meus bancos de dados e os dados foram confirmados. A senhorita Judy está mais velha em sua constituição física e psíquica em aproximadamente dois anos.

- Mas isso ainda não explica porque ela vem passando mal fisicamente todos esses dias, ou o seu desmaio agora. – falava intrigada Maureen novamente.

- Sra. Robinson, a senhorita Judy está grávida. Ela não estava antes de sumir o que para nós foram dois segundos, mas ela voltou, grávida.

Continua...

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Paulo Sergio Larios

pslarios
Enviado por pslarios em 02/05/2013
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