PERDIDOS NO ESPAÇO - PARTE 3
PERDIDOS NO ESPAÇO
PROJETO JUPITER – PARTE 3
PAULO SERGIO LARIOS
7
Quem olhasse de longe, veria uma nave bêbada, girando embriagada, à deriva. Era mais um corpo celeste, jogado no céu de Deus. O silêncio do espaço era como o abandono do amor: nada resta, nada sobrevive. A única coisa que denunciava o que estava acontecendo com a Júpiter é que de um de seus lados fumaça e fogo apareceram no vazio durante um instante e fez brilhar a matéria negra, um som oco no vácuo. Objetos indetectáveis estavam fugindo da nave, lentamente.
Dentro da nave, os tripulantes levaram um chacoalhão muito grande, que quase partiu a nave em duas.
- O que aconteceu Walter? – Disse o Professor Robinson, enquanto ele e Don apagavam com extintores alguns painéis que pegaram fogo.
- Detectei que um sinal fora mandado a nave Júpiter II, que acionou explosivos que estavam no compartimento E, que se localiza mais ou menos no meio da nave. A intenção, parece-nos, era quebrar a nave em duas, e quase conseguiram. A Júpiter está inoperante.
- Qual será nosso plano de fuga, então Walter? – perguntou o Major West.
- Aconselho a todos entrarem na Júpiter II e voltarmos à Terra. Com a sua permissão Dr. Robinson, eu já estou fazendo downloads dos meus bancos de dados e estou me mudando para os computadores da nave.
- Não podemos fazer nada pela Júpiter? E as pessoas que estão aqui? – Robinson se referia às duzentas famílias que estavam congeladas em câmaras de hibernação e que seriam os novos habitantes do planeta.
- Conforme examinei o sinal saído da Júpiter II, constatei que existem ainda muitas outras bombas plantadas nessa nave e que acredito que serão acionadas em determinadas seqüências. O melhor a fazer, a respeito das famílias que vão conosco é voltarmos para a Terra e tentar mandar outra nave para salvar os sobreviventes. Nós estamos a 37 horas desde o lançamento, será bom saber o que o Controle os oriente a fazer.
- E porque deveremos voltar a Júpiter II se tem uma bomba lá? – disse preocupada Maureen, enquanto já ia puxando Penny e Wil.
- Não Sra. Robinson, não há nenhuma bomba detectável na Júpiter II, mas um sinal de rádio foi mandado de lá. Já rastreei com Raio-X e descobri um pequeno artefato, estranho à configuração original da nave. Assim como também descobri que existe um novo tripulante, escondido num dos armários da Júpiter II.
- E quem é esse tripulante? – disse o Major West, sob os olhares da capitã Lílian.
- Ele é o Dr. Zachari Smith, um dos nossos inúmeros cientistas. Tudo leva a crer, que foi ele quem colocou o artefato no painel.
Todos correram pelos infindáveis corredores da imensa nave cargueiro e quando já estavam quase chegando no hangar da Júpiter II, uma nova explosão fez a nave tremer novamente. Durante um instante eterno a nave ficou totalmente às escuras, retornando a luz agora deficiente, ora acendendo ora apagando, mais na penumbra do que claro.
Enquanto corriam o Prof. Robinson perguntou ao robô:
- Walter, porque devemos ir para a Júpiter II e não outra nave?
- Porque a única que está pronta para vôo instantâneo é a Júpiter II. Aconselho a levarmos o Carro também, pois o sinal da Terra não está muito claro, caso haja a eventualidade remota de descermos em algum planeta.
Bom, na duvida Don e o Professor foram atrás do Carro para levarem na Júpiter II, enquanto o restante do grupo se alojava na nave. Quando Don e o Professor entraram na Ponte de Comando do disco voador, Lílian estava apontando sua arma para o tripulante escondido, enquanto esticava a mão, mostrando o pequeno artefato que fez explodir a Júpiter e matar, sabe-se lá quantas vidas, até o momento.
- Depois nós vamos conversar Dr. Smith, primeiro vamos sair daqui. –disse o Dr. Robinson, o líder do grupo. Nesse momento, como que uma aura saia dele, emanava, contagiando a todos.
A nave decolou em meio a explosões, mas Will estava olhando, mas não estava vendo as explosões, ele pensava no que o robô lhes disse, sore a outra nave não estar pronta, não poderia ser verdade, mas se não era verdade, então o robô mentiu. Porquê mentiria? E... robô mente? Que possibilidade existia em que precisariam usar o carro? Se estavam a menos de dois dias da Terra, porque desceriam em algum planeta? O robô deixara algumas questões abertas, que Will não engoliu direito, enquanto olhava pelo vidro à prova de quase tudo, as explosões que davam na nave que estava ficando cada vez mais longe.
8
O caminho para casa era em frente. Era só seguir e deixar-se levar pelo vento. Quem olhasse pelas escotilhas da nave veria as estrelas se movimentando muito lentamente. O avanço da Júpiter II lembrava os primeiros desbravadores saindo em seus enormes barcos, singrando os mares em direção ao desconhecido.
O Dr. Robinson e o Major West já tinham planejado interrogar o Dr. Smith, logo após vários procedimentos que estavam realizando, para que não houvessem dissabores, ou surpresas, no caminho pra casa.
Quase uma hora após deixarem a Júpiter explodindo; estando o restante da tripulação mais acomodada: Maureen, com Judy estavam organizando onde todos dormiriam e em que quartos ficariam. Will ficaria com Don, Judy, Penny e Lílian ficariam no mesmo quarto, Maureen e John juntos e o Dr. Smith ficaria só, num outro quarto, trancado por fora. Quando o Professor e o Major foram interrogar Smith, deixaram a capitã Lílian, sentada, nos controles da nave.
- Senhorita Lílian? Ecoou baixo o som do robô Walter.
- Sim Walter, o que é? – disse mexendo em painéis, enquanto rabiscava algo numa prancheta.
- Me desculpe a descrição, mas o seu nome não aparece exatamente nos registros da Terra.
- Como assim Walter? – disse já largando a prancheta para prestar atenção no robô. Será que ele tinha descoberto alguma coisa, ou era só especulação.
- Tenho que admitir que até tentaram criar uma genealogia para a senhorita, mas ela fica muito inconsistente a partir da terceira geração passada. Além disso existem muitas brechas em suas qualificações, documentos que não se cruzam na Força Aérea, ou na Marinha.
- De repente poderá ser algum erro em algum computador, não é mesmo Walter?
- Não senhorita, creio que a senhora não é quem diz ser. Mas também encontrei alguns arquivos secretos dizendo quem a senhorita poderá ser.
- E quem sou eu, Walter? Se não sou quem digo que sou? – Lilian estava irritada.
Nesse momento Will entrou na sala e falou alguma coisa sobre Lílian ir comer alguma coisa. Lílian ficou pensando depois, até onde o menino ouvira, pois ele era reconhecidamente um gênio na terra.
9
Enquanto O Major e o Dr. Robinson interrogavam ao Dr. Smith, a família jantou e logo após foram dormir um pouco. O que demorou quinze minutos, pois Penny gritava alucinada, tendo mais um pesadelo. As opções sobre Penny a desqualificavam totalmente para o Projeto Júpiter de colonização de outro planeta, mas Maureen batera o pé dizendo que não iria sem a sua filha de maneira alguma. John e o restante da família também disseram o mesmo. O Controle teve que treinar o melhor possível a menina, além de chamar os melhores psicólogos do mundo, para trata-la, até mesmo tentando medicina alternativa, mas o diagnóstico impossível era um só, ela era doente, com uma doença que eles não compreendiam, Penny era sensitiva e tinha transes, quase sempre muito traumáticos. E segundo a família, eles aconteciam. Penny era o que os Antigos chamavam de Profeta.
O som de Penny gritando fez com que o Professor e viesse imediatamente ver o que estava acontecendo, deixando o Major West com o Dr. Smith.
Chegando à porta do quarto, John Robinson congelou, ao ouvir a sua filha falando num dialeto estranho e traduzindo-o, aos gritos, num transe, no qual balançava a linda cabeleira preta, os cabelos escondendo o seu lindo rosto adolescente, sentada na beirada da cama.
- Will quer matá-lo, papai! Will quer matá-lo, papai! ...
Nesse momento um outro barulho dominava a nave. Pareciam coisas quebrando, ou sendo quebradas. Enquanto Maureen e Judy e Will estavam com Penny, John correu até o laboratório, onde estava o Dr. Smith e o Major West. Ao abrir a porta corrediça, com um toque da mão na parede, John viu os dois se atracando ferozmente. O Major e o Dr. Smith estavam brigando. O Major era superior em técnica de lutas do que o Dr. Mas esse não estava fazendo feio, alguma coisa ele sabia.
- Parem com isso, o que está acontecendo aqui? – conseguiu gritar o Professor Robinson.
- O Dr. Smith não está contando tudo o que sabe. Quem são as pessoas que o mandaram sabotar a nave? Quem é você na verdade? Um espião? – disse com raiva o Major West, que estava jogado a um canto da sala, machucado.
- Eu lhe disse tudo o que você deve saber Major. Eu só quero voltar para a Terra. Que eu seja julgado lá, que seja, mas só quero voltar. De preferência vivo.
De repente John notou que Penny, afinal estava quieta. Maureen deve tê-la acalmado.
Era estranho aquele momento, era como uma suspensão do tempo, em que você sabe que logo após uma calmaria algo muito grave vai acontecer, era como um pressentimento. E não durou muito para a calmaria ser quebrada.
- Perigo! Perigo! – gritava o Robô da nave.
Todos correram para a ponte, mas no meio do caminho O Major e o Dr. Robinson viram que a capitã Lilian, que estava nos comandos, fazia manobras estranhas e numa delas, a nave guinou para a esquerda, jogando a todos no chão. Acelerados, do jeito que estavam, o Major percebera em instantes que Lilian os estava desviando da Terra. O que ela estava fazendo, pra onde estavam indo?
O Major West conseguiu chegar até a cadeira da moça e a agarrou pelos braços, tirando-os à força. John viu estupefato, Lilian sacar a sua arma de laser e atirar no Major, jogando-o à uns três metros para trás.
Da forma que ele caiu, Judy percebeu, que estava morto, pois uma mancha vermelha estava no seu peito, assim como uma fumaça saia de lá.
- Você o matou, você o matou! – gritou Judy contra a capitã Lilian, que nesse minuto apontava a arma para todos.
- Perigo! Perigo! – gritava o robô.
Continua...