PERDIDOS NO ESPAÇO - PROJETO JUPITER - PARTE 1
PERDIDOS NO ESPAÇO
PROJETO JUPITER
PARTE 1
1
Há vida em outros planetas? Essa é uma pergunta que vem acompanhando a humanidade há muito tempo. Existem indícios no nosso planeta de que sim, há vida inteligente em algum lugar, lá fora. Em 1961 a NASA detectou fracos sinais de radio oriundos de Alpha Centauri, com o tempo passando foram feitos mais e melhores testes, que comprovou que havia alguma coisa lá. Muito além da curiosidade cientifica, a III Guerra Mundial que já durava nove anos em 2059, engolfava quase todos os paises, o desastre era iminente. Mas desde 2030 um projeto ultra-secreto foi posto em funcionamento e agora estava pronto, ou quase, era o Projeto Júpiter, que levaria humanos até Alpha Centauri, a um exoplaneta que abrigava as condições para a vida humana.
John Robinson o cientista chefe do projeto e o general Mark Willis, que era o piloto principal da nave, estavam numa coletiva à imprensa que sempre desconfiou que os politicos não diziam tudo o que o projeto Júpiter significava.
O salão era grande e no fundo, distribuídos em várias mesas estavam John, Mark e vários outros técnicos envolvidos, assim como políticos, astronautas e desenhistas de todos os maquinários. A entrevista durou duas horas.
- John – disse Mark – você quer tomar um café comigo, ou jantar, temos ainda algumas coisas a discutir.
- Mark, eu estou muito cansado – disse enquanto caminhavam pelo corredor lateral que iria dar na rua. – Eu vou ver como está minha familia. Fazem dois dias que não vou pra casa.
O que ocorreu a seguir foi muito rápido. Mark se jogou em cima de John Robinson que caiu machucando as costas. Um barulho oco ecoou no ar, como o som de alguma coisa explodindo. Vários tiros foram disparados e John agarrado pelos braços e arrastado até um dos carros que saiu flutuando à toda velocidade, ao complexo Newman, onde haveria segurança. Enquanto era puxado com força, John viu que Mark estava morto, no chão frio.
2
A familia Robinson estava num dos apartamentos grandes do complexo, e com eles diversos homens de paletó, espalhados, quando entrou com estardalhaço o General Ross Cartum, a quem o Dr. Robinson deveria se reportar. Atrás de si estava o Major Don West, a quem o Dr Robinson conhecia apenas pelos noticiários e uma moça, muito jovem e muito bonita. Maureen remexeu-se na cadeira, olhando inquisidora para o seu marido.
- Dr. Robinson, vejo que já o instalaram. Espero que estejam todos bem, pois temos noticias urgentes. – disse o General Ross, sentando-se, enquanto acenava para um dos guardas para que lhe servisse algo para beber.
- Acredito, General, que precisemos conversar em particular, sobre que rumos a missão deva dar, daqui pra frente. – Falhou baixo o Dr. Robinson, mais para que o Major Don West não ouvisse, os outros fora os guardas, eram seus familiares. Na sala estavam ainda Penny, a caçula, de cabelos pretos, com 12 anos, Wil, um gênio mirim, com 13 anos, Judy com 20 era também cientista, como o pai, Maureen, sua esposa, estava com 37 anos, de grande cultura era professora de Psicologia na faculdade, John estava com 40 anos, nesta data, ele era o principal cientista envolvido no projeto.
O Major Don West ouvira o comentário mas se restringira a apenas olhar de modo ameaçador para o Professor Robinson.
Depois que um guarda entregou uma bandeja com alguns quitutes muito pequenos, que não alimentavam de verdade, para o General, ele disse a todos:
- Bom... gente. Nós precisamos conversar algo. O Major West será o novo piloto da Missão Júpiter. – Havia um certo medo em falar sobre isso, pois o Major West saira da prisão diretamente para essa reunião.
- General Ross – disse o Dr. Robinson. – Nós acabamos de ouvir na TV que o espião que atirou no Capitão Mark e o matou, era o pai de Don West. – falou exaltado o Dr. Robinson.
- É a minha família que vai nesse vôo de oitenta e cinco anos, no qual, quando retornamos nenhuma pessoa dessa geração estará viva. De tantos pilotos porque exatamente esse moço deva ser o escolhido para essa tão perigosa missão?
- General Ross – disse Maureen -, o major West, que está aqui à nossa frente é mesmo filho do assassino do capitão Mark?
Ross respondeu num tom meio baixo.
- Sim Dra., infelizmente o espião que matou Mark era pai do major West, mas temos razões absolutas para crer que ele é a pessoa indicada nesse momento para pilotar a Júpiter.
- Mark acabou de falecer, e nós tínhamos pilotos reservas, para qualquer eventualidade, e onde estão esses homens agora? – disse enquanto levantava-se o Dr. Robinson. – De qualquer maneira a nave só vai decolar daqui a meses, acredito que outro poderá entrar em forma e ser-lhes dada as ultimas instruções.
- Não Dr. – disse o General levantando-se. – Não temos tempo, a nave vai partir imediatamente.
Ouve com essa afirmação um burburinho, no qual todos da família Robinson reclamaram.
- Calma! – Disse o Dr. Robinson levantando os braços. – Porque devemos partir imediatamente, ainda existem ajustes e checagens que precisam serem feitas.
- John, a sua vida corre perigo. O professor Brent West não era inimigo, como a TV disse, mas ele era um dos matemáticos da nossa missão. Não entendemos porque ele fez aquilo. Sabemos que a sua intenção era matar você e não o piloto. E sabemos que outros virão e tentarão mata-lo e ai a missão poderá ser toda ela comprometida. Acreditamos que fosse melhor com que você decolassem imediatamente, ainda hoje, de madrugada, do que esperar os meses que faltam. São quase meio ano, ainda, para que cálculos, que já vimos e revimos tantas vezes possam serem confirmados, de novo. O major West sempre foi um sério candidato a pilotar a Júpiter...
- Mas, me diga então, General, porque os jornais diziam que ele estava preso? Se me lembro a sua acusação era de assassinato, também, assim como a do seu pai. – interrompeu Maureen.
Foi o próprio Major West quem adiantando-se um passo à frente disse:
- Senhora Robinson, os fatos que estão ocorrendo são muito estranhos não só para a senhora, mas para mim também. Eu estava preso porque um homem tentou matar o meu pai e eu acabei atirando nele numa briga que tivemos dentro do laboratório. Eu não sei quem era aquele homem e o meu pai não me quis dizer. Quando vi já estava preso, pois o homem em questão era um dos operadores dos computadores da base e fui acusado, assim como o meu pai de espionagem.
- Porque o seu pai tentou matar o meu? – disse o jovem Will Robinson.
- Eu não sei. Will, não é?
- Nós nos opomos à sua escolha, General. – falou decidido o Dr. Robinson. – O major West e seu pai são assassinos confessos, que mataram gente do projeto e agora você quer nos deixar numa nave, num projeto tão importante para toda a humanidade com ele?
Foi tão rápido o soco que o major West deu no professor Robinson que não ouve como se desviar. O professor caiu de costas, no sofá, sobre Penny e Judy. Os guardas imediatamente seguraram o major West. Alguns lhe apontavam armas.
- Não me chame de assassino de novo professor, ou vai se arrepender.
- Parem, parem vocês. – gritou o General enquanto eles se levantavam. – Nós... O alto escalão já decidiu que o major West irá pilotar a nave, mas ele não irá só, temos uma co-piloto, a senhorita Lílian Cartwright.
Agora era a vez de Will falar:
- Eu estudei sobre todos os pilotos e até sobre os possíveis pilotos da missão e não vi em lugar algum o nome da senhorita Lílian, quem é ela, de onde ela veio?
Maureen acreditava muito no filho e a sua pergunta era muito interessante.
- Quem é ela General? – perguntou agora Maureen.
- A senhorita Lílian sempre esteve treinando conosco, mas não aqui neste complexo. Garanto-lhes que ela é altamente capacitada para a missão. É só o que posso dizer de momento.
3
- Smith? Dr. Smith? – disse a voz do outro lado do telefone.
Era estranho o telefone tocar exatamente na hora em que ele acabara de chegar, e onde estava Vívara, sua esposa? O apartamento grande e luxuoso no quinto andar, era bastante amplo e ele procurou em todo ele, mas logo percebeu que ela não estava. Mais estranho era constatar que haviam alguns móveis revirados na sala e corredor e o cheiro azedo de cigarro barato no ar.
Foi por falta de opção que ele atendeu o telefone que tocou minutos depois que ele entrou no apartamento e no mesmo instante, em que atordoado, percebeu que ela não estava ali. Seu pensamento tentou se dividir entre o telefone que não parava de tocar e o bebê.
- Sim? Quem está falando? – disse ele ainda olhando pelos cantos da casa para ver se ela aparecia.
- Meu caro Dr. Smith, nós estamos com a sua esposa e a libertaremos mediante um pequeno favor seu.
De repente parece que o ar sumiu, uma leve tontura o acometeu e como se ouvisse a sua voz através da névoa de um sonho ele perguntou:
- O que você disse? Onde esta Vívara? É do hospital?
- Não Dr., calma, não é de hospital nenhum, mas nós somos um grupo amigo ao Projeto Júpiter e precisamos dos seus serviços Dr. – a voz do outro lado parecia estar se divertindo.
Foi com muita raiva que ele respondeu, agora aos gritos:
- Onde está minha esposa? Quem são vocês?
- Dr., ouça bem, ela está bem, mas a situação poderá se reverter e talvez você tenha que dar adeus ao seu bebezinho que ainda não nasceu e à mãe dele também.
- Vocês querem dinheiro? É um seqüestro, é isso? – disse, o asco transparecendo na voz irada, porém abafada.
- Não Dr. Não queremos dinheiro, mas nós queremos que o Sr. faça um favorzinho pra nós, na Júpiter.
De repente as coisas começavam a fazer sentido. Grupos rivais não queriam que o Projeto Júpiter fosse adiante, por vários motivos. Esses poderiam fazer parte de alguma facção terrorista.
- O que vocês querem e como vou saber que minha esposa está bem? – Smith apertava com ódio o telefone, quase quebrando o plástico resistente.
E repente ele se lembrou de algo:
- Esse telefone está grampeado, como vocês falam assim desenvoltos?
- Não Doutor., nós nos precavemos; podemos falar à vontade, meu caro.
- Digam, o que querem? – gritou.
- Um agente nosso vai bater à sua porta, assim que o telefone desligar e vai lhe dar um pequeno artefato, uma caixinha preta, que você vai colocar dentro do painel de controles da Júpiter, em qualquer lugar, pois ele funciona via rádio e uma vez lá fará o que for necessário. Só queremos isso da sua parte Doutor, e ai libertaremos sua esposa.
- Como vou saber que vocês a pegaram de verdade?
Do outro lado ouve um leve barulho de cadeiras se mexendo e a voz doce de Vívara estava ao telefone:
- Zac, sou eu Vívara. Eu estou bem. – ela chorava mansinho do lado de lá. Smith sentia o medo na sua voz.
- Eles a maltrataram? E o bebê?
Ouve um silêncio momentâneo e a primeira voz, que ele achou ser de um homem idoso, novamente falou:
- Bem Dr. Smith, ela está conosco. Eu gostaria de acrescentar algo, para apimentar esse nosso acordo. Estou autorizado a lhe dar até 10 milhões, por esse pequeno favor. Mas quero lembra-lo, que se tentar falar com alguém, nunca mais verá sua esposa e também nunca saberá o que aconteceu com ela. Além de que, nem era necessário dizer, que a sua vida não valerá um níquel, a partir de então. – dito isso, a voz desligou.
Em menos de um minuto alguém bateu à porta.
4
O Major Don West tinha finalmente acabado alguns testes físicos muito chatos e agora só pensava nos seus dois dias de folga. Primeiro ele iria dar um pulo até o laboratório onde o seu pai trabalhava, no Complexo, que estava administrando todo o enorme Projeto Júpiter, onde ele estava sendo preparado para ser um dos possíveis pilotos da enorme nave, apesar de que ela era toda computadorizada e praticamente o piloto nem se daria ao trabalho de fazer nada. Don pensava no Bar dos Oficiais, distante, estrategicamente, dois quilômetros da base, onde uma certa loirinha o aguardava com uma cerveja gelada e um beijo quente.
Enquanto subia e descia escadas e caminhava ora reto, ora fazendo curvas, viu alguns amigos e muitos desconhecidos.
Quase próximo à porta de um dos laboratórios de apoio, ele ouviu o som abafado de vidro quebrando e coisas caindo e quando abriu a porta a reação foi instintiva. Don viu dois homens batendo em seu pai, que mal se levantava levava ou um soco, ou um chute e não se podia levantar. Com o treino que ele tinha como soldado a reação foi automática e sem se dar conta atirou nos dois homens, um deles caiu no mesmo momento morto, o outro ainda conseguiu fugir, debaixo de uma saraivada de balas.
- Pai o que aconteceu? Quem são esses homens?
Não deu tempo ao seu pai responder, pois muitos soldados começaram a aparecer na sala e acabaram ando voz de prisão ao Major West. O homem morto no chão da sala era um dos principais diretores do Projeto Júpiter, desafeto comprovado do Major.
Sem compreender o que estava acontecendo, o Major se viu em coisa de minutos, dentro de uma cela.
5
O evento do lançamento da Júpiter já tinha sido gravado anteriormente, para poder satisfazer a mídia, sendo que na verdade, o momento exato do lançamento era secreto. Para Smith era quase inexplicável como conseguiram coloca-lo dentro da Júpiter II. O que teria que fazer era muito fácil, mas que com certeza iria ser desastroso para a missão: ele colocaria um pequeno equipamento, que cabia na sua mão, e que para ele, era totalmente desconhecido, mas que sabia que seria para desorientar o computador de bordo. Disseram para esperar. Dentro de um armário, até que o contatassem por um celular que lhe forneceram o que ocorreu com menos de dois minutos. Smith teria apenas que abrir uma tampa no painel e alojar, num local não muito acessível, o equipamento. Ele deu passos cautelosos até a ponte, onde, fazendo o mínimo de barulho possível, desaparafusou um exato local próximo a vários equipos que brilhavam com várias luzes e enfiando o braço lá dentro, encontrou o exato lugar e alojou o melhor que podia o pequeno objeto na sua mão. Agora era só sair por uma portinhola que havia debaixo dos motores e esgueirar-se para o lado menos monitorado da nave. Entretanto, quando ele acabava de parafusar a tampa do painel, ouviu o barulho da porta da rampa de entrada se abrindo, que dava acesso direto à grande sala que era a ponte de comandos. Smith ficou olhando, sem ação, com a chave de fenda na mão, enquanto a porta se abria.
Continua...
Paulo Sergio Larios