Naqueles dias, havia nefilins na terra, e também posteriormente, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens e elas lhes deram filhos. Eles foram os heróis do passado, homens famosos. Gn 6.4
Como anjo eu havia experimentado muitas coisas, mas nada se compara ao amor que sentia por Maadai. Amor que me fez esquecer quem eu era, onde eu estava.
Eu já não usava nenhum encantamento em Maadai, ela já sabia quem eu era e achava tudo normal. Eu também já havia me acostumado com a idéia de me apaixonar por uma humana, ou melhor, por Maadai.
As leis do Criador são seguidas à risca, caso assim não seja a punição acontece. É simples de entender, é a lei do retorno, ação e reação. Longe de mim criticar o Criador, Ele é justo e Sua justiça às vezes não é compreendida.
Deus em Sua infinita bondade me alertou quanto à dor que eu estava prestes a sentir. Dor que nem em batalha eu havia experimentado. Sim, anjo sente dor, anjo tem emoções e até chora... Eu chorei por muitas eras.
Antes mesmo de Maadai eu já sabia o que estava para acontecer. De alguma forma eu senti vibrações estranhas em seu corpo e como havia estudado os humanos por varias gerações deduzi que ela seria mãe.
Seus pais jamais iriam entender essa situação, Maadai corria o risco de ser apedrejada por ser considerada prostituta. Resolvemos que ela iria para longe, eu a protegeria e lhe alimentaria até que nosso filho nascesse e resolvêssemos o que fazer.
Os dias corriam soltos para Maadai, formávamos um belo casal, eu experimentava a felicidade e sua gestação foi tranqüila até o quinto mês.
Maadai começou a reclamar de dores, mas pelos cálculos ainda faltava quase a metade da gestação para que ela desse a luz. Mas com filho de anjo é diferente. Da noite para o dia a criança crescia no ventre de minha amada e ela já não tinha o sorriso no rosto.
As dores eram insanamente terríveis e eu nada podia fazer.
Clamei ao Criador, mas meu clamor ecoou pelo vale do desespero e eu via Maadai definhando a cada momento.
Meus conhecimentos adquiridos ao longo de gerações de nada valeram.
Maadai em seu intimo sabia que a criança estava pronta para nascer e sabia também que ela não teria forças para trazê-la à luz.
Procurei Laylah*, que com sua sabedoria me orientaria, mas ela virou-me as costas...
Exponencialmente maior que uma criança normal o bebe estava destruindo os órgãos internos de Maadai e naquela manhã fui obrigado a fazer uma incisão em seu abdômen para retirar a criança.
O metal de minha adaga penetrou a carne de Maadai e assim nasceu Anunnaki*, e assim morreu Maadai...
continua)
GLOSSÁRIO
LAYLAH = Anjo que supervisiona e protege o parto (origem indefinida)
Neste conto é um anjo do sexo feminino.
ANUNNAKI = Do céu que está na terra (origem incerta)
Os sumérios do passado acreditavam em extraterrestres e os chamavam de Anunnaki (plural e singular).
Neste conto Anunnaki é nome próprio.