Como Salvar o Planeta Terra
Pai e filho passeavam à beira de um lago e admiravam juntos a natureza ao seu redor. O céu límpido de fim de tarde trazia um vento fresco que movia as folhas das árvores, simulando um harmônico balé em diversos tons de verde. O som relaxante da vegetação e de algumas araras que que se ajeitavam para dormir transmitia uma sensação ao mesmo tempo de alegria, paz e tranquilidade. O perfume no ar das flores, folhas e terra era embriagante. Depois de um longo período de reflexivo silêncio, o pai comentou:
- E pensar que pouco tempo atrás quase perdemos toda esta maravilha. Seria um desastre imperdoável!
- Com certeza - respondeu o filho.
- Ainda bem que conseguimos resolver a tempo os problemas que ameaçavam a fauna e a flora. Mas não foi fácil, pois houve uma época em que a destruição do planeta era de certa forma inevitável. Isto foi a um bom tempo antes de você nascer, meu filho.
Olhando bem fundo nos olhos do filho, o pai percebeu que este continuava interessado na conversa, e então seguiu adiante:
- Existia muita preocupação em torno de uma expressão pouco conhecida hoje, o "impacto ambiental". Esta englobava vários problemas de proporções e efeitos mundiais e permanentes.
Após uma breve pausa, prosseguiu em tom sério:
- Um dos efeitos era a desertificação, que transformava uma área de floresta como a que vemos aqui em um deserto sem vida, com a perda total da capacidade produtiva do ecossistema e o empobrecimento permanente do solo. Um terço da terra já chegou a estar assim no passado. Outro efeito era o degelo das calotas polares que existiam nos pólos, o que fez com que muitas áreas antes produtivas ficassem submersas e o espaço terrestre habitável ficasse infinitamente menor do que o que conhecemos hoje. Se isso não bastasse, ainda haviam incêndios florestais, furacões tropicais, inundações e chuvas ácidas ou de granizo, só para lembrar dos piores. Não somente a flora desaparecia, mas também a fauna. Muitos animais, peixeis, aves, foram exterminados da face da terra em poucos anos. Alguns simplesmente não acharam nenhum lugar onde viver.
- Mas pai - ponderou o filho - se existiam tantos problemas assim no passado, como conseguimos fazer com que desaparecessem?
- Isso filho, é o motivo de grande orgulho para nós. Graças a tecnologia de sequenciamento de DNA, recuperamos a maioria das espécies extintas e cuidamos para que nenhuma outra entrasse em extinção. E olhe como a natureza está mais bela a cada ano que passa, bastou darmos uma chance à ela que o resto ela fez sozinha. É como aquela árvore ali - disse, apontando para um grande pequizeiro - se plantarmos a sua semente e dermos o mínimo de condições para que sobreviva, ela crescerá vigorosa e dará frutos gostosos.
- E os outros problemas, como foram resolvidos?
- Chegamos à conclusão que todos os problemas tinham um elo em comum, o efeito estufa. Os problemas eram ou uma das causas ou uma das consequências do efeito estufa, quando não eram ambos. Conseguimos, após utilizar uma avançada tecnologia, colocar um grande escudo entre o sol e a terra, desviando 3% dos raios solares. Com menos raios solares, houve menos efeito estufa e raios ultravioleta e mais produtividade na agricultura. Também fertilizamos algumas algas marinhas microscópicas, os fitoplânctons, que absorvem parte do CO². Estas são somente algumas das medidas emergenciais que adotamos. Antes porém, tivemos de cessar por completo com algumas das principais atividades geradoras do efeito estufa, como a poluição e o desmatamento.
- E como isso foi feito?
- Novamente localizamos a origem do problema, que era a ganância humana. O homem, semelhante a um câncer silencioso, ia consumindo e destruindo tudo por onde passava, apesar do planeta lutar desesperado contra tais abusos. Quando nossa raça chegou a este planeta, a primeira coisa que fizemos foi exterminar por completo a espécie humana. A partir daí tudo melhorou. O homem era o único responsável pela destruição.
- O homem é aquela criatura estranha que aparece nos museus, papai?
- É sim, meu filho. Mas lá ele não faz mais nenhum mal.
E colocando dois dos seus oito tentáculos ao redor do filho, ambos contemplaram abraçados mais um lindo e colorido pôr-do-sol.