Interlúdio em Padozan

- Há uma instalação de pesquisa do governo no fundo da Fossa Ruhr - explicara Sanek Mir Daton. - Sei que existe porque trabalhava no Departamento do Patrimônio Histórico. Eles têm uma doca pressurizada para submarinos atracarem.

- Eu sou um veículo espacial, não um submarino.

O tom de voz fora polido como sempre, mas firme.

- Nós não temos escolha, Nave - ponderou Thom Yim Laho. - Se colocarmos alguns quilômetros de água entre nós e os Idirans, poderemos ganhar tempo. É inviável permanecer na superfície, com torpedos de fusão explodindo por todos os lados.

A sugestão fora apresentada por Sanek Mir, resgatado com seus filhos de uma meseta no deserto de Padozan. Dois homens, duas crianças e dois robôs - era tudo o que parecia ter restado dos 3,5 bilhões de habitantes de Abahria.

- Creio que entendo a preocupação da Nave - atalhara o robô-técnico Suhan-Ner. - Ela foi projetada para operar entre 0 e 1 atmosferas. Lá embaixo, vamos ter que encarar cerca de 1000 atmosferas!

- Nós podemos desviar energia dos propulsores para o campo de força - sugeriu o outro robô-técnico, Tabiah-Gak. - Não vai aguentar muito, mas creio que será suficiente para uma viagem de ida e volta.

- Não vai haver volta - disse enfaticamente Thom Yim.

E voltando-se para Sanek Mir:

- É bom que essa sua base secreta exista e que nos deixem entrar, ou vamos acabar mais chatos do que uma folha de papel.

- Vão nos deixar entrar - assegurou Sanek Mir. - Podemos ser a única oportunidade que terão de sair de lá.

- Talvez não saibam que não tem mais para onde ir - retrucou Thom Yim.

E fazendo um gesto para que os robôs o acompanhassem:

- Temos trabalho para fazer, mãos à obra!

[15-03-2013]