Outro mundo
luizcarloslemefranco
Um cientista espacial de um país asiático estava em férias numa praia de Goa neste Julho.
Numa manhã deserta, como acontece sempre neste lugar, estava ele sentado embaixo de um coqueiro alto e carregado de frutos verdes, meditando sobre a vida e a ciência, dando um tempo para ir banhar-se na água fria desta linda baía aonde vem todos os anos nesta época.
Num repente começou um vento não comum aqui e um coco grande caiu sobre sua cabeça resvalando-se pela esquerda.
Imediatamente ele passa a perceber-se em um are(i)al grosso, verde escuro, sem nada mais no entorno a não ser a praia de Goa - onde estava anteriormente, ao lado deste areal grudento - e que se tornou inatingível, como se uma parede transparente totalmente invisível separasse os dois ambientes. Estranho acha, sem saber o que ocorreu, Tenta sair do local que está para a praia, sem bom sucesso.Tenta de novo, forçando o invisível com o ombro e não consegue.Tenta, mais uma vez , correndo um pouco para pegar embalo e nada.
Sente-se mais leve e fraco cada vez que se esforça, percebe que não consegue falar, mas vê seu pensamento. Pensa de modo mais claro e limpo que minutos atrás. Cada vez que ativa um pensamento fica também mais leve, quase flutua.
O que sucedeu? , pergunta-se.
Fica assim por muitos anos, parece, mas não envelhece.
Aos poucos, porém, percebe que tudo está se desvanecendo, seus sentidos misturam esta areia verde gosmenta com a areia escura da praia de antes. De repente, seus pensamentos escurecem, fica mais ponderado e agora consegue atingir Goa. Num relance está sob o mesmo coqueiro de antes, limpo, e nem sinal do espaço verde de há pouco. Poucos segundos apenas se passaram. Ao contrário de um sonho, que às vezes acorda-se recordando dele, o cientista não se lembra nada
De diferente vê um coco ao seu lado, que não havia percebido até então e sente que sua intuição está querendo lhe mostrar algo que não percebe. Tudo volta ao normal em seguida, mas fica intrigado com o coco e quer saber como ele está ali se não o colheu e não viu sua queda.
Observando na mão o fruto viu um mechinha de cabelos que parecia com o seus. Passou a mão na cabeça e sentiu um leve dolorimento em região do temporal esquerdo. Manipula. Parece, pensa, que quando passa a mão o seu cérebro fica mais sensível.
Alisou a cabeça algumas vezes e sempre a mesa sensação. Parou para pensar. Cientista que era todo este fenômeno, ainda mais acontecido com ele, interessou-lhe.
Depois de muita análise, do coco, do local, do acontecido, da dor na cabeça, inteligente e perspicaz que era hipotesou, que o coco caira sobre si, perdeu o sentido por segundos e sua mente viajara; liberta de seu corpo,embora não tenha se desligado dele. Como sentiu-se bem, resolveu testar a teoria e repetir a experiência para explorar mais um pouco aquele mundo virtual, achou assim.
Bateu levemente com o coco no mesmo local da pancada original, e apenas sentiu dor.
Fez outras agressões, aumentando aos poucos a força no ato, apenas para desacordar-se sem traumatizar-se e tentando que a perda de sentidos durasse apenas alguns segundos. Após várias tentativas, voltou ao areal esverdeado, estudou o local e voltou á consciência sem problemas
Já que era, para si, inofensiva e interessante. Fez esta experiência ene vezes, até que numa delas encontrou um ser diferente, alaranjado, que caminha arrastado como lesma.
Descobriu estar com um extraterrestre em uma galáxia sobre a qual nunca ouvira comentário, apesar de ser cientista da área. Deveria ser muito longe da nossa. Conseguiu comunicar-se com ele por impulsos mentais, com muita dificuldade.
O ser chamou-a de + e disse que foi o seu grupo vivente que, por acaso encontrara a Terra e gostara de sua cor, bem parecida com a deles. Curiosos, seus cientistas estudaram os seus viventes, e acharam-na interessante para estudos galáxicos. Resolveram fazer contato e, no momento exato que tentavam um, sintonizaram-no. Após alguns segundos de perda da impção, ele, humano que batizaram de z*, aparecera de novo e o escolheram para que ele fosse o vínculo ente seu mundo e o deles .O ser, que se auto chamou ¨+ trouxe-o ali para dissecá-lo mentalmente e o conhecer de perto. Impôs a escolha, e o cientista não conseguiu safar-se. A mente muito superior do ¨+ dominara a sua.
De repente, estava de novo na Índia, e desta vez lembrou-se de sua saída mental embora muito sutil e vagamente, mas não se recordou das imposições mentais do estrangeiro.
Esta noite durante o sono, quando sua Alma desligava-se temporariamente do seu corpo, ao contrário de sempre, sentiu-se acordado, flutuando num espaço que não soube onde e nem quando. Parece que se falava, coisas que nunca soubera. Ouvia outras.
Quando acordou de manhã, teve a sensação que tivera um sono diferente, mais pesado, mais descansativo. Nada mais. Estas sensações aconteceram sempre, depois deste episódio. Nunca se lembrou do que parecia ter sonhado.
Era neste espaço-tempo que passava aos seres do espaço o que compulsoriamente o obrigaram. Não mais conseguiu repetir a experiência com o coco.