Um Estranho Mundo /2
Capítulo II
"Em nenhum momento eu percebi qualquer lacuna em minhas memorias. Eu estava demasiado preocupado em sobreviver e entender este estranho mundo para me deter a lembrar o passado. De todo modo, tenho certeza que minha mente habilmente criaria fantasias para completar qualquer lembrança que faltasse. O cérebro humano, mesmo em sua forma pura, é realmente uma ferramenta assombrosa".
Eu despertei confuso, completamente desnorteado, sem ter a menor ideia de onde estava. Minha cabeça latejava, e quando encostei nela com a mão, senti uma umidade que imaginei ser sangue. Meu punho esquerdo também estava doendo, e minha perna direita. O que tinha acontecido? Uma queda, algum tipo de acidente? Eu estava voando, tenho certeza... Um desastre aéreo?
Eu olhei ao redor, o espaço era pequeno demais para ser um avião de passageiros, e estava todo destruído. Luzes de emergência iluminavam o ambiente. Um jato particular, talvez.
Então vi os corpos. E meu cérebro fez a conexão com os nomes. Correia. Resende.
Não precisava me aproximar para confirmar que estavam mortos. O pescoço de Correia quebrado. Resende foi pior de olhar, o corpo quase dividido em dois. Como eu sobrevivi?
Eu me levantei de onde estava, uma poltrona, e quase desmaiei enquanto tudo começou a girar ao meu redor. E então vomitei no chão e nas minhas mãos.
Precisava sair do jato. Podia estar vazando combustível, pegar fogo, explodir... Jato não, era uma nave. Uma nave e estávamos voltando para a Terra. Era difícil pensar, a cabeça estava doendo ainda mais. Concussão, eu pensei.
Eu me levantei novamente, desta vez mais devagar, vi uma porta, e caminhei até ela. Engraçado, pensei, porque não estava usando um capacete, se estava vindo do espaço? Depois parei de pensar nisto, o que eu precisava era escapar.
A tontura voltou, e então eu apaguei.
* * *