O Pacto Lunar - Parte 1
Prólogo
“Estamos no final do século XXIII. A Lua está totalmente colonizada. Mas, sua utilidade para o planeta Terra não tem nada a ver com turismo, como pensavam os povos do século XXI. Desde que intermináveis jazidas de ferro foram encontradas no satélite, a humanidade passou a usar a nova colônia apenas para a extração desse minério. Os humanos que lá vivem não passam de mineradores explorados pelas elites terráqueas. Isso acabou por causar uma série de conflitos entre a Terra e a Lua. Até que um importante diplomata terráqueo chamado Ian Tarken resolveu visitar o satélite, na tentativa de esfriar os ânimos. Isso ocorreu em julho de 2288. Três meses depois ele retornou à Terra afirmando não ter tido progressos. No dia 15 de Fevereiro de 2289 ele partiu novamente para a Lua. Dois meses depois mandou uma mensagem à Terra, dizendo que havia se sensibilizado com as condições do povo lunar e que se a Terra não cedesse às suas exigências uma guerra poderia ter inicio. Depois de muitas conversas e debates, um acordo de não-agressão foi instituído entre a Terra e a Lua. A esse acordo deu-se o nome de Pacto Lunar. Foi marcada uma viagem de Ian à Terra, para se encontrar pessoalmente com Mark Fin, Representante da Liga das Nações Terráqueas e ex-amigo de Ian. A data para a chegada da nave Sturk III, com Ian e mais 15 soldados lunares foi marcada para o dia 7 de agosto de 2289. O tão esperado dia chegou.”
O barulho da nave se espalha por todo o hangar do centro aeroespacial, na recém construída Unidade Avançada de Pesquisas Espaciais Sagan-Hawkin, em um território internacional de propriedade na ONU, no leste do Equador. A Sturk III acaba de pousar. A velocidade vai diminuindo cada vez mais, até que ela para, bem em frente a um aglomerado de pessoas, todos oficiais da ONU. No meio deles Mark Fin, Representante da Liga das Nações Terráqueas. A porta lateral da nave se abre. Uma escadaria posiciona-se até o chão. Logo se vê um grupo de pessoas descendo pela escadaria. À frente, Ian Tarken, o diplomata que estaria liderando um levante rebelde do povo lunar. Ele dirige-se até onde Mark Fin está.
– Senhor Mark Fin. Onde poderemos conversar sobre os tramites do Pacto Lunar?
– Vamos até o comando central. Lá há uma sala, onde poderemos tratar do assunto de forma ordeira – responde Mark, com tom de seriedade.
Os dois, e todos os que os acompanham, vão em direção ao comando geral. Lá chegando, entram todos em um enorme complexo, cheio de corredores, salas e compartimentos.
Ao chegarem à sala central, Ian olha para seus aliados e diz. – Eu e o Senhor Mark Fin precisamos conversar a sós. Entraremos na sala de reuniões, e ali falaremos sobre o acordo feito entre a Terra e a Lua. Por favor, aguardem aqui. Mark Fin faz o mesmo em relação a seus aliados:
– Não se preocupem, senhores. Essa é uma questão que apenas eu e o Senhor Ian Tarken precisamos discutir. Mark dirigi-se até a porta que dá acesso à sala de reuniões e abre-a. Ian entra, seguido de Mark, que fecha a porta, trancando-a por dentro.
– Muito bem Ian. Chega de formalidades. Como vai você? Dizem que a vida na Lua não é nada fácil!
– Vou bem. Mas não podemos perder muito tempo.
Como vai o plano? Todos estão crentes de que há realmente um conflito entre a Terra e a Lua? – responde Ian, com cara de preocupação.
– Sim. Aqui na Terra todos acham que estamos em pé de guerra. Mas, estou lhe sentindo nervoso. O que há?
– Nada. Só estou preocupado. Enganar essas pessoas não é fácil. Há um líder popular na lua conhecido como Vanter, o libertador. Em seus discursos ele agride ferozmente os terráqueos. Se não fosse por minha intervenção, a Terra já teria sido atacada – responde Ian, ainda mais nervoso.
Mark olha para ele fixamente. Dá um leve sorriso e logo em seguida diz:
– Fique calmo. Não haverá ataque nenhum. Quando nosso plano estiver concluído, nossa corporação terá o monopólio do ferro lunar. Aí, não teremos mais com o que
nos preocuparmos. Com todo aquele ferro a nossa disposição, poderemos construir naves e armas a preços muito baixos. Além disso...
De repente, Ian olha raivosamente para Mark, que logo percebe algo de errado e para de falar abruptamente.
– Concordo com você Mark – diz Ian, agora com um tom irônico na voz, e continua – mas, há um porém...
Como que mágica, do nada uma arma aparece nas mãos de Ian. Ele levanta seu braço e aponta uma pistola laser para Mark.
– O que está havendo? – pergunta Mark, espantado.
– Pode aparecer agora Slan – diz Ian, olhando para seu lado esquerdo, aparentemente vazio.
Mark olha na direção em que Ian havia dirigido seu olhar e vê uma luz azulada em forma de névoa surgindo no ar. Em poucos segundos, uma criatura surge em meio à luz. Sua altura é um pouco menor que a de um humano. Possui uma grande cabeça voltada para trás do crânio, em forma de disco. Seus olhos são grandes e negros, suas narinas são apenas dois orifícios quase imperceptíveis. A boca é pequena, e sua pele é de um tom cinza escuro. Veste uma roupa toda negra, cheia de aparelhos nunca sequer imaginados pela mente humana. Mark fita a criatura com seus olhos esbugalhados. Nunca havia visto algo como aquilo. Ian olha para ele, e com um leve sorriso no rosto diz:
– Mudança de planos, amigo!
Mark fica parado, olhando aquela criatura que acabara de surgir. Nem escuta o que Ian lhe diz. Com uma voz trêmula, começa a gaguejar algumas palavras:
– Mas... o que é isso. Um... alien?
– Exatamente, meu caro. Um alien. Seu nome é Slan. O conheci na Lua – responde Ian.
– Mas... mas... co... como? – diz Mark, gaguejando.
– Lembra-se de minha primeira viajem à Lua? – diz Ian, com um leve sorriso no rosto, e continua – lembra-se que conversamos por Intemail? Você me disse que eu estava estranho. Havia acabado de conhecer Slan. Na verdade, ele e mais três de sua espécie. Eles vêm de um planeta que conhecemos como MBR-233, que rodeia a estrela de Alfa Centauro.
– Mas... não há planetas ao redor de Alfa Centauro! – diz Mark.
Ian dá uma risada irônica, e continua a falar:
– Isso é para você ver como não é só a gente que tenta enganar esse bando de imbecis aqui da Terra. Estamos sendo enganados há anos. Há um complô, para impedir que a população saiba que há vida inteligente fora da Terra. Nem nós sabíamos.
Mark não sabe o que dizer. Continua olhando para a criatura. O tal Slan quase não se move. Até que, de repente, a criatura olha para Ian. Logo, Mark diz:
– Acalme-se Slan. Está tudo sobre controle – Ian olha para Mark e diz – não se assuste. É telepatia. Outra coisa que enfiaram em nossas cabeças, de que telepatia não existe.
(Continua)
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Este conto foi publicado integralmente no livro "Uma Verdadeira Prosa - Contos & Minicontos"