O Homem Nu

Delicadamente segurava o rosto de seu amante. Seu amante, amigo, irmão de coração e confidente dos pensamentos mais profundos ou mundanos. A maquiagem se borrava pelas lágrimas que corriam por sua pele branca como a neve. Lágrimas que vinham de seus olhos mais puros que a morte. Olhos que se encontravam com outro par. O dono do par de olhos mais impuros que a vida. “Quando a luz dos olhos deles resolve se encontrar, que frio que lhes dá o encontro desse olhar”. Os mesmos que agora só mostravam tristeza e agonia. Seus lábios secos sopravam "Me desculpe" com tanto sentimento quanto sua voz tremula e baixa. Um pedido de desculpa que chegava aos seus ouvidos não humanos. Sua criação odiada por muitos, mas amada por ela. Para parar o sofrimento e o temor da maioria, deveria fazer o que talvez não fosse o certo. Pensava que depois de feito não lhe doeria tanto, mas chorou ainda mais enquanto desligara seu circuito.