Erick Devor

Introdução

Como você começaria a contar a sua própria história? Era uma vez? Houve um tempo? Tudo começou quando? Eu não sei como você começaria, mas sei que tudo isso soa fantasioso demais pra começar a contar a sua vida. A minha começa no dia em que morri. Não eu não sou um morto vivo, apenas houve um dia em que perdi tudo e essa perda matou a pessoa que eu era e nasceu o que sou hoje.

Estava voltando pra casa de um serviço, trabalhava como detetive, fazia o trabalho sujo pra mulheres que queriam ver seus maridos infiéis, homens que queriam o mesmo, sócios que queriam entender como seus companheiros compravam uma BMW, e o caixa da empresa tinha quebras. Nesse dia eu tinha acabado de mostrar pra um pai o seu filho que tinha simulado o próprio seqüestro pra gastar o dinheiro do resgate que o pai pagou. É tem gente má demais no mundo, mas não lido com pessoas hoje. Enquanto voltava pra casa eu parei e comprei uma rosa pra Rebeca, minha esposa. Ela amava flores, era um doce de pessoa. Cheguei e tudo estava escuro a porta estava aberta, não precisa ser detetive pra entender que algo estava errado, peguei minha arma, ascendi a luz da sala e vi que tudo estava no lugar, fui em direção ao quarto, onde mais poderia estar minha mulher grávida, aquela hora da madrugada? Quando cheguei vi um quarto inteiramente bagunçado, sangue pelo chão e minha esposa no canto encolhida chorando. Comecei a me aproximar e ela olhou pra mim, os lindos olhos de Beca já não eram os mesmos, aqueles olhos que eram castanhos e puros, agora tinham um tom tão negro que nem sua íris eu via mais, eram ameaçadores e parece que ela percebeu que aquilo me intimidou e começou a rir, algo tenebroso, e começou a subir pela parede com as mãos e os pés para trás, como se fosse uma aranha-humana dos infernos, chegando próximo do teto, ela disse.

-Oi Devor, eu vim para o jantar.

Sua voz não era a mesma, pareciam mil gritos de terror, como se torturador e vítima falassem ao mesmo tempo. Começou a rir e fiquei mais ainda assustado. Não conseguia falar direito, e ela continuou.

-É assim que você recebe suas visitas? Tomei o cuidado de mantê-la viva até sua chegada e você nem me cumprimenta? Sou só um visitante, vim dar uma olhada como anda a saúde do Dominic. Esse é o nome do seu filho não é? Bom até eu chegar ele estava bem, mas posso te assegurar que quando fiz ela se jogar em cima de cada coisa ponte aguda de sua casa ele não ficou mais tão bem.

-Dominic... - Eu não tinha reação, não sabia o que falar o que fazer e só consegui perguntar - O que quer de nós?

-De você nada. Dela só queria o bebê, e como já fiz com que ele fosse enviado para o outro lado, terminei meu trabalho aqui.

-Outro lado do que você está falando? Quem é você?

-Nossa, desculpe a falta de educação, prazer sou Arauton o demônio comandante da tropa sombria do quinto inferno. Vim só buscar a criança que é minha de direito e já a tenho. Agora você pode seguir sua vidinha inútil, não preciso te matar, afinal estou destruindo o que ama e ver o sofrimento que está ficando na sua alma já me basta, é melhor do que matar. Mas pra dar um toque final...

Ele fez minha esposa morder a o pulso, parecia uma fera, vi apenas o sangue escorrendo, ela gargalhando e caindo do teto, ela ria como uma louca.

- Até um dia Dev. Já posso chamá-lo assim não? Acho que somos eu e você já estivemos dentro dessa vadiazinha, isso nos torna até sócios.

Enquanto ria, vi o corpo dela se contorcer e de repente os olhos de Rebeca voltaram, era minha mulher, eu não pensava mais.

-Dev, nosso filho. Dominic... Dev... - Ela disse apenas isso antes de fechar os olhos e dormir para sempre.

Isso aconteceu a 10 anos atrás, estudei tudo que podia daquilo antes achava que eram apenas crenças pra assustar crianças, descobri que todas as histórias tem um fundamento real. Provavelmente enquanto lê, um demônio está ao seu lado lendo junto, e se tiver sorte com ele está um anjo (não se sinta a totalmente seguro (a) por isso, nunca conheci um anjo bom eles apenas são inimigos naturais assim como gatos e ratos). Você deve se perguntar como não são bons se foram criação de Deus? Bem, vivi, aprendi e vi coisas demais nesses últimos anos e nenhum deles comprova que exista realmente um Deus ou diabo. Por isso que você ora tanto e não vê nada mudar até você mesmo agir, por isso que só as pessoas que vão às igrejas têm aquilo que elas chamam de revelação, tudo porque sua mente te condiciona a isso.

Você deve se perguntar. Porque passei a escrever? Porque é hora de pensar em deixar um legado pra instruir outros como eu que perderam tudo por uma maldição dessas. Vou relatar cada momento, cada luta, cada vitória e vou parar só quando a história que eu contar for sobre como eu não deixei sobrar nem o rastro do nome de Arauton. Ele matou Erick Devor naquele vinte e quatro de janeiro. Hoje existe um novo Devor, que é quem vos escreve. Hoje vocês conhecerão o homem que vai ensinar-lhes como destruir o mal ao seu redor.

Atenciosamente,

E. Devor

Wes G
Enviado por Wes G em 08/12/2012
Reeditado em 31/03/2013
Código do texto: T4025345
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