Elíseo
- Aqui estamos. – O oficial Yuri disse.
Gláucio deixou os olhos correrem pela paisagem que desde sempre admirara. A nebulosa de Andrômeda estava ali, brilhante e intensa como devia ser, rodeada pelo resto das estrelas do universo. Ele estava a bordo de Atena III, uma das mais antigas naves da frota, enfim pronto para embarcar em Elíseo, que ostentava além do título de maior nave criada pela humanidade o título de maior nave já criada.
Foi uma jornada longa até ali, mas finalmente, aos setenta e cinco anos ele era o mais jovem humano a colocar os pés em Elíseo. A vida havia sido difícil, nascera em uma pequena colônia próxima a Netuno e foi preciso muito empenho para conseguir uma bolsa e ir estudar em Marte, lar da humanidade enquanto a Terra passava por todo aquele processo de restauração da fauna e flora. Foram setenta anos de estudo ao todo, muito mais do que os quarenta e cinco anos padrões que as pessoas normais enfrentavam, mas imaginava que esse deveria ser o preço a se pagar pela quase imortalidade. Pelo menos agora ele tinha quase todo o tempo do mundo pela frente, e precisaria dele se quisesse ver cada canto da semi infinita Elíseo.
- Vamos indo rapaz, ela já chegou. – Yuri disse dando um tapinha em Gláucio que ficou mais um momento para ver o fenômeno.
- É isso que ela faz? – O garoto perguntou ao ver o espaço a sua frente se torcer, como se um buraco negro tivesse aparecido ali perto e sugasse as estrelas.
- Elíseo não pode chegar a mais do que cinco anos luz daqui ou sua massa vai destruir tudo.
Gláucio aprendera sobre aquilo nos cinco anos estagiando em Atena III. Devido a imensa massa Elíseo precisava de estabilizadores gravitacionais ou acabaria entrando em colapso.
- Você irá começar no tanque de combustível seis. Não é o melhor dos trabalhos, ainda mais por que eles querem trocar os motores da Elíseo, são muito ineficientes e dão muito trabalho, mas você vai aprender um bocado. – O oficial explicava.
- Aquele problema de entupimento?
- Também, mas o principal são os aceleradores. Eles já estão velhos e isso gera big bangs de baixa qualidade. Claro que os entupimentos também são um problema, big bangs mal gerados fazem os universos se formarem antes de chegarem ao escapamento. Você não imagina o saco que é desentupir uma válvula quando uma galáxia pára nela.
Gláucio já havia ouvido falar daquilo. Entupimentos com galáxias eram um dos problemas quando você tinha uma nave movida a big bangs.
A dupla chegou até o hangar principal onde uma nave já estava a espera de Gláucio. Era um modelo para duas pessoas com alguns balões pendurados ao redor, dentro deles os estabilizadores que impediriam que a pequena nave fosse destruída quando se aproximasse da estrondosa massa de Elíseo.
Gláucio ajeitou-se no assento prendendo o cinto e suspirando. Ele odiava aquelas viagens em Light 3, viajar três vezes acima da velocidade da luz o deixava nauseado.
Pelo menos ele chegaria ao fim do passeio alguns anos mais jovem.
Yuri também se ajeitou no assento, trancando o que precisava ser trancado e fazendo a comunicação com Elíseo.
- Estamos prontos para partir, preparado amigo?
Gláucio fez um sinal de positivo e se preparou para uma viagem enjoativa.
FIM
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Meu primeiro conto arriscando na Ficção Científica pessoal, sei que deve estar ruinzinho mas tentei fazer algo diferente.
Obrigado para quem ler!