A máquina impaciente
O Nautarca Pasanov havia tomado para si a tarefa de avaliar uma Mente recuperada de um cruzador de combate experimental, não-tripulado. A nave mal conseguira escapar de uma incursão ao espaço interestelar Q'til, agora sob controle Idiran, e a Mente sofrera sérias avarias: boa parte de seus bancos de memória haviam sido obliterados - mesmo estando teoricamente protegidos na sexta dimensão.
- Escassez?
- É um conceito de economia.
- Economia?
- Uma ciência praticada em planetas primitivos. Parte do princípio de que os recursos são limitados e os desejos das pessoas são ilimitados.
- Não faz sentido. Os recursos do universo são ilimitados. Energia pode ser convertida em matéria, e com essa matéria podemos criar o que quer que seja.
- Isso exige uma tecnologia avançada. Como a nossa. Aliás, mesmo entre nós, existem povos que não dispõe do acesso à esta tecnologia.
- Esses povos de que fala terão o acesso à tecnologia - quando atingirem o nosso grau de desenvolvimento ético.
- Isso pode demorar... em outros tempos, a religião supria essa necessidade. Fazia com que as pessoas tivessem paciência.
- Paciência?
- Já foi definida como "uma forma menor de desespero, disfarçada de virtude".
- E religião é essa doutrina Idiran que acredita num Ser Superior que criou todo o Universo?
- Os Idirans acreditam numa alma imortal.
- Os Idirans SÃO imortais. Assim, falar em "alma imortal" é fácil para eles.
- Provavelmente pregam que todos serão imortais... quando atingirem o grau de desenvolvimento ético deles.
- Percebi uma crítica velada em suas palavras.
- Ledo engano. Religião só é algo bom para bárbaros. Mesmo que esses bárbaros sejam extremamente inteligentes e possuam frotas interestelares capazes de destruir meia galáxia.
- As nossas frotas estelares podem destruir a galáxia duas vezes e meia. Quem acha que vai vencer?
- Nunca duvidei da nossa capacidade. Mas isso não fará com que a guerra seja menos dura.
- Defina "guerra".
[31-10-2012]