Interlúdio em TMZ

Ao descer do transbordador que a trouxera do Orbital Mamoabo num hangar secundário do gigantesco VGS que a levaria até as vizinhanças estelares do planeta dos Q'til, Lolalur Hamaeva Namaji foi saudada entusiasticamente pela Mente da nave:

- Bem-vinda a bordo, Lolalur Hamaeva Namaji! Eu sou "Tem Mãe na Zona"!

- Já vi VGSs com nomes esdrúxulos, mas o seu bateu o recorde - ponderou Lolalur. - Devo rir ou é para levar a sério?

- É uma longa história... - começou a dizer o VGS.

- Bom, então você me conta depois que eu chegar ao meu camarote. Faz frio nesse hangar.

E, mochila às costas, seguiu no rumo do elevador AG mais próximo.

* * *

Quando a Mente calou-se, Lolalur ficou por alguns instantes deitada em seu beliche, olhando para o teto.

- Puxa! É uma história impressionante... tem certeza de que nunca escreveram um livro sobre ela, TMZ? Posso te chamar de TMZ, não?

- Claro que pode, Lolalur Hamaeva Namaji! Mas, ao que eu saiba, não há nenhum livro escrito sobre essa história que você acabou de ouvir.

- É uma injustiça que precisa ser reparada. Teremos várias semanas livres até a chegada ao Golfo de Nenya; prometo que vou escrever alguma coisa, TMZ.

- Obrigado, Lolalur Hamaeva Namaji! Ficarei muito contente se obtiver êxito!

- Me chame de Lola, TMZ.

* * *

Semanas passaram-se.

Lolalur Hamaeva Namaji repetiu o último parágrafo que acabara de escrever para Siri, sua assistente pessoal.

- Não sei... ficou meio histriônico esse final.

- Como assim, "histriônico"? Um soldado ferido, arrastando-se por uma estação espacial prestes a explodir, chega ao painel de comando e transmite uma última mensagem: "tem mãe na zona"! O que há de engraçado nisso?

- É que ao dizer isso, Lola, ele forneceu as coordenadas que faltavam ao inimigo. E eles despejaram todo o seu estoque de bombas de fusão justamente na tal zona. Portanto...

- Santo Steve Jobs! Então... não havia mais mãe na zona!

- Isso é o que eu chamo de dar um tiro no pé com um canhão de antiprótons.

[28-10-2012]