Concerto em ré maior - parte 2

O dia foi longo, ou ao menos pareceu, já que quando Gui saiu da sala já estava escuro. Assim como todos os alunos em período escolar ele tinha obrigação de carregar consigo uma gigante caixa carregada de tarefas, todas deveriam ser entregues no dia seguinte e não havia tempo para perguntas, a matéria era tanta que ele teria sorte de acabar a tempo de participar do momento de entretenimento como nos anos anteriores.

Na casa de seus pais a correria era tamanha e Gui que não era do estilo mais bagunceiro, aprendera cedo a não incomodar, sua mãe já havia lhe perguntado da tarefa e haviam muitas mensagens na tela central ao lado da porta, compras, contas e outros deveres para quem quisesse continuar a fazer parte do sistema.

O sistema não era algo que podia ser realmente explicado. Gui sempre havia entendido como algo que sempre esteve lá, por sempre entende-se desde antes de ele nascer, até quando os pais eram crianças já existia. Já havia feito perguntas uma ou duas vezes, mas coincidiam com o momento de entretenimento e todos ficaram distraídos. Basicamente ele sabia que o sistema poderia oferecer uma rede de proteção, aqueles que não faziam parte não eram conhecidos, Gui lembrou de vizinhos do forte de moradia de quando tinha cinco anos, a caixa de morar foi ocupada em pouco tempo e ele não mais ouviu falar neles. Disseram que não estavam mais na cidade, Guilherme apenas conhecia a Urbanicidade em que residia e as terras de diversão, sabia que havia mais urbanicidades, mas ele não pode andar sozinho, só para ir ao colégio.

Já esta na hora do jantar e os potes com remédios para ajudar na digestão já estão sendo servidos, Gui se aproxima da mesa com cara de nojo, mas disfarça logo com expressão brava de seu pai. Seria possível que este gosto de substancias desconhecidas não afetasse eles também.

Agora era hora de entretenimento, e Gui tinha conseguido concluir as tarefas a tempo. Não queria perder seu encontro com os amigos holográficos, nem a chance de jogar contra a tela, não agora que estava ganhando no jogo de arremesso a duas partidas seguidas.

A hora de dormir tinha um som estranho, era como um apito, mas quase inaudível, talvez fosse só imaginação. Era como se o silencio pudesse ser ouvido e ele estava gritando. O mais estranho era que geralmente Gui tinha a impressão de que era o único que podia ovi-lo. O equivalente traduzido em realidade sistêmica atual era que Gui não estava dormindo como deveria e isso seria refletido no dia que seguisse.

Pouco depois que o sol saiu o despertador tocou, seria mais honesto dizer que esperneou, insistiu e tornou difícil o trabalho de ser desligado, mas cumpriu sua função, estavam todos de pé e como nas manhas comuns o cheiro de café penetrava todos os cômodos da caixa de morar. Gui não era fã de café, mas este cheiro era uma das maiores qualidades de uma manha comum.

continua

sonhadora insone
Enviado por sonhadora insone em 24/07/2012
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