Mais um script do Herrera
 

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O meu amigo Herrera não para de “bolar” scripts para filmes, mesmo sabendo que jamais vai conseguir um “bico” sequer na indústria cinematográfica. Ele tem pouquíssimas pessoas para quem pode contar suas histórias, além disso, ele sabe que eu adoro cinema...Daí vai, que eu sou sempre o primeiro a ouvir os enredos. A nova trama se desenvolve num tempo, muito, muito distante no futuro. Estamos falando de uma sociedade avançadíssima com tecnologia que mal podemos imaginar. Muito tempo antes disso, todas as doenças haviam desaparecido, as pessoas só morriam por envelhecimento, e a expectativa de vida era enorme...Não falo qual era pois o Herrera não me contou. Pois bem, voltando ao tempo da história, a  única possibilidade de morte era um acidente horrível, porque um simples com inúmeras fraturas, dano cerebral, etc., etc., era fácil de arrumar. Acidente horrível seria aquele em que o corpo do indivíduo ficasse completamente triturado. Algo assim seria difícil de acontecer mas havia a turma da maldade, os famosos “bandidos” do futuro – sinto muito, eles ainda vão existir –que eram especializados em destruir completamente um corpo, além do ponto que fosse recuperável  a não ser que fosse clonado. No entanto eles escondiam os restos para que as células não fossem usadas com esta intenção. O próprio Herrera não gostava desta parte, mas ele me falou que o público sempre gosta de “bandidos”, pois sem eles, como poderia haver os “mocinhos”? Assim sendo, nossos sucessores neste amanhã distante criaram algo fascinante para resolver de vez o problema. Todos as pessoas – quero dizer, seus corpos -  ficariam depositados em um lugar extremamente seguro em estado de coma profundo, ou profundíssimo, segundo Herrera. No entanto, eles estariam ligados a robôs sofisticadíssimos (controlados por outros robôs) que teriam uma vida normal, cheio de beleza,  emoção, aventura. Se algo acontecesse, era só substituir o robô. Emoção à vontade, sem perigos ou riscos. Os seres em coma, nossos bis, bis, (não sei quantos bis) bisnetos desfrutariam de uma vida comparável àquela que se vive no paraíso, absolutamente seguros  vivendo praticamente para sempre. Bom, ele ainda não tinha um final para a história, mas queria saber de mim, se a essência do enredo era bom. Lembrei-me imediatamente do filme “Surrogates” que tem uma linha até certo ponto semelhante a do nosso amigo Herrera. Tinha de ser honesto com o Herrera e falei para ele: “Acho que passaram a sua frente, pois eles já fizeram um filme assim, com final e tudo e já está nas telas. Para ser franco, até ja saiu das telas.” Herrera ficou ao mesmo tempo frustado e furioso com a notícia. Quase senti pena dele...E completou: “Esse pessoal de Hollywood está sempre roubando minhas  ideias...