Sereias
Perderam o zarpar da Grande Arca, nave da esperança e da promessa divinos.
Tornaram-se irreconhecíveis aos olhos redimidos e santos. Tentaram retornar à superfície ensolarada dos humanos, todavia, condenadas, meio gente meio bicho seguiram o seu próprio canto.
No chão comum aos abençoados a teia poética se orvalhava nas manhãs de um outono permanente. Seres de luz, quando queriam luz, habitavam esse cenário paradisíaco. No azul abissal nasciam mais e mais extraedênicos e assombravam as embarcações distantes dos portos exatos à navegação da alma.
Sereias vivem nos sonhos em febre alucinante, no peito dos pescadores, na mente dos escritores e nas escolhas dos incipientes...