Picolino, contou esta história, lá no armazém do Délcio.
Picolino, contou esta história, lá no armazém do Délcio.
História imagináveis do osnofa
O Dr. Nabor gostava mesmo do armazém do Délcio! O tempo que ele tinha de folga, como Juiz de Direito, aproveitava para tomar uma cerveja, que o Délcio gostava de servir, estupidamente gelada. Ele não tinha geladeira, mas tinha uma caixa, dessas de pescaria, revestida de isopor e comprava barra de gelo lá na cooperativa velha. Eram poucos os bares que tinham cerveja gelada, o armazém do Délcio tinha cerveja geladíssima e assim eles iam proseando e, às vezes, ficava a tarde toda no armazém, até passar o stress forense.
De repente, eis que entra na venda, o pintor de muro Picolino, que foi logo pedindo uma pinga:
- Pode ser a “toureira” essa é que vai me deixar bem, a pinga do Nelci da Azurita é feita da pura cana.
Dr. Nabor achou que Picolino estava fora de si e lhe perguntou o que tinha acontecido. Imediatamente o pintor veio com a resposta:
- Eu estava na esquina do Largo dos Passos, onde tinha aquela Igreja e o Zé Jornal me chamou lá, na porta do armazém do Brás, que já fechou há muito tempo e logo que aproximei, ele me disse:
- Quero pintar, neste muro da esquina, a propaganda do meu atacado e varejo, toma aqui mil cruzeiros, compre as tintas e o troco é pelo serviço.
O Zé Jornal ainda me disse:
- Quero as letras com sombreado. Com o dinheiro na mão, fui comprar as tintas, broxa e pincéis lá na Loja do Luiz Guimarães. Assim que comprei o material, passei em casa, peguei a escada e fui para o local onde eu tinha de fazer o meu trabalho. No lugar ainda existia a pintura antiga, que eu mesmo havia pintado, há muito tempo, com os seguintes dizeres:
- “Barato bom demais, só no Armazém do Brás”. Aí, eu estou preparando a tinta para caiar o muro e começar escrever a nova propaganda, passa um sujeito que nem sei quem é e me pergunta:
- Ô Picolino, onde fica o armazém do Brás?
Daí foram várias as pessoas que passaram ali e me perguntaram sempre a mesma coisa, fui ficando de cabeça inchada sem saber o que ia fazer. Num certo momento, até larguei meus materiais de pintura lá e fui à Igreja próxima, rezar para encontrar uma saída, pois eu já não aguentava mais as pessoas passando e me perguntando: onde fica o armazém do Brás? E não foi que Senhor dos Passos me iluminou!
Daí voltei lá, no muro, o cal que eu tinha preparado já estava no ponto, peguei a broxa e comecei a caiar o muro. Assim que a caiação secou, peguei meu pincel e escrevi bem grande com letras maiúsculas sombreadas, pra ficar fácil de ler: “O ARMAZÉM DO BRÁS NÃO EXISTE MAIS”. Aí voltei lá no armazém do Jopemaia e devolvi o dinheiro que o Zé Jornal tinha me pagado. Quer saber de uma coisa? Vou tomar outra “toureira”, assim eu me esqueço de vez o que se passou comigo hoje.
Depois deste causo, o Dr. Nabor disse para o Délcio, amanhã eu pago a conta e foi embora, rindo sem nenhum stress.
Osnofa.una@hotmail.com