Observando atenciosamente tudo ao redor enquanto caminhava Peter notou algo que muito o ajudaria a ambientar-se rapidamente naquele mundo, para ele, totalmente desconhecido. Da mesma forma que, na época da qual viera, havia em cada esquina telefones públicos para a população, ali existiam computadores conectados à Internet. Peter aproximou-se de um deles; verificou que não precisaria de senha, cartão ou nada de especial a fazer para obter acesso.
Era simplesmente se aproximar e iniciar a comunicação. Notou que em cada comando que emitia a resposta não vinha por escrito, mas por meio de voz; uma voz masculina tirava as dúvidas e orientava o cientista. Peter indagou sobre a cidade, a data exata e onde se encontravam a pessoas, visto que tudo parecia muito deserto. Descobriu que estava em terras Brasileiras, ou melhor, em Terranova, o pais independente que fora no passado o sul do Brasil. A maioria dos habitantes se encontrava em casa e assistia em seus telões a comemoração do jubileu da independência. Peter acessou outras informações e foi, aos poucos, descobrindo o que levara a secessão. Sérias divergências politicas entre os governos do norte e do sul, motivadas por questões econômicas, levaram a população ao auge da revolta.
Os últimos governantes do Rio de Janeiro, muito fortalecido pelos dividendos advindos de meios avançadas de prospecção do petróleo, incluindo o pré-sal investiram grande parte dos recursos no crescimento do estado e no fortalecimento da região nordeste do país, deixando de lado o sul. Os recursos não eram repassados, o que revoltou os políticos de Brasília. Brasília, por sua vez, deu prioridade ao sul que se beneficiou das melhores reformas políticas dos últimos vinte anos antes da independência. São Paulo juntou-se ao sul. O Rio de Janeiro, que gozava de crescimento invejável, ostentava a maior renda per capita de sua história, superando muitos estados juntos.
A desordem ficou insustentável. Em um plebiscito nacional, optou-se pela secessão. Agora eram dois os países, com seus regimes e presidentes próprios. Desde que chegara a esta época do planeta Peter vinha notando algo que o deixara intrigado. Todas as pessoas com quem cruzou, as que viu na rua, nos meios de transporte, em fim em toda parte eram do sexo masculino. Não havia mulheres; pelo menos até ali não vira nem falara com uma. Seria agora a Terra um planeta eminentemente masculino? Teria a mulher se extinguido, sendo esta a causa da população ser tão pequena? Também a maioria das pessoas que viu era de meia idade para cima. Realmente não havia jovens. O que teria acontecido com as mulheres? Aproveitou a Internet para pesquisar sobre esse pormenor e ficou espantado com o que viu.
A instituição denominada casamento havia há algum tempo deixado de existir. O fato de as casas serem quase todas de pequeno porte estava agora explicado. Havia, quando muito, dois habitantes por residência; dissolvera-se completamente a chamada união conjugal e mesmo de parentesco; não havia mais família. Conclui-se daí que a população estava pouco a pouco desaparecendo. As poucas mulheres que restavam, cerca de dez por cento da população, viviam em locais especiais e exclusivamente para atender às necessidades sexuais dos homens.
Eram mantidas pelo governo, viviam em pequenas colônias luxuosas, pequenas cidades fechadas cujo acesso custava caro e a maioria dos homens trabalhava com o objetivo de enriquecer e ‘comprar’ uma ‘companheira’, mas eram pouquíssimos os que conseguiam atingir o nível de um ‘soberano’. Alcançado este patamar ele mudava-se para a colônia a fim de conviver com uma mulher que ele escolhia entre as muitas que lhe eram apresentadas. Neste caso toda a sua riqueza passava para o estado em troca desse privilégio máximo. Ele poderia mudar de ‘companheira’ quantas vezes desejasse a partir do quinto ano de convivência, mas não podiam ter filhos, pois isto implicava em ter que conviver com a mesma mulher até a morte de um ou de outro. Caso ela morresse primeiro, o homem voltaria para a sociedade a fim de trabalhar mais alguns anos até poder ‘comprar’ novamente.
Aos que quisessem apenas sexo poderiam passar um fim de semana em outra espécie de colônia destinada exclusivamente para esse fim, mas tinham que depositar um mês inteiro de salário adiantadamente e aguardar a sua vez de visitar as mulheres. Dependo do valor do seu salário o homem poderia dormir com até três mulheres, mas nunca ao mesmo tempo; a promiscuidade e a orgia eram terminantemente proibidas. Sendo assim é fácil compreender porque não havia praticamente nascimentos e a população estava se dizimando. Pelos cálculos de Peter era questão de décadas o total extermínio da raça humana da face do planeta.
Ele deixou para trás a tela do computador que o entretinha e saiu dali cabisbaixo e pensativo, dominado pelas reações advindas da influência do seu corpo astral que se encontrava na quinta dimensão. Caminhou até o local marcado para o embarque no aeromóvel. Tinha os pensamentos tão absortos na situação estranhamente caótica que não percebeu que parara exatamente sobre uma base de estacionamento de aeromóveis. O resultado foi um repentino estrugido para que se fizesse atento. Só não se perturbou com a buzinação por não ser humano de fato, pois é certo que outro teria muito se assustado. Mal embarcou já se encontrava na altura máxima alcançada por esse meio de transporte.
A visão, minutos depois de o veículo ter deixado o centro urbano, era de estarrecer. Peter lera algo na Internet a respeito da inquietante falta d’água que estava acometendo o planeta e este era outro fator predominante que levaria em breve à extinção da vida na Terra. À medida que aumentava a velocidade de sua viagem sentia rarefazer-se mais e mais o ar em torno do aeromóvel. O condutor do veículo usava máscara de oxigênio a fim e suportar a altitude. Olhando em volta o que chamava a atenção eram as rachaduras sobre o solo quilômetros e quilômetros a se perder de vista. Era uma visão deprimente; constatar um cenário que devia ter sido exuberante no passado, talvez uma bacia hidrográfica ou um grande lago, agora completamente ressequido, sem vida de espécie alguma era no mínimo desolador.
Era simplesmente se aproximar e iniciar a comunicação. Notou que em cada comando que emitia a resposta não vinha por escrito, mas por meio de voz; uma voz masculina tirava as dúvidas e orientava o cientista. Peter indagou sobre a cidade, a data exata e onde se encontravam a pessoas, visto que tudo parecia muito deserto. Descobriu que estava em terras Brasileiras, ou melhor, em Terranova, o pais independente que fora no passado o sul do Brasil. A maioria dos habitantes se encontrava em casa e assistia em seus telões a comemoração do jubileu da independência. Peter acessou outras informações e foi, aos poucos, descobrindo o que levara a secessão. Sérias divergências politicas entre os governos do norte e do sul, motivadas por questões econômicas, levaram a população ao auge da revolta.
Os últimos governantes do Rio de Janeiro, muito fortalecido pelos dividendos advindos de meios avançadas de prospecção do petróleo, incluindo o pré-sal investiram grande parte dos recursos no crescimento do estado e no fortalecimento da região nordeste do país, deixando de lado o sul. Os recursos não eram repassados, o que revoltou os políticos de Brasília. Brasília, por sua vez, deu prioridade ao sul que se beneficiou das melhores reformas políticas dos últimos vinte anos antes da independência. São Paulo juntou-se ao sul. O Rio de Janeiro, que gozava de crescimento invejável, ostentava a maior renda per capita de sua história, superando muitos estados juntos.
A desordem ficou insustentável. Em um plebiscito nacional, optou-se pela secessão. Agora eram dois os países, com seus regimes e presidentes próprios. Desde que chegara a esta época do planeta Peter vinha notando algo que o deixara intrigado. Todas as pessoas com quem cruzou, as que viu na rua, nos meios de transporte, em fim em toda parte eram do sexo masculino. Não havia mulheres; pelo menos até ali não vira nem falara com uma. Seria agora a Terra um planeta eminentemente masculino? Teria a mulher se extinguido, sendo esta a causa da população ser tão pequena? Também a maioria das pessoas que viu era de meia idade para cima. Realmente não havia jovens. O que teria acontecido com as mulheres? Aproveitou a Internet para pesquisar sobre esse pormenor e ficou espantado com o que viu.
A instituição denominada casamento havia há algum tempo deixado de existir. O fato de as casas serem quase todas de pequeno porte estava agora explicado. Havia, quando muito, dois habitantes por residência; dissolvera-se completamente a chamada união conjugal e mesmo de parentesco; não havia mais família. Conclui-se daí que a população estava pouco a pouco desaparecendo. As poucas mulheres que restavam, cerca de dez por cento da população, viviam em locais especiais e exclusivamente para atender às necessidades sexuais dos homens.
Eram mantidas pelo governo, viviam em pequenas colônias luxuosas, pequenas cidades fechadas cujo acesso custava caro e a maioria dos homens trabalhava com o objetivo de enriquecer e ‘comprar’ uma ‘companheira’, mas eram pouquíssimos os que conseguiam atingir o nível de um ‘soberano’. Alcançado este patamar ele mudava-se para a colônia a fim de conviver com uma mulher que ele escolhia entre as muitas que lhe eram apresentadas. Neste caso toda a sua riqueza passava para o estado em troca desse privilégio máximo. Ele poderia mudar de ‘companheira’ quantas vezes desejasse a partir do quinto ano de convivência, mas não podiam ter filhos, pois isto implicava em ter que conviver com a mesma mulher até a morte de um ou de outro. Caso ela morresse primeiro, o homem voltaria para a sociedade a fim de trabalhar mais alguns anos até poder ‘comprar’ novamente.
Aos que quisessem apenas sexo poderiam passar um fim de semana em outra espécie de colônia destinada exclusivamente para esse fim, mas tinham que depositar um mês inteiro de salário adiantadamente e aguardar a sua vez de visitar as mulheres. Dependo do valor do seu salário o homem poderia dormir com até três mulheres, mas nunca ao mesmo tempo; a promiscuidade e a orgia eram terminantemente proibidas. Sendo assim é fácil compreender porque não havia praticamente nascimentos e a população estava se dizimando. Pelos cálculos de Peter era questão de décadas o total extermínio da raça humana da face do planeta.
Ele deixou para trás a tela do computador que o entretinha e saiu dali cabisbaixo e pensativo, dominado pelas reações advindas da influência do seu corpo astral que se encontrava na quinta dimensão. Caminhou até o local marcado para o embarque no aeromóvel. Tinha os pensamentos tão absortos na situação estranhamente caótica que não percebeu que parara exatamente sobre uma base de estacionamento de aeromóveis. O resultado foi um repentino estrugido para que se fizesse atento. Só não se perturbou com a buzinação por não ser humano de fato, pois é certo que outro teria muito se assustado. Mal embarcou já se encontrava na altura máxima alcançada por esse meio de transporte.
A visão, minutos depois de o veículo ter deixado o centro urbano, era de estarrecer. Peter lera algo na Internet a respeito da inquietante falta d’água que estava acometendo o planeta e este era outro fator predominante que levaria em breve à extinção da vida na Terra. À medida que aumentava a velocidade de sua viagem sentia rarefazer-se mais e mais o ar em torno do aeromóvel. O condutor do veículo usava máscara de oxigênio a fim e suportar a altitude. Olhando em volta o que chamava a atenção eram as rachaduras sobre o solo quilômetros e quilômetros a se perder de vista. Era uma visão deprimente; constatar um cenário que devia ter sido exuberante no passado, talvez uma bacia hidrográfica ou um grande lago, agora completamente ressequido, sem vida de espécie alguma era no mínimo desolador.