O Taxista Baiano era o Baiano do Taxi.
O Taxista Baiano era o Baiano do Taxi. Histórias imagináveis do Osnofa.
O Baiano era o taxista mais requisitado de toda Itaúna, certo dia chegou um freguês lá no ponto e pediu para que o Baiano o levasse na zona boemia, sem conhecer o freguês ele foi logo falando: moço, esta é a corrida que eu mais gosto de fazer, se o freguês vai pra zona e não tem dinheiro eu levo de graça, pode entrar aí que vamos subir agora, dito e feito lá foram eles para o Cici o melhor bordel, que tivemos em todos os tempos em nossa cidade, uma referencia inconfundível, só não era melhor que o Automóvel Clube, porque o Clube era um ambiente familiar, mas quem ia pra zona não queria saber de ambiente familiar.
O freguês que o Baiano levou para a zona, era de outra cidade e estava abonado, a burra estava cheia de dinheiro e prometeu dar uma gorjeta para o Baiano assim que o pegasse de volta lá para as cinco horas da matina. Da Praça na zona era menos de cinco minutos era só subir o morro e assim que chegaram, o Baiano fez questão de levar seu freguês até o balcão do bar, para fazer uma média, antes que o Baiano falasse alguma coisa o Cici foi logo mostrando aquele sorriso e dizendo, olá meu amigo Lau, quanto tempo você não da as cara, a ultima vinda sua aqui já faz quatro meses, mais vamos acomodar, pode ficar nesta mesa aqui de lado vou pedir a Loirinha para te acompanhar, já, já eu te levo o aperitivo, vou preparar aquele que você gosta. O Baiano do táxi vendo que o desconhecido era um ilustre amigo do dono da zona se despediu e foi embora dizendo para o Lau: eu te busco as cinco da matina, como combinado.
O Lau este ilustre cliente era de Teófilo Otoni, cidade conhecidíssima como o paraíso das pedras preciosas, tem razão ele ter sido recebido com um tratamento todo especial pelo dono do Bordel. Enquanto o cliente tomava um aperitivo acompanhado de uma loirinha muito linda e dona de outros atributos que lhe fazia mais sugestiva ainda o Cici foi até uma sala reservada e deu alguns telefonemas para velhos amigos do Lau e a noticia espalhou de ponta a ponta. Você agora vai ficar sabendo a principal característica do Lau, ele era um cidadão festeiro e era capaz de ficar de três dias na zona, coitado do Baiano do Táxi pensava que lá pelas cinco da matina já receberia acorrida e também a gorjeta que lhe foi prometida, mais isto não vai ficar assim... Depois de meia hora que o Baiano já estava no seu ponto de táxi, o próprio notou um movimento diferente lá no pé da zona, que da Praça era bem visto a olho nu, um sobe, sobe danado de carros rumo ao bordel do Cici. O taxista ficou intrigado e não se conteve de curiosidade, tratou logo de entrar no seu Opala vermelho, seis canecos e deu logo a partida acelerou e arrancou rumo a zona para conferir de perto o que estava sucedendo, ainda a luz do dia lá no alto da zona. Assim que o Baiano desligou seu opala, deparou com os irmãos do Cici o Gabiru e o Clesio na entrada da zona cobrando estacionamento e a radiola em bom tom tocava a seguinte música, “garçom olha para o espelho a dama de vermelho que vai se levantar...” este era o sinal que a festa já estava bem adiantada e com muita presença, aí o Baiano arregaçou as mangas da camisa e adentrou no salão, uma roda de mais de trinta homens e mulheres e uma mesa no centro recheada de bebidas e tiragostos, frios e enlatados, todos bebendo e comendo as mais finas iguarias vindas direto da Casa do Whisky em BH, no salão todos cantando a música do momento, “esta dama já me pertenceu”. Assim que o Baiano viu o seu cliente todo entusiasmado dançando com uma loirinha gostosa exalando perfume no salão, então se deu conta, que o Lau não estava com pressa e ouviu do próprio o seu nome sendo sussurrado, e aí Baiano este fim de semana é todos nosso, fique a vontade.
Meu personagem o Baiano do Táxi, é aficionado em zona, não pensou duas vezes, pediu logo a Dona Lourdes um cuba-libre no balcão e se juntou aos amigos. Assim que a música terminou, alguém incumbido de tocar ficha na radiola, soltou esta música em homenagem a loirinha da zona “boneca cobiçada, das noites de sereno, seus olhos são azuis, seus lábios têm veneno”. A cada instante o salão ficava mais festivo e a esta altura do campeonato, tudo tava certo como dois e dois são cinco.
Quando o relógio da matriz de Santana, deu a décima segunda badalada o Cici mandou parar a música o motivo não foi o código de postura que diz “depois da meia noite é proibido tocar som alto”, o motivo foi outro, por qual o salão ficou em absoluto silencio por um breve momento. Uma roda se formou ao redor da grande mesa, o Lau e a Loirinha da Zona se levantaram e num breve discurso o próprio avisou aos companheiros presente, que mulheres, bebida e comida estava liberado por três dias e que na segunda-feira ele e a Loirinha iriam embora de Itaúna e se casariam em Teófilo Otoni, era a sua despedida de solteiro. Novamente a radiola voltou a tocar e desta vez só parou as seis da manhã na segunda-feira e o Baiano do Táxi já estava pronto aguardando o seu cliente. Acompanhado da Loirinha o Lau, pagou a conta com um saquinho de pedras preciosas, se despediu do Cici e de alguns amigos que ainda se encontrava por lá e entraram no Táxi do Baiano, que desceu a rua da zona, rumo a Praça da Matriz onde iriam pegar o ônibus de Itaúna para Belo Horizonte. Assim que despediu do Baiano o Lau deixou com ele um saquinho de pedras preciosas para pagar a corrida e a gorjeta e foram embora. Uma semana depois o Baiano apareceu de Comodoro na Praça e virou atração da cidade como taxista.
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