Na sua caminhada acabou chegando a uma estrada cuja curva se perdia no horizonte. Ali já havia alguma vegetação; o ar era mais respirável e a temperatura mais fresca. Súbito, passa por Peter, numa velocidade espantosa, um veículo que ele não teve tempo de identificar; e nem o teria feito por fugir aos padrões conhecidos até então.
Ao visualizar, do outro lado da estrada, uma residência, ocorreu o que ele não esperava. Mal colocou os pés no asfalto e deu dois passos para atravessar foi colhido por um veículo, surgido tão rápido como um raio. O androide de Peter foi arremessado a dezenas de metros. Ele ergueu-se do solo, limpou a roupa e continuou caminhando normalmente. Chamou-lhe a atenção o tipo de carro que era: pequeno, de apenas uma porta e, o mais estranho, sem motorista.
Peter encaminhou-se em direção ao automóvel que ficara parado no local em que acontecera o choque, mas, antes que se aproximasse, o veículo fez marcha a ré e disparou, passando por ele como flecha e desparecendo na curva.
Não se passaram dois minutos e Peter se viu rodeado por outros veículos; dessa vez veículos ocupados por motoristas. Eram pálidos, alguns usavam uniformes, outros, roupas comuns de passeio. Os uniformizados, quando olhavam para Peter, falavam com a cabeça inclinada em direção ao peito como se conversassem com os seus botões. Peter achou isso estranho a princípio, mas logo compreendeu que se comunicavam através de transmissores instalados em seus uniformes.
Alguns, ao desembarcarem foram até ele com a intenção de entrevistá-lo. Estavam abismados com o fato de alguém ter sido lançado a uma distância descomunal depois do choque com um veículo a 280 quilômetros por hora. A tecnologia automobilística da época não dava mais lugar a acidentes. Todos os automóveis eram equipados com piloto automático e não havia mais necessidade de sinalizações.
Pedestres não atravessavam as ruas; a cada cinquenta metros passarelas automaticamente retráteis, com um tapete móvel, podiam ser acionadas por quem precisasse atravessar uma estrada ou avenida. Sinais luminosos, faixas de pedestre, tudo era coisa de um passado já há algum tempo distante.
Peter não tinha um arranhão. Embora nada em seu aspecto desse pistas de que era um androide a desconfiança foi geral entre os repórteres que o entrevistavam. Ele ainda tentou encobrir o que de fato ocorrera, apresentando outra versão. Foi quando um dos entrevistadores tirou do bolso da calça um aparelho.
Era pouco maior do que um maço de cigarros e não havia teclas; mas através de um comando de voz surgiu em sua tela a exata reprodução do que havia se passado na estrada. Não havia mais como negar as evidências. Como resposta a outro comando de voz, em menos de um minuto, surge outro veículo. Este veio pelo ar, melhor dizendo, surgiu no horizonte.
Não tinha asas e possuía todas as características de um automóvel. Com inacreditável velocidade, ao se deslocar de onde havia surgido, em segundos já pairava sobre as cabeças de Peter e dos outros; mais um impulso e ele pousou a um canto da estrada. Peter foi convidado a ingressar no veículo e o fez sem oferecer qualquer tipo de resistência. Tudo isto se passou em pouquíssimo tempo e não havia, além dos envolvidos, ninguém que, levado pela curiosidade, parasse para observar a cena, embora alguns automóveis passassem pelo local a todo instante.
Submetido a um interrogatório numa espécie de complexo penitenciário Peter saiu-se magnificamente bem em todas as respostas. Na verdade, não era ele quem diretamente falava, mas orientado pela criatura da quinta dimensão todas as informações de que precisava lhe surgiam nos lábios uma a uma sem o menor equívoco. Ali mesmo foi submetido a todos os exames médicos e psicológicos e nada de anormal foi constatado. Sendo assim foi liberado, mas tendo impostas certas condições de liberdade e de comportamento, o que prova não ter sido total o convencimento por parte das autoridades.
O ano de 2.120 causaria extasiantes sensações por um lado, mas por outro, sensações de como a humanidade estava se degradando. A população não crescera como fora previsto na época real de Peter, mas, pelo contrário, estava drasticamente diminuída. O primeiro sinal que lhe deixou isto evidenciado foi a quase inexistência de prédios. Os arranha-céus do passado deram lugar a casas, casas pequenas na sua grande maioria com dois ou três moradores, não mais do que isso.
As ruas movimentadas, cheias de carros e de pedestres não mais existiam. Peter andou minutos sem encontrar um automóvel sequer e um ser humano sequer; e isto em plena tarde de um dia útil e ensolarado. Fatores muito positivos e agradáveis como a limpeza, o silêncio e o ar puro contrastavam com a sensação de solidão e tristeza sentida por Peter. Mesmo na condição de androide, como explicara a criatura antes de liberá-lo para suas viagens no tempo, os sentimentos não deixariam de existir para Peter, posto que seu eu tridimensional terráqueo estaria sempre presente.
A capacidade androidiana dar-se-ia primordialmente no físico para resguardá-lo contra ataques surpresa que, a um simples mortal, seria fatal. Isto ele vivenciou assim que desembarcou no tempo.
A balbúrdia do comércio que inferniza qualquer cidade e congloba os necessitados na aquisição dos bens úteis e essenciais aos ávidos de consumo e ostentação foi substituída por lojas discretas, pouquíssimas lojas em algumas esquinas, utilizando para divulgação pequenos anúncios em neon identificando o produto e um endereço virtual para os que se interessassem em adquiri-lo.
No centro comercial do bairro já havia um movimento mais acentuado; não se viam automóveis, todos os meios de transporte eram públicos. Não andavam sobre o solo, mas presos por cabos de aço a uma pequena altura. Nos pontos de parada destinados ao embarque e desembarque de passageiros eles desciam sobre uma plataforma no canto da rua destinada exclusivamente para esse fim. Passarelas automáticas eram acionadas pelos condutores dos veículos e retraídas ao final de cada operação.
Pedestres utilizavam as calçadas e as vias públicas estavam riscadas por ciclovias de duas mãos. Os aeromóveis cruzavam o espaço em altíssima velocidade. As colisões jamais ocorriam; sensores estavam instalados a poucos metros uns dos outros ao lado de telas dando ciência de todo o movimento aéreo.
Os interessados nas viagens de aeromóvel deviam reservar suas passagens com antecedência; não era uma simples viagem em que o passageiro aguarda a chegada do veículo parado em um ponto qualquer. De sua residência ele envia por computador, para a empresa com a qual deseja viajar, o local e a hora exatos do seu embarque, assim como o seu destino. Recebendo a confirmação, providencia o pagamento e dirige-se a uma das plataformas de embarque.
Existem plataformas no alto das casas de milionários, que podem se dar ao luxo dessa construção e na maioria das empresas e dos edifícios de dois e três andares; esta é altura máxima permitida para a construção de prédios.
Não haveria problemas em construir alguns prédios mais altos, mas tudo girava em torno da comodidade dos habitantes; comodidade era a palavra de ordem. A tecnologia ainda não permitia aos aeromóveis locomoverem-se a uma altura superior a cinquenta metros. A questão segurança era também um fator preponderante no século XXII.
Ao visualizar, do outro lado da estrada, uma residência, ocorreu o que ele não esperava. Mal colocou os pés no asfalto e deu dois passos para atravessar foi colhido por um veículo, surgido tão rápido como um raio. O androide de Peter foi arremessado a dezenas de metros. Ele ergueu-se do solo, limpou a roupa e continuou caminhando normalmente. Chamou-lhe a atenção o tipo de carro que era: pequeno, de apenas uma porta e, o mais estranho, sem motorista.
Peter encaminhou-se em direção ao automóvel que ficara parado no local em que acontecera o choque, mas, antes que se aproximasse, o veículo fez marcha a ré e disparou, passando por ele como flecha e desparecendo na curva.
Não se passaram dois minutos e Peter se viu rodeado por outros veículos; dessa vez veículos ocupados por motoristas. Eram pálidos, alguns usavam uniformes, outros, roupas comuns de passeio. Os uniformizados, quando olhavam para Peter, falavam com a cabeça inclinada em direção ao peito como se conversassem com os seus botões. Peter achou isso estranho a princípio, mas logo compreendeu que se comunicavam através de transmissores instalados em seus uniformes.
Alguns, ao desembarcarem foram até ele com a intenção de entrevistá-lo. Estavam abismados com o fato de alguém ter sido lançado a uma distância descomunal depois do choque com um veículo a 280 quilômetros por hora. A tecnologia automobilística da época não dava mais lugar a acidentes. Todos os automóveis eram equipados com piloto automático e não havia mais necessidade de sinalizações.
Pedestres não atravessavam as ruas; a cada cinquenta metros passarelas automaticamente retráteis, com um tapete móvel, podiam ser acionadas por quem precisasse atravessar uma estrada ou avenida. Sinais luminosos, faixas de pedestre, tudo era coisa de um passado já há algum tempo distante.
Peter não tinha um arranhão. Embora nada em seu aspecto desse pistas de que era um androide a desconfiança foi geral entre os repórteres que o entrevistavam. Ele ainda tentou encobrir o que de fato ocorrera, apresentando outra versão. Foi quando um dos entrevistadores tirou do bolso da calça um aparelho.
Era pouco maior do que um maço de cigarros e não havia teclas; mas através de um comando de voz surgiu em sua tela a exata reprodução do que havia se passado na estrada. Não havia mais como negar as evidências. Como resposta a outro comando de voz, em menos de um minuto, surge outro veículo. Este veio pelo ar, melhor dizendo, surgiu no horizonte.
Não tinha asas e possuía todas as características de um automóvel. Com inacreditável velocidade, ao se deslocar de onde havia surgido, em segundos já pairava sobre as cabeças de Peter e dos outros; mais um impulso e ele pousou a um canto da estrada. Peter foi convidado a ingressar no veículo e o fez sem oferecer qualquer tipo de resistência. Tudo isto se passou em pouquíssimo tempo e não havia, além dos envolvidos, ninguém que, levado pela curiosidade, parasse para observar a cena, embora alguns automóveis passassem pelo local a todo instante.
Submetido a um interrogatório numa espécie de complexo penitenciário Peter saiu-se magnificamente bem em todas as respostas. Na verdade, não era ele quem diretamente falava, mas orientado pela criatura da quinta dimensão todas as informações de que precisava lhe surgiam nos lábios uma a uma sem o menor equívoco. Ali mesmo foi submetido a todos os exames médicos e psicológicos e nada de anormal foi constatado. Sendo assim foi liberado, mas tendo impostas certas condições de liberdade e de comportamento, o que prova não ter sido total o convencimento por parte das autoridades.
O ano de 2.120 causaria extasiantes sensações por um lado, mas por outro, sensações de como a humanidade estava se degradando. A população não crescera como fora previsto na época real de Peter, mas, pelo contrário, estava drasticamente diminuída. O primeiro sinal que lhe deixou isto evidenciado foi a quase inexistência de prédios. Os arranha-céus do passado deram lugar a casas, casas pequenas na sua grande maioria com dois ou três moradores, não mais do que isso.
As ruas movimentadas, cheias de carros e de pedestres não mais existiam. Peter andou minutos sem encontrar um automóvel sequer e um ser humano sequer; e isto em plena tarde de um dia útil e ensolarado. Fatores muito positivos e agradáveis como a limpeza, o silêncio e o ar puro contrastavam com a sensação de solidão e tristeza sentida por Peter. Mesmo na condição de androide, como explicara a criatura antes de liberá-lo para suas viagens no tempo, os sentimentos não deixariam de existir para Peter, posto que seu eu tridimensional terráqueo estaria sempre presente.
A capacidade androidiana dar-se-ia primordialmente no físico para resguardá-lo contra ataques surpresa que, a um simples mortal, seria fatal. Isto ele vivenciou assim que desembarcou no tempo.
A balbúrdia do comércio que inferniza qualquer cidade e congloba os necessitados na aquisição dos bens úteis e essenciais aos ávidos de consumo e ostentação foi substituída por lojas discretas, pouquíssimas lojas em algumas esquinas, utilizando para divulgação pequenos anúncios em neon identificando o produto e um endereço virtual para os que se interessassem em adquiri-lo.
No centro comercial do bairro já havia um movimento mais acentuado; não se viam automóveis, todos os meios de transporte eram públicos. Não andavam sobre o solo, mas presos por cabos de aço a uma pequena altura. Nos pontos de parada destinados ao embarque e desembarque de passageiros eles desciam sobre uma plataforma no canto da rua destinada exclusivamente para esse fim. Passarelas automáticas eram acionadas pelos condutores dos veículos e retraídas ao final de cada operação.
Pedestres utilizavam as calçadas e as vias públicas estavam riscadas por ciclovias de duas mãos. Os aeromóveis cruzavam o espaço em altíssima velocidade. As colisões jamais ocorriam; sensores estavam instalados a poucos metros uns dos outros ao lado de telas dando ciência de todo o movimento aéreo.
Os interessados nas viagens de aeromóvel deviam reservar suas passagens com antecedência; não era uma simples viagem em que o passageiro aguarda a chegada do veículo parado em um ponto qualquer. De sua residência ele envia por computador, para a empresa com a qual deseja viajar, o local e a hora exatos do seu embarque, assim como o seu destino. Recebendo a confirmação, providencia o pagamento e dirige-se a uma das plataformas de embarque.
Existem plataformas no alto das casas de milionários, que podem se dar ao luxo dessa construção e na maioria das empresas e dos edifícios de dois e três andares; esta é altura máxima permitida para a construção de prédios.
Não haveria problemas em construir alguns prédios mais altos, mas tudo girava em torno da comodidade dos habitantes; comodidade era a palavra de ordem. A tecnologia ainda não permitia aos aeromóveis locomoverem-se a uma altura superior a cinquenta metros. A questão segurança era também um fator preponderante no século XXII.